ATR passa de R$ 0,74/kg

24/02/2021 Marcos Fava Neves POR: * MARCOS FAVA NEVES ** VÍTOR NARDINI MARQUES *** VINÍCIUS CAMBAÚVA

* Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração
da USP em Ribeirão Preto e da FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do
agronegócio. Confira textos, vídeos e outros materiais no site doutoragro.com e veja os
vídeos no canal do Youtube (Marcos Fava Neves). Seguem os agradecimentos ao apoio de Vitor
Nardini Marques e Vinícius Cambaúva.

** Vítor Nardini Marques é analista da Markestrat

*** Vinícius Cambaúva é consultor da Markestrat

Reflexões dos fatos e números do agro em janeiro e o que acompanhar

Na economia mundial e brasileira

  • Segundo as novas projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional), a economia global deve se recuperar da queda de 3,5% de 2020 e crescer 5,5% e 4,2% em 2021 e 2020, respectivamente. A Zona do Euro, que teve queda de 7,2% em sua economia no ano passado, deve crescer 4,2% em 2021 e 3,6% em 2022; já nos EUA, o crescimento para os dois próximos anos deverá ser de 5,1% e 2,5%, de modo a rebater a queda de 3,4% de 2020. A China deverá acelerar seu crescimento em 8,1% e 5,9% neste ano e no subsequente, respectivamente, enquanto outros mercados emergentes devem crescer 6,3% e depois 5,0%.
  • O dólar encerrou 2020 cotado a R$5,19, revelando uma valorização acumulada de 29,37% no ano. Com isso, a moeda brasileira teve o segundo pior desempenho em nível global ante a americana.
  • A China lançou um plano para zerar suas emissões de gases de efeito estufa até o ano 2060, conforme publicado pelo Goldman Sachs do país. De acordo com o plano, serão investidos US$ 16 trilhões em infraestrutura limpa, sendo um dos objetivos a transformação completa da frota rodoviária para veículos elétricos. Outros eixos do projeto envolvem investimento em hidrogênio combustível e programas de captura de carbono. O país asiático quer reverter seu quadro atual de maior emissor do planeta, respondendo por 30% do total das emissões, mas até 2030 aumentará as emissões.

No agro mundial e brasileiro

  • Em nova previsão do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para o ciclo 2020/21, a produção de soja foi revisada para baixo, agora em 361 milhões de toneladas, com o Brasil produzindo 133 milhões de toneladas, EUA com estimativa de 112,54 milhões e a safra argentina em 48 milhões. Com isso, os estoques da oleaginosa caem e devem ficar em 84,31 milhões de toneladas. Para o milho, a produção global também sofreu cortes e agora é estimada em 1.133,89 milhão de toneladas, com os EUA produzindo 360,24 milhões; o Brasil com 109 milhões e a Argentina com 47,5 milhões. Dessa forma, os estoques do cereal devem permanecer na casa das 283,3 milhões de toneladas. Esta previsão deu firmeza aos preços.
  • No Brasil, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) projetou em seu boletim de janeiro que a produção de grãos da safra 2020/21 será de 264,8 milhões de toneladas, crescendo 3,1% frente ao ciclo passado, em uma área semeada de 67 milhões de hectares (+1,6%). Na soja, a expectativa é de uma produção recorde de 133,7 milhões de toneladas (+7,1%) em uma área cultivada de 38,19 milhões de hectares (+3,4%). Já para o milho, a produção total deve atingir 102,3 milhões de toneladas (-0,2%), sendo que na primeira safra são esperadas 4,2 milhões de toneladas (-6,9%) em 4,17 milhões de hectares (-1,5%). No algodão, a área plantada deve reduzir 8,8%, chegando a 1,52 milhão de hectares, e com produção de 2,65 milhões de toneladas (-11,7%).
  • No mês de dezembro de 2020, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 7,30 bilhões, queda de 3,8% frente ao mesmo mês de 2019, segundo dados do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). As carnes lideram as exportações, somando US$ 1,51 bilhão em valor exportado (-10,6%); a carne bovina vendeu US$ 740,3 milhões (-11,5%); a carne de frango, US$ 540,2 milhões (-13,6%); e a suína, US$ 188,2 milhões (+3,3%). Em seguida, o destaque foi para os cereais, farinhas e preparações, os quais exportaram US$ 1,05 bilhão (+29,8%), com o milho representando 90% desse valor. Por sua vez, os produtos florestais exportaram US$ 923,5 milhões (+3,4%); e fibras e produtos têxteis, US$ 596,9 milhões (+24,3%), sendo 95% representado pelo algodão não cardado e nem penteado. Por outro lado, as importações somaram US$ 1,35 bilhão, um crescimento de 11,5% e, dessa forma, o saldo da balança comercial do setor para o mês ficou em US$ 5,95 bilhões (-6,7%).
  • Já no acumulado do ano de 2020, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 100,81 bilhões, a segunda maior já constatada pela série histórica, perdendo apenas para 2018, e equivale a um crescimento de 4,1% se comparado com 2019. O setor participou de 48% de tudo que o Brasil comercializou externamente. Já as importações consolidadas foram de US$ 13,05 bilhões (-5,2%), deixando a balança comercial do agronegócio com um superávit de US$ 87,76 bilhões, o qual compensou o déficit dos demais setores na ordem de US$ 36,87 bilhões.
  • Para o ano de 2021, de acordo com a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), os embarques de soja estão estimados em 83,5 milhões de toneladas, valor muito próximo ao recorde atingido em 2018, de 83,6 milhões de toneladas, e 1,2 milhão superior ao constatado no ano passado. Já o valor médio deverá alcançar US$ 410 por tonelada, prometendo uma receita de US$ 34,2 bilhões, 18,3% maior que em 2020.
  • Dados consolidados do Ministério da Economia revelam que na década de 2010, o agronegócio brasileiro foi responsável pela exportação de aproximadamente US$ 1 trilhão, proporcionando um superávit de US$ 800 bilhões à balança comercial nacional. Já o VBP (Valor Bruto de Produção) atingiu R$ 7,4 trilhões, 95% a mais, em valores reais, que o constatado na década anterior.
  • O VBP de 2020 atingiu R$ 871,3 bilhões, valor recorde da série histórica desde 1989, e 17% superior ao de 2019, de acordo com informações do MAPA. A agricultura totalizou R$ 580,5 bilhões em valor (+22%), enquanto que a pecuária somou R$ 290,8 bilhões (+7,9%). O ministério projeta que o VBP de 2021 deverá atingir R$ 959 bilhões, crescendo 10,1% ante 2020.
  • Na pecuária brasileira, com o fechamento dos dados de 2020 em termos de volume, o Brasil exportou 2,016 milhões de toneladas de carne bovina, um aumento de 7,5% na comparação com 2019. Os principais destinos da carne bovina brasileira foram, de longe, China e Hong Kong, que compraram 56,8% de tudo o que foi comercializado pelo Brasil; 1,183 milhão de toneladas e uma receita de US$ 5,1 bilhões apenas com estes dois países (60,7% do total). Na sequência estão países como o Egito (6,3%), Chile (4,5%) e Estados Unidos (3%).
  • Já as exportações de carne suína totalizaram 1,021 milhão de toneladas no ano de 2020, crescendo 36,1% frente ao ano anterior. Para a carne de frango, o ano de 2020 encerrou com 4,23 milhões de toneladas exportadas, um aumento tímido de 0,4% em comparação a 2019. Dentre as carnes, a de frango foi aquela que melhor se ajustou ao bolso da maioria das famílias brasileiras em 2020. Enquanto as carnes bovina e suína tiveram aumentos de, respectivamente, 35% e 32% em sua cotação no ano, a de frango avançou 9%, de acordo com os indicadores de preço do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
  • A produção de ovos atingiu recorde histórico em 2020, de acordo com a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), chegando à marca das 54 bilhões de unidades. O consumo doméstico, que representa 99,5% do total, avançou 8,5% e atingiu 250 ovos/habitante/ano, motivado pela busca de fontes de proteína mais baratas e saudáveis.
  • Com os olhos voltados para 2021, de acordo com um estudo divulgado pelo USDA, as exportações de carne bovina do Mercosul, neste ano, devem crescer 3%, chegando a 4,23 milhões de toneladas exportadas. Nos quatro países do bloco, o comportamento seria de crescimento no Uruguai (+8%), Brasil (+5%) e Paraguai (+4%), e de queda na Argentina (-7%). Segundo o órgão americano, as exportações na América do Norte devem ter crescimento de 5% (101 mil toneladas) e uma redução de 5% nos países da Oceania (-102 mil toneladas).
  • O USDA também prevê que a China deve importar 2,8 milhões de toneladas de carne bovina em 2021, volume 3% maior que o registrado em 2020. Com isso, o país asiático se consolidará de vez como o maior mercado para o produto, em nível global, com um volume representando quase o dobro do que deve ser importado pelo segundo colocado, os Estados Unidos (1,41 milhão de toneladas).
    No mercado internacional, o índice de preços de alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) atingiu valor recorde dos últimos seis anos em dezembro de 2020, com uma média de 107,5 pontos; crescendo 19,1% ante ao mesmo mês de 2019. O indicador avalia as variações mensais de uma cesta de cereais, oleaginosas, laticínios, carnes e açúcar.
  • A China deu indícios de que irá aprovar novas variedades transgênicas de soja e milho, desenvolvidas por uma indústria doméstica (Beijing DebeinongTechonology Group). A medida visa garantir a segurança de suprimentos à nação e melhorar a eficiência da produção local.
  • Nos Estados Unidos, o USDA aprovou uma segunda rodada de ajuda financeira aos produtores afetados pela pandemia da Covid-19 na ordem de US$ 14 bilhões, o que irá suportar 889 mil agricultores. Na primeira rodada, o total disponibilizado foi de US$ 16 bilhões.
  • De volta ao Brasil, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) prevê, para o mês de fevereiro, tendências positivas de chuvas para a região Sul do Brasil e Central do país, enquanto o Matopiba deve registrar volumes irregulares com até 70 mm a menos que o normal.
  • No mercado de fertilizantes são observadas tendências positivas para o ano de 2021, podendo este chegar aos 40 milhões de toneladas. Os dados de 2020 ainda não estão fechados, mas o setor estima vendas na ordem de 38,5 a 39 milhões de toneladas contra 36,3 milhões em 2019. As vendas em janeiro dispararam. Já as vendas domésticas de máquinas agrícolas e rodoviárias somaram 47 mil unidades em 2020, valor 7,3% superior ao de 2019. Para 2021, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) estima que as vendas cresçam 7%, apesar de os recursos do Moderfrota já terem se esgotado.
  • Na área ambiental, o pagamento por serviços ambientais agora é lei no Brasil. O texto, aprovado pela Câmara e sancionado pelo Presidente, visa incentivar a conservação e o desenvolvimento sustentável através da remuneração pelo bem preservado. Esse pagamento poderá ser realizado em diferentes formatos como via monetária, prestação de serviços, compensações ou por meio de títulos e comodatos.
  • Os títulos verdes poderão render financiamento de R$ 700 bilhões à agricultura brasileira até 2030, segundo projetado pela Climate Bonds Initiative, ONG britânica que certifica as organizações para emitirem esses papéis. Hoje, as captações no mercado brasileiro somam menos de R$ 10 bilhões, enquanto que no mundo totalizam US$ 328 bilhões. Setores como grãos, café e energia deverão ser fortemente beneficiados, diante da sustentabilidade incorporada à sua produção.
  • Nesse mesmo aspecto, o Ministério do Meio Ambiente anunciou o plano para controle do desmatamento ilegal e recuperação de vegetação nativa, com as metas do programa Floresta +. O documento prevê a preservação e recuperação de 250 mil hectares – 64% da área inicialmente proposta pelo ministério para os próximos três anos.
  • Continuam os bons exemplos de empresas do agronegócio em prol da produção sustentável. Marfrig, BRF, JBS e Minerva foram recentemente incorporadas à carteira Índice de Carbono Eficiente (ICO2) da B3. As quatro maiores processadoras de carne irão integrar o índice por quatro meses, evidenciando seu comprometimento com a transparência de suas emissões e se preparando para uma economia de baixo carbono.
  • A BRF firmou convênio com Banco do Brasil para disponibilizar R$ 200 milhões para financiamento da instalação de painéis solares nas granjas dos produtores integrados. O projeto piloto deve começar em granjas de Santa Catarina e no Paraná, e depois abranger 100% dos granjeiros parceiros.

Os cinco fatos do agro para acompanhar diariamente em fevereiro são:

A) Com as chuvas praticamente consolidadas na primeira safra, agora é na segunda que reside a preocupação principal, com ênfase no milho e em suas produtividades e produções;

B) As importações na Ásia e outros países em carnes, grãos e outros produtos;

C) Movimentos pró-reformas com a eleição de candidatos apoiados pelo presidente, tanto no Senado quanto na Câmara, e a influência sobre o otimismo, crescimento e principalmente taxa de câmbio;

D) A segunda onda da Covid-19, o processo de vacinação, os mecanismos de apoio e a garantia de renda e a performance do mercado consumidor;

E) As expectativas de plantios, áreas e produtividades da megassafra norte-americana.

Reflexões dos fatos e números da cana em janeiro e o que acompanhar

Na cana

  • Campo. Iniciativas semelhantes também vêm sendo estudadas pela Embrapa para as cadeias de grãos.
  • Terminamos as notícias das empresas comentando sobre o sucesso total da operação de I.P.O da Jalles Machado. A oferta total foi de R$ 642 milhões, com mais de duas vezes a demanda pelas ações existentes. Vale destacar que mais de 30% do capital veio de investidores internacionais.

No açúcar

  • No total, desde o início da safra, foram produzidas 38,19 milhões de toneladas de açúcar – 44% maior que o registrado no mesmo período de 2020. Segundo a Unica, esse volume não deve sofrer grandes alterações até o final da safra em virtude do término da operação de grande parte das usinas de cana-de-açúcar. A exemplo disso, nos 15 primeiros dias de 2021, foram fabricadas apenas 7,57 mil toneladas de açúcar.
  • As exportações de açúcar do mês de dezembro totalizaram US$ 740,08 milhões, um crescimento de 119,3% ante o mesmo mês de 2019. Destaque para a comercialização com a China que somou US$ 156,84 milhões (+665,3%), Argélia com US$ 98,34 milhões (+72,0%) e Malásia com US$ 69,86 milhões.
  • Para a safra 2021/22, estimativas da BP Bunge apontam para queda na produção de açúcar na ordem de 5,3%, chegando a 36 milhões de toneladas.
  • Levando em consideração esse cenário, a Archer Consulting informou que 69% das exportações brasileiras de açúcar da safra 2021/2022, ou 17,25 milhões de toneladas, já tiverem seus preços fixados até 31 de dezembro de 2020. Esse volume é 153% maior que o registrado no mesmo período de 2019.
  • Em relação aos preços, a estimava é que as cotações para março estejam em torno de R$1.920,00 a tonelada, e para entregas ao longo da safra, entre R$ 1730,00 e R$1.740,00 – de acordo com dados da consultoria Czarnikow. Para a safra 2022/23, a Archer estima que aproximadamente 23% do total a ser exportado, também já teve seu preço fixado.
  • Na Índia, a produção do ciclo 2020/21 deve ser de 30,2 milhões de toneladas, segundo informações da Isma (Associação de Usinas de Açúcar Indianas). A estimativa é 2,6% inferior ao projetado anteriormente devido a quedas de produtividade. Nesse mesmo ciclo, a Índia deve embarcar seis milhões de toneladas de açúcar, contando com o apoio de subsídios do governo em US$ 477 milhões.
  • Contrariando as expectativas levantadas no início da pandemia sobre uma possível queda no consumo global de açúcar, a demanda pelo adoçante se manteve estável, mesmo com o fechamento de restaurantes e proibição de eventos. De acordo com a ED&F Man Holdings, o consumo deve cair apenas 1% na atual safra e, para a seguinte, Czarnikow Group e JP Morgan já projetam crescimento de 2% e 1%, respectivamente.
  • A StoneX estima que o déficit na temporada 2019/20 (out-set) deve ser de 2,5 milhões de toneladas e de 3,3 milhões para 2020/21. A produção global de açúcar deverá alcançar 183,6 milhões de toneladas em 2020/21, 0,3% superior ao registrado em 2019/20. Por sua vez, o consumo foi estimado em 186,9 milhões de toneladas, crescendo 0,7% frente à safra anterior, com forte demanda no Paquistão, Indonésia e China. Já no Brasil, a produção no ciclo 2021/22 (abril-março) deve totalizar 35,5 milhões de toneladas, queda de 7,3% em comparação com a atual. O mix para açúcar deve ficar em 45,2%.
  • O USDA, por sua vez, prevê que os estoques finais de açúcar na safra 2020/21 devem ficar próximos de 14,87 milhões de toneladas, um crescimento de 1,78% em comparação com a safra passada, ou 260 mil toneladas adicionais.
  • A Copersucar pode se tornar a maior trading de açúcar do mundo caso adquira a participação da Cargill na Alvean. As negociações estão em pleno curso. No ciclo 2019/20, a trading faturou R$ 30 bilhões, sendo responsável pela comercialização de 32% das exportações brasileiras de açúcar, que somaram mais de 10 milhões de toneladas.

No etanol

  • Dados divulgados pela Unica apontam para uma produção acumulada de 29,42 bilhões de litros de etanol desde o início do ciclo 2020/21. Desse total, 32,7% é de etanol anidro (9,62 bilhões de litros) e 67,3% de hidratado (19,8 bilhões de litros). A queda acumulada em comparação à análise realizada na mesma quinzena do ano passado é de 11,46%
  • Na primeira quinzena deste ano, segundo a Unica, a produção de etanol somou 124,8 milhões de litros de etanol, sendo que 92,2% da produção é proveniente do etanol de milho (115,1 milhões de litros) – o que já era esperado em período considerado como entressafra na cana-de-açúcar.
  • Com as vendas acumuladas até a primeira quinzena de janeiro, o volume total comercializado nessa safra chegou a 24,56 bilhões de litros, uma redução de 9,98% em comparação ao registrado no mesmo período da safra passada (27,0 bilhões). Desse total, 63,3% se refere ao etanol hidratado, ou 15,32 bilhões de litros (redução de 17,3%).
  • Para 2021, a BP Bunge estima que o consumo de etanol no Brasil deverá crescer 9%, enquanto a produção do biocombustível deve cair 10% na região Centro-Sul, chegando a 27 bilhões de litros na safra 2021/22, por conta da queda de 4,1% na disponibilidade de cana.
  • As vendas externas de etanol somaram US$120,6 milhões no mês de dezembro de 2020, o que equivale a um aumento de 57,2%.
  • A China comprou 200 milhões de galões (aproximadamente 757 milhões de litros) de etanol dos EUA, superando o recorde de importações de 2016, quando adquiriu 198,1 milhões de galões. O país asiático não adquiria etanol americano há dois anos. A mistura de etanol na gasolina da China pode ser a grande notícia do ano.
  • Já a Índia antecipou sua meta de mistura de 20% de etanol à gasolina, antes prevista para o ano de 2030, para até 2025. No ano passado, o país já havia definido as metas de mistura de 10% de etanol à gasolina até 2022, e de 20% até o ano de 2025. O país hindu tem o objetivo de reduzir suas dependências de importação de petróleo e deve consumir 4 bilhões de litros de etanol até 2022 e 12 bilhões até 2025, redirecionado à cana, antes demandada para a produção de açúcar, para o biocombustível.
  • A usina Alcooad, situado em Nova Marilândia no MT, recebeu autorização da ANP para iniciar suas operações de produção de etanol de milho. A unidade recebeu investimentos na ordem de R$ 160 milhões por um grupo de 24 agricultores do estado, estando apta a produzir 112 milhões de litros de etanol, 80 mil toneladas de DDG e 42 mil megawatts de energia por ano.

Para concluir, os cinco principais fatos para acompanhar na cadeia da cana:

1 - Observar o consumo de etanol no mercado interno na entressafra. Ao fechar esta coluna pelos dados da SCA, o litro do hidratado estava em R$ 2,62 com impostos nas usinas e o anidro a R$ 2,57. O barril do petróleo tipo Brent estava em US$ 58, um incrível aumento nos últimos 30 dias.

2 - Consumo de açúcar: ao fechar a coluna, o açúcar estava em 16 cents/libra peso na tela de março de 2021. O consumo segue firme mesmo com a pandemia e pode aumentar com o crescimento econômico mundial.

3 - Os efeitos do clima sobre o canavial 2021/22, que vem se recuperando após um início difícil nos meses de setembro a novembro.

4 - As exportações de açúcar do Brasil estão incrivelmente altas e os estoques caindo, o que pode refletir na situação da próxima safra e nos preços para o mercado interno.

5 - Observar o que deve acontecer com o câmbio devido ao caminhar das reformas e provável volta da confiança com a vacinação e melhoria da governança política.

Valor do ATR

  • No início da safra, tivemos algumas quedas no valor acumulado do ATR: abril com R$0,70/kg; maio com R$0,69/kg; junho em R$0,68/kg; e julho em R$0,676/kg. No entanto, de agosto para cá, temos observado um aumento do indicador: agosto em R$0,679/kg; setembro em R$0,687/kg; outubro com R$0,70/kg; novembro com R$0,71/kg e dezembro fechando com R$0,729/kg. Em janeiro de 2021, registramos o maior preço de toda a safra, com o ATR valendo R$0,86/kg, e com isso, chegamos a um acumulado de R$0,74/kg. Essa foi minha última previsão para o fechamento da safra. Seguimos acompanhando o comportamento nos próximos meses, mas é provável que passe de R$ 0,75/kg.

Homenageado do mês

Desta vez, nossa singela homenagem vai para o querido professor Fernando Valadares Novaes, o Fernando Cuiabano, que perdemos em fevereiro. Aposentado da Esalq e formado na turma de 1966, ao longo de sua carreira deu grandes contribuições ao setor de cana. Siga em paz professor. Um grande abraço aos amigos e familiares.

Desta vez, nossa singela homenagem vai para o querido professor Fernando Valadares Novaes, o Fernando Cuiabano, que perdemos em fevereiro. Aposentado da Esalq e formado na turma de 1966, ao longo de sua carreira deu grandes contribuições ao setor de cana. Siga em paz professor. Um grande abraço aos amigos e familiares.