* Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Confira textos, vídeos e outros materiais no site doutoragro.com e veja os vídeos no canal do Youtube (Marcos Fava Neves). Seguem os agradecimentos ao apoio de Vitor Nardini Marques e Vinícius Cambaúva.
** Vítor Nardini Marques é analista da Markestrat
*** Vinícius Cambaúva é consultor da Markestrat
Reflexões dos fatos e números do agro em julho/agosto e o que acompanhar em setembro
Na economia mundial e brasileira
No cenário econômico nacional, segundo o boletim Focus do Banco Central do Brasil, a expectativa do mercado para a taxa Selic voltou a crescer, agora estimada em 7,5% para o final de 2021, mas deve manter seu patamar em 2022. No PIB, espera-se um crescimento de 5,28% neste ano e de 2,04% no próximo. Já no IPCA, os valores devem ser de 7,12% em 2021 e 3,87% em 2022, enquanto o dólar deve chegar a R$ 5,10 e R$ 5,20, respectivamente. Outro bom sinal para a economia brasileira foi o crescimento do setor de serviços de 21,1% em junho, quando comparado ao mesmo mês de 2020. Também houve crescimento de 1,7% frente a maio, segundo o levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).cio.
No agro mundiale brasileiro
Na esfera internacional, o relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre oferta e demanda global de grãos do ciclo 2021/22 revelou algumas alterações nos indicadores de produção dos Estados Unidos. O país deve produzir 118,1 milhões de t de soja, o que representa diminuição de 1,8 milhão de t em relação à previsão de julho, enquanto no milho a redução foi mais drástica, de 385,21 milhões para 374,67 milhões de t. Na soja, as estimativas para o Brasil e Argentina foram mantidas em, respectivamente, 144 milhões e 52 milhões de t, enquanto no cenário global o volume total foi reajustado para 383,63 milhões de t, com estoques de 96,15 milhões de t. No milho, a produção brasileira foi avaliada em 118 milhões de t e a da Argentina em 51 milhões de t, mantendo as previsões anteriores. Já no cenário global do cereal, a produção foi reajustada para 1.186,12 bilhão de t e os estoques para 284,63 milhões de t.
A estimativa de agosto da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) sinaliza um aumento de 1,2% na produção brasileira de grãos no ciclo 2020/21 em relação ao passado, alcançando o volume de 254 milhões de t. No entanto, em comparação à previsão de julho, o volume foi reduzido em 6,8 milhões de t, devido as consequências da seca e das geadas na região Centro-Sul do país. O milho safrinha deve apresentar redução em sua produção de 19,3%, totalizando 60,3 milhões de t colhidas, enquanto em julho eram esperadas quase 70 milhões de t. Já no trigo, as expectativas de produção estão em 8,59 milhões de t (+37,8%) diante do aumento de área plantada para 2,7 milhões de ha (+15,1%) e produtividade (+19,7%). Com a colheita praticamente encerrada, o volume de soja está avaliado em 136 milhões de t (+8,9%) numa área de 38,5 milhões de ha (+4,3%). E, finalmente no algodão, estima-se queda na produção de 22%, agora em 2,34 milhões de t de pluma, visto a queda na área plantada para 1,36 milhão de ha (-18%).
- O Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) revisou para cima o VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) no mês de julho, de R$ 1,099 trilhão para R$ 1,109 trilhão, o que representa um incremento de 12,8% frente a 2020. As lavouras devem faturar R$ 757 bilhões (+12,8%) enquanto a pecuária deve somar R$ 352 bilhões (+4%).
- As exportações brasileiras do agronegócio atingiram valor recorde para o mês de julho, totalizando US$ 11,29 bilhões, 15,8% a mais que os valores constatados no mesmo mês de 2020, de acordo com dados do Mapa. Apesar da queda no volume exportado de quase 10%, os preços 28,5% superiores têm sustentado o incremento na receita das vendas externas. O complexo soja liderou os embarques, com valor recorde para o mês de US$ 5,01 bilhões (+21,6%), com destaque para a soja em grão, que representou 78% do valor do segmento. Do mesmo modo, as carnes somaram valor recorde de exportação para o mês de US$ 2,03 bilhões (+34,9%), sendo que apenas na carne bovina as vendas alcançaram US$ 1,01 bilhão (+30%). Os produtos florestais aparecem na terceira posição no ranking, totalizando embarques de US$ 1,30 bilhão (+41,4%), com a exportação de madeira chegando a US$ 540,31 milhões (+71,0%). Já o complexo sucroenergético ficou na quarta colocação, com exportações de US$ 930 milhões (-10,5%). Finalmente, o setor de farinhas e preparações se consolida na quinta posição, somando vendas externas de US$ 469,08 milhões (-37,5%), sendo o milho responsável por 85% desse montante. Por outro lado, as importações do setor evidenciaram aumento de 25,8%, alcançando US$ 1,24 bilhão. Com isso, o agronegócio entregou um saldo positivo de US$ 10,05 bilhões no mês, 14,68% maior que no mesmo período do ano de 2020.
- Ainda em relação às compras, as importações brasileiras de milho para atender principalmente a indústria de produção animal devem crescer 76,5%, chegando a 2,42 milhões de t, conforme estimado pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). A estratégia de importação visa reequilibrar os preços do cereal no mercado doméstico e trazer alento ao setor de proteínas, pressionado pelas altas cotações do milho.
- Ainda na esfera das exportações, os embarques de café apresentaram redução de 12,8% no mês de julho, com volume de 2,826 milhões de sacas de 60 kg, segundo estatísticas do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). A queda no volume é explicada por entraves logísticos, dada a concorrência por containers e navios com outros produtos. No entanto, no acumulado, as remessas de café ao exterior já somam 23,737 milhões de sacas em 2021, um incremento de 2,2% em comparação ao mesmo período de 2020, com uma receita total de US$ 3,20 bilhões (+7,0%). Os maiores importadores globais de café são: Estados Unidos, com 4,52 milhões de sacas (+4,5%); Alemanha com 4,18 milhões de sacas (+5,5%); e a Bélgica, com 1,69 milhão de sacas (+1,1%).
- Desde janeiro de 2019, o MAPA vem conduzindo acordos comerciais que resultaram na abertura de 150 mercados para produtos agropecuários em 43 países diferentes. Assim, o Brasil tem aumentado o seu leque de compradores e fortalecido o seu portfólio de produtos em um trabalho muito forte da da pasta.
- Outro dado interessante divulgado pelo Ministério da Economia mostra que o Brasil importou 16,63 milhões de toneladas de fertilizantes entre janeiro e junho de 2021 (1° semestre), somando um total de US$ 4,6 bilhões em compras. Na comparação com o mesmo período de 2020, o crescimento no volume é de 14,7%, o maior já registrado desde o início da série histórica, em 2010.
- Outro fato que marcou o nosso agro em julho foram, infelizmente, os episódios com as geadas, que causaram prejuízos em diversas lavouras como o café, a cana-de-açúcar, a citricultura e hortifrútis em geral. Segundo estimativas da Conab, ao menos 170 mil hectares de café do tipo arábica sofreram danos. Essa área corresponde a 21,25% do total cultivado no país. Segundo a estatal, mais de 300 municípios produtores do grão foram afetados, com impacto maior no norte do Paraná, São Paulo, Sul e Sudeste de Minas Gerais e no Triângulo Mineiro. Os impactos devem permanecer até a safra 22/23.
- Também em julho foi divulgada a nova versão do Anuário do Cooperativismo, pela Organização das Cooperativas do Brasil (OCB). Segundo a OCB, as cooperativas do agro registraram alta no faturamento em mais de 30% em 2020, chegando a R$ 239 bilhões, e com lucros de R$9,6 bilhões, crescimento de 74,5% em comparação com 2019. Já o número de novos cooperados no setor superou os 9,2 mil membros (+1,0%), alcançando pela primeira vez a marca de 1 milhão de cooperados no agro. Outro dado interessante é que as cooperativas renderam mais de R$8,5 bilhões aos cofres públicos na forma de impostos, valor 30% maior do que o registrado um ano antes. Além disso, o número de funcionários saltou de 207 mil para 223 mil, os quais receberam R$ 7,1 bilhões na forma de salários e benefícios.
- Na semana de fechamento desta coluna, o progresso das colheitas pelo Brasil se encontrava nos seguintes estágios: milho segunda safra em 61,5% da área total (71,1% na mesma data de 2020); algodão com 57,3% do total colhido (58,3% em 2020); o trigo se encontrava com progresso de 2,1% (0,6% em 2020); e o café estava com 89% (90% em 2020).
- Para concluir a nossa análise geral do agro, os preços dos principais produtos no fechamento desta coluna eram: a soja para entrega em cooperativa de São Paulo estava em R$ 167,30/saca para agosto de 2021 e R$ 160,60/saca para fevereiro de 2022. No milho, a cotação atual está em R$ 95,50/saca e a entrega em maio de 2022 fechou em R$ 93,15 (B3). O algodão fechou em R$ 170,84/arroba e o boi gordo em R$ 314,30/arroba.
Os cinco fatos do agro para acompanhar em setembro são:
- A finalização da colheita do milho segunda safra e o volume produzido, o avanço das exportações de grãos do Brasil e o abastecimento interno;
- A evolução do clima e dos custos para o plantio da mega safra 2021/22, e as decisões de compra e venda;
- A crise hídrica e as medidas a serem tomadas;
- A crise institucional (política), o câmbio e as perspectivas econômicas com a aceleração da vacinação;
- O andamento da safra americana. As condições das lavouras se deterioraram neste mês. Porém, a perspectiva é de melhora no clima para o encerramento da safra.
Reflexões dos fatos e números da cana em julho/agosto e o que acompanhar em setembro
Na cana
A moagem de cana-de-açúcar alcançou o valor acumulado de 304,01 milhões de t desde o início do ciclo até 1º de agosto, o que representa uma redução de 7,31% frente ao mesmo período de 2020. Com relação à qualidade da matéria-prima, o ATR acumulado registrou valor de 136,73 kg/t, refletindo aumento de 1,07%. Por sua vez, o mix de produção está em 53,81% para o etanol e 46,19% para o açúcar, com o biocombustível ganhando participação de 0,68% sobre o adoçante em relação a 2020/21. O número de usinas em operação no ciclo é de 264, exatamente igual à safra passada.
- Segundo estimativas da Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil), a produção total de cana-de-açúcar na safra atual deve sofrer uma queda de 15%, saindo dos 605 milhões de toneladas estimados para aproximadamente 530 milhões de toneladas. De acordo com a organização, os impactos das secas e das geadas são os principais motivadores desta redução.
- Já a StoneX prevê moagem de 541 milhões de toneladas contra a previsão anterior de 568 milhões, quase 11% menor. A estimativa é que 46,1% da cana seja destinada para a fabricação de açúcar, com uma produção de 34,6 milhões de toneladas (10% menor que a safra anterior). Com isto, a consultoria prevê agora déficit de 1 milhão de toneladas no mercado mundial, contra o superávit anterior de 1,7 milhão.
- De acordo com o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), em julho, a produtividade das lavouras de cana foi 17,9% inferior àquela constatada no mesmo mês de 2020, atingindo 73,7 t/ha contra 89,8 t/ha. Considerando o acumulado do ciclo, a retração de produtividade é de 12,5%, estando em 75,5 t/ha. Soma-se ao período seco vivenciado nos meses de março-maio, as geadas ocorridas no final de julho.
- Um estudo divulgado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), integrante do Ministério de Minas e Energia, mostrou que entre 2016 e 2020, o avanço na geração elétrica por biomassa no Brasil cresceu 16,1%, atingindo 15.396 MW. Apesar de positivo, o resultado vem abaixo do esperado, uma vez que nos cinco anos anteriores (2010 a 2015), o crescimento foi de 67,3%. Como consequência do crescimento menor, a fonte de energia por biomassa passa a responder por 8,8% da capacidade total do Brasil que, em 2015, era 9,4%. Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), o setor sucroenergético teria capacidade para entregar cerca de 200 mil GWh, o que significa um volume nove vezes maior frente ao total comercializado no Brasil em 2020, de 22,5 mil GWh, o que representa apenas 11% do potencial calculado.
- Um relatório divulgado pelo Rabobank mostrou que 2/3 dos municípios responsáveis por toda a produção de cana-de-açúcar no estado de São Paulo possuem cobertura 4G em até 60%, e o outro 1/3 possui mais de 60% de conexão em sua área. Os dados foram obtidos em conjunto com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com o estudo do banco holandês, a região de Ribeirão Preto e Araraquara são as duas com maior nível de conexão do estado, enquanto a região de São José do Rio Preto e Araçatuba são as que apresentam menor conexão.
- A UISA Bionergia + Açúcar já está adotando a robotização de processos, conseguindo rastrear todos os produtos vendidos. Via QR Code, o consumidor consegue ver todo o caminho do produto. O sistema também facilita a gestão de dados e a tomada de decisões, além dos ganhos de eficiência.
- A Latam publicou release com a sua estratégia de sustentabilidade para os próximos 30 anos em quatro grandes áreas: gestão ambiental, mudanças climáticas, economia circular e valor compartilhado. A cana entra no maior uso de combustíveis renováveis.
No açúcar
As exportações de açúcar no mês de julho caíram 25%, para 2,47 milhões de toneladas, quando comparadas com julho de 2020. A receita, porém, caiu menos (10,7%), para US$ 8,13 milhões. Em relação a junho, a queda de volume foi de 10,24% e a de valor em 10,84%. De janeiro a julho foram vendidos 15,3 milhões de toneladas de açúcares e melaços, com um faturamento de US$ 4,96 bilhões. O volume está 6,04% maior e a receita em 21,5% maior.
- Já as exportações de açúcar nos últimos 12 meses (julho de 2020 até junho de 2021) atingiram mais de 32 milhões de toneladas. Quase 11 milhões acima do mesmo período do ano anterior.
- Segundo dados da Unica, a produção acumulada de açúcar no ciclo 2021/22, até 1º de agosto, alcançou 18,29 milhões de t, queda de 7,68% frente ao ciclo passado.
No mercado global, segundo a Archer, a área de cana na Índia caiu de 5,5 para 4,8 milhões de hectares. E o consumo de açúcar deve chegar a mais de 31 milhões de toneladas em 2025/26.
- Também na Índia, a StoneX prevê que cerca de 3 milhões de toneladas de açúcar virem etanol na safra 2021/22.
No etanol
Os embarques de etanol diminuíram em 9% no comparativo entre julho de 2020 e 2021, totalizando US$ 117 milhões. No entanto, nos últimos 12 meses (julho de 2020 até junho de 2021) atingiram quase 3 bilhões de litros, 40% acima do mesmo período do ano anterior.
- Dados consolidado pela Unica até 1º de agosto refletem redução de 3,41% na produção total de etanol em comparação à safra anterior, atingindo um volume de 14,11 bilhões de litros. Essa queda se deve principalmente ao hidratado, onde foram produzidos apenas 8,83 bilhões de litros (-14,86%). Na contramão, o anidro teve incremento de produção de quase 25%, chegando a 5,28 bilhões de litros.
- Em relação à produção no ciclo atual, a StoneX prevê 24,9 bilhões de litros, queda de 10,4%.
- Com relação às vendas do biocombustível houve retração de 4,5% no mês de julho, registrando volume de 2,58 bilhões de litros, sendo 2,40 bilhões para o mercado doméstico e 182 milhões para exportação, o que levanta novamente o sinal de alerta. Considerando os valores acumulados da safra, foram comercializados 9,68 bilhões de litros (+5,94%), sendo 9,09 bilhões para consumo interno (+8,92%) e 597 milhões para o mercado externo (-20,42%).
- O consumo de combustíveis no primeiro semestre cresceu 6,6% em relação ao mesmo período de 2020. Em junho foi 10,25% maior. O hidratado cresceu 2,7% (9,21 bilhões de litros), a gasolina 8,1% (17,8 bilhões de litros). No primeiro semestre, o etanol teve 46,4% da participação na matriz de combustíveis (ligeira queda em relação ao período anterior, que foi de 47,2%). O diesel aumentou 9%, chegando a 5,1 bilhões de litros.
- A venda direta de etanol das usinas para os postos de combustível foi autorizada através de uma medida provisória assinada pelo Presidente da República. No entanto, ainda é necessário que o documento seja apreciado pela Câmara e Senado para se converter em lei.
- Segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME), a participação dos biocombustíveis (etanol e biodiesel) em nossa matriz de combustíveis é ao redor de 25%, e o MME quer chegar a 30% até 2030.
A Cerradinho Bio anunciou que investirá cerca de R$ 1 bilhão na construção de uma segunda usina para produção do etanol de milho no país. O grupo, que já tem uma unidade do modelo “flex” em Chapadão do Céu (GO), planeja instalar sua segunda unidade em Maracaju, o maior município produtor de milho do estado do Mato Grosso do Sul. A unidade terá capacidade para moagem de 1,1 milhão de toneladas de milho por ano, e de produção de até 510 milhões de litros do etanol. Quando o projeto for concluído, as duas unidades da Neomille (empresa de produção de etanol de milho do grupo Cerradinho Bio), terá capacidade total de produzir até 840 milhões de litros de etanol por ano.
- A Volkswagen tem feito grande aposta no etanol, passando o Brasil a ser o centro de pesquisas da empresa, e provavelmente o fabricante de motores flex para a Índia. Segundo informações da empresa, no comparativo entre veículos rodando 200 mil km, o movido a etanol emitiria em média 93 gCO2e/km e o elétrico 95gCO2e/km. O híbrido seria de 86 gCo2e/km. O foco da VW será nos motores híbridos flex.
- Um estudo feito por pesquisadores do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia de Materiais), em parceria com o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), e publicado na revista “Renewable & Sustainable Energy Review”, mostrou que o etanol brasileiro polui ainda menos do que se imaginava. A pesquisa considerou um novo fator de emissão de Óxido Nitroso (N20), poluente 300 vezes mais nocivo à atmosfera que o CO2. Na metodologia do CNPEM, as emissões foram 19% menores que estudos anteriores, os quais consideram o método do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas). Com isso, mostrou-se que o etanol brasileiro tem capacidade de reduzir em até 73,3% as emissões anuais de carbono equivalente se comparado à gasolina.
Para concluir, os cinco principais fatos para acompanhar em setembro na cadeia da cana:
1 - Impactos da seca que assola os canaviais na produção de cana, açúcar e etanol;
2 - O consumo de etanol hidratado com a gasolina estando com preços melhores na comparação percentual e também com a recuperação da economia. Ao fechar esta coluna, pelos dados da SCA, o litro do hidratado estava em R$ 3,82/l com impostos nas usinas, e o anidro em R$ 3,80/l.
3 - O barril do petróleo tipo Brent estava em US$ 72. Devemos observar o seu comportamento em setembro, bem como o câmbio para entender os possíveis preços da gasolina e da paridade;
4 - Os reflexos da redução da produção de cana nos preços de açúcar. Ao fechar esta coluna, o açúcar estava em 19,9 cents/libra peso na tela de outubro de 2021. Um preço do açúcar muito alto pode não ser bom, colocando em risco a velocidade da Índia na adoção do etanol e trazendo de volta produções em outros locais;
5 - A continuidade das exportações de açúcar e os preços para o mercado interno que vêm se mantendo.
Valor ATR
A safra 2021/22 teve início com valores de ATR em abril e maio de, respectivamente, R$ 1,0141/kg e R$ 1,0564/kg. Já para o mês de junho, o valor manteve a tendência de alta, alcançando R$ 1,0630/kg. Finalmente, em julho, o indicador voltou a crescer, atingindo R$ 1,0878/kg. Dessa forma, o valor acumulado chegou a R$ 1,0573/kg.