530 milhões de toneladas de cana

27/08/2021 Marcos Fava Neves POR: * MARCOS FAVA NEVES ** VÍTOR NARDINI MARQUES *** VINÍCIUS CAMBAÚVA

* Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Confira textos, vídeos e outros materiais no site doutoragro.com e veja os vídeos no canal do Youtube (Marcos Fava Neves). Seguem os agradecimentos ao apoio de Vitor Nardini Marques e Vinícius Cambaúva.

** Vítor Nardini Marques é analista da Markestrat

*** Vinícius Cambaúva é consultor da Markestrat

Reflexões dos fatos e números do agro em julho/agosto e o que acompanhar em setembro

 

Na economia mundial e brasileira

No cenário econômico nacional, segundo o boletim Focus do Banco Central do Brasil, a expectativa do mercado para a taxa Selic voltou a crescer, agora estimada em 7,5% para o final de 2021, mas deve manter seu patamar em 2022. No PIB, espera-se um crescimento de 5,28% neste ano e de 2,04% no próximo. Já no IPCA, os valores devem ser de 7,12% em 2021 e 3,87% em 2022, enquanto o dólar deve chegar a R$ 5,10 e R$ 5,20, respectivamente. Outro bom sinal para a economia brasileira foi o crescimento do setor de serviços de 21,1% em junho, quando comparado ao mesmo mês de 2020. Também houve crescimento de 1,7% frente a maio, segundo o levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).cio.

No agro mundiale brasileiro

Na esfera internacional, o relatório do USDA (Departa­mento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre oferta e demanda global de grãos do ciclo 2021/22 revelou algu­mas alterações nos indicadores de produção dos Estados Unidos. O país deve produzir 118,1 milhões de t de soja, o que representa diminuição de 1,8 milhão de t em rela­ção à previsão de julho, enquanto no milho a redução foi mais drástica, de 385,21 milhões para 374,67 milhões de t. Na soja, as estimativas para o Brasil e Argentina foram mantidas em, respectivamente, 144 milhões e 52 milhões de t, enquanto no cenário global o volume total foi rea­justado para 383,63 milhões de t, com estoques de 96,15 milhões de t. No milho, a produção brasileira foi avaliada em 118 milhões de t e a da Argentina em 51 milhões de t, mantendo as previsões anteriores. Já no cenário global do cereal, a produção foi reajustada para 1.186,12 bilhão de t e os estoques para 284,63 milhões de t.

A estimativa de agosto da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) sinaliza um aumento de 1,2% na pro­dução brasileira de grãos no ciclo 2020/21 em relação ao passado, alcançando o volume de 254 milhões de t. No entanto, em comparação à previsão de julho, o volume foi reduzido em 6,8 milhões de t, devido as consequências da seca e das geadas na região Centro-Sul do país. O milho safrinha deve apresentar redução em sua produção de 19,3%, totalizando 60,3 milhões de t colhidas, enquanto em julho eram esperadas quase 70 milhões de t. Já no trigo, as expectativas de produção estão em 8,59 milhões de t (+37,8%) diante do aumento de área plantada para 2,7 milhões de ha (+15,1%) e produtividade (+19,7%). Com a colheita praticamente encerrada, o volume de soja está avaliado em 136 milhões de t (+8,9%) numa área de 38,5 milhões de ha (+4,3%). E, finalmente no algodão, estima­-se queda na produção de 22%, agora em 2,34 milhões de t de pluma, visto a queda na área plantada para 1,36 milhão de ha (-18%).

  • O Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abasteci­mento) revisou para cima o VBP (Valor Bruto da Produ­ção Agropecuária) no mês de julho, de R$ 1,099 trilhão para R$ 1,109 trilhão, o que representa um incremento de 12,8% frente a 2020. As lavouras devem faturar R$ 757 bilhões (+12,8%) enquanto a pecuária deve somar R$ 352 bilhões (+4%).
  • As exportações brasileiras do agronegócio atingiram valor recorde para o mês de julho, totalizando US$ 11,29 bilhões, 15,8% a mais que os valores constatados no mesmo mês de 2020, de acordo com dados do Mapa. Apesar da queda no volume exportado de quase 10%, os preços 28,5% supe­riores têm sustentado o incremento na receita das vendas externas. O complexo soja liderou os embarques, com valor recorde para o mês de US$ 5,01 bilhões (+21,6%), com destaque para a soja em grão, que representou 78% do valor do segmento. Do mesmo modo, as carnes soma­ram valor recorde de exportação para o mês de US$ 2,03 bilhões (+34,9%), sendo que apenas na carne bovina as vendas alcançaram US$ 1,01 bilhão (+30%). Os produtos florestais aparecem na terceira posição no ranking, tota­lizando embarques de US$ 1,30 bilhão (+41,4%), com a exportação de madeira chegando a US$ 540,31 milhões (+71,0%). Já o complexo sucroenergético ficou na quarta colocação, com exportações de US$ 930 milhões (-10,5%). Finalmente, o setor de farinhas e preparações se conso­lida na quinta posição, somando vendas externas de US$ 469,08 milhões (-37,5%), sendo o milho responsável por 85% desse montante. Por outro lado, as importações do setor evidenciaram aumento de 25,8%, alcançando US$ 1,24 bilhão. Com isso, o agronegócio entregou um saldo positivo de US$ 10,05 bilhões no mês, 14,68% maior que no mesmo período do ano de 2020.
  • Ainda em relação às compras, as importações brasileiras de milho para atender principalmente a indústria de produ­ção animal devem crescer 76,5%, chegando a 2,42 milhões de t, conforme estimado pela ABPA (Associação Brasi­leira de Proteína Animal). A estratégia de importação visa reequilibrar os preços do cereal no mercado doméstico e trazer alento ao setor de proteínas, pressionado pelas altas cotações do milho.
  • Ainda na esfera das exportações, os embarques de café apresentaram redução de 12,8% no mês de julho, com volume de 2,826 milhões de sacas de 60 kg, segundo esta­tísticas do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). A queda no volume é explicada por entraves logís­ticos, dada a concorrência por containers e navios com outros produtos. No entanto, no acumulado, as remessas de café ao exterior já somam 23,737 milhões de sacas em 2021, um incremento de 2,2% em comparação ao mesmo período de 2020, com uma receita total de US$ 3,20 bilhões (+7,0%). Os maiores importadores globais de café são: Estados Unidos, com 4,52 milhões de sacas (+4,5%); Alemanha com 4,18 milhões de sacas (+5,5%); e a Bélgica, com 1,69 milhão de sacas (+1,1%).
  • Desde janeiro de 2019, o MAPA vem conduzindo acor­dos comerciais que resultaram na abertura de 150 merca­dos para produtos agropecuários em 43 países diferentes. Assim, o Brasil tem aumentado o seu leque de comprado­res e fortalecido o seu portfólio de produtos em um traba­lho muito forte da da pasta.
  • Outro dado interessante divulgado pelo Ministério da Economia mostra que o Brasil importou 16,63 milhões de toneladas de fertilizantes entre janeiro e junho de 2021 (1° semestre), somando um total de US$ 4,6 bilhões em compras. Na comparação com o mesmo período de 2020, o crescimento no volume é de 14,7%, o maior já registrado desde o início da série histórica, em 2010.
  • Outro fato que marcou o nosso agro em julho foram, infe­lizmente, os episódios com as geadas, que causaram preju­ízos em diversas lavouras como o café, a cana-de-açúcar, a citricultura e hortifrútis em geral. Segundo estimativas da Conab, ao menos 170 mil hectares de café do tipo arábica sofreram danos. Essa área corresponde a 21,25% do total cultivado no país. Segundo a estatal, mais de 300 muni­cípios produtores do grão foram afetados, com impacto maior no norte do Paraná, São Paulo, Sul e Sudeste de Minas Gerais e no Triângulo Mineiro. Os impactos devem permanecer até a safra 22/23.
  • Também em julho foi divulgada a nova versão do Anuá­rio do Cooperativismo, pela Organização das Cooperati­vas do Brasil (OCB). Segundo a OCB, as cooperativas do agro registraram alta no faturamento em mais de 30% em 2020, chegando a R$ 239 bilhões, e com lucros de R$9,6 bilhões, crescimento de 74,5% em comparação com 2019. Já o número de novos cooperados no setor superou os 9,2 mil membros (+1,0%), alcançando pela primeira vez a marca de 1 milhão de cooperados no agro. Outro dado interessante é que as cooperativas renderam mais de R$8,5 bilhões aos cofres públicos na forma de impostos, valor 30% maior do que o registrado um ano antes. Além disso, o número de funcionários saltou de 207 mil para 223 mil, os quais receberam R$ 7,1 bilhões na forma de salários e benefícios.
  • Na semana de fechamento desta coluna, o progresso das colheitas pelo Brasil se encontrava nos seguintes estágios: milho segunda safra em 61,5% da área total (71,1% na mesma data de 2020); algodão com 57,3% do total colhido (58,3% em 2020); o trigo se encontrava com progresso de 2,1% (0,6% em 2020); e o café estava com 89% (90% em 2020).
  • Para concluir a nossa análise geral do agro, os preços dos principais produtos no fechamento desta coluna eram: a soja para entrega em cooperativa de São Paulo estava em R$ 167,30/saca para agosto de 2021 e R$ 160,60/saca para fevereiro de 2022. No milho, a cotação atual está em R$ 95,50/saca e a entrega em maio de 2022 fechou em R$ 93,15 (B3). O algodão fechou em R$ 170,84/arroba e o boi gordo em R$ 314,30/arroba.

Os cinco fatos do agro para acompanhar em setembro são:

  1. A finalização da colheita do milho segunda safra e o volume produzido, o avanço das exportações de grãos do Brasil e o abastecimento interno;
  2. A evolução do clima e dos custos para o plantio da mega safra 2021/22, e as decisões de compra e venda;
  3. A crise hídrica e as medidas a serem tomadas;
  4. A crise institucional (política), o câmbio e as perspectivas econômicas com a aceleração da vacinação;
  5. O andamento da safra americana. As condições das lavou­ras se deterioraram neste mês. Porém, a perspectiva é de melhora no clima para o encerramento da safra.

Reflexões dos fatos e números da cana em julho/agosto e o que acompanhar em setembro

Na cana

A moagem de cana-de-açúcar alcançou o valor acumu­lado de 304,01 milhões de t desde o início do ciclo até 1º de agosto, o que representa uma redução de 7,31% frente ao mesmo período de 2020. Com relação à qualidade da matéria-prima, o ATR acumulado registrou valor de 136,73 kg/t, refletindo aumento de 1,07%. Por sua vez, o mix de produção está em 53,81% para o etanol e 46,19% para o açúcar, com o biocombustível ganhando participa­ção de 0,68% sobre o adoçante em relação a 2020/21. O número de usinas em operação no ciclo é de 264, exata­mente igual à safra passada.

  • Segundo estimativas da Orplana (Organização de Asso­ciações de Produtores de Cana do Brasil), a produção total de cana-de-açúcar na safra atual deve sofrer uma queda de 15%, saindo dos 605 milhões de toneladas estimados para aproximadamente 530 milhões de toneladas. De acordo com a organização, os impactos das secas e das geadas são os principais motivadores desta redução.
  • Já a StoneX prevê moagem de 541 milhões de toneladas contra a previsão anterior de 568 milhões, quase 11% menor. A estimativa é que 46,1% da cana seja destinada para a fabricação de açúcar, com uma produção de 34,6 milhões de toneladas (10% menor que a safra anterior). Com isto, a consultoria prevê agora déficit de 1 milhão de toneladas no mercado mundial, contra o superávit anterior de 1,7 milhão.
  • De acordo com o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), em julho, a produtividade das lavouras de cana foi 17,9% inferior àquela constatada no mesmo mês de 2020, atin­gindo 73,7 t/ha contra 89,8 t/ha. Considerando o acumu­lado do ciclo, a retração de produtividade é de 12,5%, estando em 75,5 t/ha. Soma-se ao período seco vivenciado nos meses de março-maio, as geadas ocorridas no final de julho.
  • Um estudo divulgado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), integrante do Ministério de Minas e Ener­gia, mostrou que entre 2016 e 2020, o avanço na geração elétrica por biomassa no Brasil cresceu 16,1%, atingindo 15.396 MW. Apesar de positivo, o resultado vem abaixo do esperado, uma vez que nos cinco anos anteriores (2010 a 2015), o crescimento foi de 67,3%. Como consequência do crescimento menor, a fonte de energia por biomassa passa a responder por 8,8% da capacidade total do Brasil que, em 2015, era 9,4%. Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), o setor sucroenergético teria capacidade para entregar cerca de 200 mil GWh, o que significa um volume nove vezes maior frente ao total comercializado no Brasil em 2020, de 22,5 mil GWh, o que representa apenas 11% do potencial calculado.
  • Um relatório divulgado pelo Rabobank mostrou que 2/3 dos municípios responsáveis por toda a produção de cana­-de-açúcar no estado de São Paulo possuem cobertura 4G em até 60%, e o outro 1/3 possui mais de 60% de conexão em sua área. Os dados foram obtidos em conjunto com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com o estudo do banco holandês, a região de Ribeirão Preto e Araraquara são as duas com maior nível de cone­xão do estado, enquanto a região de São José do Rio Preto e Araçatuba são as que apresentam menor conexão.
  • A UISA Bionergia + Açúcar já está adotando a robotiza­ção de processos, conseguindo rastrear todos os produtos vendidos. Via QR Code, o consumidor consegue ver todo o caminho do produto. O sistema também facilita a ges­tão de dados e a tomada de decisões, além dos ganhos de eficiência.
  • A Latam publicou release com a sua estratégia de susten­tabilidade para os próximos 30 anos em quatro grandes áreas: gestão ambiental, mudanças climáticas, economia circular e valor compartilhado. A cana entra no maior uso de combustíveis renováveis.

No açúcar

As exportações de açúcar no mês de julho caíram 25%, para 2,47 milhões de toneladas, quando comparadas com julho de 2020. A receita, porém, caiu menos (10,7%), para US$ 8,13 milhões. Em relação a junho, a queda de volume foi de 10,24% e a de valor em 10,84%. De janeiro a julho foram vendidos 15,3 milhões de toneladas de açúcares e melaços, com um faturamento de US$ 4,96 bilhões. O volume está 6,04% maior e a receita em 21,5% maior.

  • Já as exportações de açúcar nos últimos 12 meses (julho de 2020 até junho de 2021) atingiram mais de 32 milhões de toneladas. Quase 11 milhões acima do mesmo perí­odo do ano anterior.
  • Segundo dados da Unica, a produção acumulada de açúcar no ciclo 2021/22, até 1º de agosto, alcançou 18,29 milhões de t, queda de 7,68% frente ao ciclo passado.

No mercado global, segundo a Archer, a área de cana na Índia caiu de 5,5 para 4,8 milhões de hectares. E o consumo de açúcar deve chegar a mais de 31 milhões de toneladas em 2025/26.

  • Também na Índia, a StoneX prevê que cerca de 3 milhões de toneladas de açúcar virem etanol na safra 2021/22.

No etanol

Os embarques de etanol diminuíram em 9% no compa­rativo entre julho de 2020 e 2021, totalizando US$ 117 milhões. No entanto, nos últimos 12 meses (julho de 2020 até junho de 2021) atingiram quase 3 bilhões de litros, 40% acima do mesmo período do ano anterior.

  • Dados consolidado pela Unica até 1º de agosto refletem redução de 3,41% na produção total de etanol em com­paração à safra anterior, atingindo um volume de 14,11 bilhões de litros. Essa queda se deve principalmente ao hidratado, onde foram produzidos apenas 8,83 bilhões de litros (-14,86%). Na contramão, o anidro teve incremento de produção de quase 25%, chegando a 5,28 bilhões de litros.
  • Em relação à produção no ciclo atual, a StoneX prevê 24,9 bilhões de litros, queda de 10,4%.
  • Com relação às vendas do biocombustível houve retra­ção de 4,5% no mês de julho, registrando volume de 2,58 bilhões de litros, sendo 2,40 bilhões para o mercado doméstico e 182 milhões para exportação, o que levanta novamente o sinal de alerta. Considerando os valores acu­mulados da safra, foram comercializados 9,68 bilhões de litros (+5,94%), sendo 9,09 bilhões para consumo interno (+8,92%) e 597 milhões para o mercado externo (-20,42%).
  • O consumo de combustíveis no primeiro semestre cresceu 6,6% em relação ao mesmo período de 2020. Em junho foi 10,25% maior. O hidratado cresceu 2,7% (9,21 bilhões de litros), a gasolina 8,1% (17,8 bilhões de litros). No primeiro semestre, o etanol teve 46,4% da participação na matriz de combustíveis (ligeira queda em relação ao período ante­rior, que foi de 47,2%). O diesel aumentou 9%, chegando a 5,1 bilhões de litros.
  • A venda direta de etanol das usinas para os postos de com­bustível foi autorizada através de uma medida provisória assinada pelo Presidente da República. No entanto, ainda é necessário que o documento seja apreciado pela Câmara e Senado para se converter em lei.
  • Segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME), a participação dos biocombustíveis (etanol e biodiesel) em nossa matriz de combustíveis é ao redor de 25%, e o MME quer chegar a 30% até 2030.

A Cerradinho Bio anunciou que investirá cerca de R$ 1 bilhão na construção de uma segunda usina para produ­ção do etanol de milho no país. O grupo, que já tem uma unidade do modelo “flex” em Chapadão do Céu (GO), pla­neja instalar sua segunda unidade em Maracaju, o maior município produtor de milho do estado do Mato Grosso do Sul. A unidade terá capacidade para moagem de 1,1 milhão de toneladas de milho por ano, e de produção de até 510 milhões de litros do etanol. Quando o projeto for concluído, as duas unidades da Neomille (empresa de pro­dução de etanol de milho do grupo Cerradinho Bio), terá capacidade total de produzir até 840 milhões de litros de etanol por ano.

  • A Volkswagen tem feito grande aposta no etanol, pas­sando o Brasil a ser o centro de pesquisas da empresa, e provavelmente o fabricante de motores flex para a Índia. Segundo informações da empresa, no comparativo entre veículos rodando 200 mil km, o movido a etanol emiti­ria em média 93 gCO2e/km e o elétrico 95gCO2e/km. O híbrido seria de 86 gCo2e/km. O foco da VW será nos motores híbridos flex.
  • Um estudo feito por pesquisadores do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia de Materiais), em par­ceria com o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), e publicado na revista “Renewable & Sustainable Energy Review”, mostrou que o etanol brasileiro polui ainda menos do que se imaginava. A pesquisa considerou um novo fator de emissão de Óxido Nitroso (N20), poluente 300 vezes mais nocivo à atmosfera que o CO2. Na meto­dologia do CNPEM, as emissões foram 19% menores que estudos anteriores, os quais consideram o método do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climá­ticas). Com isso, mostrou-se que o etanol brasileiro tem capacidade de reduzir em até 73,3% as emissões anuais de carbono equivalente se comparado à gasolina.

Para concluir, os cinco principais fatos para acompanhar em setembro na cadeia da cana:

1 - Impactos da seca que assola os canaviais na produção de cana, açúcar e etanol;

2 - O consumo de etanol hidratado com a gasolina estando com preços melhores na comparação percentual e também com a recuperação da economia. Ao fechar esta coluna, pelos dados da SCA, o litro do hidratado estava em R$ 3,82/l com impostos nas usinas, e o anidro em R$ 3,80/l.

3 - O barril do petróleo tipo Brent estava em US$ 72. Deve­mos observar o seu comportamento em setembro, bem como o câmbio para entender os possíveis preços da gaso­lina e da paridade;

4 - Os reflexos da redução da produção de cana nos preços de açúcar. Ao fechar esta coluna, o açúcar estava em 19,9 cents/libra peso na tela de outubro de 2021. Um preço do açúcar muito alto pode não ser bom, colocando em risco a velocidade da Índia na adoção do etanol e trazendo de volta produções em outros locais;

5 - A continuidade das exportações de açúcar e os preços para o mercado interno que vêm se mantendo.

Valor ATR

A safra 2021/22 teve início com valores de ATR em abril e maio de, respectivamente, R$ 1,0141/kg e R$ 1,0564/kg. Já para o mês de junho, o valor manteve a tendência de alta, alcançando R$ 1,0630/kg. Finalmente, em julho, o indicador voltou a cres­cer, atingindo R$ 1,0878/kg. Dessa forma, o valor acumulado chegou a R$ 1,0573/kg.