60 anos da república de Jacarepaguá é comemorado com evento

05/02/2016 Agronegócio POR: Andréia Vital – Edição 115 – Revista Canavieiros
A realização do I Simpósio Desafios do Agronegócio ocorrida recentemente em Piracicaba-SP teve um motivo mais do que especial para um grupo de ex-alunos e alunos da ESALQ/USP. É que o evento, que abordou temas como os desafios da produção sustentável, das instituições e do futuro profissional, logística e mercado, marcou a comemoração dos 60 anos da Jacarepaguá, uma das mais tradicionais repúblicas da cidade piracicabana.
“A Jacarepaguá é uma república muito tradicional de Piracicaba e ainda está em atividade depois de 60 anos. Todos os anos nos reunimos com nossos familiares para comemorar e relembrar o passado, é muito bom”, contou Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e Orplana, que foi um dos moradores da república entre os anos de 1966 e 1969.
Segundo ele, além do encontro interno, é praxe a realização de um evento maior, como o ocorrido na ocasião, reunindo diversas gerações do agronegócio para discutir os rumos que o setor está tomando no país e no mundo.
“Com a chegada dos 60 anos da república, queríamos trazer o debate de fora para dentro da universidade, além de oferecer suporte para o aluno e para o profissional, para que os desafios não sejam grandes o suficiente e que eles consigam enfrentar a situação no mercado”, explicou o estudante Gustavo Bernardo de Andrade, um dos atuais moradores da Jacarepaguá. Além da república, a organização do evento contou com o apoio do Departamento de Engenharia de Biossistemas, com coordenação do prof. Fernando Campos Mendonça, sendo presidido pelo engenheiro Agrônomo Cristiano Walter Simon, ambos da ESALQ
Especialistas debateram o futuro do agronegócio
Estudantes, profissionais e autoridades do agronegócio lotaram o Anfiteatro do Pavilhão de Engenharia da Escola Superior de Agricultura da ESALQ para abordar os temas mais discutidos no cenário da agricultura nacional, tais como produção sustentável, a correta utilização da água, entendimento do clima, o domínio do mercado e logística, assim como a compreensão sobre os próximos passos das instituições para lidar com esses desafios e fortalecer os atuais e futuros profissionais da área.
O ex-ministro da Agricultura e atual coordenador de Agronegócio da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Roberto Rodrigues, abriu os debates do dia e ressaltou que, embora o agronegócio represente ¼ do PIB do país, 1/3 dos empregos e é responsável pelo saldo comercial, não tem o respaldo político correspondente ao valor econômico-social que tem, sendo necessária uma melhor comunicação destacando a sua importância para que as estratégias sejam adequadas e posicione o Brasil no patamar que merece estar. 
“O Brasil tem tudo para ser um campeão mundial da segurança alimentar e aqui salientamos quais são os desafios enfrentados pelo setor como a falta de uma estratégia para alguns setores, como logística e estrutura, política de renda para o campo, investimentos em tecnologia, defesa sanitária, entre outros”, elucidou Rodrigues.
Para o professor Luíz Gustavo Nussio, diretor da ESALQ, o agronegócio tem suportado e carregado o Brasil. 
“Cabe à instituição gerar conhecimento e pessoal que possam ir à frente e fazer essa agricultura andar num ritmo maior do que atualmente e estou muito animado com a perspectiva de poder inserir a ESALQ nesse grande plano de expansão do agronegócio”, alegou durante sua fala no primeiro painel do simpósio, que contou ainda com a participação do engenheiro agrônomo, Cristiano Walter Simon e do estudante Gustavo Bernardo de Andrade.
Os desafios da produção sustentável
“A agricultura é dentre as atividades econômicas a mais afetada pelas condições de tempo/clima, as quais são responsáveis por cerca de 80% da variabilidade interanual da produção agrícola no mundo”, explicou o professor Paulo Sentelhas (ESALQ), durante o painel que tratou dos desafios da produção sustentável.
De acordo com ele, além do efeito direto na produtividade das culturas, o clima e sua variabilidade interanual e sazonal definem o sistema agrícola, o manejo das culturas e a escolha das espécies/culturas, a qualidade dos produtos agrícolas, entre outros aspectos.
“A nossa habilidade é saber se adaptar a cada mudança, dentro deste conceito, temos que pensar em se adaptar”, alertou ele, lembrando que a pesquisa agropecuária brasileira já vem fazendo isso no intuito de tornar a agricultura cada vez mais eficiente, independentemente do cenário de clima.
As medidas de adaptação das culturas às mudanças climáticas podem ser classificadas em: medidas de menor impacto no custo de produção, com o uso de cultivares tolerantes à seca e altas temperaturas; com ajustes da população de plantas e das épocas de semeadura. Ou com medidas de maior impacto no custo de produção, tais como preparo profundo dos solos, uso de autotranspirantes, irrigação, agricultura de precisão, etc. “A combinação dessas medidas, caso as mudanças do clima venham a se confirmar, levará a uma agricultura de maior sustentabilidade, porém com maiores investimentos em tecnologia”, finalizou. 
O ex-presidente da Embrapa, Silvio Crestana, alertou que é necessário detectar os sinais do futuro e começar a fazer a lição de casa já. “Este é o nosso grande desafio. O Brasil tem pouca memória, a gente não se prepara para as coisas porque não acredita, porque não tem organização para isso”, afirmou ele, ao dizer que muitas mudanças estão ocorrendo e o país tem que se atentar e ter um papel de protagonista nos negócios, na formação de recursos humanos e no desenvolvimento das tecnologias.
Já o coordenador do painel, Emiliano Graziano, gerente de Sustentabilidade da BASF South América, lembrou que o Brasil está credenciado para a questão da adaptação e das mudanças porque aqui já foi feito muita coisa que nos orienta a avançar nesta direção. Participou ainda deste painel, o professor Fernando Campos Mendonça, da ESALQ.
“Abordar, debater e esclarecer dúvidas de temas sensíveis da agricultura em eventos como este são de extrema importância para toda a cadeia e se tornem mais uma ferramenta para o crescimento das empresas e profissionais do ramo e principalmente na evolução e fortalecimento do agronegócio”, destacou Luís Carlos Corrêa Carvalho, presidente da (ABAG) Associação Brasileira do Agronegócio, ao falar sobre os desafios das instituições sobre a contratação de profissionais, a importância de se formar líderes e qualificação. 
“Estamos vivendo uma nova grande mudança na qual, nós, engenheiros agrônomos, teremos uma participação muito importante. Esta nova realidade vai requerer profissionais que tenham uma visão do agro global, tem que ter um domínio da operação de algoritmos, ter modelos para deslumbrar o futuro ou traçar metas e chegar a elas de uma forma competitiva, integrar sistemas e saber utilizá-los, ou seja, ter a visão da catedral integrando os vários sistemas e ter uma visão muito clara da questão de custo e da produtividade”, alertou.
Opinião compartilhada com Laércio Giampani, presidente da Syngenta no Brasil. “A competitividade que existe dentro do setor exige que você seja rápido, que seja preparado com as melhores análises para dar, para suportar e para tomar a melhor decisão, que saiba fazer uma boa negociação. É desse profissional que precisamos e que buscamos”, afirmou
Ao responder como funciona o processo de admissão de novos funcionários na Syngenta, Giampani pontuou que antes do conhecimento técnico, o caráter de cada um é levado em conta para confirmar a contratação. “Você não será contratado pelo conhecimento técnico que teve na universidade, seguramente não. É uma combinação de como o candidato é como pessoa, de onde veio, que referências tem, o que fez na vida, com que cenários e ambientes já viveu, quem é sua família. Tudo isso vale mais no momento da contratação do que o conhecimento técnico que o candidato tem. 
A partir daí, tem a entrega, tem performance, as habilidades, aquelas que são natas, que vieram com a pessoa e aquelas que são aprendidas desenvolvidas, trabalhadas, a partir do momento que o candidato entra. Então são dois mundos, um mundo para entrar, e um mundo para estar” explicou, pontuando ainda que a competição para ingressar em uma empresa como a Syngenta é maior do que entrar na ESALQ, por exemplo, que tem em média 10 candidatos por vaga a cada vestibular, sendo que no último processo de recrutamento da empresa, quando contrataram 12 engenheiros agrônomos, a disputa foi de 37 por cada vaga, essas somente concorridas por alunos da instituição. 
Outro palestrante, Angelo Petto Neto, do presidente AEASP (Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo) abordou o associativismo dentro da carreira do engenheiro agrônomo ao encerrar painel.
Ao falar sobre os entraves da logística no agronegócio, José Vicente Caixeta Filho, prof. titular do Depto de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ, fez referência da lógica da logística, pontuou o porquê da prevalência do modal rodoviário e das mudanças lentas que revertem este cenário.
“A nossa matriz de transporte é desequilibrada porque existe uma participação muito expressiva do transporte rodoviário, que se por um lado traz a vantagem de flexibilidade, é o transporte mais caro, então sim, precisamos construir mais ferrovia, precisamos usar mais a hidrovia, precisamos ter mais armazéns, precisamos investir mais no porto, mas tudo isso leva tempo.
É muito improvável a tal da reversão da matriz de transporte acontecer em um período inferior a 15 anos, são 200 mil quilômetros de estradas pavimentadas contra menos de 30 mil quilômetros de ferrovias, se a gente for incluir as não pavimentadas batem 1 milhão”, exemplificou.
Segundo ele, dependendo da carga, do instante de tempo, da região em si, produtora ou de destino, existem despesas logísticas que podem impactar por demais aquele agronegócio específico. “Há situações em que o peso das despesas logísticas chega a superar o 50% do valor final do produto, o que é muita coisa”, diz ele, constatando a morosidade em relação a gestão dos projetos logísticos que precisam ser implementados no país, embora tenha algumas ações sendo feitas neste sentido.
O professor ressaltou ainda que os avanços neste segmento vão depender fundamentalmente da desburocratização dos processos e até mesmo da eliminação de certas questões até de caráter ético. Também citou as licitações do segmento que são feitas no Brasil em que as questões ambientais ganham uma dimensão cada vez mais relevante.
Os ex-moradores da república de Jacarepaguá, Victor Abou Nehmi Filho, diretor da Sparta e José Stamato Neto, assessor de investimento do Banco Tokyo Mitsubishi, abordaram temas como o Brasil no Mercado Internacional e as Perspectivas de investimentos durante o último painel do dia que teve como moderador o diretor-fundador da Scot Consultoria Alcides Torres.
Nehmi Filho ressaltou a importância de se agregar valor ao Brasil “É importante pensar em produtividade, mas se estivermos agregando valor, a gente tem muito mais estabilidade na renda e no controle dos fluxos de produto e dá para ganhar muito dinheiro. Agregar valor pode ser um bom negócio”. Já Stamato Neto destacou os entraves que espantam investidores no país, tais como custo Brasil e insegurança jurídica, entre outros.
“Há um otimismo no geral, todos sabemos que o mundo vai precisar mais do Brasil na área de alimentos e nós temos um avanço tecnológico que nos credencia a ampliar as ambições de participações no cenário mundial”, afirmou Roberto Rodrigues, ao finalizar o simpósio, mas ponderou que é preciso ter interesse do governo brasileiro neste sentido. “Estamos todos otimistas, mas não podemos ser inocentes, é preciso trabalhar para que as coisas aconteçam. É preciso ter amor por este país, acreditar que temos todas as condições para crescer, inovar com tecnologia, reduzir a burocracia, a corrupção, agregar valor, negociar melhor, colocar o Brasil como agente, como sujeito e não como objeto do negócio e acreditar nisso, pois se não lutarmos, o trem vai passar mais uma vez e vamos ficar olhando”, finalizou o ex-ministro da agricultura.
A realização do I Simpósio Desafios do Agronegócio ocorrida recentemente em Piracicaba-SP teve um motivo mais do que especial para um grupo de ex-alunos e alunos da ESALQ/USP. É que o evento, que abordou temas como os desafios da produção sustentável, das instituições e do futuro profissional, logística e mercado, marcou a comemoração dos 60 anos da Jacarepaguá, uma das mais tradicionais repúblicas da cidade piracicabana.

 
“A Jacarepaguá é uma república muito tradicional de Piracicaba e ainda está em atividade depois de 60 anos. Todos os anos nos reunimos com nossos familiares para comemorar e relembrar o passado, é muito bom”, contou Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e Orplana, que foi um dos moradores da república entre os anos de 1966 e 1969.

 
Segundo ele, além do encontro interno, é praxe a realização de um evento maior, como o ocorrido na ocasião, reunindo diversas gerações do agronegócio para discutir os rumos que o setor está tomando no país e no mundo.

 
“Com a chegada dos 60 anos da república, queríamos trazer o debate de fora para dentro da universidade, além de oferecer suporte para o aluno e para o profissional, para que os desafios não sejam grandes o suficiente e que eles consigam enfrentar a situação no mercado”, explicou o estudante Gustavo Bernardo de Andrade, um dos atuais moradores da Jacarepaguá. Além da república, a organização do evento contou com o apoio do Departamento de Engenharia de Biossistemas, com coordenação do prof. Fernando Campos Mendonça, sendo presidido pelo engenheiro Agrônomo Cristiano Walter Simon, ambos da ESALQ.

 
Especialistas debateram o futuro do agronegócio

 
Estudantes, profissionais e autoridades do agronegócio lotaram o Anfiteatro do Pavilhão de Engenharia da Escola Superior de Agricultura da ESALQ para abordar os temas mais discutidos no cenário da agricultura nacional, tais como produção sustentável, a correta utilização da água, entendimento do clima, o domínio do mercado e logística, assim como a compreensão sobre os próximos passos das instituições para lidar com esses desafios e fortalecer os atuais e futuros profissionais da área.

 
O ex-ministro da Agricultura e atual coordenador de Agronegócio da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Roberto Rodrigues, abriu os debates do dia e ressaltou que, embora o agronegócio represente ¼ do PIB do país, 1/3 dos empregos e é responsável pelo saldo comercial, não tem o respaldo político correspondente ao valor econômico-social que tem, sendo necessária uma melhor comunicação destacando a sua importância para que as estratégias sejam adequadas e posicione o Brasil no patamar que merece estar. 

 
“O Brasil tem tudo para ser um campeão mundial da segurança alimentar e aqui salientamos quais são os desafios enfrentados pelo setor como a falta de uma estratégia para alguns setores, como logística e estrutura, política de renda para o campo, investimentos em tecnologia, defesa sanitária, entre outros”, elucidou Rodrigues.

 
Para o professor Luíz Gustavo Nussio, diretor da ESALQ, o agronegócio tem suportado e carregado o Brasil. 

 
“Cabe à instituição gerar conhecimento e pessoal que possam ir à frente e fazer essa agricultura andar num ritmo maior do que atualmente e estou muito animado com a perspectiva de poder inserir a ESALQ nesse grande plano de expansão do agronegócio”, alegou durante sua fala no primeiro painel do simpósio, que contou ainda com a participação do engenheiro agrônomo, Cristiano Walter Simon e do estudante Gustavo Bernardo de Andrade.

 
Os desafios da produção sustentável

 
“A agricultura é dentre as atividades econômicas a mais afetada pelas condições de tempo/clima, as quais são responsáveis por cerca de 80% da variabilidade interanual da produção agrícola no mundo”, explicou o professor Paulo Sentelhas (ESALQ), durante o painel que tratou dos desafios da produção sustentável.

 
De acordo com ele, além do efeito direto na produtividade das culturas, o clima e sua variabilidade interanual e sazonal definem o sistema agrícola, o manejo das culturas e a escolha das espécies/culturas, a qualidade dos produtos agrícolas, entre outros aspectos.

 
“A nossa habilidade é saber se adaptar a cada mudança, dentro deste conceito, temos que pensar em se adaptar”, alertou ele, lembrando que a pesquisa agropecuária brasileira já vem fazendo isso no intuito de tornar a agricultura cada vez mais eficiente, independentemente do cenário de clima.

 
As medidas de adaptação das culturas às mudanças climáticas podem ser classificadas em: medidas de menor impacto no custo de produção, com o uso de cultivares tolerantes à seca e altas temperaturas; com ajustes da população de plantas e das épocas de semeadura. Ou com medidas de maior impacto no custo de produção, tais como preparo profundo dos solos, uso de autotranspirantes, irrigação, agricultura de precisão, etc. “A combinação dessas medidas, caso as mudanças do clima venham a se confirmar, levará a uma agricultura de maior sustentabilidade, porém com maiores investimentos em tecnologia”, finalizou. 

 
O ex-presidente da Embrapa, Silvio Crestana, alertou que é necessário detectar os sinais do futuro e começar a fazer a lição de casa já. “Este é o nosso grande desafio. O Brasil tem pouca memória, a gente não se prepara para as coisas porque não acredita, porque não tem organização para isso”, afirmou ele, ao dizer que muitas mudanças estão ocorrendo e o país tem que se atentar e ter um papel de protagonista nos negócios, na formação de recursos humanos e no desenvolvimento das tecnologias.

 
Já o coordenador do painel, Emiliano Graziano, gerente de Sustentabilidade da BASF South América, lembrou que o Brasil está credenciado para a questão da adaptação e das mudanças porque aqui já foi feito muita coisa que nos orienta a avançar nesta direção. Participou ainda deste painel, o professor Fernando Campos Mendonça, da ESALQ.

 
“Abordar, debater e esclarecer dúvidas de temas sensíveis da agricultura em eventos como este são de extrema importância para toda a cadeia e se tornem mais uma ferramenta para o crescimento das empresas e profissionais do ramo e principalmente na evolução e fortalecimento do agronegócio”, destacou Luís Carlos Corrêa Carvalho, presidente da (ABAG) Associação Brasileira do Agronegócio, ao falar sobre os desafios das instituições sobre a contratação de profissionais, a importância de se formar líderes e qualificação. 

 
“Estamos vivendo uma nova grande mudança na qual, nós, engenheiros agrônomos, teremos uma participação muito importante. Esta nova realidade vai requerer profissionais que tenham uma visão do agro global, tem que ter um domínio da operação de algoritmos, ter modelos para deslumbrar o futuro ou traçar metas e chegar a elas de uma forma competitiva, integrar sistemas e saber utilizá-los, ou seja, ter a visão da catedral integrando os vários sistemas e ter uma visão muito clara da questão de custo e da produtividade”, alertou.

 
Opinião compartilhada com Laércio Giampani, presidente da Syngenta no Brasil. “A competitividade que existe dentro do setor exige que você seja rápido, que seja preparado com as melhores análises para dar, para suportar e para tomar a melhor decisão, que saiba fazer uma boa negociação. É desse profissional que precisamos e que buscamos”, afirmou.

 
Ao responder como funciona o processo de admissão de novos funcionários na Syngenta, Giampani pontuou que antes do conhecimento técnico, o caráter de cada um é levado em conta para confirmar a contratação. “Você não será contratado pelo conhecimento técnico que teve na universidade, seguramente não. É uma combinação de como o candidato é como pessoa, de onde veio, que referências tem, o que fez na vida, com que cenários e ambientes já viveu, quem é sua família. Tudo isso vale mais no momento da contratação do que o conhecimento técnico que o candidato tem. 

 
A partir daí, tem a entrega, tem performance, as habilidades, aquelas que são natas, que vieram com a pessoa e aquelas que são aprendidas desenvolvidas, trabalhadas, a partir do momento que o candidato entra. Então são dois mundos, um mundo para entrar, e um mundo para estar” explicou, pontuando ainda que a competição para ingressar em uma empresa como a Syngenta é maior do que entrar na ESALQ, por exemplo, que tem em média 10 candidatos por vaga a cada vestibular, sendo que no último processo de recrutamento da empresa, quando contrataram 12 engenheiros agrônomos, a disputa foi de 37 por cada vaga, essas somente concorridas por alunos da instituição.

 
Outro palestrante, Angelo Petto Neto, do presidente AEASP (Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo) abordou o associativismo dentro da carreira do engenheiro agrônomo ao encerrar painel.

 
Ao falar sobre os entraves da logística no agronegócio, José Vicente Caixeta Filho, prof. titular do Depto de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ, fez referência da lógica da logística, pontuou o porquê da prevalência do modal rodoviário e das mudanças lentas que revertem este cenário.

 
“A nossa matriz de transporte é desequilibrada porque existe uma participação muito expressiva do transporte rodoviário, que se por um lado traz a vantagem de flexibilidade, é o transporte mais caro, então sim, precisamos construir mais ferrovia, precisamos usar mais a hidrovia, precisamos ter mais armazéns, precisamos investir mais no porto, mas tudo isso leva tempo.

 
É muito improvável a tal da reversão da matriz de transporte acontecer em um período inferior a 15 anos, são 200 mil quilômetros de estradas pavimentadas contra menos de 30 mil quilômetros de ferrovias, se a gente for incluir as não pavimentadas batem 1 milhão”, exemplificou.

 
Segundo ele, dependendo da carga, do instante de tempo, da região em si, produtora ou de destino, existem despesas logísticas que podem impactar por demais aquele agronegócio específico. “Há situações em que o peso das despesas logísticas chega a superar o 50% do valor final do produto, o que é muita coisa”, diz ele, constatando a morosidade em relação a gestão dos projetos logísticos que precisam ser implementados no país, embora tenha algumas ações sendo feitas neste sentido.

 
O professor ressaltou ainda que os avanços neste segmento vão depender fundamentalmente da desburocratização dos processos e até mesmo da eliminação de certas questões até de caráter ético. Também citou as licitações do segmento que são feitas no Brasil em que as questões ambientais ganham uma dimensão cada vez mais relevante.

 
Os ex-moradores da república de Jacarepaguá, Victor Abou Nehmi Filho, diretor da Sparta e José Stamato Neto, assessor de investimento do Banco Tokyo Mitsubishi, abordaram temas como o Brasil no Mercado Internacional e as Perspectivas de investimentos durante o último painel do dia que teve como moderador o diretor-fundador da Scot Consultoria Alcides Torres.

 
Nehmi Filho ressaltou a importância de se agregar valor ao Brasil “É importante pensar em produtividade, mas se estivermos agregando valor, a gente tem muito mais estabilidade na renda e no controle dos fluxos de produto e dá para ganhar muito dinheiro. Agregar valor pode ser um bom negócio”. Já Stamato Neto destacou os entraves que espantam investidores no país, tais como custo Brasil e insegurança jurídica, entre outros.

 
“Há um otimismo no geral, todos sabemos que o mundo vai precisar mais do Brasil na área de alimentos e nós temos um avanço tecnológico que nos credencia a ampliar as ambições de participações no cenário mundial”, afirmou Roberto Rodrigues, ao finalizar o simpósio, mas ponderou que é preciso ter interesse do governo brasileiro neste sentido. “Estamos todos otimistas, mas não podemos ser inocentes, é preciso trabalhar para que as coisas aconteçam. É preciso ter amor por este país, acreditar que temos todas as condições para crescer, inovar com tecnologia, reduzir a burocracia, a corrupção, agregar valor, negociar melhor, colocar o Brasil como agente, como sujeito e não como objeto do negócio e acreditar nisso, pois se não lutarmos, o trem vai passar mais uma vez e vamos ficar olhando”, finalizou o ex-ministro da agricultura.