“É muito importante estarmos próximos aos centros onde as decisões acontecem”. No próximo dia 22 de julho, a Canaoeste completa 70 anos de existência, o que faz de 2015 um ano representativo não só para a associação. Seu presidente, Manoel Ortolan, comemora 40 anos de casa – entrou no departamento técnico em 1975 – e 15 na liderança dos anseios dos produtores.
A presidência da Canaoeste, que assumiu em 2000, foi um degrau para que fosse convidado a ocupar, também, o cargo máximo da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul), que congrega 33 associações, entre elas a própria Canaoeste.
Engenheiro agrônomo formado em 1969, pela ESALQ-USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz), participou, à frente das duas entidades, de mudanças importantes no setor sucroenergético, como a mecanização da colheita, que decretou o fim das queimadas e do corte manual nos canaviais paulistas, e o desenvolvimento de tecnologias para a cogeração de energia elétrica a partir do bagaço. Hoje, conduz grupos de produtores no enfrentamento de um grande desafio, mais um entre os muitos da carreira: a crise que afeta o setor e gera consequências como o aumento da concentração na indústria e no campo, o que dificulta a sobrevivência dos pequenos.
Diante disso, diz que o principal foco das associações nos próximos anos precisa ser a busca de maior aproximação com o poder público. “É preciso que a Canaoeste e o sistema como um todo se fortaleçam mais na representatividade política”.
Revista Canavieiros: São 15 anos à frente da Presidência da Canaoeste. Quais foram seus principais desafios desse período?
Manoel Ortolan: Logo que assumi a Canaoeste, no ano 2000, a primeira coisa que tinha em mente era integrar a Canaoeste à Orplana. Até então, por vários anos, a Canaoeste apoiava, mas não fazia parte da Orplana. Já de longa data, eu acompanhava, juntamente como o Dr. Clóvis Vanzela e por delegação da presidência (da Canaoeste), as reuniões da Orplana.
Eu já estava, de certa forma, entrosado com todos. Houve um ano entre os mandatos dos senhores Fernandes dos Reis e Pedro Canesin (ex-presidentes da Canaoeste) que, por orientação da diretoria, eu fui assumindo as atividades da Canaoeste e ficou muito claro que o primeiro compromisso assim que eu assumisse a presidência da associação seria colocar a Canaoeste como membro da Orplana, como foi feito. Logo após, o desafio era trabalhar para corresponder às expectativas dos produtores, pois eu estive na Canaoeste de 1975 até 2000 como agrônomo, sempre à frente do departamento técnico, onde tivemos um crescimento acentuado.
De início, éramos em dois, três, que participávamos. Eu fui o primeiro. Depois veio o Antônio Roberto Verri, já falecido. Em seguida, o Augusto Strini Paixão. E assim fomos constituindo o departamento. Mas foi em 1983, com a implantação do pagamento de cana pelo teor de sacarose, que ampliamos significativamente o departamento. Na ocasião apresentei um plano para a diretoria, para que pudéssemos cobrir toda a área, entendendo que, uma vez que a cana ia ser remunerada pela qualidade, cabia trabalharmos a orientação, a assistência técnica, para fazer com que o produtor conseguisse uma cana que melhor pudesse remunerá-lo.
Contratamos agrônomos para ir fazendo as regiões, cobrir toda a nossa área e, com isso, o departamento técnico ganhou um grande impulso. Tínhamos reuniões, encontros, participávamos ativamente deles. E era sabido que era uma coisa meio que natural, na hora em que houvesse uma oportunidade ou que algum dos diretores deixasse de participar, já que havia quase que um anseio dos produtores, de que a próxima presidência fosse entregue a mim. Eu sempre vi nos dirigentes até então bastante competência.
Eles vinham fazendo tanto a Canaoeste como a Copercana e a Cocred crescerem significativamente. Eu entendia que cabia a eles a direção até que, por alguma circunstância, tivesse que haver uma mudança.
Então, fiquei aguardando a minha hora, minha oportunidade, como de fato chegou. Abracei com muito carinho, determinação, para corresponder à expectativa que eu sabia existir. Comecei o trabalho em 2000 e, logo em 2001, veio outro grande desafio. Para surpresa minha, um grupo me procurou para que eu assumisse também a Orplana, em função das circunstâncias.
A Orplana ficou muitos anos com um presidente só, depois teve mais dois, mas com passagens rápidas. E havia a necessidade de alguém que pudesse unir a turma toda em torno de um mesmo objetivo. Como eu era recém-chegado e, segundo o pessoal desse grupo, tinha um perfil mais conciliador, me convenceram de que, com o apoio deles, eu poderia fazer um trabalho tranquilo, colocando esse sentido de união, de coesão entre todas as associações, para que a Orplana fosse fortalecida. Começamos ali, acredito, uma etapa nova para a Orplana. Primeiro, fui eu na presidência, depois o Ismael Perina e retornei mais tarde. A partir do ano que vem, vamos ter novo presidente lá. Então, foram dois grandes desafios. O primeiro, de corresponder a essa expectativa dos produtores da Canaoeste e, logo em seguida, assumir a Orplana. Procurei fazer as coisas dentro da expectativa deles.
Falei: “Concordo em assumir, mas queria o apoio de todo mundo. Vou fazer uma visita em todas as associações e conversar com todos, sobre como eles veem esse processo de eu assumir a presidência, uma vez que sou recém-chegado”. E fiz isso. Caminhei por todas, conversando, e vi que havia uma aceitação. Fomos, com isso, para o processo de eleição. Não houve disputa, não houve nada. Saiu um presidente, entrou o presidente novo e começamos o trabalho.
Revista Canavieiros: Ter Manoel Ortolan como presidente da Canaoeste e da Orplana por tantos anos é um indicativo da liderança que o senhor exerce até hoje no setor?
Manoel Ortolan: Eu não colocaria dessa forma. Acho que somos um grupo bom. Esse grupo que iniciou a mudança na Orplana, que veio me procurar, continua trabalhando junto até hoje. E temos conseguido algumas transformações. A Orplana vem evoluindo, o sistema vem evoluindo. De acordo com o tempo, com cada época, é preciso seguir caminhos diferentes, mudar um pouquinho o rumo das coisas. Hoje, por exemplo, estamos vivendo um processo de concentração no setor. E a Orplana vem se preparando para essa nova etapa. A Canaoeste também. Trabalhávamos com um grande número de unidades industriais, mas estão havendo fusões. Temos na região da Canaoeste, por exemplo, praticamente quatro grupos que respondem por boa parcela das unidades.
Isso muda um pouco a forma de agir, temos que ir nos adequando a essas situações. A mecanização também é um processo que favorece a concentração, já que você precisa de escala para trabalhar.
Então, significa que vai ter bastante trabalho, para buscar com que os pequenos e os médios produtores continuem participando, mas numa forma que teremos que organizar para atender também às necessidades das unidades industriais.
Não vejo, portanto, como algo pessoal. É realmente o trabalho de um grupo e que precisa ter alguém à frente. Entenderam, no momento, que a pessoa indicada seria eu. No caso da Orplana, assumi, fiz minha parte, passei para outra pessoa, que também trabalha junto nesse grupo, que foi o Ismael Perina.
Depois entendemos que eu deveria voltar por mais um período. Também não fui eu quem buscou isso. Foi uma solicitação da própria entidade, que eu participasse de mais uma gestão. Nesse tempo, houve uma boa renovação nas associações, temos novas lideranças, novos presidentes. Acho que a coisa está melhorando no contexto. Ano que vem, vamos deixar a presidência da Orplana e, se Deus quiser, numa situação de liderança boa, que vai dar sequência ao trabalho que vem sendo feito.
Revista Canavieiros: Qual o legado que a Canaoeste tem deixado para a região em que atua e para o País?
Manoel Ortolan: Acho que a associação teve duas fases. Uma enquanto tínhamos o hospital (Netto Campelo, em Sertãozinho-SP), um recolhimento de taxa obrigatório por parte do Governo e direitos que a legislação nos assegurava.
Tinha, também, quem punia as indústrias se não cumprissem suas obrigações. Daí para a frente, com o livre mercado, houve o entendimento de que essas obrigações não se faziam mais por lei. Participava quem queria. Mas como tínhamos um regramento, um histórico das associações junto às unidades industriais, nos unimos, industriais e fornecedores, e criamos um sistema que regulava minimamente o setor, um balizador dos negócios, do preço da cana.
Com isso, conseguimos seguir praticamente com as mesmas estruturas. Logo, vimos que a parte da assistência social ficaria muito pesada. Várias associações já haviam repassado seus hospitais. Relutamos um pouco, mas para focar na rentabilidade do produtor acabamos fazendo a mesma coisa.
Terceirizamos o nosso hospital para uma empresa, o grupo São Francisco, e buscamos dar mais foco na produção. Hoje, é preciso que a Canaoeste e o sistema como um todo se fortaleçam mais na representatividade política.
A questão da orientação técnica, do agrônomo estar junto ao proprietário, não é mais o primeiro plano. Não é isso que vai garantir ao produtor uma vida melhor.
É muito importante estarmos próximos aos centros onde as decisões acontecem. Teremos trabalho, um pouco, na esfera municipal, um pouco mais na esfera estadual e muito trabalho na esfera federal. Por isso, entidades como a Orplana, mesmo a Canaoeste e outras que têm peso na Orplana, precisam estar mais presentes junto à classe política, ajudando a construir aquilo que entendemos que é certo.
De nada adianta conseguir ganhos de produtividade, de eficiência, se, numa canetada em Brasília, são tiradas essas vantagens que se têm conseguido de outra forma. Fiquei muito feliz com o trabalho que as entidades fizeram quando do Código Florestal, agora na regulamentação do CAR (Cadastro Ambiental Rural) e quando fizemos o projeto do Protocolo Agroambiental, que teve um resultado muito bom.
A própria Secretaria (Estadual de Meio Ambiente) hoje elogia o que foi feito e o fato de que chegamos a estar à frente daquilo que o protocolo determinava, sinal da conscientização, da evolução, da profissionalização do setor. Também está na hora de pensar em formar uma sucessão para o nosso trabalho. Já se vão15 anos de Canaoeste e quase isso de Orplana.
É preciso pensar que precisamos sempre de um time, um aqui, outro lá, para que possamos compartilhar atividades e dar conta. É muita coisa, muita reunião e, para isso, é necessária uma equipe competente, com mais associações, mais gente participando, para que seja possível comparecer a todos os fóruns de discussão. É imensa a gama de atividades em que podemos influir com nossos técnicos e diretores. Por exemplo: não tínhamos na Canaoeste um departamento voltado para meio ambiente.
Mas essa questão ganhou uma ênfase tal que entendi que era a hora de termos um departamento com profissionais especializados, capacitados para dar ao produtor uma orientação firme, segura.
Contratamos advogado, agrônomos e técnicos para esta área, profissionais que ajudam, também, na Orplana. Eles atuam junto às secretarias estaduais e ministérios de Meio Ambiente e Agricultura. Cuidaram de implementar o CAR, do qual a Canaoeste fez mais de dois mil projetos. Agora, participam da regulamentação do PRA (Programa de Regularização Ambiental).
É procurar andar pari passu para estar influindo e não ser pego de surpresa com as tomadas de decisão. Por isso, digo que hoje mudou um pouco o cenário. Esse é um trabalho do qual, muitas vezes, os fornecedores de cana não se apercebem. Não visualizam isso como visualizam um agrônomo na sua fazenda. A assistência técnica é uma coisa e esse outro lado, da participação, que era de menos relevância, é outra, que precisa ganhar um embalo grande e ser forte.
Revista Canavieiros: O senhor falou de mudanças, citando o Protocolo Agroambiental. Antes delas, o setor tinha uma imagem negativa, associada a queimadas e às condições do trabalho rural. Hoje, quando se fala em cana-de-açúcar, a relação mais comum é com tecnologias limpas e renováveis, capazes de atender às demandas mundiais. Como a Canaoeste contribuiu para a mudança desse conceito?
Manoel Ortolan: Em função do porte da associação, pudemos contratar bons profissionais, desenvolver setores, como o ambiental, e dar oportunidade para que os técnicos estudassem mais, se aperfeiçoassem, progredissem. Diante do que você citou, lembro-me do cheiro de vinhaça nas cidades, porque ela era jogada em rios ou áreas urbanas.
Era vista como um subproduto, um lixo para as usinas. De repente, conforme o enfoque ambiental e a legislação, virou fertilizante. E seu uso passou a interessar, em substituição aos fertilizantes químicos. Depois veio a ação em cima das queimadas. Também relutávamos muito, porque, até então, era o sistema adotado. Normalmente, você reluta para deixar uma coisa e entrar num mundo novo. Mas começaram a vir soluções, como a energia elétrica através do bagaço. Se as usinas já produziam energia para consumo próprio, por que não cogerar com o excedente, uma vez que o País precisava? Agora, vem a questão do uso da palha. Cortar cana crua, substituir mão-de-obra foram grandes passos para um grande grupo de trabalhadores, que foi trabalhar nas colheitadeiras, comboios, oficinas, fábricas de implementos e de máquinas.
Você tirou gente do campo para ganhar mais e uma condição de trabalho mais digna. Se alguns foram deslocados, muitos se beneficiaram. Até que relutávamos contra isso também, já que todo processo de mudança é traumático.
Você deixa um sistema para entrar em outro completamente diferente. O interessante é que, com o desenrolar do processo, vão aparecendo novidades, algumas boas, outras nem tanto, como o aumento de pragas nos canaviais. Mas você supera isso também, com tecnologia, com pesquisa. O fato é que a gente vai dançando de acordo com a música ou com a época. Quando é tango, é tango.
Quando é samba, é samba. E vamos caminhando. Felizmente, temos estrutura e gente que possibilitam fazer as mudanças de rumo.
Revista Canavieiros: No cenário nacional, o senhor falou sobre maior aproximação com a esfera política. E no internacional? Que tipo de imagem é possível construir para o setor?
Manoel Ortolan: Lembro-me que, quando iniciei a carreira, muito se falava que tudo de melhor que se queria ver sobre cana estava na Austrália. As viagens eram para lá. O exterior proporcionava muito conhecimento. Hoje, nós é que somos referência na produção agrícola. Tivemos aqui o programa do etanol. Foi um período muito rico em intercâmbios, porque veio gente do mundo inteiro. Eram delegações chegando todo mês, fazendo visitas, tanto a nós, na Orplana, como na Unica. Temos essa dianteira na tecnologia da produção de etanol a partir da cana-de-açúcar. Agora, tem a cogeração entrando também, o aproveitamento da palha...
E o processo de produção de cana vai sendo modificado, alterado para melhor.
Quem imaginava lá atrás plantar cana de mudinha? Hoje, é uma tecnologia que vem sendo dominada. Acredito que, em breve, vamos estar plantando muita cana a partir desse sistema de muda pré-brotada. Começou aqui no IAC (Instituto Agronômico) e muitas empresas entraram nessa parte. É uma evolução fantástica, outro mundo se você pensar como se plantava cana há20 anos. Acho que conseguimos tudo isso em função das nossas entidades.
Não fossem as associações, não teríamos chegado aonde chegamos com os produtores de cana.
Revista Canavieiros: Isso mostra que o associativismo vai continuar exercendo um papel preponderante na economia do País?
Manoel Ortolan: Sem dúvida. E, como você havia perguntado, procuramos integrar a comunidade internacional ao setor canavieiro. Existe uma entidade, que é a WABCG (Associação Mundial dos Produtores de Cana e Beterraba Açucareira) e, ainda durante a minha primeira gestão na Orplana, fomos convidados para nos associar.
Fizemos a adesão e passamos a participar de todos os encontros, realizados a cada três anos. Vários países se reúnem, apresentando as soluções para os problemas que cada um vem enfrentando.
É um grande intercâmbio. Tivemos a oportunidade de fazer um desses encontros aqui em Ribeirão Preto, também na minha primeira gestão. É uma panorâmica do mundo todo açucareiro, canavieiro, que temos nesses encontros. É muito bom estar participando.
Revista Canavieiros: Pensando no futuro da Canaoeste, quais as possíveis projeções que podem ser feitas para a associação?
Manoel Ortolan: Acredito que vamos ter que mudar um pouco o perfil. Por quê? Vejo que o setor [sucroenergético] está concentrando. Nas indústrias, temos grandes grupos que vão se consolidar ainda mais. Em contrapartida, uma gama de unidades que ainda vão fechar. Das que estão em recuperação judicial, em torno de 70, praticamente metade fecha também. A concentração também acontece entre os produtores de cana. Há uma grande dificuldade de sobrevivência dos pequenos, porque, com a mecanização, é preciso escala. Numa propriedade de 300, 400 alqueires, você prepara a máquina para colher. Agora, quando são dez, 15 alqueires, a máquina não tem rendimento. Se ela colhe lá 600 toneladas por dia, aqui vai colher 250, 300. Isso impacta o custo. Quem empresta o serviço vai cobrar isso. E o pequeno vai ser sempre um tomador de serviço, porque ele não tem, nem vai ter, recursos para comprar maquinário.
Lidar com grandes grupos, oferecer soluções para os pequenos, mesmo os médios produtores, significam uma dificuldade maior para as entidades de classe.
Nesse sentido, precisamos ter cada vez mais cérebros trabalhando. Mas não é questão de volume. Falo de qualidade, de competência, para propor, encontrar as melhores soluções para a nossa situação e, dessa forma, possamos prosseguir no sistema. A mecanização está aí, o fim das queimadas, graças a Deus, está decretado. E temos esses grandes grupos chegando. Acho que o setor, se não encolher, deve dar meio que uma paralisada. Claro que vai depender muito do que acontecer na esfera governamental.
Não podemos continuar com a situação atual, um caos político que estamos vivendo. E o que vem pela frente não sabemos ainda. Vai continuar esse Governo? O fato é que precisamos de mudanças. Não dá para ficar nessa insegurança.
Diante disso, é preciso fazer a nossa parte. Trabalhar pensando no futuro do país, das próximas gerações e do nosso setor.
Revista Canavieiros: A Canaoeste cumpriu o que os fundadores imaginavam?
Ou foi além?
Manoel Ortolan: Este é um trabalho que precisa ser feito de forma conjunta. Se não estamos melhores, talvez seja porque tem gente que não está ajudando muito. Precisaria ajudar mais. A pessoa não pode ficar fora da entidade.
Precisa participar. Essa história de que “não está me atendendo, então vou fundar outra associação” não é o caminho.
Vejo que as associações deveriam fazer o mesmo que outros setores fizeram. O bancário fez, o industrial está fazendo.
Temos muitas associações. Nesse caso, o ideal seria dar uma encolhida e fortalecer as regiões. Então, não é questão de estarmos melhores ou piores. Acho que a Canaoeste caminhou bem e que a associação está em condições de continuar seu trabalho, prestando seus serviços aos produtores de cana.
“É muito importante estarmos próximos aos centros onde as decisões acontecem”. No próximo dia 22 de julho, a Canaoeste completa 70 anos de existência, o que faz de 2015 um ano representativo não só para a associação. Seu presidente, Manoel Ortolan, comemora 40 anos de casa – entrou no departamento técnico em 1975 – e 15 na liderança dos anseios dos produtores.
A presidência da Canaoeste, que assumiu em 2000, foi um degrau para que fosse convidado a ocupar, também, o cargo máximo da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul), que congrega 33 associações, entre elas a própria Canaoeste.
Engenheiro agrônomo formado em 1969, pela ESALQ-USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz), participou, à frente das duas entidades, de mudanças importantes no setor sucroenergético, como a mecanização da colheita, que decretou o fim das queimadas e do corte manual nos canaviais paulistas, e o desenvolvimento de tecnologias para a cogeração de energia elétrica a partir do bagaço. Hoje, conduz grupos de produtores no enfrentamento de um grande desafio, mais um entre os muitos da carreira: a crise que afeta o setor e gera consequências como o aumento da concentração na indústria e no campo, o que dificulta a sobrevivência dos pequenos.
Diante disso, diz que o principal foco das associações nos próximos anos precisa ser a busca de maior aproximação com o poder público. “É preciso que a Canaoeste e o sistema como um todo se fortaleçam mais na representatividade política”.
Revista Canavieiros: São 15 anos à frente da Presidência da Canaoeste. Quais foram seus principais desafios desse período?
Manoel Ortolan: Logo que assumi a Canaoeste, no ano 2000, a primeira coisa que tinha em mente era integrar a Canaoeste à Orplana. Até então, por vários anos, a Canaoeste apoiava, mas não fazia parte da Orplana. Já de longa data, eu acompanhava, juntamente como o Dr. Clóvis Vanzela e por delegação da presidência (da Canaoeste), as reuniões da Orplana.
Eu já estava, de certa forma, entrosado com todos. Houve um ano entre os mandatos dos senhores Fernandes dos Reis e Pedro Canesin (ex-presidentes da Canaoeste) que, por orientação da diretoria, eu fui assumindo as atividades da Canaoeste e ficou muito claro que o primeiro compromisso assim que eu assumisse a presidência da associação seria colocar a Canaoeste como membro da Orplana, como foi feito. Logo após, o desafio era trabalhar para corresponder às expectativas dos produtores, pois eu estive na Canaoeste de 1975 até 2000 como agrônomo, sempre à frente do departamento técnico, onde tivemos um crescimento acentuado.
De início, éramos em dois, três, que participávamos. Eu fui o primeiro. Depois veio o Antônio Roberto Verri, já falecido. Em seguida, o Augusto Strini Paixão. E assim fomos constituindo o departamento. Mas foi em 1983, com a implantação do pagamento de cana pelo teor de sacarose, que ampliamos significativamente o departamento. Na ocasião apresentei um plano para a diretoria, para que pudéssemos cobrir toda a área, entendendo que, uma vez que a cana ia ser remunerada pela qualidade, cabia trabalharmos a orientação, a assistência técnica, para fazer com que o produtor conseguisse uma cana que melhor pudesse remunerá-lo.
Contratamos agrônomos para ir fazendo as regiões, cobrir toda a nossa área e, com isso, o departamento técnico ganhou um grande impulso. Tínhamos reuniões, encontros, participávamos ativamente deles. E era sabido que era uma coisa meio que natural, na hora em que houvesse uma oportunidade ou que algum dos diretores deixasse de participar, já que havia quase que um anseio dos produtores, de que a próxima presidência fosse entregue a mim. Eu sempre vi nos dirigentes até então bastante competência.
Eles vinham fazendo tanto a Canaoeste como a Copercana e a Cocred crescerem significativamente. Eu entendia que cabia a eles a direção até que, por alguma circunstância, tivesse que haver uma mudança.
Então, fiquei aguardando a minha hora, minha oportunidade, como de fato chegou. Abracei com muito carinho, determinação, para corresponder à expectativa que eu sabia existir. Comecei o trabalho em 2000 e, logo em 2001, veio outro grande desafio. Para surpresa minha, um grupo me procurou para que eu assumisse também a Orplana, em função das circunstâncias.
A Orplana ficou muitos anos com um presidente só, depois teve mais dois, mas com passagens rápidas. E havia a necessidade de alguém que pudesse unir a turma toda em torno de um mesmo objetivo. Como eu era recém-chegado e, segundo o pessoal desse grupo, tinha um perfil mais conciliador, me convenceram de que, com o apoio deles, eu poderia fazer um trabalho tranquilo, colocando esse sentido de união, de coesão entre todas as associações, para que a Orplana fosse fortalecida. Começamos ali, acredito, uma etapa nova para a Orplana. Primeiro, fui eu na presidência, depois o Ismael Perina e retornei mais tarde. A partir do ano que vem, vamos ter novo presidente lá. Então, foram dois grandes desafios. O primeiro, de corresponder a essa expectativa dos produtores da Canaoeste e, logo em seguida, assumir a Orplana. Procurei fazer as coisas dentro da expectativa deles.
Falei: “Concordo em assumir, mas queria o apoio de todo mundo. Vou fazer uma visita em todas as associações e conversar com todos, sobre como eles veem esse processo de eu assumir a presidência, uma vez que sou recém-chegado”. E fiz isso. Caminhei por todas, conversando, e vi que havia uma aceitação. Fomos, com isso, para o processo de eleição. Não houve disputa, não houve nada. Saiu um presidente, entrou o presidente novo e começamos o trabalho.
Revista Canavieiros: Ter Manoel Ortolan como presidente da Canaoeste e da Orplana por tantos anos é um indicativo da liderança que o senhor exerce até hoje no setor?
Manoel Ortolan: Eu não colocaria dessa forma. Acho que somos um grupo bom. Esse grupo que iniciou a mudança na Orplana, que veio me procurar, continua trabalhando junto até hoje. E temos conseguido algumas transformações. A Orplana vem evoluindo, o sistema vem evoluindo. De acordo com o tempo, com cada época, é preciso seguir caminhos diferentes, mudar um pouquinho o rumo das coisas. Hoje, por exemplo, estamos vivendo um processo de concentração no setor. E a Orplana vem se preparando para essa nova etapa. A Canaoeste também. Trabalhávamos com um grande número de unidades industriais, mas estão havendo fusões. Temos na região da Canaoeste, por exemplo, praticamente quatro grupos que respondem por boa parcela das unidades.
Isso muda um pouco a forma de agir, temos que ir nos adequando a essas situações. A mecanização também é um processo que favorece a concentração, já que você precisa de escala para trabalhar.
Então, significa que vai ter bastante trabalho, para buscar com que os pequenos e os médios produtores continuem participando, mas numa forma que teremos que organizar para atender também às necessidades das unidades industriais.
Não vejo, portanto, como algo pessoal. É realmente o trabalho de um grupo e que precisa ter alguém à frente. Entenderam, no momento, que a pessoa indicada seria eu. No caso da Orplana, assumi, fiz minha parte, passei para outra pessoa, que também trabalha junto nesse grupo, que foi o Ismael Perina.
Depois entendemos que eu deveria voltar por mais um período. Também não fui eu quem buscou isso. Foi uma solicitação da própria entidade, que eu participasse de mais uma gestão. Nesse tempo, houve uma boa renovação nas associações, temos novas lideranças, novos presidentes. Acho que a coisa está melhorando no contexto. Ano que vem, vamos deixar a presidência da Orplana e, se Deus quiser, numa situação de liderança boa, que vai dar sequência ao trabalho que vem sendo feito.
Revista Canavieiros: Qual o legado que a Canaoeste tem deixado para a região em que atua e para o País?
Manoel Ortolan: Acho que a associação teve duas fases. Uma enquanto tínhamos o hospital (Netto Campelo, em Sertãozinho-SP), um recolhimento de taxa obrigatório por parte do Governo e direitos que a legislação nos assegurava.
Tinha, também, quem punia as indústrias se não cumprissem suas obrigações. Daí para a frente, com o livre mercado, houve o entendimento de que essas obrigações não se faziam mais por lei. Participava quem queria. Mas como tínhamos um regramento, um histórico das associações junto às unidades industriais, nos unimos, industriais e fornecedores, e criamos um sistema que regulava minimamente o setor, um balizador dos negócios, do preço da cana.
Com isso, conseguimos seguir praticamente com as mesmas estruturas. Logo, vimos que a parte da assistência social ficaria muito pesada. Várias associações já haviam repassado seus hospitais. Relutamos um pouco, mas para focar na rentabilidade do produtor acabamos fazendo a mesma coisa.
Terceirizamos o nosso hospital para uma empresa, o grupo São Francisco, e buscamos dar mais foco na produção. Hoje, é preciso que a Canaoeste e o sistema como um todo se fortaleçam mais na representatividade política.
A questão da orientação técnica, do agrônomo estar junto ao proprietário, não é mais o primeiro plano. Não é isso que vai garantir ao produtor uma vida melhor.
É muito importante estarmos próximos aos centros onde as decisões acontecem.
Teremos trabalho, um pouco, na esfera municipal, um pouco mais na esfera estadual e muito trabalho na esfera federal. Por isso, entidades como a Orplana, mesmo a Canaoeste e outras que têm peso na Orplana, precisam estar mais presentes junto à classe política, ajudando a construir aquilo que entendemos que é certo.
De nada adianta conseguir ganhos de produtividade, de eficiência, se, numa canetada em Brasília, são tiradas essas vantagens que se têm conseguido de outra forma. Fiquei muito feliz com o trabalho que as entidades fizeram quando do Código Florestal, agora na regulamentação do CAR (Cadastro Ambiental Rural) e quando fizemos o projeto do Protocolo Agroambiental, que teve um resultado muito bom.
A própria Secretaria (Estadual de Meio Ambiente) hoje elogia o que foi feito e o fato de que chegamos a estar à frente daquilo que o protocolo determinava, sinal da conscientização, da evolução, da profissionalização do setor. Também está na hora de pensar em formar uma sucessão para o nosso trabalho. Já se vão15 anos de Canaoeste e quase isso de Orplana.
É preciso pensar que precisamos sempre de um time, um aqui, outro lá, para que possamos compartilhar atividades e dar conta. É muita coisa, muita reunião e, para isso, é necessária uma equipe competente, com mais associações, mais gente participando, para que seja possível comparecer a todos os fóruns de discussão. É imensa a gama de atividades em que podemos influir com nossos técnicos e diretores. Por exemplo: não tínhamos na Canaoeste um departamento voltado para meio ambiente.
Mas essa questão ganhou uma ênfase tal que entendi que era a hora de termos um departamento com profissionais especializados, capacitados para dar ao produtor uma orientação firme, segura.
Contratamos advogado, agrônomos e técnicos para esta área, profissionais que ajudam, também, na Orplana. Eles atuam junto às secretarias estaduais e ministérios de Meio Ambiente e Agricultura. Cuidaram de implementar o CAR, do qual a Canaoeste fez mais de dois mil projetos. Agora, participam da regulamentação do PRA (Programa de Regularização Ambiental).
É procurar andar pari passu para estar influindo e não ser pego de surpresa com as tomadas de decisão. Por isso, digo que hoje mudou um pouco o cenário. Esse é um trabalho do qual, muitas vezes, os fornecedores de cana não se apercebem. Não visualizam isso como visualizam um agrônomo na sua fazenda. A assistência técnica é uma coisa e esse outro lado, da participação, que era de menos relevância, é outra, que precisa ganhar um embalo grande e ser forte.
Revista Canavieiros: O senhor falou de mudanças, citando o Protocolo Agroambiental. Antes delas, o setor tinha uma imagem negativa, associada a queimadas e às condições do trabalho rural. Hoje, quando se fala em cana-de-açúcar, a relação mais comum é com tecnologias limpas e renováveis, capazes de atender às demandas mundiais. Como a Canaoeste contribuiu para a mudança desse conceito?
Manoel Ortolan: Em função do porte da associação, pudemos contratar bons profissionais, desenvolver setores, como o ambiental, e dar oportunidade para que os técnicos estudassem mais, se aperfeiçoassem, progredissem. Diante do que você citou, lembro-me do cheiro de vinhaça nas cidades, porque ela era jogada em rios ou áreas urbanas.
Era vista como um subproduto, um lixo para as usinas. De repente, conforme o enfoque ambiental e a legislação, virou fertilizante. E seu uso passou a interessar, em substituição aos fertilizantes químicos. Depois veio a ação em cima das queimadas. Também relutávamos muito, porque, até então, era o sistema adotado. Normalmente, você reluta para deixar uma coisa e entrar num mundo novo. Mas começaram a vir soluções, como a energia elétrica através do bagaço.
Se as usinas já produziam energia para consumo próprio, por que não cogerar com o excedente, uma vez que o País precisava? Agora, vem a questão do uso da palha. Cortar cana crua, substituir mão-de-obra foram grandes passos para um grande grupo de trabalhadores, que foi trabalhar nas colheitadeiras, comboios, oficinas, fábricas de implementos e de máquinas.
Você tirou gente do campo para ganhar mais e uma condição de trabalho mais digna. Se alguns foram deslocados, muitos se beneficiaram. Até que relutávamos contra isso também, já que todo processo de mudança é traumático.
Você deixa um sistema para entrar em outro completamente diferente. O interessante é que, com o desenrolar do processo, vão aparecendo novidades, algumas boas, outras nem tanto, como o aumento de pragas nos canaviais. Mas você supera isso também, com tecnologia, com pesquisa. O fato é que a gente vai dançando de acordo com a música ou com a época. Quando é tango, é tango.
Quando é samba, é samba. E vamos caminhando. Felizmente, temos estrutura e gente que possibilitam fazer as mudanças de rumo.
Revista Canavieiros: No cenário nacional, o senhor falou sobre maior aproximação com a esfera política. E no internacional? Que tipo de imagem é possível construir para o setor?
Manoel Ortolan: Lembro-me que, quando iniciei a carreira, muito se falava que tudo de melhor que se queria ver sobre cana estava na Austrália. As viagens eram para lá. O exterior proporcionava muito conhecimento. Hoje, nós é que somos referência na produção agrícola. Tivemos aqui o programa do etanol. Foi um período muito rico em intercâmbios, porque veio gente do mundo inteiro. Eram delegações chegando todo mês, fazendo visitas, tanto a nós, na Orplana, como na Unica. Temos essa dianteira na tecnologia da produção de etanol a partir da cana-de-açúcar. Agora, tem a cogeração entrando também, o aproveitamento da palha...
E o processo de produção de cana vai sendo modificado, alterado para melhor.
Quem imaginava lá atrás plantar cana de mudinha? Hoje, é uma tecnologia que vem sendo dominada. Acredito que, em breve, vamos estar plantando muita cana a partir desse sistema de muda pré-brotada. Começou aqui no IAC (Instituto Agronômico) e muitas empresas entraram nessa parte. É uma evolução fantástica, outro mundo se você pensar como se plantava cana há20 anos. Acho que conseguimos tudo isso em função das nossas entidades.
Não fossem as associações, não teríamos chegado aonde chegamos com os produtores de cana.
Revista Canavieiros: Isso mostra que o associativismo vai continuar exercendo um papel preponderante na economia do País?
Manoel Ortolan: Sem dúvida. E, como você havia perguntado, procuramos integrar a comunidade internacional ao setor canavieiro. Existe uma entidade, que é a WABCG (Associação Mundial dos Produtores de Cana e Beterraba Açucareira) e, ainda durante a minha primeira gestão na Orplana, fomos convidados para nos associar.
Fizemos a adesão e passamos a participar de todos os encontros, realizados a cada três anos. Vários países se reúnem, apresentando as soluções para os problemas que cada um vem enfrentando.
É um grande intercâmbio. Tivemos a oportunidade de fazer um desses encontros aqui em Ribeirão Preto, também na minha primeira gestão. É uma panorâmica do mundo todo açucareiro, canavieiro, que temos nesses encontros. É muito bom estar participando.
Revista Canavieiros: Pensando no futuro da Canaoeste, quais as possíveis projeções que podem ser feitas para a associação?
Manoel Ortolan: Acredito que vamos ter que mudar um pouco o perfil. Por quê? Vejo que o setor [sucroenergético] está concentrando. Nas indústrias, temos grandes grupos que vão se consolidar ainda mais. Em contrapartida, uma gama de unidades que ainda vão fechar. Das que estão em recuperação judicial, em torno de 70, praticamente metade fecha também. A concentração também acontece entre os produtores de cana. Há uma grande dificuldade de sobrevivência dos pequenos, porque, com a mecanização, é preciso escala. Numa propriedade de 300, 400 alqueires, você prepara a máquina para colher. Agora, quando são dez, 15 alqueires, a máquina não tem rendimento. Se ela colhe lá 600 toneladas por dia, aqui vai colher 250, 300. Isso impacta o custo. Quem empresta o serviço vai cobrar isso. E o pequeno vai ser sempre um tomador de serviço, porque ele não tem, nem vai ter, recursos para comprar maquinário.
Lidar com grandes grupos, oferecer soluções para os pequenos, mesmo os médios produtores, significam uma dificuldade maior para as entidades de classe.
Nesse sentido, precisamos ter cada vez mais cérebros trabalhando. Mas não é questão de volume. Falo de qualidade, de competência, para propor, encontrar as melhores soluções para a nossa situação e, dessa forma, possamos prosseguir no sistema. A mecanização está aí, o fim das queimadas, graças a Deus, está decretado. E temos esses grandes grupos chegando. Acho que o setor, se não encolher, deve dar meio que uma paralisada. Claro que vai depender muito do que acontecer na esfera governamental.
Não podemos continuar com a situação atual, um caos político que estamos vivendo. E o que vem pela frente não sabemos ainda. Vai continuar esse Governo? O fato é que precisamos de mudanças. Não dá para ficar nessa insegurança.
Diante disso, é preciso fazer a nossa parte. Trabalhar pensando no futuro do país, das próximas gerações e do nosso setor.
Revista Canavieiros: A Canaoeste cumpriu o que os fundadores imaginavam?
Ou foi além?
Manoel Ortolan: Este é um trabalho que precisa ser feito de forma conjunta. Se não estamos melhores, talvez seja porque tem gente que não está ajudando muito. Precisaria ajudar mais. A pessoa não pode ficar fora da entidade.
Precisa participar. Essa história de que “não está me atendendo, então vou fundar outra associação” não é o caminho.
Vejo que as associações deveriam fazer o mesmo que outros setores fizeram. O bancário fez, o industrial está fazendo.
Temos muitas associações. Nesse caso, o ideal seria dar uma encolhida e fortalecer as regiões. Então, não é questão de estarmos melhores ou piores. Acho que a Canaoeste caminhou bem e que a associação está em condições de continuar seu trabalho, prestando seus serviços aos produtores de cana.