A conquista do tempo

14/12/2023 Noticias POR: Marino Guerra

A agricultura é algo extremamente variável, estratégias de manejo podem ser alteradas de um metro para outro, de uma hora para outra e tudo tendo que se encaixar com um verdadeiro arsenal de ferramentas com a decisão final podendo ser alterada pelo tempo através da leitura de microclimas.

Perante tamanha instabilidade, a indústria de proteção precisa direcionar sua pesquisa e desenvolvimento para ofertar aos agricultores ferramentas cada vez mais eficientes não somente na ação frente aos alvos, mas tão importante quanto, é sua usabilidade.

Como é o caso da Bayer, que baseia sua estratégia em três etapas: descoberta do princípio ativo, elaboração da formulação e como o produto será aplicado. O que fica evidente ao analisar seu portfólio herbicida, principalmente nos dois lançamentos mais recentes da linha cana, Alion e Provence Total.

Quando se olha para molécula, o destaque é o Indaziflam, ingrediente ativo desenvolvido pela Bayer lançado em 2010 nos Estados Unidos e liberado no Brasil, através do Alion, em 2016, o qual entregou um patamar superior em controle prolongado (150 dias) na época úmida como característica disruptiva e assim contribuindo na gestão da matocompetição nos plantios de ano e ano e meio, além das socarias tratadas neste período.

Em 2019, a Bayer conseguiu entregar ao mercado a possiblidade de utilizar o ingrediente ativo na época seca ao associá-lo com a Isoxaflutole, uma molécula que também marcou época com atuação em pré-emergência para os meses com índices pluviométricos baixos, através do Provence, tendo como marca a sua evolução: Provence Total.

Na questão da formulação, o primeiro ponto está na baixa carga química que as duas ferramentas demandam, o que além da importância para o aspecto ambiental ele gera benefícios sob o ponto de vista logístico, pela facilidade de transporte e armazenamento e na planilha de custos por ter um índice de escape muito baixo, praticamente eliminando as operações de repasse (catação ou área total).

“Uma boa recomendação de herbicida precisas ser pautada em três premissas: a primeira é a matologia e o estádio desta flora infestante presente no ambiente de produção, depois é preciso considerar o tipo de solo envolvido e sua estrutura, por fim, a época de uso. Assim é possível determinar qual o tratamento herbicida mais adequado, pesando sempre a questão do valor gerado em custo/benefício de cada produto ao agricultor canavieiro”, disse o líder de desenvolvimento técnico do mercado cana da Bayer, Paulo Donadoni, que ainda falou sobre o crescimento da adoção do Alion.


Paulo Donadoni ao lado de duas referências da cultura canavieira, Antonio Eduardo Tonielo e Ademir de Mello, em evento organizado
pela Copercana e Bayer em 2019

Na safra 2023/24 o crescimento em vendas das marcas Alion e Provence Total será bastante significativo, atualmente tratamos cerca de 3,5 milhões de hectares, isso mostra que o agricultor canavieiro tem percebido os benefícios que elas oferecem ao manejo das plantas daninhas, principalmente em relação a redução das operações de repasse, que tem custo elevado e poderiam ser evitadas se houvesse adequado uso de tratamentos herbicidas pre emergentes mais eficazes no controle da matocompetição”.

Ainda sobre a formulação, o executivo lembra que a tecnologia embarcada também contribui com a seletividade à cultura e melhoria da resistência do herbicida contra os efeitos do ambiente de produção que podem contribuir para uma redução da meia vida estimada do produto e um menor período de controle das plantas daninhas nos canaviais.

Por fim, ele informou que em breve a Bayer deve dar mais um passo no sentido de inovação da formulação ao lançar no mercado herbicidas para cana ferramentas que possibilitam maior seletividade, mesmo em condições mais avançadas de desenvolvimento da cultura.

A forma como o produto é aplicado é o terceiro ponto de atenção do processo de inovação da Bayer e passa pela digitalização dos manejos, sendo a plataforma Fieldview a grande aposta, pois com ela o produtor consegue ter acesso a informações que vão desde imagens por satélite, identificando anomalias no desenvolvimento da cultura, até o acompanhamento de uma pulverização em tempo real na lavoura.


Com apoio do Fielview é possível fazer área total para controlar emamplo espectro e em seguida, através do uso da tecnologia,
realizar a aplicação somente nas reboleiras identificadas no ciclo anterior,como mostra a imagem acim
a

Com esses dados é possível elaborar recomendações integradas com aplicações de herbicidas em área total e/ou localizadas de aplicações, ou seja, um segundo tanque é acionado apenas quando são identificadas a localização de reboleiras registradas em estádios avançados dos ciclos anteriores, o que otimiza o uso de insumos.

Outra ferramenta de aplicação fundamental lembrada por Donadoni é a bula: “O range de dose informado remete a flexibilidade perante os diferentes tipos de necessidades de manejo do produtor, como exemplo, um canavial cultivado em um solo com maior teor de argila e matéria orgânica exige normalmente uma dose maior do herbicida do que em uma área mais arenosa, se não pudéssemos flexibilizar a dose, correríamos o risco de ter problemas relacionados fitotoxicidade à cultura”.

Como exemplo, ele lembra que no caso do Alion, a dose pode variar atualmente entre 100 a 200 ml, de acordo com a situação de manejo herbicida que o produtor demanda. A baixa dosagem do Alion e do Provence Total, é uma característica do produto que se adequa ao aspecto ambiental e a segurança operacional, fazendo a diferença nas contas na hora de fechar os custos com o manejo do mato.

Roundup

É impossível conversar sobre herbicidas com a Bayer e não falar sobre o Glifosato, não somente porque é a molécula para controle do mato mais utilizada do mundo, mas por ter sido um dos responsáveis pela viabilização da revolução causada na agricultura brasileira em decorrência da adoção do plantio direto na lavoura de soja por entregar, a um preço acessível, um amplo espectro de controle e alto poder de dessecação por ser não seletivo.

Para seus criadores, tendo em vista que a Bayer comprou a Monsanto em 2018, há uma longa caminhada com o uso da molécula, um forte indício foi o fato da União Europeia ter anunciado em novembro a renovação da licença de uso por mais dez anos, por outro lado já são claros casos de resistência biológica de algumas espécies como o caso da Buva e do Capim Amargoso.

Perante o cenário, Donadoni ressaltou das vantagens que o Roundup tem perante as outras opções por ser absorvido pela planta de maneira muito mais rápida, isso devido a tecnologia de adjuvantes que compõem algumas das formulações da marca, oferecendo uma segurança maior quanto a ocorrência de chuvas duas horas após a pulverização e a velocidade de dessecação da cana.

Quanto ao futuro da ferramenta o executivo concluiu: “A Bayer investe em pesquisa e desenvolvimento de novas moléculas que ofereçam características eficientes de controle de plantas daninhas em diferentes culturas, com uma quantidade de ingrediente ativo aplicado por hectare cada vez menor. Estes aspectos vão de encontro com as tendências em adoção de práticas avançadas de manejo agronômico, sempre buscando agregar sustentabilidade à produção agrícola”.


Plantio direto de soja em área de reforma de canavial. Segundo a Bayer, tecnologia agregada ao Roundup agiliza o processo de dessecação da cana