A Consolidação do Senepol

11/10/2019 Agricultura POR: Revista Canavieiros
A CONSOLIDAÇÃO DO SENEPOL

Por: Marino Guerra
 
A chegada da raça Senepol ao Brasil trouxe grande expectativa aos pecuaristas nacionais. O fato de ser um gado resistente à exigência climática nacional e produzir uma carne mais nobre se configurava como a solução ideal para fugir da commoditização do preço da arroba e, ao mesmo tempo, diminuir o risco de adaptabilidade.
 
Contudo, como se trata de uma raça mundialmente nova, enquanto o Angus tem mais de 200 anos de melhoramento em grande escala, o Senepol surgiu no início do século passado nas Ilhas Virgens (América Central), iniciando seu processo de criação comercial em grande escala (nos Estados Unidos) somente na década de 80. Dessa forma, melhoramentos genéticos precisariam ser feitos até chegar num estágio de consolidação.
 
Processo esse que evoluiu em velocidade rápida aqui no Brasil porque foi adotada a estratégia do cruzamento industrial (meio-sangue com Nelore), trazendo a conjuntura atual com um plantel em frequente crescimento e interesse, por parte dos frigoríficos, em transformá-lo numa marca de varejo, como aconteceu com o Angus.
 
A construção dessa tendência positiva só aconteceu graças ao trabalho de produtores que acreditaram na raça e investiram no negócio, mesmo sabendo dos riscos e o longo prazo de retorno. Um dos principais membros desse time de empreendedores é o agropecuarista Vinícius Augusto Jacomini.
 
Sua operação de Senepol hoje está dividida em duas localidades. No Sul mineiro são criadas cerca de 800 matrizes de vacas meio-sangue em pasto, enquanto que em Batatais ficam cerca de 40 vacas puro sangue em confinamento e para a geração de touros, objetivando a comercialização para quem busca o melhoramento genético.
 
Para chegar à essa estrutura, Jacomini iniciou o trabalho com a raça em 2012, sendo um dos pioneiros na região de Ribeirão Preto. Ele conta que o motivo que o levou foi a questão da adaptação ao calor e também o seu rápido ganho de peso.
 
O pontapé inicial aconteceu quando adquiriu matrizes campeãs, seguindo a estratégia de adquirir poucos animais, porém de qualidade superior. No começo, o negócio era baseado na venda dos bezerros PO.
 
Com o passar do tempo, o leque de oportunidades foi ampliando e hoje ele também comercializa touros em um leilão que organiza anualmente, faz a comercialização do embrião (quando ele é retirado da matriz e transferido para uma barriga de aluguel) e engorda para o corte, algo que o permite vender com valor diferenciado em relação à carne do Nelore.
 
“Acredito que muito em breve teremos um plantel necessário para vermos a marca Senepol nos supermercados e açougues. Primeiro porque sua carne é bastante macia e com menos gordura em relação a de angus e, em segundo, porque os preços estão abaixando em relação a evolução numérica do plantel”, comenta o agropecuarista.
 
Numa pequena pesquisa de mercado dá para perceber que o preço de uma doadora, por exemplo, está 40% mais barato em relação à época de introdução da raça. Quando observado o valor de uma matriz, é possível encontrar por um terço do valor, enquanto que um reprodutor vale cerca de 25% a menos.
 
O mesmo espírito empreendedor e capricho que Jacomini tem pelo gado também tem por sua lavoura, formada por cana-de-açúcar e soja. E todo o contexto faz dele um modelo de profissional que se dedica ao retorno do trabalho, um exemplo daqueles que conseguem fazer dessa nação uma das maiores potências da agropecuária mundial.

 
 

Fonte: Revista Canavieiros