A Escalada do Valor do ATR

05/01/2022 Marcos Fava Neves POR: * MARCOS FAVA NEVES ** VÍTOR NARDINI MARQUES *** VINÍCIUS CAMBAÚVA

* Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP, em Ribeirão Preto, e da FGV, em São Paulo, especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos, vídeos e outros materiais no site doutoragro.com e veja os vídeos no canal do Youtube (Marcos Fava Neves).

** Vítor Nardini Marques é mestrando em Administração de Organizações pela FEA-RP/USP.

*** Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group e mestrando pela FEA-RP/USP.

Reflexões dos fatos e números do agro em novembro/dezembro e o que acompanhar em janeiro

 

Na economia mundial e brasileira

Novos casos da Covid-19 e suas variantes voltaram a assombrar a economia global. Na Europa, medidas restritivas em diversas nações vêm sendo adotadas devido a novos picos de casos evidenciados na Alemanha, França, Holanda e outros países do bloco. A retomada econômica pode ser prejudicada em 2022 a depender dos problemas com esta nova variante. Vale mencionar que os europeus foram mais negligentes quanto à vacinação que em nosso país.
• Com isso, a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) revisou sua estimativa de crescimento global de 5,6% para 4,5% em 2022, e espera em 2023 uma evolução econômica de apenas 3,2%. Além do mais, precisaremos nos adaptar à inflação em patamares mais elevados, pois esta deve crescer de 3,5% em 2021 para 4,2% globalmente no próximo ano.
• O Brasil também tem forte impacto inflacionário e o Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou mais um aumento de 1,5 ponto percentual na taxa Selic, a qual passa agora a 9,25%. O reajuste tenta controlar a inflação, a qual está projetada em 10,2% para o final deste ano e  em 4,7% para 2022. Por sua vez, o crescimento do PIB brasileiro deve fechar o ano em 4,65% e encerrar 2022 em 0,5%, enquanto que para o câmbio espera-se R$ 5,59 e R$ 5,55, respectivamente.

No agro mundial e brasileiro

 

• O índice da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) bateu 134,4 pontos no mês de novembro, o que representa uma alta de 1,2% frente a outubro deste ano e de quase 30% em comparação a novembro de 2020. Os cereais puxaram o índice para cima, pois apresentaram evolução de 3,0% no comparativo mensal; lácteos também colaboraram com evolução de 3,4%, além do açúcar que cresceu seu indicador em 1,4%. A inflação nos alimentos preocupa, pois agrava o problema da fome mundialmente.
• No relatório de dezembro da safra 2022/23, do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a produção global de milho foi revista para cima, em 0,3%, agora estimada em 1.208,7 milhões de t. Apesar da alta, a União Europeia foi o único entre os produtores de relevância que teve alterações. Neste mês, a estimativa foi de 70,4 milhões de t (+3,7%), contra 67,9 milhões de t do relatório anterior. As produções de Estados Unidos (382,6 milhões de t), Brasil (118 milhões de t) e Argentina (54,5 milhões de t) foram mantidas em valores iguais ao do último mês. Já os estoques globais foram revistos para cima, de 304,4 (passado) para 305,5 milhões de t (neste), alta de 0,3%. Outro destaque fica para os embarques brasileiros, que devem chegar a 30 milhões de t nesta safra, crescimento de 9,0% em relação ao ciclo passado.
• Na soja, o USDA estima as mesmas produções do último mês para os três principais países: Brasil com 144,0 milhões de t; EUA com 120,4 milhões de t; e Argentina com 49,5 milhões de t. A grande novidade neste relatório está na oferta na China, que foi reduzida de 19 para 16,4 milhões de t (-13,7%). Com isso, a oferta global total da oleaginosa foi revista para 381,8 milhões de t (contra 384 do último mês). Os estoques também deverão ficar em níveis menores, em 1,7%, estimados agora em 102 milhões de t; 1,8 milhão a menos que novembro.
• Em sua atualização mensal sobre a safra de grãos 2021/22, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que a produção nacional deverá alcançar 291,1 milhões de t, o que representa um incremento de 15,1% frente à temporada anterior. A área cultivada está avaliada em 72 milhões de ha (+ 4,3%), ou seja, um ganho de três milhões de ha. Para a cultura da soja, a qual tem sua área projetada em 40,4 milhões de ha (+ 3,7%), é esperada uma produção recorde de 137,3 milhões de t (+ 4,0%) ou de 5,5 milhões de t a mais. No milho a expectativa é de uma produção total de 117,2 milhões de t (+ 34,6%) com boa recuperação de volume frente aos problemas climáticos enfrentados no ciclo anterior; a área de verão está avaliada em 4,5 milhões de ha (+ 3,7%), os quais devem produzir 29,1 milhões de t (+ 17,6%), enquanto que na safrinha espera-se o cultivo de 15,8 milhões de ha (+ 5,7%) e produção de 86,3 milhões de t (+ 42,0%). Alguns especialistas já contestam os dados referentes ao milho verão, em consequência de um cenário adverso de clima seco no Sul do país. Já o algodão também apresentou uma boa recuperação em área cultivada para 2021/22, chegando a 1,5 milhão de ha (+ 9,1%) e produção de pluma de 3,8 milhões de t (+ 10,6%). Supersafra brasileira uma vez se consolidando, pode trazer um pouco de alívio ao cenário de oferta e controlar os preços mundiais.
• Já no âmbito das operações, a Conab indica que até a semana de 4 de dezembro, o plantio da soja estava 95,1% concluído no país, frente a 90,2% no mesmo período do ciclo passado. No milho verão, o progresso é de 77,9%; há um ano, estávamos com 75,4%. Já no algodão, o avanço é ainda mais impressionante, com 16,1% das áreas plantadas contra 4,8% na mesma data de 2020/21. Seguimos em ritmo acelerado, na torcida pela continuidade das chuvas e de olho nas condições das lavouras!
• As exportações do agronegócio em novembro atingiram um novo recorde para mês, de US$ 8,36 bilhões, crescimento de 6,8% frente a novembro de 2020, segundo dados do Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento). Esse montante é resultado de um aumento de preços na ordem de 22,3%, uma vez que para o volume embarcado de produtos houve queda de 12,7%. O complexo soja liderou a pauta de exportação com vendas de US$ 2,09 bilhões (+ 91,7%). O atraso no plantio e colheita no ciclo passado, bem como a produção recorde, permitiram maior oferta da oleaginosa neste final de ano. Apenas as vendas do grão totalizaram US$ 1,32 bilhão (+ 150%). Na segunda posição aparece o setor de carnes, o qual foi responsável pela comercialização de US$ 1,30 bilhão, sendo US$ 590,69 milhões (+ 26,2%) da carne de frango, US$ 493,66 milhões da bovina (- 41,5%) e US$ 168,68 milhões da suína (- 16,3%). A bovina em particular ainda sofre as fortes consequências da suspensão de importação por parte da China. A seguir os produtos florestais responderam por US$ 1,25 bilhão (+ 19,3%); o complexo sucroalcooleiro vendeu US$ 991,59 milhões (- 0,8%); e o café US$ 617,72 milhões (- 0,9%).
• Por outro lado, as importações do setor totalizaram US$ 1,45 bilhão, evidenciando um crescimento de 10,5%. O milho foi o principal produto adquirido, somando US$ 149,3 milhões (+ 423,4%), diante do cenário de escassez do cereal no mercado doméstico. Mesmo assim, o saldo da balança do setor para o mês ficou em US$ 6,9 bilhões (+ 6,0%).
• Ao considerarmos os onze primeiros meses do ano, as exportações do agro já totalizam US$ 110,7 bilhões (+ 18,5%), contemplando um novo recorde para a série histórica.
• O PIB do agronegócio em 2022 deve crescer a um ritmo menos acelerado, entre 3 a 5%, segundo levantamento da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Já para 2021, o estudo conduzido em parceria com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) aponta para uma evolução de 9,37% em comparação em 2020.
• O cenário de crise energética no mundo Asiático e Europeu somado à escassez de containers e encarecimento do frete marítimo já vem trazendo reflexos aos preços dos insumos agrícolas. China e Rússia já limitaram a exportação de fertilizantes, o que tem levado à disparada nos preços desses insumos e deterioração das relações de troca. Nos defensivos, a conjuntura é parecida, há falta de moléculas no mercado, causando encarecimento nos preços. Tal contexto está gerando apreensão por parte dos agricultores. Muitos deles estão optando por reduzir a compra de fertilizantes para temporada 2022/23 e até rever suas escolhas de culturas.
• Apesar das discussões referentes ao cenário de insumos, o ciclo atual não evidenciou problemas com a oferta de fertilizantes. O país importou 36,8 milhões de t, considerando o período de janeiro a novembro, de acordo com dados da Agrinvest Commodities. O principal fornecedor brasileiro foi a Rússia, responsável por 23,5% de tudo que o país adquiriu.
• O Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) revisou sua estimativa para safra de laranja do ciclo 2021/22 para o Cinturão Citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, agora avaliada em 264,14 milhões de caixas, sendo 1,39% inferior ao dado de setembro e 10,21% menor que o projetado em maio. Os principais motivos das quedas estão relacionados a condições climáticas adversas, com chuvas 30% abaixo da média na região, além das geadas de julho que provocaram queda prematura de frutos.
• E na crescente temática de sustentabilidade, a Bunge anunciou recentemente seu plano de reduzir em 25% as emissões de gases de efeito estufa até 2030 (comparação com 2020). Como parte das diretrizes para alcançar este resultado, a empresa irá monitorar e restringir o acesso a qualquer suprimento proveniente de áreas de desmatamento. Uma parceria entre a John Deere e a ONG TNC (The Nature Conservancy) vai promover a transformação de áreas agrícolas na região do Vale do Araguaia, no cerrado brasileiro. O projeto, que deve atender 100 propriedades de pequenos e médios produtores, terá como foco os tópicos de governança territorial, transformação sistêmica, segurança hídrica e agricultura regenerativa. A ação tem o propósito de contribuir para a agenda do Brasil de ampliar as áreas com ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) e reduzir as de pastagens degradadas, até 2030.
• Para concluir a nossa análise geral do agro, os preços dos principais produtos no fechamento desta coluna eram: a soja para entrega em cooperativa de São Paulo estava em R$ 161/sc e R$ 156/sc para março de 2022, um pequeno aumento. No milho, a cotação atual está em R$ 89,00/sc e a entrega em agosto de 2022 fechou em R$ 72/sc. O algodão fechou em R$ 210/arroba e para junho de 2022 em 186/arroba; e o boi gordo em R$ 306/arroba, praticamente igual ao mês passado.

Os cinco fatos do agro para acompanhar em janeiro são:

 

1. O clima e a qualidade das lavouras no hemisfério Sul, principalmente Brasil e Argentina. Desde seca (RS) até excesso de chuva (BA, ES) vem trazendo problemas, acompanhar de perto;
2. A situação mundial de crise energética (escassez de carvão, preços do petróleo, do gás natural e outros), aumento da incidência do coronavírus na Europa e Asia, acompanhar dia a dia o que acontece na China, Índia e em outros produtores de químicos e fertilizantes para entendermos o que serão os próximos meses. O comportamento de compra, de preços e da oferta de defensivos e fertilizantes;
3. O comportamento da China em relação às compras do Brasil, com destaque às decisões ligadas à carne bovina e também nos grãos;
4. A evolução do quadro político e econômico no Brasil e as consequências no câmbio;
5. Comportamento dos preços do petróleo.

Reflexões dos fatos e números da cana em novembro/dezembro e o que acompanhar em janeiro

 

Na cana

• Segundo dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), até o dia 16 de novembro, a moagem acumulada de cana na região Centro-Sul alcançou 516,97 milhões de t, queda de 11,8% em relação à mesma data do ciclo passado; são quase 70 milhões de t a menos. Até a referida data, 187 usinas já haviam encerrado as atividades neste ciclo, e apenas 75 plantas estavam em operação.
• Em relação à qualidade da matéria-prima, o teor acumulado de ATR é também menor que o da safra passada, em 1,48%, estando agora em 143,00 kg/t.
• No total do Brasil, segundo a estimativa mais recente da Conab, a colheita nesta safra deve ser de 568 milhões de t, redução de 4,2% em relação ao ciclo passado, ou 86 milhões de t a menos. Já a produtividade foi indicada em 69 t por hectare, queda de 9,5% em relação à safra passada; são 7 t a menos por hectare! As baixas têm como principais reflexos os impactos do clima nas lavouras (seca e geadas), ao longo deste ano.
• Considerando a safra que está por vir (2022/23), a StoneX estima que a área cultivada com cana-de-açúcar deva crescer 1,4%, alcançando 7,8 milhões de hectares. Se por um lado há expectativa de um aumento de produtividade agrícola de 5,0%, atingindo 72,5 t/ha, a qualidade da matéria-prima, ou
seja, o ATR médio, deve cair 1,2% chegando a 140,7 kg/t. Para a consultoria, o mix permanecerá estável, com 45% destinado à produção de etanol e os outros 55% para açúcar.
• Com isso, a produção de etanol do ciclo 2022/23 foi avaliada pela consultoria em 29,7 bilhões de litros, sendo 19,5 bilhões do tipo hidratado e os outros 10,2 bilhões do anidro. Já a produção de açúcar está cotada em 32,4 milhões de t.
• No segundo trimestre da safra atual (julho a setembro de 2021/22), a alta dos preços do etanol, energia e no açúcar (menos expressiva para este último) possibilitaram melhores condições de venda para as usinas. Segundo dados divulgados pelo Valor Econômico, a Raízen comercializou o biocombustível a um valor médio de R$ 3.664/m³, alta de 63% na comparação com o mesmo período do ciclo passado; na São Martinho, o crescimento nos preços foi de 68%, com média em R$ 3.284,5/m³. No caso do açúcar, o preço médio cresceu 43% para as duas empresas: Raízen com preços em R$ 1.959/t; e São Martinho com R$ 1.689,7/t.
• A Tereos tem realizado interessantes investimentos rumo à transformação digital. Na cadeia de suprimentos para ter maior assertividade noplanejamento das operações; na área agrícola, com algoritmos que auxiliam na identificação das ervas daninhas; na previsão de safra, com 70 estações meteorológicas gerando dados que alimentam o sistema para construção das estimativas de safra; nas operações com o rastreamento das máquinas e coleta de dados de eficiência operacional. O digital vem para trazer maior eficiência a gestão de nossos canaviais. Foi um prazer neste mês realizar a palestra de fechamento de safra para a empresa e ouvir sobre os compromissos de parcerias com os produtores.
• No mercado de capitais, a Jalles Machado anunciou que fará a sua primeira emissão de debêntures simples, no valor de R$ 400 milhões, com a finalidade de investir na manutenção e melhoria dos canaviais, visando o aumento da eficiência produtiva do etanol em suas unidades. A exposição da Jalles ao mercado é algo louvável.

No açúcar

• Na primeira quinzena de novembro, a produção de açúcar na região Centro-Sul somou 625,6 mil t, queda de quase 50% na comparação com o mesmo período do ciclo anterior (foi de 1,24 milhão de t). No acumulado do ano, a produção do adoçante soma 31,84 milhões de t, baixa de 15,4%, segundo dados da Unica.
• As exportações de açúcar no mês de novembro foram de 2,66 milhões de t, valor 8,2% menor que no mesmo mês de 2020. O faturamento por sua vez atingiu US$ 921,59 milhões, crescendo +7,4%, devido ao aumento de preços de 17,0%, o qual compensou a redução do volume embarcado.
• A safra global de açúcar, a qual considera o intervalo de outubro de 21 até setembro de 22, deve evidenciar um balanço deficitário de 1,8 milhão de t, o que representa uma ligeira recuperação frente ao cenário do ciclo 2020/21, onde o déficit chegou a 3,0 milhões de t, segundo informações da StoneX. Esse déficit é explicado por uma produção global de 186,6 milhões de t, crescimento de 1,6% frente à temporada passada; e demanda de 188,4 milhões de t, crescendo 0,9% em comparação a anterior.
• Já a OIA (Organização Internacional do Açúcar) prevê um déficit global do adoçante na safra 2021/22 em 2,55 milhões de t, uma redução de 33,8% na comparação com o relatório de agosto (era de 3,85 milhões de t). Com isso, o OIA aponta a produção global de açúcar em 170,5 milhões de t e os estoques em 93,3 milhões de t, neste ciclo. A produção indiana do adoçante deve totalizar 31,5 milhões de t (+ 1%), com exportação entre 4,5 e 6 milhões de t. Já na Tailândia, espera-se uma produção de 10,7 milhões de t (+ 41,7%).
• Enquanto isso, o USDA aponta para uma produção global do adoçante no ciclo 2021/22 de 181,1 milhões de t, se mantendo estável no comparativo com o anterior. O consumo por sua vez, está avaliado em 174,55 milhões de t, puxando pela demanda na China, Índia e Rússia. No cenário brasileiro, o órgão americano projetou produção de 36 milhões de t, queda de 6,1 milhões de t frente à temporada anterior, com exportação de 26 milhões de t, 6,15 milhões de t a menos que em 2020/21. A Índia deve produzir 34,7 milhões de t (+ 3%) e exportar 7 milhões; enquanto na Tailândia espera-se 10 milhões de t, sendo praticamente 100% do volume destinado à exportação. Finalmente, na União Europeia e Reino Unido, a produção deve somar 17,2 milhões de t (+ 12%), devido a um verão mais úmido que favorece a produtividade da beterraba.

No etanol

• No acumulado da safra 2021/22 até 15/11, a produção total de etanol, alcançou 25,8 bilhões de litros (-8,8%), sendo 15,5 bilhões de litros do hidratado (-19,8%) e 10,4 bilhões de litros do anidro (+14,8%). Do total produzido, 2,1 bilhões de litros (8,1%) tiveram o milho como matéria-prima. No acumulado do ano, as vendas do biocombustível somam 17,91 bilhões de litros, volume que é 6,4% menor que o registrado no mesmo período do ciclo passado na região. Olhando para o consumo interno, o Anidro corresponde à 6,4 bilhões de litros (+20,5%) e o hidratado a 10,5 bilhões de litros (-11,8%).
• Os embarques de etanol somaram apenas US$ 40,67 milhões em novembro, queda de 51,0% frente ao mesmo mês de 2020, com redução de 66% no volume.
• O consumo de combustíveis do ciclo Otto (etanol e gasolina) no Brasil deve atingir 52 bilhões de litros em 2021, um crescimento de 5,5% frente a 2020, segundo divulgado pela StoneX. No entanto, com uma paridade favorável para gasolina, em 81,4%, esta deve ganhar participação frente ao biocombustível. A demanda por etanol hidratado foi avaliada em 17 bilhões de litros, o que representa uma redução de 13% em comparação ao ano passado.
• A comercialização de carros híbridos e 100% elétricos alcançou valor recorde de 14 mil unidades no primeiro semestre de 2021, um crescimento de 80% frente ao ano anterior, de acordo com a StoneX. Apesar do crescimento, esse tipo de veículos ainda apresenta participação pouco representativa dentro da frota total, de aproximadamente 0,2%. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) projeta que até 2035, os carros elétricos poderão representar até 62% da frota brasileira, com uma expansão gradual e de longo prazo.

Para concluir, os cinco principais fatos para acompanhar em janeiro na cadeia da cana:

1. Terminando a safra com cerca de 520 toneladas moídas. As chuvas ajudarão na cana de 2022, mas apresenta atrasado estágio de desenvolvimento...Estimativas ao redor de 560 a 570 milhões de toneladas, com área de 7,8 milhões de hectares. Mix deve se manter em 45% para açúcar e 55% para etanol. Esta entressafra trará emoções e os estoques devem ficar baixos.
2. Até outubro de 2021, as vendas de hidratado recuaram 7,5% em relação ao mesmo período de 2020 (de 15,6 para 14,4 bilhões de litros). Em outubro caíram quase 32% (1,3 bilhão de litros), com a participação do etanol no ciclo Otto vindo de 43% para 37%. StoneX coloca a demanda deste ano de hidratado em 17 bilhões de litros (13% menor). Anidro aumenta para 11 bilhões de litros. Para 2022/23 estimam a produção total em 29,7 bilhões de litros (19,5 bilhões de hidratado e 10,3 bilhões de anidro). Teremos elevação do consumo de combustíveis agora que começam as férias no Brasil. Qual o efeito dos preços no consumo?
3. O barril do petróleo tipo Brent em um mês veio de USD 84 para USD 66 e voltou a USD 72. Segue trazendo impacto na inflação. Qual será seu comportamento neste final de ano? Será que com possibilidades de novos isolamentos pode cair um pouco, mas tem a demanda de energia no inverno do hemisfério norte, enfim... O risco de “over-reaction” à nova variante do coronavírus.
4. Açúcar caiu um pouco com queda do petróleo e bons indicadores de chuvas no Brasil podendo melhorar a condição da cana de 2022. Uma boa janela de fixação de preços passou. StoneX prevê déficit na safra 2021/22 de 1,8 milhão de toneladas (produção de 186,6 milhões de toneladas, consumo de 188,4 milhões). Estima a produção no Brasil de 31,3 milhões de toneladas (12% a menos) nesta safra e 5,2% de crescimento, indo a 34,1 milhões de toneladas em 2022/23. Açúcar em 19 cents/libra peso na tela de março de 2022. Observar o caminhar dos preços em janeiro, mas acreditamos em estabilidade.
5. Os problemas de preços e abastecimento de insumos e as necessidades da cana para boa performance na safra 2022/23. Os investimentos em renovação e nas soqueiras devem ser maiores, devido aos bons preços. E os insumos?


Valor do ATR: vamos ao nosso resumo do valor de ATR ao longo deste ciclo: abril em R$ 1,0141/kg; maio em R$ 1,0564/kg; junho em R$ 1,0630/kg; julho em R$ 1,0878/kg; agosto em R$ 1,1425/kg; setembro com R$ 1,209/kg; e outubro em R$ 1,2938/kg. O novo dado, referente a novembro, novamente apresenta alta nos preços do indicador, que fechou em R$ 1,3727. Com isso, o valor acumulado da safra 2021/22 está em R$ 1,1691. Com esta subida, é possível vislumbrar um ATR acumulado de R$ 1,25/kg até o final do ciclo.

Desejamos a todos um excelente 2022!

 

HOMENAGEADA DO MÊS

Neste mês, nossa singela homenagem vai para a Carla Rossini, que para quem lê a Canavieiros, dispensa quaisquer comentários. Carla tem sido uma imensa comunicadora da cadeia da cana no Brasil, contribuindo para melhorar o conhecimento e as informações. Parabéns Carlinha!