A esperança de um cenário promissor

24/05/2016 Cana-de-Açúcar POR: Revista Agroanalyses, Antonio de Padua Rodrigues - Presidente interino e diretor Técnico e Luciano Rodrigues - Gerente de Economia e Análise Setorial, ambos da Unica
Para muitos, 2015 foi uma transição para o setor sucroenergético brasileiro. De fato, observaram-se alterações nos mercados de açúcar e de etanol. Isso trouxe alento para esta indústria após um longo período de margens negativas.
No caso do etanol, tivemos três medidas: (i) restabelecimento parcial da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE); (ii) correção da alíquota do PIS (Programa de Integração Social) e da COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social); e (iii) reajustes no preço praticado pela Petrobras. Todas elas, que visavam ao crescimento da arrecadação federal e à melhoria no fluxo de caixa das refinarias, ampliaram a competitividade do etanol hidratado - o seu preço-teto subiu em cerca de R$ 0,30 por litro.
Assistimos, também, a dez estados alterarem o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas alíquotas aplicadas nos preços dos combustíveis. Essas mudanças elevaram o diferencial tributário a favor do etanol hidratado, em comparação com a gasolina.
O estado de Minas Gerais, enquanto elevou a alíquota do ICMS da gasolina de 27% para 29%, reduziu, no etanol hidratado, de 19% para 14%. Resultado: o consumo médio mensal de etanol hidratado do estado saltou de 60 milhões de litros para 150 milhões de 2014 para 2015.
No mercado de açúcar, o quadro superavitário global começou a se inverter, com viés de alta das cotações. Essa tendência, somada à desvalorização do real frente ao dólar, melhorou a remuneração dos produtores brasileiros.
Essas mudanças sugerem uma condição melhor em termos de expectativa de ampliação da receita de produtores, fornecedores de cana-de-açúcar e demais agentes dessa cadeia.
Os riscos existem. A safra 2016/17 (abril a março) iniciou na região Centro-Sul. As discussões cercam a política de precificação da gasolina, a retração econômica do País e o menor consumo de combustíveis e açúcar. A ocorrência de intempéries climáticas pesará bastante.
Muitas empresas diminuíram os investimentos na lavoura para manter a atividade e o emprego. Em alguns casos, as despesas financeiras comprometem mais de 20% das suas receitas. Para estas unidades, ficou difícil restabelecer um desempenho econômico razoável no curto prazo.
Vôo de galinha
A conversão das recentes alterações em um ciclo sustentado de crescimento setorial exigirá mudanças estruturais e o empenho dos setores público e privado. Temos desafios internos e externos.
No caso do açúcar, há a necessidade de contestação das medidas protecionistas praticadas em países produtores e de eliminação dos falsos mitos sobre o consumo do produto. No etanol, por sua vez, faz-se necessária a definição de uma diretriz objetiva e duradoura para a matriz energética brasileira, com reconhecimento dos seus benefícios ambientais, sociais e de saúde pública.
O recente compromisso assumido pelo Brasil na 21ª Conferência Mundial do Clima (COP-21) da ONU (Organização das Nações Unidas) pode ser um pontapé nesse sentido - embora ainda faltem maior detalhamento e identificação dos mecanismos a serem utilizados para cumprimento das metas propostas.
Ao setor privado cabe perseverar os esforços para a redução nos custos de produção e o desenvolvimento e a implementação de novas tecnologias. A expansão da produção observada em 2015 pode não passar de um "vôo de galinha" estimulado por uma condição climática favorável, com muito barulho e pouca sustentação. 
Para muitos, 2015 foi uma transição para o setor sucroenergético brasileiro. De fato, observaram-se alterações nos mercados de açúcar e de etanol. Isso trouxe alento para esta indústria após um longo período de margens negativas.
No caso do etanol, tivemos três medidas: (i) restabelecimento parcial da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE); (ii) correção da alíquota do PIS (Programa de Integração Social) e da COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social); e (iii) reajustes no preço praticado pela Petrobras. Todas elas, que visavam ao crescimento da arrecadação federal e à melhoria no fluxo de caixa das refinarias, ampliaram a competitividade do etanol hidratado - o seu preço-teto subiu em cerca de R$ 0,30 por litro.
Assistimos, também, a dez estados alterarem o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas alíquotas aplicadas nos preços dos combustíveis. Essas mudanças elevaram o diferencial tributário a favor do etanol hidratado, em comparação com a gasolina.
O estado de Minas Gerais, enquanto elevou a alíquota do ICMS da gasolina de 27% para 29%, reduziu, no etanol hidratado, de 19% para 14%. Resultado: o consumo médio mensal de etanol hidratado do estado saltou de 60 milhões de litros para 150 milhões de 2014 para 2015.

No mercado de açúcar, o quadro superavitário global começou a se inverter, com viés de alta das cotações. Essa tendência, somada à desvalorização do real frente ao dólar, melhorou a remuneração dos produtores brasileiros.
Essas mudanças sugerem uma condição melhor em termos de expectativa de ampliação da receita de produtores, fornecedores de cana-de-açúcar e demais agentes dessa cadeia.
Os riscos existem. A safra 2016/17 (abril a março) iniciou na região Centro-Sul. As discussões cercam a política de precificação da gasolina, a retração econômica do País e o menor consumo de combustíveis e açúcar. A ocorrência de intempéries climáticas pesará bastante.
Muitas empresas diminuíram os investimentos na lavoura para manter a atividade e o emprego. Em alguns casos, as despesas financeiras comprometem mais de 20% das suas receitas. Para estas unidades, ficou difícil restabelecer um desempenho econômico razoável no curto prazo.
Vôo de galinha
A conversão das recentes alterações em um ciclo sustentado de crescimento setorial exigirá mudanças estruturais e o empenho dos setores público e privado. Temos desafios internos e externos.
No caso do açúcar, há a necessidade de contestação das medidas protecionistas praticadas em países produtores e de eliminação dos falsos mitos sobre o consumo do produto. No etanol, por sua vez, faz-se necessária a definição de uma diretriz objetiva e duradoura para a matriz energética brasileira, com reconhecimento dos seus benefícios ambientais, sociais e de saúde pública.
O recente compromisso assumido pelo Brasil na 21ª Conferência Mundial do Clima (COP-21) da ONU (Organização das Nações Unidas) pode ser um pontapé nesse sentido - embora ainda faltem maior detalhamento e identificação dos mecanismos a serem utilizados para cumprimento das metas propostas.
Ao setor privado cabe perseverar os esforços para a redução nos custos de produção e o desenvolvimento e a implementação de novas tecnologias. A expansão da produção observada em 2015 pode não passar de um "vôo de galinha" estimulado por uma condição climática favorável, com muito barulho e pouca sustentação.