“A luta política é importante para melhorar o setor e a situação dos produtores”

21/08/2015 Cana-de-Açúcar POR: Igor Savenhago - Revista Canavieiros
A Fazenda Santo Antônio da Boa Vista, em Ribeirão Preto-SP, foi comprada por Carlos Rossetti e a mãe dele em 1961, mesmo ano em que passaram a ser
associados da Canaoeste. Nesses quase 55 anos, ele enfrentou uma série de dificuldades na atividade canavieira, como indefinições de preço nas usinas e inflação assustadora, que provocava uma rápida defasagem. Resistiu e passou o legado para o filho, Roberto, que convive hoje com outras exigências, como reduzir custos e aumentar a produtividade.
A transferência de conhecimento na família garante não só a continuidade da cultura que, por muitas décadas, move a economia do interior paulista, mas cria, também, perspectivas para que a Canaoeste, que completou 70 anos de existência no último dia 22 de julho, persevere na escrita de uma história toda voltada ao associativismo e ao produtor de cana.
O encontro de gerações é um dos temas do vídeo institucional produzido para comemorar a trajetória de sete décadas da associação, que surgiu pelas mãos de 20 visionários e que hoje congrega mais de 2500 produtores em 79 municípios, atuando em uma área de cultivo de 138 mil hectares. O vídeo, que pode ser visto na TV Canaoeste, por meio dos sites da Revista Canavieiros (www.revistacanavieiros.com.br/videos) e da Canaoeste (www.canaoeste.com.br/videos), teve depoimentos de Carlos e Roberto.
A seguir, você confere os principais trechos da entrevista, em que lembram o ingresso na atividade canavieira, falam da importância da Canaoeste e a projetam para os próximos anos, quando o papel da associação, na visão deles, será prioritariamente político.
Revista Canavieiros: Como vocês se tornaram associados à Canaoeste?
Carlos: Para entender isso, é preciso contar um pouco da história da família aqui na região. Meu avô e um cunhado dele compraram essa fazenda (Santo Antônio da Boa Vista), que abrangia também uma propriedade vizinha. O cunhado do meu avô morreu e, com isso, a fazenda foi dividida.
A parte de lá ficou com os Rossetti e outra parte, a de cá, com a família do cunhado. Em 1960, a fazenda de lá foi vendida, por meu pai e dois tios, para a Usina Santo Antônio. No ano seguinte, minha mãe e eu compramos a fazenda
de cá. Foi aí que começamos na Canaoeste.
Tínhamos um administrador, Mateus Rodrigues, que fazia parte da associação. Ele já havia trabalhado com a gente na fazenda de lá e depois veio para cá, onde ficou uns dez anos.
Mas este começo na cana foi muito complicado. Tínhamos que conseguir cota nas usinas, o que era muito difícil. 
A usina tinha de aceitar e o IAA (antigo Instituto do Açúcar e do Álcool) precisava autorizar. Depois tinha também o problema do preço. Era época de uma inflação terrível e tínhamos que esperar para entregar a cana praticamente no fim do mês, para a moeda não perder tanto valor. Algumas usinas, para piorar, atrasavam o pagamento. Entregávamos a cana com um preço e, por causa da inflação, quando recebíamos, já estava defasado. Na Canaoeste, nesse tempo, fazíamos reuniões para discutir essa situação. Houve uma época em que foi feita até uma greve dos fornecedores.
Me lembro que todo mundo foi lá e fechou a Usina São Francisco. Mas o problema continuou. Enquanto não mudou o sistema de pagamento, com a criação do Consecana, que, aliás, considero um grande mérito das associações de fornecedores, não moralizou o setor. O fim da inflação também contribuiu. Agora você não precisa ficar mais discutindo preço com a usina. A preocupação das associações atualmente é fazer o controle para ver se os exames laboratoriais na cana estão corretos. O grande problema que vejo hoje é que fornecedores, médios e pequenos, estão desaparecendo. As usinas novas, por exemplo, compram uma quantidade enorme de terras e, praticamente, não têm fornecedores. Fora que as usinas também estão numa situação difícil.
Revista Canavieiros: Quer dizer que, ao longo do tempo, os desafios apenas mudaram? Produzir cana sempre foi uma atividade difícil? 
Carlos: Sempre foi complicado, até porque precisamos considerar que, na nossa região, terra sempre foi um grande negócio imobiliário. Fora o problema do pagamento, que era uma coisa muito séria. A inflação, no fim do Governo Sarney, chegava a 80% ao mês.
O produtor vivia na corda bamba. Hoje, melhorou muito. Tempos atrás, quando chegava a tarde, era aquela fogueira só. Colher cana queimada também era complicado, porque quando ameaçava chuva precisava correr para queimar antes que a chuva viesse. E depois precisava correr de novo, para a usina tirar
sua cana logo, para não ficar com ela queimada por muito tempo. Me lembro que uma vez ficou uma semana chovendo e eu não conseguia colher. Fui na usina e falei: ‘precisa dar um jeito de acertar o preço, senão vai desvalorizar muito’. Hoje, apesar das dificuldades que o setor enfrenta, está um pouco mais fácil.
Revista Canavieiros: E como foi a transmissão da atividade para o seu filho, Roberto?
Carlos: A família Rossetti morava em Mococa. Mas meu avô tinha comprado uma fazenda aqui na região, quando foi diretor de um banco italiano em Ribeirão Preto. Quando ele morreu, as mulheres da família ficaram com casas em Mococa, dinheiro, e os homens ficaram com a fazenda. Mas eles não eram fazendeiros tradicionais. Meu pai, por exemplo, era médico. Agora, a família de minha mãe, sim. 
Tinham fazenda de café em Avaré, que, aliás, ainda está nas mãos da família, dos primos. Mas lá era só café. Nem hoje existe cana lá. Meu bisavô também teve fazenda em São José do Rio Pardo, uma grande fazenda. Então, era minha mãe que, por ser de família tradicional, gostava de fazenda. Ela conhecia bem os negócios. Tanto é que quem comprou essa fazenda (Santo Antônio da Boa Vista) fomos nós dois.
Andávamos juntos. E com o Roberto aconteceu quase a mesma coisa que eu. Ele começou a gostar de fazenda.
E eu precisava ter uma propriedade que fosse bem administrada. Eu também sou engenheiro, morava fora, e passava praticamente todas as férias aqui em Ribeirão. Era ótimo. Em compensação, a administração da fazenda era horrível. Não havia quase comunicação telefônica.
E os administradores vinham aqui praticamente uma vez a cada quinze dias. Na medida em que eu ia crescendo, ficava cada vez mais chateado com esse tipo de administração. Agora, o Roberto está em tempo integral aqui.
É diferente. Ele não tem as frustrações que eu tinha naquela época. Você ficar semana inteira fora e, no fim de semana, meio corrido, enfrentar as coisas erradas que o pessoal tinha feito, era realmente frustrante.
Roberto: Eu morava em São Paulo e, quando tinha um mês de férias, já vinha para cá. Acho fundamental você gostar do que faz. Isso ajuda bastante. Tenho o mesmo gosto que a minha avó: de sempre vir, estar na fazenda.
Revista Canavieiros: Roberto, você não tem que lidar com esse tipo de frustração, mas devem aparecer outras. Que tipo de frustrações a nova geração da cana enfrenta?
Roberto: Acho que os problemas são bem menores em comparação aos que meu pai passou. Hoje, são os problemas do campo, do dia a dia, não têm grande segredo. São mais simples que toda essa fase que ele citou, de definição de preço. Então, penso que o principal desafio atualmente é produzir no menor custo possível, tendo em vista que estamos passando anos ruins, de dificuldades no setor. Os custos sobem ano a ano e as receitas não conseguem acompanhá-los.
Carlos: Com a situação que a cana enfrenta hoje, se você não consegue reduzir custos e aumentar a produtividade, está “morto”. Ainda mais que temos que enfrentar, também, o Governo, que tabela os preços dos combustíveis, prejudicando o etanol e o preço da cana.
O açúcar também vive dias ruins, já que se lança cada vez mais produto no mercado internacional. Temos visto nos jornais o açúcar sempre com o gráfico de preço baixando.
Revista Canavieiros: Como vocês enxergam o papel do associativismo hoje?
Roberto: Acho que é fomentar a união dos produtores, que ainda acho uma classe muito desunida. A Canaoeste, por exemplo, foi há pouco tempo a Brasília reivindicar melhorias. Essa luta política é importante para melhorar
o setor e, consequentemente, a situação dos produtores.
Carlos: Eu acho que o papel sempre foi político. O Consecana, por exemplo, como foi conseguido? Resultado de uma atuação política. No caso específico da Canaoeste, outra coisa que achei muito boa, foi o Manoel Ortolan ter assumido a presidência. Ele é uma pessoa do ramo, supercompetente e interessado em promover o setor, não se promover. Então, esse papel político, de resolver as coisas nos planos governamentais, precisa continuar. Até porque a Canaoeste está muito bem servida na assistência técnica. Tem gente muito competente lá.
Revista Canavieiros: E para o setor sucroenergético? Quais são as perspectivas?
Carlos: Seriam muito boas, mas o grande pepino é o Governo. Se o Governo tabela os combustíveis para fazer uma política de contenção de despesas, é a gente que se prejudica, porque a grande válvula de escape para o setor canavieiro hoje é o etanol.
Imagino que isso não ficará assim porque o Governo não vai aguentar ficar tabelando os preços dos combustíveis eternamente. Então, ainda vejo boas perspectivas. E tem também a energia elétrica, que, ao que parece, está dando bons lucros às usinas. Tanto é que o bagaço está muito valorizado.
Roberto: Temos esperanças que o setor melhore. Em viagens para outros Estados, temos a possibilidade de perceber que o etanol é vendido a um preço absurdo, por causa dos impostos. Então, se o Governo não incentivar a produção de etanol, vamos continuar nesse marasmo. Acho, também, que a produção de energia elétrica é um caminho a ser explorado.
Revista Canavieiros: Uma palavra para os 70 anos da Canaoeste. 
Carlos: A Canaoeste tem um papel importante na vida dos produtores. Que ela continue sendo bem administrada e trabalhando em prol deles. 
Roberto: Espero que a Canaoeste continue com uma boa administração,
com pessoas competentes na diretoria e na presidência. Que ela continue lutando por uma melhora do setor para os próximos anos e tentando unir mais a classe dos produtores. 
A Fazenda Santo Antônio da Boa Vista, em Ribeirão Preto-SP, foi comprada por Carlos Rossetti e a mãe dele em 1961, mesmo ano em que passaram a ser
associados da Canaoeste. Nesses quase 55 anos, ele enfrentou uma série de dificuldades na atividade canavieira, como indefinições de preço nas usinas e inflação assustadora, que provocava uma rápida defasagem. Resistiu e passou o legado para o filho, Roberto, que convive hoje com outras exigências, como reduzir custos e aumentar a produtividade.
A transferência de conhecimento na família garante não só a continuidade da cultura que, por muitas décadas, move a economia do interior paulista, mas cria, também, perspectivas para que a Canaoeste, que completou 70 anos de existência no último dia 22 de julho, persevere na escrita de uma história toda voltada ao associativismo e ao produtor de cana.
O encontro de gerações é um dos temas do vídeo institucional produzido para comemorar a trajetória de sete décadas da associação, que surgiu pelas mãos de 20 visionários e que hoje congrega mais de 2500 produtores em 79 municípios, atuando em uma área de cultivo de 138 mil hectares. O vídeo, que pode ser visto na TV Canaoeste, por meio dos sites da Revista Canavieiros (www.revistacanavieiros.com.br/videos) e da Canaoeste (www.canaoeste.com.br/videos), teve depoimentos de Carlos e Roberto.
A seguir, você confere os principais trechos da entrevista, em que lembram o ingresso na atividade canavieira, falam da importância da Canaoeste e a projetam para os próximos anos, quando o papel da associação, na visão deles, será prioritariamente político.
Revista Canavieiros: Como vocês se tornaram associados à Canaoeste?
Carlos: Para entender isso, é preciso contar um pouco da história da família aqui na região. Meu avô e um cunhado dele compraram essa fazenda (Santo Antônio da Boa Vista), que abrangia também uma propriedade vizinha. O cunhado do meu avô morreu e, com isso, a fazenda foi dividida.
A parte de lá ficou com os Rossetti e outra parte, a de cá, com a família do cunhado. Em 1960, a fazenda de lá foi vendida, por meu pai e dois tios, para a Usina Santo Antônio. No ano seguinte, minha mãe e eu compramos a fazenda
de cá. Foi aí que começamos na Canaoeste.
Tínhamos um administrador, Mateus Rodrigues, que fazia parte da associação. Ele já havia trabalhado com a gente na fazenda de lá e depois veio para cá, onde ficou uns dez anos.
Mas este começo na cana foi muito complicado. Tínhamos que conseguir cota nas usinas, o que era muito difícil. 
A usina tinha de aceitar e o IAA (antigo Instituto do Açúcar e do Álcool) precisava autorizar. Depois tinha também o problema do preço. Era época de uma inflação terrível e tínhamos que esperar para entregar a cana praticamente no fim do mês, para a moeda não perder tanto valor. Algumas usinas, para piorar, atrasavam o pagamento. Entregávamos a cana com um preço e, por causa da inflação, quando recebíamos, já estava defasado. Na Canaoeste, nesse tempo, fazíamos reuniões para discutir essa situação. Houve uma época em que foi feita até uma greve dos fornecedores.
Me lembro que todo mundo foi lá e fechou a Usina São Francisco. Mas o problema continuou. Enquanto não mudou o sistema de pagamento, com a criação do Consecana, que, aliás, considero um grande mérito das associações de fornecedores, não moralizou o setor. O fim da inflação também contribuiu. Agora você não precisa ficar mais discutindo preço com a usina. A preocupação das associações atualmente é fazer o controle para ver se os exames laboratoriais na cana estão corretos. O grande problema que vejo hoje é que fornecedores, médios e pequenos, estão desaparecendo. As usinas novas, por exemplo, compram uma quantidade enorme de terras e, praticamente, não têm fornecedores. Fora que as usinas também estão numa situação difícil.
Revista Canavieiros: Quer dizer que, ao longo do tempo, os desafios apenas mudaram? Produzir cana sempre foi uma atividade difícil? 
Carlos: Sempre foi complicado, até porque precisamos considerar que, na nossa região, terra sempre foi um grande negócio imobiliário. Fora o problema do pagamento, que era uma coisa muito séria. A inflação, no fim do Governo Sarney, chegava a 80% ao mês.
O produtor vivia na corda bamba. Hoje, melhorou muito. Tempos atrás, quando chegava a tarde, era aquela fogueira só. Colher cana queimada também era complicado, porque quando ameaçava chuva precisava correr para queimar antes que a chuva viesse. E depois precisava correr de novo, para a usina tirar
sua cana logo, para não ficar com ela queimada por muito tempo. Me lembro que uma vez ficou uma semana chovendo e eu não conseguia colher. Fui na usina e falei: ‘precisa dar um jeito de acertar o preço, senão vai desvalorizar muito’. Hoje, apesar das dificuldades que o setor enfrenta, está um pouco mais fácil.
Revista Canavieiros: E como foi a transmissão da atividade para o seu filho, Roberto?
Carlos: A família Rossetti morava em Mococa. Mas meu avô tinha comprado uma fazenda aqui na região, quando foi diretor de um banco italiano em Ribeirão Preto. Quando ele morreu, as mulheres da família ficaram com casas em Mococa, dinheiro, e os homens ficaram com a fazenda. Mas eles não eram fazendeiros tradicionais. Meu pai, por exemplo, era médico. Agora, a família de minha mãe, sim. 
Tinham fazenda de café em Avaré, que, aliás, ainda está nas mãos da família, dos primos. Mas lá era só café. Nem hoje existe cana lá. Meu bisavô também teve fazenda em São José do Rio Pardo, uma grande fazenda. Então, era minha mãe que, por ser de família tradicional, gostava de fazenda. Ela conhecia bem os negócios. Tanto é que quem comprou essa fazenda (Santo Antônio da Boa Vista) fomos nós dois.
Andávamos juntos. E com o Roberto aconteceu quase a mesma coisa que eu. Ele começou a gostar de fazenda.
E eu precisava ter uma propriedade que fosse bem administrada. Eu também sou engenheiro, morava fora, e passava praticamente todas as férias aqui em Ribeirão. Era ótimo. Em compensação, a administração da fazenda era horrível. Não havia quase comunicação telefônica.

E os administradores vinham aqui praticamente uma vez a cada quinze dias. Na medida em que eu ia crescendo, ficava cada vez mais chateado com esse tipo de administração. Agora, o Roberto está em tempo integral aqui.
É diferente. Ele não tem as frustrações que eu tinha naquela época. Você ficar semana inteira fora e, no fim de semana, meio corrido, enfrentar as coisas erradas que o pessoal tinha feito, era realmente frustrante.
Roberto: Eu morava em São Paulo e, quando tinha um mês de férias, já vinha para cá. Acho fundamental você gostar do que faz. Isso ajuda bastante. Tenho o mesmo gosto que a minha avó: de sempre vir, estar na fazenda.
Revista Canavieiros: Roberto, você não tem que lidar com esse tipo de frustração, mas devem aparecer outras. Que tipo de frustrações a nova geração da cana enfrenta?
Roberto: Acho que os problemas são bem menores em comparação aos que meu pai passou. Hoje, são os problemas do campo, do dia a dia, não têm grande segredo. São mais simples que toda essa fase que ele citou, de definição de preço. Então, penso que o principal desafio atualmente é produzir no menor custo possível, tendo em vista que estamos passando anos ruins, de dificuldades no setor. Os custos sobem ano a ano e as receitas não conseguem acompanhá-los.
Carlos: Com a situação que a cana enfrenta hoje, se você não consegue reduzir custos e aumentar a produtividade, está “morto”. Ainda mais que temos que enfrentar, também, o Governo, que tabela os preços dos combustíveis, prejudicando o etanol e o preço da cana.
O açúcar também vive dias ruins, já que se lança cada vez mais produto no mercado internacional. Temos visto nos jornais o açúcar sempre com o gráfico de preço baixando.
Revista Canavieiros: Como vocês enxergam o papel do associativismo hoje?
Roberto: Acho que é fomentar a união dos produtores, que ainda acho uma classe muito desunida. A Canaoeste, por exemplo, foi há pouco tempo a Brasília reivindicar melhorias. Essa luta política é importante para melhorar
o setor e, consequentemente, a situação dos produtores.
Carlos: Eu acho que o papel sempre foi político. O Consecana, por exemplo, como foi conseguido? Resultado de uma atuação política. No caso específico da Canaoeste, outra coisa que achei muito boa, foi o Manoel Ortolan ter assumido a presidência. Ele é uma pessoa do ramo, supercompetente e interessado em promover o setor, não se promover. Então, esse papel político, de resolver as coisas nos planos governamentais, precisa continuar. Até porque a Canaoeste está muito bem servida na assistência técnica. Tem gente muito competente lá.
Revista Canavieiros: E para o setor sucroenergético? Quais são as perspectivas?

Carlos: Seriam muito boas, mas o grande pepino é o Governo. Se o Governo tabela os combustíveis para fazer uma política de contenção de despesas, é a gente que se prejudica, porque a grande válvula de escape para o setor canavieiro hoje é o etanol.
Imagino que isso não ficará assim porque o Governo não vai aguentar ficar tabelando os preços dos combustíveis eternamente. Então, ainda vejo boas perspectivas. E tem também a energia elétrica, que, ao que parece, está dando bons lucros às usinas. Tanto é que o bagaço está muito valorizado.
Roberto: Temos esperanças que o setor melhore. Em viagens para outros Estados, temos a possibilidade de perceber que o etanol é vendido a um preço absurdo, por causa dos impostos. Então, se o Governo não incentivar a produção de etanol, vamos continuar nesse marasmo. Acho, também, que a produção de energia elétrica é um caminho a ser explorado.
Revista Canavieiros: Uma palavra para os 70 anos da Canaoeste. 
Carlos: A Canaoeste tem um papel importante na vida dos produtores. Que ela continue sendo bem administrada e trabalhando em prol deles. 

 
Roberto: Espero que a Canaoeste continue com uma boa administração,
com pessoas competentes na diretoria e na presidência. Que ela continue lutando por uma melhora do setor para os próximos anos e tentando unir mais a classe dos produtores.