A pátria sucroenergética

27/01/2020 Agronegócio POR: Marino Guerra
A pátria sucroenergética

Exemplo de sustentabilidade, passou da hora do Brasil vestir a camisa da cana-de-açúcar

Assim como a 19a Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol começou com uma apresentação irretocável do grupo “Izaías e Seus Chorões”, inicio o texto de abertura desta matéria especial sobre o evento com um trecho da crônica que Nelson Rodrigues, denominada "Garrincha, passarinho apedrejado", fez para descrever o jogo que levou a Seleção Brasileira a levantar o seu segundo caneco mundial, no dia 26 de junho de 1962.

“Ferido na carne e na alma, o escrete do Brasil derrubou o Chile. É possível que até a natureza tivesse preparado algum terremoto contra nós. E ganhamos. Mesmo que atirassem contra o Brasil um furacão da Flórida, sairíamos invictos da batalha. E pior do que o terremoto, pior do que a torcida, pior do que as manchetes, pior do que o escárnio do rádio e da televisão: foi o juiz. Está provado que o árbitro entrou em campo para meter a mão no bolso do Brasil.

O ladrão fez o diabo para impedir o triunfo brasileiro. Inventou um pênalti, ou seja, deu um gol de presente ao Chile. Perseguiu os nossos jogadores com um descaro gigantesco. Não se conhece, na história do futebol, um apito tão cínico e tão vil. O seu pecado mais horrendo, porém, foi a expulsão de Garrincha. Não há no Brasil, não há no mundo, ninguém tão terno, ninguém tão passarinho como o Mané. O sujeito que se aproxima dele tem vontade de oferecer-lhe alpiste na mão. Os pombos aqui na Cinelândia, os pardais do Boulevard Vinte e Oito de Setembro, diriam: - Nosso irmão, o Mané. E Garrincha foi expulso. Mas ganhamos assim mesmo. Pois vencemos o juiz, vencemos o escrete chileno, as manchetes, os terremotos, a cordilheira. Apedrejaram Garrincha, e vencemos.

Eis o mistério do escrete e do Brasil. O time ou o país que tem um Mané é imbatível. Hoje, sabemos que o problema de cada um de nós é ser ou não ser um Garrincha. Deslumbrante país seria este, maior que a Rússia, maior que os Estados Unidos, se fôssemos 75 milhões de Garrinchas”.

Sobre a parte em que o cronista fala do juiz, é inútil dizer quem ele seria num paralelismo com o que fizeram com o setor sucroenergético.

Contudo, o foco principal está no último parágrafo da crônica. Depois de tudo o que foi apresentado durante o evento, de andar desde os mais humildes sítios até as mais modernas unidades industriais, é com extrema segurança que faço a seguinte paráfrase: O país que tem uma produção sucroenergética é imbatível. Hoje, sabemos que o problema de cada um de nós é vestir ou não a camisa da cana-de-açúcar. Deslumbrante país seria este, maior que a China, maior que os Estados Unidos, se fôssemos 210 milhões apoiando o combustível mais limpo e inclusivo socialmente do planeta Terra.