A perfeição na germinação

16/10/2023 Noticias POR: Marino Guerra

A única regra na mais imprevisível atividade desenvolvida pelo ser humano é que se o trabalho é impecável e o clima favorável há sintonia perfeita entre os elementos terra e água para que o reino vegetal se desenvolva sem stress expressando todo o seu vigor.

Provas dessa afirmação se multiplicam nas primaveras floridas e verões decorados por contrastantes arco-íris. E assim foi com os campos de semente do Projeto Amendoim da Copercana da última temporada, os quais produziram cerca de 400 mil sacos numa área de cerca de 2,2 mil hectares.

Mas o maior destaque fica para a qualidade, onde dos 120 campos registrados, todos foram aprovados nos testes prévios (quando se analisa parte de um lote logo após o processo de debulha) de germinação que exige o percentual mínimo de 70% definido pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

“Hoje estamos muito satisfeitos com os resultados das análises prévias de germinação pois estão próximas dos 80%, com lotes acima dos 90%, isso significa que se jogar 20 sementes em um metro, 18 nascerão”, disse a encarregada de laboratório Ercília Mazza.

Sobre o assunto, o responsável técnico da produção de sementes de amendoim, o engenheiro-agrônomo Edgard Matrangolo Junior, falou sobre os motivos que levaram a resultado tão expressivo: “A cada safra, os participantes do projeto que produzem sementes evoluem em manejos essenciais na busca por esta qualidade como, por exemplo, a retirada de plantas atípicas e, principalmente, aguardar o ponto de maturação ideal para entrar com a colheita, então quando o clima é bom como foi o da última temporada, o capricho se destaca”.

O que só deve melhorar, especialmente agora com a disponibilização de uma tabela de referência inédita na cultura, fruto de uma parceria entre Copercana e Unesp, através da equipe do professor Edvaldo Aparecido Amaral da Silva, que permitirá ao produtor medir diretamente do campo o estádio de maturação.

Claro que a ferramenta se trata de um instrumento indicativo, ficando a constatação do grau de maturação para a análise realizada pelo corpo técnico do Projeto Amendoim. Contudo, o rigor quanto ao estádio que os campos de semente serão colhidos serão maiores, sendo que se não tiverem no ponto correto, serão descaracterizados como semente.

A umidade de entrada é outra regra inegociável que o amendoim precisa chegar da roça: “O processo de secagem prolongado prejudica em muito as qualidades fisiológicas da semente”, explica Matrangolo Junior.

Para os que conhecem da dinâmica do projeto da Copercana sabem que o termo “Zona de Conforto” não combina muito com a filosofia profissional de quem está envolvido com ele, e isso é refletido ao fato de que, com a ampliação da capacidade de processamento através da inauguração do Complexo de Beneficiamento, abriu-se um espaço grande para aumento da produção agrícola o que demandará novos campos de sementes, tanto que na temporada que se iniciou logo após as primeiras chuvas cantadas pelas Seriemas, está previsto um aumento de 20% da área, chegando próximo dos 15 mil hectares.

Outra novidade é a entrada do cultivar IAC OL5 em áreas comerciais, onde deverão ser plantados cerca de dois mil hectares espalhados em todas as regiões do projeto (Ribeirão Preto e Barretos, Alta Paulista e Cerrado Mineiro e Goiano), tanto para ver qual o seu desempenho e também para observar sua performance em condições climáticas distintas. Inclusive a nova variedade foi a que teve o melhor rendimento médio nos testes de germinação.

Processo industrial

Um desafio do processo industrial de tratamento das sementes do amendoim é trabalhar com a janela de produção, que por conta de alguns fatores fisiológicos da semente é c urta: “ neste a no j á p roduzimos q uase d uas mil e quinhentas toneladas num intervalo muito curto, o que nos exige velocidade no processo. Muitas vezes o produto é armazenado por um período muito curto, quase que sai da fábrica e vai direto para o campo, assim nosso foco de melhorias industriais sempre é garantir a qualidade o mais rápido possível”, comentou Juliano José Valerio, encarregado de comercio de grãos e controles.

Hoje a capacidade de tratamento e envase aumentou em 40%, isso devido a investimentos em maquinário, sistemas de dosagem, caixas de armazenamento, processos de eliminação de impurezas e materiais estranhos e melhorias constantes na questão de impactos e atritos dos grãos.

A qualidade t ambém é levada a sério na escolha dos produtos que farão parte do tratamento, que é realizada a quatro mãos (corpo técnico do projeto e consultoria especializada).

Na receita, além da presença dos defensivos e nutrientes também são utilizados polímeros e grafite com o objetivo de proteção e ganho de plantabilidade, gerando maior eficiência operacional ao primeiro manejo da lavoura.

E a estratégia não para por aí, mesmo a legislação permitindo lotes mais volumosos, a Copercana trabalha com quatro mil quilos, isso porque, embora demande mais serviço, especialmente de laboratório, leva a uma maior eficiência na rastreabilidade e representatividade dos lotes de sementes. Por fim, os bags são armazenados em estruturas metálicas que formam uma estante gigantesca com nichos individualizados para cada unidade.

Os treinamentos e capacitações de todo o time também é um investimento contínuo, tanto operacional, mas também no sentido de gestão, pois tão importante quanto a germinação é o direcionamento correto e auditado das informações que geram confiabilidade e a rastreabilidade de todo o processo, ou seja, o amendoim da Copercana que é consumido pelo europeu é possível descobrir qual foi o lote de semente plantado, a cultivar, localização e o produtor que gerou a produção exportada.

Há muito para evoluir, tanto que o ritmo de pesquisas, treinamentos e consultorias só aumentam, pois não existe outra maneira de conseguir seguir o lema do Projeto Amendoim da Copercana: O crescimento é o foco, mas a qualidade é inegociável!