“A próxima oportunidade sempre baterá à sua porta, acredito nisso”

06/03/2017 Cana-de-Açúcar POR: Andréia Vital - Revista Canavieiros - Edição 128
A afirmação é de Giulianno Perri, sócio-diretor da GP3O Investimentos, um executivo com bagagem profissional no mercado empreendedor e corporativo conquistada ao longo de 25 anos. Administrador de empresas formado pela FAAP e pós-graduado pela USP, Perri, iniciou sua trajetória no empreendedorismo na adolescência, apostando em uma rede de lavanderias para contribuir com a renda familiar. Depois ingressou no mercado financeiro, chegando a ser sócio das corretoras Credit Suisse Hedging-Griffo e XP Investimentos.
De lá até os dias atuais, muitas crises foram enfrentadas, mas oportunidades também surgiram como é o caso da Energia da Terra - Cana Bacana, uma startup que tem como essência a cana-de--açúcar (ver matéria na página 78). Nesta entrevista exclusiva para a Revista Canavieiros, Perri conta como ingressou junto a outros sócios neste projeto e dá dicas sobre empreendedorismo. Confira:
Revista Canavieiros – Você diz que a vida é como uma onda, por isso temos que aprender a surfar nas possibilidades. Diante disso, como é possível ter sucesso como empreendedor no atual cenário econômico e político brasileiro?
Giulianno Perri: Resiliência é a palavra-chave. No Brasil, tivemos inúmeras crises nos últimos 30 anos, e todas elas geraram grandes oportunidades em ciclos seguintes. O importante é saber a hora de acelerar, e a hora de recolher. Acredito que as reformas propostas pelo Governo Temer são incrivelmente necessárias para termos uma retomada do País como um todo. O agronegócio vai bem, e vai se beneficiar do ciclo positivo das commodities que está ocorrendo. Mas precisamos também de uma indústria mais forte, investimentos em infraestrutura, geração de empregos, para nosso PIB ter um leve tom positivo ao final desse ano.
Revista Canavieiros – Dentro deste conceito, é o momento certo para se investir em startups no país? 
Perri: Gosto sempre de investir com menos agressividade em momentos de crise, para em caso de sinais de melhora, acelerar o movimento. Tem muito dinheiro de investidores parados nos bancos, com juro ainda na casa de dois dígitos. Um olhar bacana para o momento do investimento, é entender se a startup tem chance de gerar caixa no curto prazo, e algum ebitda no médio prazo. Porque assim, a necessidade de caixa para os primeiros meses, pode ser melhor mensurada e evita sustos aos empreendedores e seus investidores. De qualquer forma, vejo startups como investimento de altíssimo risco. Não é para qualquer um.
Revista Canavieiros – Há quanto tempo você já atua como investidor de startup? E por que participar da Energia da Terra - Cana Bacana? Fale um pouco sobre esse empreendimento e como ele surgiu.
Perri: Comecei a investir em Startups em 2011. Na época, tinha acabado de me desligar do Credit Suisse Hedging Griffo, onde fui sócio minoritário. Ser sócio de outros negócios estava no meu DNA. Montei um plano para entrar em cinco startups, procurei empreendedores, e imaginei um valor equivalente a R$ 100.000 por projeto na época. Era um período de fácil de captação para os empreendedores, então rapidamente aportei em dois projetos com R$ 150.000 em cada. Ambos demoraram a maturar, mostrando o risco de uma startup, a necessidade de paciência e criatividade. 
O projeto Cana Bacana surgiu a partir da conversa entre três amigos, durante um almoço informal. Todos eles tinham ligações com os setores de varejo e consumo, e contatos com pessoas do mundo sucroalcooleiro. Assim, surgiu a ideia de embalar a cana-de-açúcar 100% natural. Eles realizaram alguns testes laboratoriais para conseguir manter o produto estável por, ao menos, 30 dias sem conservantes artificiais e fora da cadeia do frio. Só então, cerca de nove meses após essa 1ª conversa, o produto ficou pronto para ir ao mercado.
Nesse momento, fui convidado a participar da 1ª rodada da captação com o objetivo de testar o varejo e sentir se haveria procura pelo produto. Discutimos as teses de valuation e investimento, e colocamos um dinheiro para 18 meses de projeto.
Revista Canavieiros – Qual é a atual produção da Cana Bacana? Em quais locais são encontrados seus produtos?
Perri: Atualmente temos capacidade de produzir 20 mil unidades/mês, uma vez que o nosso processo ainda é 100% artesanal. Acreditamos que já no 2º semestre desse ano, por conta da entrada da automação parcial da cadeia produtiva, poderemos aumentar em até 10 vezes essa atual produção. Hoje comercializamos a Cana Bacana e a Cana Turma da Mônica, e ambas são facilmente encontradas em diversas lojas do Pão de Açúcar, Walmart, Hipermercados Zaffari, Eataly, Empório Santa Maria, St Marchê, Varanda, Mundo Verde, Mercado Natural entre outros (90% no estado de São Paulo).
Revista Canavieiros – A matéria-prima é própria (cana-de-açúcar) ou adquirem de fornecedores? Por favor, comente como foi feita a escolha das variedades ideais para o produto de vocês.
Perri: Não pretendemos ter área própria de cana-de-açúcar, já que queremos focar na produção e comercialização do produto final. A escolha das variedades ideais foi resultado de muitas conversas, viagens, visitas e mapeamentos de áreas produtoras. Selecionamos cerca de 200 alqueires de área plantada em propriedades até 100 km de distância de SP. Assim, conseguimos ter abastecimento o ano todo, mesmo durante os meses de entressafra.
Revista Canavieiros – Houve a necessidade de maquinário específico para automatizar o processamento?
Perri: Por enquanto, seguimos produzindo tudo manualmente. Em paralelo, estamos desenvolvendo equipamento próprio, já que não existe ainda no mercado uma máquina que descasque e porcione a cana-de-açúcar da maneira que precisamos.
Revista Canavieiros – O que garante a conservação do alimento sem o uso de aditivos químicos e sem refrigeração?
Perri: Esse é o segredo do nosso negócio, tanto que estamos no processo de patentearmos o processo produtivo. As etapas individualmente são conhecidas, mas o resultado é mantido a 7 chaves. Além da matéria-prima em si, adicionamos apenas o ácido ascórbico para controlar o Ph, e os aromas naturais de limão e abacaxi nas versões aromatizadas.
Revista Canavieiros – Vocês fizeram uma parceria com a Maurício de Sousa Produções, disponibilizando a “Cana da Turma da Mônica” visando oferecer um lanche mais saudável às crianças. O mercado vem respondendo às suas expectativas?
Perri: Sim, o mercado vem respondendo as nossas expectativas. Nosso volume de vendas, sem dúvidas, está mais concentrado na linha da Cana Turma da Mônica. Ficamos muito orgulhosos ao sermos aprovados pela equipe de licenciamento do Maurício de Sousa, e recentemente, renovamos novo acordo por nova “temporada”.
Revista Canavieiros – Quais são os planos da startup para o futuro?
Perri: Pretendemos expandir as vendas para os demais Estados do Brasil, através de representantes e distribuidores. Além disso, daremos continuidade à iniciativa ligada à exportação. Fizemos três embarques para Dubai (novembro, dezembro e janeiro) e isso deverá gerar novas demandas. Agora, o sonho grande mesmo é poder futuramente levar nossa energia 100% natural, e nossa alegria, para áreas de extrema pobreza – algo como “embarcar” a Cana Bacana no projeto “Médicos sem Fronteira”, e poder de alguma forma minimizar a desnutrição nessas áreas tão necessitadas.
Revista Canavieiros – Para encerrar, fale um pouco do seu livro “PRA CIMA DELES! #tamojunto” lançado no ano passado. Os potenciais empreendedores podem ver dicas ou encontrar o caminho das pedras para ser bem-sucedido?
Perri: Comecei a trabalhar no comércio muito cedo, aos 16 anos de idade. Vinha de uma família de classe média, que sofreu com a crise econômica no final dos anos 80. A oportunidade no ciclo seguinte, foi a abertura do Brasil aos bancos estrangeiros, com expansão enorme do comércio exterior. Eu acabei entrando no mercado financeiro meio sem querer em 1994. Daí em diante foram 20 anos
de amor, vivendo as crises e oportunidades do nosso País, sempre dentro de instituições bacanas, das quais me orgulhei fazer parte (Banco CCF Brasil, Hedging Griffo, CSHG, XP Investimentos) e onde criei uma enorme rede de relacionamentos em todas as cadeias. Quis passar todas as minhas experiências a limpo. Foram batalhas longas, com quedas, retomadas e vitórias significantes. Minha vontade de compartilhar conhecimento e contribuir na vida dos mais jovens, passou a ser meu propósito de vida. Tudo isso é facilmente comparável a vida de um empreendedor. A próxima oportunidade sempre baterá a sua porta, acredito nisso. E não canso de dizer: PRA CIMA DELES! #Tamojunto.
A afirmação é de Giulianno Perri, sócio-diretor da GP3O Investimentos, um executivo com bagagem profissional no mercado empreendedor e corporativo conquistada ao longo de 25 anos. Administrador de empresas formado pela FAAP e pós-graduado pela USP, Perri, iniciou sua trajetória no empreendedorismo na adolescência, apostando em uma rede de lavanderias para contribuir com a renda familiar. Depois ingressou no mercado financeiro, chegando a ser sócio das corretoras Credit Suisse Hedging-Griffo e XP Investimentos.

 
De lá até os dias atuais, muitas crises foram enfrentadas, mas oportunidades também surgiram como é o caso da Energia da Terra - Cana Bacana, uma startup que tem como essência a cana-de-açúcar (ver matéria na página 78). Nesta entrevista exclusiva para a Revista Canavieiros, Perri conta como ingressou junto a outros sócios neste projeto e dá dicas sobre empreendedorismo. Confira:
 
Revista Canavieiros – Você diz que a vida é como uma onda, por isso temos que aprender a surfar nas possibilidades. Diante disso, como é possível ter sucesso como empreendedor no atual cenário econômico e político brasileiro?

 
Giulianno Perri: Resiliência é a palavra-chave. No Brasil, tivemos inúmeras crises nos últimos 30 anos, e todas elas geraram grandes oportunidades em ciclos seguintes. O importante é saber a hora de acelerar, e a hora de recolher. Acredito que as reformas propostas pelo Governo Temer são incrivelmente necessárias para termos uma retomada do País como um todo. O agronegócio vai bem, e vai se beneficiar do ciclo positivo das commodities que está ocorrendo. Mas precisamos também de uma indústria mais forte, investimentos em infraestrutura, geração de empregos, para nosso PIB ter um leve tom positivo ao final desse ano.

 
 
Revista Canavieiros – Dentro deste conceito, é o momento certo para se investir em startups no país? 
 
Perri: Gosto sempre de investir com menos agressividade em momentos de crise, para em caso de sinais de melhora, acelerar o movimento. Tem muito dinheiro de investidores parados nos bancos, com juro ainda na casa de dois dígitos. Um olhar bacana para o momento do investimento, é entender se a startup tem chance de gerar caixa no curto prazo, e algum ebitda no médio prazo. Porque assim, a necessidade de caixa para os primeiros meses, pode ser melhor mensurada e evita sustos aos empreendedores e seus investidores. De qualquer forma, vejo startups como investimento de altíssimo risco. Não é para qualquer um.

 
 
Revista Canavieiros – Há quanto tempo você já atua como investidor de startup? E por que participar da Energia da Terra - Cana Bacana? Fale um pouco sobre esse empreendimento e como ele surgiu.
 
Perri: Comecei a investir em Startups em 2011. Na época, tinha acabado de me desligar do Credit Suisse Hedging Griffo, onde fui sócio minoritário. Ser sócio de outros negócios estava no meu DNA. Montei um plano para entrar em cinco startups, procurei empreendedores, e imaginei um valor equivalente a R$ 100.000 por projeto na época. Era um período de fácil de captação para os empreendedores, então rapidamente aportei em dois projetos com R$ 150.000 em cada. Ambos demoraram a maturar, mostrando o risco de uma startup, a necessidade de paciência e criatividade. 
 
O projeto Cana Bacana surgiu a partir da conversa entre três amigos, durante um almoço informal. Todos eles tinham ligações com os setores de varejo e consumo, e contatos com pessoas do mundo sucroalcooleiro. Assim, surgiu a ideia de embalar a cana-de-açúcar 100% natural. Eles realizaram alguns testes laboratoriais para conseguir manter o produto estável por, ao menos, 30 dias sem conservantes artificiais e fora da cadeia do frio. Só então, cerca de nove meses após essa 1ª conversa, o produto ficou pronto para ir ao mercado.
 
Nesse momento, fui convidado a participar da 1ª rodada da captação com o objetivo de testar o varejo e sentir se haveria procura pelo produto. Discutimos as teses de valuation e investimento, e colocamos um dinheiro para 18 meses de projeto.

 
 
Revista Canavieiros – Qual é a atual produção da Cana Bacana? Em quais locais são encontrados seus produtos?
 
Perri: Atualmente temos capacidade de produzir 20 mil unidades/mês, uma vez que o nosso processo ainda é 100% artesanal. Acreditamos que já no 2º semestre desse ano, por conta da entrada da automação parcial da cadeia produtiva, poderemos aumentar em até 10 vezes essa atual produção. Hoje comercializamos a Cana Bacana e a Cana Turma da Mônica, e ambas são facilmente encontradas em diversas lojas do Pão de Açúcar, Walmart, Hipermercados Zaffari, Eataly, Empório Santa Maria, St Marchê, Varanda, Mundo Verde, Mercado Natural entre outros (90% no estado de São Paulo).


 
Revista Canavieiros – A matéria-prima é própria (cana-de-açúcar) ou adquirem de fornecedores? Por favor, comente como foi feita a escolha das variedades ideais para o produto de vocês.
 
Perri: Não pretendemos ter área própria de cana-de-açúcar, já que queremos focar na produção e comercialização do produto final. A escolha das variedades ideais foi resultado de muitas conversas, viagens, visitas e mapeamentos de áreas produtoras. Selecionamos cerca de 200 alqueires de área plantada em propriedades até 100 km de distância de SP. Assim, conseguimos ter abastecimento o ano todo, mesmo durante os meses de entressafra.

 
 
Revista Canavieiros – Houve a necessidade de maquinário específico para automatizar o processamento?
 
Perri: Por enquanto, seguimos produzindo tudo manualmente. Em paralelo, estamos desenvolvendo equipamento próprio, já que não existe ainda no mercado uma máquina que descasque e porcione a cana-de-açúcar da maneira que precisamos.


 
Revista Canavieiros – O que garante a conservação do alimento sem o uso de aditivos químicos e sem refrigeração?
 
Perri: Esse é o segredo do nosso negócio, tanto que estamos no processo de patentearmos o processo produtivo. As etapas individualmente são conhecidas, mas o resultado é mantido a 7 chaves. Além da matéria-prima em si, adicionamos apenas o ácido ascórbico para controlar o Ph, e os aromas naturais de limão e abacaxi nas versões aromatizadas.

 
Revista Canavieiros – Vocês fizeram uma parceria com a Maurício de Sousa Produções, disponibilizando a “Cana da Turma da Mônica” visando oferecer um lanche mais saudável às crianças. O mercado vem respondendo às suas expectativas?
 
Perri: Sim, o mercado vem respondendo as nossas expectativas. Nosso volume de vendas, sem dúvidas, está mais concentrado na linha da Cana Turma da Mônica. Ficamos muito orgulhosos ao sermos aprovados pela equipe de licenciamento do Maurício de Sousa, e recentemente, renovamos novo acordo por nova “temporada”.


 
Revista Canavieiros – Quais são os planos da startup para o futuro?
 
Perri: Pretendemos expandir as vendas para os demais Estados do Brasil, através de representantes e distribuidores. Além disso, daremos continuidade à iniciativa ligada à exportação. Fizemos três embarques para Dubai (novembro, dezembro e janeiro) e isso deverá gerar novas demandas. Agora, o sonho grande mesmo é poder futuramente levar nossa energia 100% natural, e nossa alegria, para áreas de extrema pobreza – algo como “embarcar” a Cana Bacana no projeto “Médicos sem Fronteira”, e poder de alguma forma minimizar a desnutrição nessas áreas tão necessitadas.

 
 
Revista Canavieiros – Para encerrar, fale um pouco do seu livro “PRA CIMA DELES! #tamojunto” lançado no ano passado. Os potenciais empreendedores podem ver dicas ou encontrar o caminho das pedras para ser bem-sucedido?
 
Perri: Comecei a trabalhar no comércio muito cedo, aos 16 anos de idade. Vinha de uma família de classe média, que sofreu com a crise econômica no final dos anos 80. A oportunidade no ciclo seguinte, foi a abertura do Brasil aos bancos estrangeiros, com expansão enorme do comércio exterior. Eu acabei entrando no mercado financeiro meio sem querer em 1994. Daí em diante foram 20 anos de amor, vivendo as crises e oportunidades do nosso País, sempre dentro de instituições bacanas, das quais me orgulhei fazer parte (Banco CCF Brasil, Hedging Griffo, CSHG, XP Investimentos) e onde criei uma enorme rede de relacionamentos em todas as cadeias. 
Quis passar todas as minhas experiências a limpo. Foram batalhas longas, com quedas, retomadas e vitórias significantes. Minha vontade de compartilhar conhecimento e contribuir na vida dos mais jovens, passou a ser meu propósito de vida. Tudo isso é facilmente comparável a vida de um empreendedor. A próxima oportunidade sempre baterá a sua porta, acredito nisso. 
E não canso de dizer: PRA CIMA DELES! #Tamojunto.