A rebrota fantástica da IACSP95-5094

Variedade possui um tiro inicial bem acima de seus pares

Por: Marino Guerra

Ao rodar diversos canaviais em busca do desempenho da IACSP95-5094, a conclusão mais nítida é a de que quem está num ambiente A e B e não a tem está perdendo produtividade.

Filha da SP80-3280, numa observação superficial, ela é uma cultivar responsiva (elevada produtividade) em ambientes favoráveis, ereta e resistente ao acamamento, tem ótima colheitabilidade, raramente floresce e nunca isoporiza (nem no Cerrado).

A data de colheita ideal é entre julho e setembro, podendo, principalmente por não florescer, alcançar o mês de outubro sem estresse em ambientes superiores, o que dá ao produtor uma janela interessante de corte, especialmente para quem faz esse processo de maneira terceirizada.

Mesmo não sendo recomendado, encontramos o seu cultivo na Fazenda Manoelita (Frutal-MG), onde o cooperado, Waldyr Cunha Júnior, a plantou num ambiente C, dividindo um talhão com a IAC91-1099. No primeiro corte, ocorrido em junho deste ano, o produtor relata que somente pelo visual, a 1099 apresentava um vigor maior, o que parece lógico, já que a "casa" dela são os ambientes médios.

Contudo, a rebrota mostra a 5094 muito mais acelerada que sua vizinha, podendo indicar que num ambiente médio, porém bem cuidado, ela pode dar excelentes resultados. No entanto, Cunha Júnior alerta que, talvez, o resultado tenha sido influenciado pelo outono e inverno de 2019 terem sido melhores em chuvas quando comparados a 2018, o que faz sentido se considerarmos que se trata de uma cana altamente responsiva.

Numa outra fazenda, localizada entre Bebedouro e Terra Roxa, o cooperado José Oswaldo Junqueira Franco cultiva 22 hectares da 5094. Ele conta que na área onde ela passou pelo segundo corte percebeu que sua produção foi melhor em relação à cana planta, mais um indicativo de que ela entrega mais quando tem água.

Nesse local, o seu resultado foi melhor em relação à vizinha RB85-5453, mas é preciso ressaltar que a última colheita aconteceu em julho e a cultivar da Ridesa vai melhor quando o corte acontece no início de safra. 

Cultivada num ambiente B, na primeira área de plantio dela, que passou pelo sexto corte nesta safra, o produtor relata que em todos os anos, até os mais secos, sua soqueira e rebrota nunca decepcionaram.

Outro manejo em que ela vai bem é como cana de ano. Segundo o produtor de Igarapava, Djalma Lutffalla Filho, o plantio da 5094 para colheita em 12 meses lhe rendeu uma produtividade média de 80 toneladas por hectare.

Na Fazenda Santa Rita, unidade da Copercana que fornece mudas, o assistente técnico, Amauri Aparecido da Costa, destaca o rápido fechamento de rua, que acontece entre 80 a 90 dias, como um dos diferenciais da variedade.

Ele ressalta que o padrão de tratamento na fazenda é com tudo do bom e do melhor, assim conclui que, quanto mais investimentos em nutrição e defesa ela tiver, mais vai responder. Prova disso é a produtividade de 130 toneladas por hectare em cinco cortes.

Um outro ponto de destaque da variedade é que ela pode ser considerada uma cana moderna. Isso porque além de se enquadrar muito bem aos padrões da colheita mecânica, por ter uma rebrota alta e consequente fechamento, é indicada para operação orgânica (pois dá menos tempo de sol para as plantas daninhas se desenvolverem) e também, segundo Costa, se adapta à matriz de colheita conhecida como terceiro eixo (a cada ano se prorroga em um mês a colheita).

Um último detalhe da cultivar é a respeito da grande quantidade de palha que produz, exigindo certa atenção do produtor em caso de área com histórico de infestação de cigarrinha, broca e com eventuais incêndios, principalmente se colhida em períodos muito secos. Mas, por outro lado, podendo ser uma característica positiva se o objetivo for manter a umidade do solo, complementar a nutrição com material orgânico ou retirar a palha para queimar na caldeira.