Ações contra o fogo

20/07/2022 Noticias POR: Marino Guerra

Webinar promovido pela Raízen discutiu métodos de combate e prevenção com pontos de vista distintos

No dia 19 de julho, a Raízen promoveu a terceira edição do seminário sobre Prevenção de Incêndios e Mudanças Climáticas o qual abordou ações que estão sendo desenvolvidas sobre o tema perante quatro pontos de vista diferentes: da Raízen, com a participação de seu diretor agrícola, Ricardo Lopes; do fornecedor de cana paulista, através da presença do engenheiro agrônomo da Canasol (Associação dos Fornecedores de Cana de Araraquara), Guilherme Bueno; de um grande produtor do Mato Grosso do Sul, mediante o relato do diretor da Campanário Agropecuária, Rafael Asato e da academia, pela óptica do professor associado do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq/USP, Fábio Marin.

Com a mediação do jornalista Rafael Lisbôa (Exame), o primeiro a fazer uso da palavra foi o professor Marin, que explicou os motivos que levam essa época do ano ser a mais crítica em relação ao risco de fogo nas lavouras canavieiras: “No centro-sul brasileiro, julho e agosto são os dois meses mais secos do ano, isso faz com que a atmosfera passe a absorver água das plantas, da palhada, do solo, o que reduz o teor de umidade, que, por sua vez, o que aumenta a propensão ao fogo”.

Em seguida, ele citou alguns danos ao ambiente produtivo, como a morte de insetos que são inimigos naturais de pragas, perda de material orgânico e o aumento da velocidade na degradação do solo, além do grande problema ambiental que é a volta para o ar de todo carbono que a planta fixou no solo durante seu desenvolvimento e finalizou com a afirmação que, sob o ponto de vista da ciência, é injustificável fazer o uso do fogo.

Reforçando a fala de seu antecessor, Bueno completou testemunhando que todo o setor produtivo se adaptou a trabalhar sem a execução das queimadas, para depois se concentrar na questão da integração entre todos os atores como ferramenta fundamental para diminuir drasticamente o número de ocorrências.

E exemplificou com algumas situações práticas, como a necessidade latente das rodovias e estradas manterem sua faixa de domínio limpa de mato seco (agentes carburantes), principalmente nas suas margens, e a formação de grupos regionalizados com elementos que conheçam a área e se comuniquem de forma efetiva, não somente na hora de emergência, mas também para a transmissão de informações importantes, como a instalação de um ponto de abastecimento de água.

Embora o arsenal tecnológico da Raízen seja algo que chama a atenção, com caminhões pipas sem operadores do canhão (direcionado da cabine) e a formação de uma frota de VIRs (Veículos de Intervenção Rápida), caminhonetes equipadas com um pequeno tanque de água, tablets conectados ao sistema de monitoramento via satélite e rádios; é na comunicação como ferramenta de conscientização que a empresa emprega as maiores expectativas na solução do problema.

Segundo Lopes, está em curso uma campanha cujo objetivo é impactar mais de dois milhões de pessoas que vivem nos entornos das operações da companhia. Com o slogan: “Quem ama a terra, não chama o fogo”, a ação pretende educar sobre as boas práticas através da visita em escolas, carreatas e peças publicitárias que serão veiculadas em mídias diferentes (outdoors, placas, aplicativos de navegação, rádios e jornais regionais).

O executivo informou que o orçamento total (investimento em tecnologia de combate e campanha de conscientização) para a corrente safra vai chegar próximo dos R$ 37 milhões.

“Ano passado, mesmo com a severa estiagem acrescida de geadas, conseguimos reduzir em 15% a área queimada em relação a 2020, contudo nossa meta é zerar. Isso mostra que essa é hoje uma das prioridades da companhia, pois além dos danos ambientais e sociais, também há prejuízos imensuráveis como a destruição de microambientes que levaram anos para serem construídos e a necessidade de se elevar o uso de herbicidas para invasoras de folha larga”.

Na Campanário Agropecuária, operação que trabalha numa área de 37 mil hectares produtora de cana e grãos, além da criação bovina, a estratégia na briga contra o fogo é a adoção de um rigoroso programa de boas práticas.

Nele se destacam ações como o controle de acessos à propriedade, o planejamento de onde os canaviais serão implementados (distantes de moradias, regiões urbanas, barracões, confinamentos, postos de combustíveis, estoque de insumos, silos, entre outros) e deixar o maquinário de combate sempre em prontidão (execução de testes constantes e checagem de abastecimento de água e combustível dos caminhões pipas).

“Sabemos que o fogo é um desastre econômico para o produtor, por isso deixamos nossa equipe de brigadistas alertas para toda região, num momento desses não é hora de olhar custos, até porque se o incêndio chegar, a conta será maior”, disse Asato.