Após cinco temporadas consecutivas com superávit na oferta mundial de açúcar, as projeções para a safra 2015/16 indicam mudança de cenário, baseada em menores produção e estoques globais. Essa perspectiva aliada ao Real desvalorizado e a uma temporada brasileira novamente mais alcooleira devem favorecer os preços internos do açúcar em 2016, que apresentam altas desde o segundo semestre deste ano.
Embora exista consenso quanto a déficit entre as consultorias, a magnitude ainda se apresenta bastante variável, entre 2,5 milhões e 8,2 milhões de toneladas. A Organização Internacional do Açúcar (OIA), por exemplo, prevê déficit mundial de 3,53 milhões de toneladas. Entre os fundamentos das projeções estão aumento nos custos de produção da commodity, a baixa nos preços mundiais, fatores climáticos e demanda global recorde por açúcar.
No Brasil, o fenômeno El Niño já aumentou o volume de chuvas no Centro-Sul e o reduziu na região Nordeste. Isso vem atrasando o término da safra (normalmente de abril a novembro) no Centro-Sul, comprometendo pontualmente a oferta. Algumas usinas consultadas pelo Cepea sinalizam que devem encerrar a moagem apenas em janeiro/2016, enquanto outras planejam mesmo emendar a colheita das duas temporadas (2016/17). Isso pode aliviar um pouco os efeitos de um maior direcionamento da cana para etanol e reduzir a pressão altista sobre os preços.
As precipitações podem ser benéficas para a safra 2016/17 do Centro-Sul, que pode começar em março de 2016. Consultorias têm indicado que, em face da expectativa de aumento da produção na região Centro-Sul, algumas usinas já teriam, em dezembro, fixado os preços de um volume maior de açúcar que em mesmo período do ano passado.
Já no Nordeste brasileiro, a expectativa para a safra 2015/16 (normalmente de novembro a abril) é de produção menor em decorrência da forte seca que atinge as principais regiões canavieiras da região. Em Alagoas e Pernambuco, os dois principais estados produtores do Nordeste, a queda na produção de açúcar deve ficar próxima dos 10%. Além disso, a temporada deve ter mix mais alcooleiro, puxado pela demanda elevada pelo biocombustível, assim como ocorreu no Centro-Sul. Com isso, os preços do açúcar nordestino podem permanecer elevados, também favorecidos pela valorização do produto goiano, forte concorrente.
No que tange às exportações brasileiras de açúcar, parece plausível esperar que, no próximo ano, os volumes sejam superiores aos da presente safra, em face da tendência de preços crescentes e que deve se sustentar devido ao déficit global previsto para a commodity. A esse fator deve-se somar o efeito de uma taxa de câmbio relativamente elevada, o que também deve favorecer as exportações.
No mercado internacional, segundo o USDA, grandes players como China, Índia e UE deverão produzir menos, sustentando a reversão de tendência já iniciada no final de 2015. No caso da China, que assumiu o papel de maior importador da commodity, espera-se queda na produção de 3,82% e redução de 20,1% nos estoques, na comparação com a última safra (2014/15). Assim, a expectativa é de que a China aumente as importações de açúcar em cerca de 9%, podendo chegar a 5,5 milhões toneladas. O consumo chinês deve permanecer estável, em torno de 17,5 milhões de toneladas.
Para a Índia – segundo maior produtor e maior consumidor de açúcar –, o USDA estima produção de 28,53 milhões de toneladas para a safra 2015/16, o que representaria 6% a menos que na temporada passada, devido a prejuízos causados pelo El Niño nas principais regiões produtoras. Durante o ano safra 2015/16, o consumo no país deverá ser de 28 milhões de toneladas, aumento de 2,96% em relação a 2014/15.
A União Europeia deve produzir 16,1 milhões de toneladas de açúcar no período, volume 4% menor que o da temporada anterior, de 16,75 milhões de toneladas, segundo dados do USDA. Os baixos preços do açúcar praticados na última safra nos mercados europeu e internacional desencorajaram os agricultores a ampliar ou manter as áreas cultivadas com a beterraba açucareira na safra 2015/16.
ETANOL/CEPEA: Consumo e tributação podem sustentar recuperação do setor em 2016
Mesmo com perspectivas de continuidade da crise econômica no País, o mercado de etanol espera cenário um pouco mais positivo em 2016. O consumo aquecido no correr de 2015 e os aumentos de preços no acumulado do ano podem representar o início, ainda que de forma gradativa, de uma retomada da rentabilidade do setor, que há alguns anos amarga custos de produção em alta e prejuízos financeiros. Por outro lado, como há expectativa de crescimento no volume produzido, é preciso planejamento ao longo da safra para manter a cadeia sustentável.
A possibilidade de aumento da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) incidente sobre a gasolina acima dos atuais R$ 0,10 por litro também é vista como reforço à competitividade do biocombustível (hidratado), que se mostrou vantajoso frente ao derivado fóssil nos postos durante praticamente todo o ano de 2015.
Do lado da oferta, usinas devem continuar priorizando a produção de etanol em detrimento do açúcar na safra 2016/17, que começa oficialmente em abril do ano que vem. Preliminarmente, a moagem de cana-de-açúcar em 2016/17 no Centro-Sul é estimada entre 615 milhões e 630 milhões de toneladas pela consultoria Agroconsult, o que representaria aumento de até 5% sobre o volume projetado para a temporada atual, de 600 milhões de toneladas.
De abril até a primeira quinzena de dezembro/15, o volume processado de cana também na região Centro-Sul somou 581,3 milhões de toneladas, crescimento de 3% frente às 564,4 milhões de toneladas registradas em igual período do ciclo anterior, conforme a Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar). Em maio, a projeção era de 590 milhões de toneladas para a safra toda, ante as 571,34 milhões de toneladas da temporada anterior (2014/15). A produção de etanol já soma 26,6 bilhões de litros (16,3 bilhões de litros de hidratado e 10,3 bilhões de litros de anidro) também de abril até a primeira metade de dezembro, 3,4% superior à do mesmo intervalo de 2014 (25,7 bilhões de litros). Para a safra completa, a Unica projetava em maio 27,277 bilhões de litros.
Para o início da próxima temporada, o contrato do etanol hidratado na BM&FBovespa com vencimento em maio/16 aponta R$ 1.455,00/m3 (fechamento de 23 de dezembro/15), 27,4% acima do valor de liquidação do contrato Maio/2015, de R$ 1.142,00/m3. Vale ressaltar que os efeitos do clima têm importante peso no andamento das atividades da safra e, consequentemente, nos preços.
No front externo, o dólar valorizado frente ao Real deve continuar favorecendo as exportações brasileiras de etanol, tanto em volume como em receita. O setor também espera manter as negociações com o mercado norte-americano. Recentemente, o país anunciou, por meio da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), nova regulamentação que estabelece que em 2016 serão misturados 68,5 bilhões de litros de combustíveis renováveis à gasolina em território norte-americano.
De janeiro a novembro deste ano, o Brasil exportou 781 milhões de litros de etanol aos EUA, 13,6% a mais que em igual intervalo de 2014, segundo dados da Secex.
Após cinco temporadas consecutivas com superávit na oferta mundial de açúcar, as projeções para a safra 2015/16 indicam mudança de cenário, baseada em menores produção e estoques globais. Essa perspectiva aliada ao Real desvalorizado e a uma temporada brasileira novamente mais alcooleira devem favorecer os preços internos do açúcar em 2016, que apresentam altas desde o segundo semestre deste ano.
Embora exista consenso quanto a déficit entre as consultorias, a magnitude ainda se apresenta bastante variável, entre 2,5 milhões e 8,2 milhões de toneladas. A Organização Internacional do Açúcar (OIA), por exemplo, prevê déficit mundial de 3,53 milhões de toneladas. Entre os fundamentos das projeções estão aumento nos custos de produção da commodity, a baixa nos preços mundiais, fatores climáticos e demanda global recorde por açúcar.
No Brasil, o fenômeno El Niño já aumentou o volume de chuvas no Centro-Sul e o reduziu na região Nordeste. Isso vem atrasando o término da safra (normalmente de abril a novembro) no Centro-Sul, comprometendo pontualmente a oferta. Algumas usinas consultadas pelo Cepea sinalizam que devem encerrar a moagem apenas em janeiro/2016, enquanto outras planejam mesmo emendar a colheita das duas temporadas (2016/17). Isso pode aliviar um pouco os efeitos de um maior direcionamento da cana para etanol e reduzir a pressão altista sobre os preços.
As precipitações podem ser benéficas para a safra 2016/17 do Centro-Sul, que pode começar em março de 2016. Consultorias têm indicado que, em face da expectativa de aumento da produção na região Centro-Sul, algumas usinas já teriam, em dezembro, fixado os preços de um volume maior de açúcar que em mesmo período do ano passado.
Já no Nordeste brasileiro, a expectativa para a safra 2015/16 (normalmente de novembro a abril) é de produção menor em decorrência da forte seca que atinge as principais regiões canavieiras da região. Em Alagoas e Pernambuco, os dois principais estados produtores do Nordeste, a queda na produção de açúcar deve ficar próxima dos 10%. Além disso, a temporada deve ter mix mais alcooleiro, puxado pela demanda elevada pelo biocombustível, assim como ocorreu no Centro-Sul. Com isso, os preços do açúcar nordestino podem permanecer elevados, também favorecidos pela valorização do produto goiano, forte concorrente.
No que tange às exportações brasileiras de açúcar, parece plausível esperar que, no próximo ano, os volumes sejam superiores aos da presente safra, em face da tendência de preços crescentes e que deve se sustentar devido ao déficit global previsto para a commodity. A esse fator deve-se somar o efeito de uma taxa de câmbio relativamente elevada, o que também deve favorecer as exportações.
No mercado internacional, segundo o USDA, grandes players como China, Índia e UE deverão produzir menos, sustentando a reversão de tendência já iniciada no final de 2015. No caso da China, que assumiu o papel de maior importador da commodity, espera-se queda na produção de 3,82% e redução de 20,1% nos estoques, na comparação com a última safra (2014/15). Assim, a expectativa é de que a China aumente as importações de açúcar em cerca de 9%, podendo chegar a 5,5 milhões toneladas. O consumo chinês deve permanecer estável, em torno de 17,5 milhões de toneladas.
Para a Índia – segundo maior produtor e maior consumidor de açúcar –, o USDA estima produção de 28,53 milhões de toneladas para a safra 2015/16, o que representaria 6% a menos que na temporada passada, devido a prejuízos causados pelo El Niño nas principais regiões produtoras. Durante o ano safra 2015/16, o consumo no país deverá ser de 28 milhões de toneladas, aumento de 2,96% em relação a 2014/15.
A União Europeia deve produzir 16,1 milhões de toneladas de açúcar no período, volume 4% menor que o da temporada anterior, de 16,75 milhões de toneladas, segundo dados do USDA. Os baixos preços do açúcar praticados na última safra nos mercados europeu e internacional desencorajaram os agricultores a ampliar ou manter as áreas cultivadas com a beterraba açucareira na safra 2015/16.
ETANOL/CEPEA: Consumo e tributação podem sustentar recuperação do setor em 2016
Mesmo com perspectivas de continuidade da crise econômica no País, o mercado de etanol espera cenário um pouco mais positivo em 2016. O consumo aquecido no correr de 2015 e os aumentos de preços no acumulado do ano podem representar o início, ainda que de forma gradativa, de uma retomada da rentabilidade do setor, que há alguns anos amarga custos de produção em alta e prejuízos financeiros. Por outro lado, como há expectativa de crescimento no volume produzido, é preciso planejamento ao longo da safra para manter a cadeia sustentável.
A possibilidade de aumento da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) incidente sobre a gasolina acima dos atuais R$ 0,10 por litro também é vista como reforço à competitividade do biocombustível (hidratado), que se mostrou vantajoso frente ao derivado fóssil nos postos durante praticamente todo o ano de 2015.
Do lado da oferta, usinas devem continuar priorizando a produção de etanol em detrimento do açúcar na safra 2016/17, que começa oficialmente em abril do ano que vem. Preliminarmente, a moagem de cana-de-açúcar em 2016/17 no Centro-Sul é estimada entre 615 milhões e 630 milhões de toneladas pela consultoria Agroconsult, o que representaria aumento de até 5% sobre o volume projetado para a temporada atual, de 600 milhões de toneladas.
De abril até a primeira quinzena de dezembro/15, o volume processado de cana também na região Centro-Sul somou 581,3 milhões de toneladas, crescimento de 3% frente às 564,4 milhões de toneladas registradas em igual período do ciclo anterior, conforme a Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar). Em maio, a projeção era de 590 milhões de toneladas para a safra toda, ante as 571,34 milhões de toneladas da temporada anterior (2014/15). A produção de etanol já soma 26,6 bilhões de litros (16,3 bilhões de litros de hidratado e 10,3 bilhões de litros de anidro) também de abril até a primeira metade de dezembro, 3,4% superior à do mesmo intervalo de 2014 (25,7 bilhões de litros). Para a safra completa, a Unica projetava em maio 27,277 bilhões de litros.
Para o início da próxima temporada, o contrato do etanol hidratado na BM&FBovespa com vencimento em maio/16 aponta R$ 1.455,00/m3 (fechamento de 23 de dezembro/15), 27,4% acima do valor de liquidação do contrato Maio/2015, de R$ 1.142,00/m3. Vale ressaltar que os efeitos do clima têm importante peso no andamento das atividades da safra e, consequentemente, nos preços.
No front externo, o dólar valorizado frente ao Real deve continuar favorecendo as exportações brasileiras de etanol, tanto em volume como em receita. O setor também espera manter as negociações com o mercado norte-americano. Recentemente, o país anunciou, por meio da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), nova regulamentação que estabelece que em 2016 serão misturados 68,5 bilhões de litros de combustíveis renováveis à gasolina em território norte-americano.
De janeiro a novembro deste ano, o Brasil exportou 781 milhões de litros de etanol aos EUA, 13,6% a mais que em igual intervalo de 2014, segundo dados da Secex.