Nascido e criado à beira de canaviais, o mestrando do programa de Solos e Nutrição de Plantas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), Saulo Augusto Quassi de Castro, não teve dúvidas de que poderia recorrer à pesquisa para resolver problemas da lavoura.
Foi então que em 2014 começou, durante o mestrado, a estudar o uso de adubo verde como alternativa para aumentar a longevidade do cultivo de cana-de-açúcar quando há interesse em retirar a palhada da lavoura para fins de produção de etanol de segunda geração ou energia renovável.
Além de garantir renda extra ao produtor de forma sustentável, a rotação tem mostrado potencial de reduzir aplicações de fertilizantes. De acordo com Castro, os estudos consideram a característica semi-perene do cultivo e estão sendo feitos no longo prazo. Há três safras ele acompanha um experimento com Crotolaria spectabilis e, no futuro, pretende avaliar o potencial de leguminosas de uso comercial.
“Com a crotalária já percebemos que é possível retirar mais palha do canavial porque você tem um aporte de matéria orgânica e nutrientes, o que preserva o perfil do solo”, diz. A pesquisa está em andamento e deve ser publicada em março do próximo ano. Com os dados brutos em mãos, Castro está prestes a compilar as estatísticas.
Um problema complexo - Nos tratamentos estudados, o pesquisador observou a eficiência do uso de nitrogênio pela cana-de-açúcar em função das doses aplicadas em área de pousio e rotação.
“Usamos fertilizante enriquecido com nitrogênio 15, que permite fazer a aplicação e ver onde ele está. Se está no solo, quantos % ficou na planta, se está no colmo, no ponteiro, definindo se é preciso aumentar ou diminuir a dose”, diz. E uma das constatações foi de que a crotalária dá resposta no longo prazo.
“Em solos com fertilidade intermediária, argilosos, mas com alguma deficiência de nutriente, ela possibilitou maior produtividade da cana”, afirma o pesquisador, o que não quer dizer que dispense a aplicação de nitrogênio. “A quantidade varia conforme as características de cada lugar, mas a aplicação de N não foi dispensável. Porque além de corrigir e dar nutriente para cultura, o produtor precisa entender que tem que suprir as necessidades do solo”, explica Castro.
De acordo com ele, se a relação C/N (carbono/nitrogênio) não estiver dentro dos parâmetros adequados o nitrogênio que iria para a planta pode ser imobilizado para favorecer o processo de degradação do tecido vegetal, ou seja, da palhada. “Ainda assim, a redução já deve trazer um impacto positivo para o produtor, que hoje tem que importar a maior parte desses produtos e tem prejuízo em anos em que o açúcar e o etanol estão em baixa”, diz.
O benefício vai além do bolso: “Outra vantagem é que o adubo verde melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, contribui para a absorção de nutrientes pela raiz e permite que, mesmo retirando a palha, no futuro, você não tenha que fazer uma reconstrução do perfil do solo”.
De acordo com o pesquisador, um dos maiores problemas hoje é a retirada total dessa cobertura, que não se sabe ao certo que prejuízos pode trazer. “A colheita da cana-de-açúcar até meados de 1997 era realizada por meio da queima do canavial, e gradativamente isso veio mudando. A palha era queimada e uma pequena porção de nutrientes ficava depositada com as cinzas”. Agora, o cenário é outro com a presença da palhada – que
mantém a umidade do solo, inibe o crescimento de invasoras e auxilia a ciclagem de nutrientes. Apesar de também ter um porém, que é a criação de uma barreira entre o solo e os fertilizantes.
Diante disso, a necessidade de adubação passou a ser uma área muito estudada, e alguns estudos demonstraram que a eficiência do uso de nitrogênio não diminui com a palhada sobre o solo e a dose pode ser mantida, enquanto outros estudos demonstraram o contrário, afirma Castro em um de seus artigos publicados. Pelo sim e pelo não, é indispensável fazer um acompanhamento e análises do solo.
Fora isso, segundo o pesquisador, a entrada de maquinário de grande porte na lavoura associada à falta de instrumentos que façam a remoção da palha exige atenção. De acordo com ele, em geral, o produtor usa sua enfardadeira de resíduos para dar conta da retirada e, uma vez que a máquina anda sobre linha da cultura, isso pode gerar pisoteio ou arranquio da soqueira.
Então, são duas as questões que se somam: retirada da palhada e ação de máquinas sobre o solo. Desafios para os quais a crotalária pode ajudar. “Daí a importância de consorciar a adubação verde”, diz o pesquisador, “para dar suporte e não deixar o solo se exaurir ao longo do tempo”. Maiores detalhes sobre a pesquisa serão tratados em breve, tanto em termos de melhoria da fertilidade do solo como em aumento da produtividade da cana.
Nascido e criado à beira de canaviais, o mestrando do programa de Solos e Nutrição de Plantas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), Saulo Augusto Quassi de Castro, não teve dúvidas de que poderia recorrer à pesquisa para resolver problemas da lavoura.
Foi então que em 2014 começou, durante o mestrado, a estudar o uso de adubo verde como alternativa para aumentar a longevidade do cultivo de cana-de-açúcar quando há interesse em retirar a palhada da lavoura para fins de produção de etanol de segunda geração ou energia renovável.
Além de garantir renda extra ao produtor de forma sustentável, a rotação tem mostrado potencial de reduzir aplicações de fertilizantes. De acordo com Castro, os estudos consideram a característica semi-perene do cultivo e estão sendo feitos no longo prazo. Há três safras ele acompanha um experimento com Crotolaria spectabilis e, no futuro, pretende avaliar o potencial de leguminosas de uso comercial.
“Com a crotalária já percebemos que é possível retirar mais palha do canavial porque você tem um aporte de matéria orgânica e nutrientes, o que preserva o perfil do solo”, diz. A pesquisa está em andamento e deve ser publicada em março do próximo ano. Com os dados brutos em mãos, Castro está prestes a compilar as estatísticas.
Um problema complexo - Nos tratamentos estudados, o pesquisador observou a eficiência do uso de nitrogênio pela cana-de-açúcar em função das doses aplicadas em área de pousio e rotação.
“Usamos fertilizante enriquecido com nitrogênio 15, que permite fazer a aplicação e ver onde ele está. Se está no solo, quantos % ficou na planta, se está no colmo, no ponteiro, definindo se é preciso aumentar ou diminuir a dose”, diz. E uma das constatações foi de que a crotalária dá resposta no longo prazo.
“Em solos com fertilidade intermediária, argilosos, mas com alguma deficiência de nutriente, ela possibilitou maior produtividade da cana”, afirma o pesquisador, o que não quer dizer que dispense a aplicação de nitrogênio. “A quantidade varia conforme as características de cada lugar, mas a aplicação de N não foi dispensável. Porque além de corrigir e dar nutriente para cultura, o produtor precisa entender que tem que suprir as necessidades do solo”, explica Castro.
De acordo com ele, se a relação C/N (carbono/nitrogênio) não estiver dentro dos parâmetros adequados o nitrogênio que iria para a planta pode ser imobilizado para favorecer o processo de degradação do tecido vegetal, ou seja, da palhada.
“Ainda assim, a redução já deve trazer um impacto positivo para o produtor, que hoje tem que importar a maior parte desses produtos e tem prejuízo em anos em que o açúcar e o etanol estão em baixa”, diz.
O benefício vai além do bolso: “Outra vantagem é que o adubo verde melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, contribui para a absorção de nutrientes pela raiz e permite que, mesmo retirando a palha, no futuro, você não tenha que fazer uma reconstrução do perfil do solo”.
De acordo com o pesquisador, um dos maiores problemas hoje é a retirada total dessa cobertura, que não se sabe ao certo que prejuízos pode trazer. “A colheita da cana-de-açúcar até meados de 1997 era realizada por meio da queima do canavial, e gradativamente isso veio mudando. A palha era queimada e uma pequena porção de nutrientes ficava depositada com as cinzas”. Agora, o cenário é outro com a presença da palhada – que
mantém a umidade do solo, inibe o crescimento de invasoras e auxilia a ciclagem de nutrientes. Apesar de também ter um porém, que é a criação de uma barreira entre o solo e os fertilizantes.
Diante disso, a necessidade de adubação passou a ser uma área muito estudada, e alguns estudos demonstraram que a eficiência do uso de nitrogênio não diminui com a palhada sobre o solo e a dose pode ser mantida, enquanto outros estudos demonstraram o contrário, afirma Castro em um de seus artigos publicados. Pelo sim e pelo não, é indispensável fazer um acompanhamento e análises do solo.
Fora isso, segundo o pesquisador, a entrada de maquinário de grande porte na lavoura associada à falta de instrumentos que façam a remoção da palha exige atenção. De acordo com ele, em geral, o produtor usa sua enfardadeira de resíduos para dar conta da retirada e, uma vez que a máquina anda sobre linha da cultura, isso pode gerar pisoteio ou arranquio da soqueira.
Então, são duas as questões que se somam: retirada da palhada e ação de máquinas sobre o solo. Desafios para os quais a crotalária pode ajudar. “Daí a importância de consorciar a adubação verde”, diz o pesquisador, “para dar suporte e não deixar o solo se exaurir ao longo do tempo”. Maiores detalhes sobre a pesquisa serão tratados em breve, tanto em termos de melhoria da fertilidade do solo como em aumento da produtividade da cana.