Por: Marino Guerra
Daqui a algumas décadas, quando as futuras gerações forem estudar a principal recessão da história do país em uma realidade (se Deus quiser e os próprios brasileiros não atrapalharem votando errado) na qual o Brasil será reconhecido como a nação líder mundial no fornecimento de alimentos, energia e tecnologia para a produção dos dois, vai ver que foi graças à inquietude do agronegócio que fez a economia enfrentar o seu período crítico e ser o seu líder ao seu período virtuoso, esperado desde a sua descoberta.
E assim, como a semana de arte moderna de 1922 ficou marcada como o principal evento das artes brasileiras no século passado, a Agrishow também será identificada como o evento que traduzirá toda essa evolução.
Como o toque de um motor que gera força bruta aos tratores mais parrudos apresentados no evento, foi o seu resultado final, crescimento de 22% em relação à edição passada em volume de negócios e, entre vendas já realizadas e perspectivas de negócios a serem fechados até o final do ano, crescimento de R$ 500 milhões, de R$ 2,2 bilhões em 2017 para R$ 2,8 bilhões na edição que aconteceu entre os dias 30 de abril e 4 de maio.
Só para ilustrar, se a Agrishow fosse um país, ela cresceria 3,8 vezes mais que a China (considerando que o PIB do gigante asiático feche dezembro de 2018 com um resultado positivo de 7%), somente na negociação de produtos da feira, sem contar em toda a movimentação financeira que os cerca de 150 mil visitantes proporcionaram com alimentação, hospedagem, transporte e outros.
A certeza de que uma notícia muito boa estava começando a ser desenhada veio logo na cerimônia de abertura. Parecia que os líderes ali presentes ignoravam a imprevisibilidade de um evento e já conheciam o seu resultado, talvez devido a experiência em se completar 25 edições e a concretização do objetivo em transformar feiras agropecuárias que tinham o propósito mais voltado ao entretenimento em um evento de ponta focado no lançamento de tecnologias e geração de negócios, justificasse essa confiança apresentada nos discursos de FraciscoMaturro (presidente da feira), João Carlos Marchesan (presidente do conselho da Abimaq), entre outras lideranças setoriais, políticas e empresariais demonstraram ao longo daquela manhã de segunda-feira.
Ainda sobre a cerimônia inaugural, Maturro fez questão de agradecer ao apoio que todos os secretários de Agricultura deram para a realização e crescimento do evento:
“Desde o Roberto Rodrigues, que na ocasião da primeira Agrishow comandava a agropecuária paulista, passando pelo Duarte Nogueira, que sempre foi um grande entusiasta do evento, até chegar ao Arnaldo Jardim no passado mais recente, e o Francisco Jardim na edição que se inicia hoje, todos os ocupantes da pasta têm uma parcela muito grande de responsabilidade pela importância mundial que essa feira atingiu hoje”.
Outra característica do seu discurso foi sobre a união entre urbano e rural, na qual ele enfatizou a necessidade de ambos andarem juntos na busca de gerar vitórias expressivas do Brasil como uma nação protagonista no cenário mundial do futuro.
Marchesan também enfatizou a relevância do agro hoje para o país, mencionando que aquela era a primeira edição a receber a presença se um ministro da fazenda (Eduardo Guardia esteve presente na cerimônia inaugural).
Todas em uma
O mais mágico de um evento como a Agrishow não é o seu grande público, o volume de negócios e, muito menos, as autoridades que a visitam. Mas a abertura de uma janela que todo ano se abre para o futuro e mostra de maneira muito nítida como será feito o preparo de solo, os tratos culturais e colheita, em um breve espaço de tempo.
Na edição de 2018 não foi diferente principalmente porque cada grande marca levou inovações em campos distintos, facilitando a conclusão que os tratores e colhedoras do futuro terão na mesma unidade o que cada uma focou, ou seja, será a tecnologia de todas em uma.
Quando essa infusão acontecer, o combustível não será mais o diesel, onde ao que tudo indica, será substituído pelo biometano, como a New Holland mostrou de maneira impactante no evento.
Também dá para cravar que todas as máquinas da frota estarão conectadas, enviando e recebendo dados e comandos em tempo real, o que minimizará o máximo de custos possíveis e ao mesmo tempo maximizará todas as funções de uma operação agrícola, como o John Deere destacou em todo o seu estande.
E o futuro será sensorial, grande parte das manutenções e até mesmo consertos se darão através do uso de ferramentas de realidade virtual, além da utilização de cada vez mais sensores responsáveis por reduzir falhas humanas, como foi a base do portfólio de novidades da Case.
Para fechar os quatro pilares da perfeição, está a capacidade de customização de uma máquina, tornando-se possível que atenda às necessidades em realidades específicas, a Valtra mostrou essa capacidade mesmo no caso de um produto tão distinto como a colhedora de cana, que através de adaptações rápidas, é possível dar nova funcionalidade a ela.
Então as gigantes do ringue que veremos em breve desfilando nos campos não emitirão mais a fumaça preta, estarão inteiramente conectadas com uma central, terão diversos sensores que agilizarão o trabalho do operador e serão mutáveis ao ponto de atender a diversas necessidades da operação.
A dúvida fica se a primeira a reunir todas essas características será azul, vermelha, verde ou amarela? No entanto, a cada Agrishow esta resposta estará mais clara.
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