Ajuda tardia e insuficiente

26/04/2013 Etanol POR: O Estado de S. Paulo
As medidas de apoio ao setor do etanol anunciadas pelo governo devem aliviar os problemas financeiros mais agudos das usinas, mas chegam tarde, são insuficientes para assegurar a saúde econômico-financeira das empresas e não bastarão para impulsionar investimentos em expansão e renovação dos canaviais. Passada a euforia que marcou o discurso do governo petista a respeito do etanol na década passada, quando o então presidente Lula anunciava que o Brasil seria o grande fornecedor mundial de um combustível limpo e obtido de fontes renováveis, não há nenhuma segurança de que o País conseguirá aumentar sua produção no ritmo em que crescem as vendas de automóveis bicombustíveis (flex fuel). Persiste o risco de falta do produto no mercado interno.
Do lado das empresas, a situação, ruim, não deve melhorar com rapidez, a despeito de o setor ter considerado bem-vindas as medidas anunciadas pelo governo, entre as quais a desoneração do PIS/Cofins sobre o produto, hoje de R$ 0,12 por litro, e a criação de uma linha de crédito no BNDES, de R$ 4 bilhões por ano, para renovação e ampliação de plantações de cana e aumento da capacidade de estoque das usinas.
Pelo menos 30% das usinas, que enfrentam graves dificuldades financeiras, não terão condições de habilitar-se para obter os financiamentos anunciados. Nos últimos cinco anos, segundo registros da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), 40 usinas de açúcar e álcool encerraram suas atividades e, neste ano, outras 12 devem seguir esse caminho, por causa dos prejuízos que têm sofrido.
Nos últimos anos, enquanto crescia rapidamente a frota de veículos bicombustíveis, a oferta interna de etanol encolhia. Além de safras ruins, ora prejudicadas por excesso de chuvas e ora por seca, as políticas do governo para os combustíveis passaram por mudanças que prejudicaram o setor.
O desalinhamento do preço dos combustíveis com a realidade do mercado internacional foi compensado, algumas vezes, com a redução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico para evitar que o aumento concedido às refinarias (basicamente, para a Petrobrás) chegasse ao preço pago pelo consumidor. Já o produtor do álcool adicionado à gasolina ou vendido nos postos de abastecimentos não recebia nenhum benefício, o que reduzia sua margem e, em alguns casos, tornou sua operação financeiramente inviável.
Observe-se que o aumento de 20% para 25% da mistura do etanol na gasolina, embora garanta mais mercado para o combustível, terá também efeito importante nas finanças da Petrobrás. Com mais álcool no combustível, a estatal poderá reduzir o volume de gasolina que, por não conseguir produzir em suas refinarias, precisa importar a preços que lhe causam prejuízos.
A demagógica exploração, pelo governo do PT, das descobertas do pré-sal resultou no quase abandono do discurso de transformação do etanol brasileiro no combustível limpo para o mundo.
As mudanças no discurso do governo sobre o etanol somaram-se aos efeitos da crise mundial para provocar forte queda na produção do combustível. Entre 2003 e 2008, a produção brasileira cresceu 13% ao ano, o que permitiu ao País tornar-se exportador e até almejar, como proclamava o ex-presidente Lula, tornar-se grande fornecedor mundial de etanol. Depois de alcançar 27,7 bilhões de litros na safra 2008/2009, porém, a produção caiu abruptamente, para 22,7 bilhões de litros na safra 2011/2012. Em 2011, o País importou 1,5 bilhão de litros de etanol e, no ano passado, 500 milhões de litros.
Os incentivos anunciados pelo governo contribuem para recompor as margens de operação das usinas e reforçar seu caixa. Mas não bastam para dar aos produtores a segurança de que eles necessitam para investir. Não há nenhuma diretriz nova na política energética do governo e nenhuma indicação de que o etanol terá maior peso na matriz energética do País. Sem isso, não vale a pena investir no aumento da produção. 
Editorial
As medidas de apoio ao setor do etanol anunciadas pelo governo devem aliviar os problemas financeiros mais agudos das usinas, mas chegam tarde, são insuficientes para assegurar a saúde econômico-financeira das empresas e não bastarão para impulsionar investimentos em expansão e renovação dos canaviais. Passada a euforia que marcou o discurso do governo petista a respeito do etanol na década passada, quando o então presidente Lula anunciava que o Brasil seria o grande fornecedor mundial de um combustível limpo e obtido de fontes renováveis, não há nenhuma segurança de que o País conseguirá aumentar sua produção no ritmo em que crescem as vendas de automóveis bicombustíveis (flex fuel). Persiste o risco de falta do produto no mercado interno.
Do lado das empresas, a situação, ruim, não deve melhorar com rapidez, a despeito de o setor ter considerado bem-vindas as medidas anunciadas pelo governo, entre as quais a desoneração do PIS/Cofins sobre o produto, hoje de R$ 0,12 por litro, e a criação de uma linha de crédito no BNDES, de R$ 4 bilhões por ano, para renovação e ampliação de plantações de cana e aumento da capacidade de estoque das usinas.
Pelo menos 30% das usinas, que enfrentam graves dificuldades financeiras, não terão condições de habilitar-se para obter os financiamentos anunciados. Nos últimos cinco anos, segundo registros da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), 40 usinas de açúcar e álcool encerraram suas atividades e, neste ano, outras 12 devem seguir esse caminho, por causa dos prejuízos que têm sofrido.
Nos últimos anos, enquanto crescia rapidamente a frota de veículos bicombustíveis, a oferta interna de etanol encolhia. Além de safras ruins, ora prejudicadas por excesso de chuvas e ora por seca, as políticas do governo para os combustíveis passaram por mudanças que prejudicaram o setor.
O desalinhamento do preço dos combustíveis com a realidade do mercado internacional foi compensado, algumas vezes, com a redução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico para evitar que o aumento concedido às refinarias (basicamente, para a Petrobrás) chegasse ao preço pago pelo consumidor. Já o produtor do álcool adicionado à gasolina ou vendido nos postos de abastecimentos não recebia nenhum benefício, o que reduzia sua margem e, em alguns casos, tornou sua operação financeiramente inviável.
Observe-se que o aumento de 20% para 25% da mistura do etanol na gasolina, embora garanta mais mercado para o combustível, terá também efeito importante nas finanças da Petrobrás. Com mais álcool no combustível, a estatal poderá reduzir o volume de gasolina que, por não conseguir produzir em suas refinarias, precisa importar a preços que lhe causam prejuízos.
A demagógica exploração, pelo governo do PT, das descobertas do pré-sal resultou no quase abandono do discurso de transformação do etanol brasileiro no combustível limpo para o mundo.
As mudanças no discurso do governo sobre o etanol somaram-se aos efeitos da crise mundial para provocar forte queda na produção do combustível. Entre 2003 e 2008, a produção brasileira cresceu 13% ao ano, o que permitiu ao País tornar-se exportador e até almejar, como proclamava o ex-presidente Lula, tornar-se grande fornecedor mundial de etanol. Depois de alcançar 27,7 bilhões de litros na safra 2008/2009, porém, a produção caiu abruptamente, para 22,7 bilhões de litros na safra 2011/2012. Em 2011, o País importou 1,5 bilhão de litros de etanol e, no ano passado, 500 milhões de litros.
Os incentivos anunciados pelo governo contribuem para recompor as margens de operação das usinas e reforçar seu caixa. Mas não bastam para dar aos produtores a segurança de que eles necessitam para investir. Não há nenhuma diretriz nova na política energética do governo e nenhuma indicação de que o etanol terá maior peso na matriz energética do País. Sem isso, não vale a pena investir no aumento da produção. 
Editorial