Alta da gasolina para consumidor deve ser de R$ 0,16 a R$ 0,18, diz sindicato

01/10/2015 Combustível POR: Folha de São Paulo
O reajuste de 6% no preço da gasolina nas refinarias a partir desta quarta-feira (30) deve ser totalmente repassado para o consumidor nas bombas, segundo José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro (sindicato dos postos de combustível de São Paulo).
O impacto na inflação deve ser de até 0,16 ponto percentual, concentrados em outubro, segundo analistas consultados pela Folha.
"Acreditamos que, para o consumidor, a alta deverá ficar entre R$ 0,16 e R$ 0,18 [por litro]. Além dos 6%, que deverão ser repassados, há a incidência do PIS/Confins e do ICMS sobre uma base de compra maior", afirmou.
A Folha apurou que alguns postos já cogitam elevar o preço em R$ 0,20.
O preço nas bombas é livre e costuma ser reajustado à medida que o combustível com preço novo chega aos postos, mas o presidente do Sincopetro admite que pode haver aumento imediato para fazer caixa para a próxima compra.
"Não vai haver o lucro do tipo 'eu paguei mais barato, vou vender mais caro'. Ninguém sabia dessa alta, ninguém se preparou. O estoque é pequeno. Então o dono do posto vai repassar a alta imediatamente, já que ou ele aumenta agora ou não vai ter caixa para a próxima compra", disse. Os estoques, completa, duram entre dois e três dias
Para o Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), o repasse ficará entre 3% e 4% na média nacional.
INFLAÇÃO
Flávio Serrano, economista do banco chinês Haitong, estima um aumento de 4% a 4,5% do preço da gasolina nas bombas. Isso significa um impacto de 0,16 ponto percentual no IPCA, o índice oficial de inflação.
"Qualquer inflação a mais num ano tão ruim é negativo. E fomos pegos de surpresa, não esperávamos o aumento por agora", disse Serrano, que elevou sua previsão de inflação para este ano de 9,4% para 9,5%.
O peso da gasolina na formação do IPCA é de 3,84 pontos percentuais, enquanto que o do diesel é de 0,15 ponto. Com isso, Serrano disse ainda que o reajuste de 4% no preço do diesel nas refinarias não terá impacto relevante sobre a inflação. O combustível é muito usado na frota de caminhões e seu impacto é menor e mais demorado sobre os preços aos consumidores.
A partir de outubro o preço do etanol anidro, um dos componentes da gasolina tipo C, vendida nos postos, pode subir por causa da entressafra da cana-de-açúcar, colocando um pouco mais de pressão nos preços dos combustíveis daqui para frente.
Pelos cálculos do banco chinês Haitong, o impacto do reajuste dos combustíveis na refinaria somado ao aumento do etanol deverá elevar o preço da gasolina de 5% a 6% em outubro. Isso significará mais 0,21 na inflação.
"O impacto do etanol era previsto, é sazonal. O impacto do reajuste é que não estava no nosso radar", disse Serrano.
Nas contas do banco, o preço da gasolina vendida pela Petrobras nas refinarias estava defasada em 1% na comparação ao praticado no Golfo do México. Após o reajuste, o resultado estaria agora positivo em 4% para a estatal.
Márcio Milan, economista da consultoria Tendências, estimou em 0,13 ponto percentual o impacto do reajuste sobre a inflação deste ano. Ele disse que está revendo sua projeção de IPCA no ano, atualmente em 9,6%.
"O reajuste pegou todo mundo de surpresa e claro a tendência é de alta na projeção. Mas vai ser um pico em outubro e depois o ritmo dos preços volta a um comportamento padrão", disse o economista.
SURPRESA
Os aumentos foram aprovados em reunião de diretoria realizada na terça (29), mas os comunicados oficiais só foram divulgados ao mercado na manhã desta quarta-feira (30).
"Ficamos sabendo pelos jornais", disse um executivo de uma distribuidora de combustíveis.
"Estou há 42 anos no mercado e nunca vi algo assim", reclamou o presidente do Sincopetro, José Alberto Paiva Gouveia. Segundo ele, os postos geralmente estão com estoques vazios no meio da semana e terão que comprar produtos para o fim de semana a preços mais altos.
Isso significa que o repasse às bombas deve ser imediato, para compensar o impacto negativo no fluxo de caixa dos postos. Geralmente, os reajustes são anunciados no fim de semana, quando os estoques estão mais cheios. O último aumento, em novembro do ano passado, por exemplo, entrou em vigor em um sábado.
Em relatório distribuído esta manhã, analistas do JP Morgan dizem que o mercado ficou "positivamente surpreso", mas que o reajuste é insuficiente para acalmar os investidores, diante da crise financeira da estatal.
Para o analista Flavio Conde, da Whatscall, os aumentos terão um impacto de R$ 9 bilhões na geração de caixa da companhia este ano - um aumento de 11% com relação à projeção anterior.
Nos cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a Petrobras tem agora uma margem de 2,9% sobre a gasolina importada - antes do reajuste, havia uma defasagem de 3%. No caso do diesel, a margem subiu de 11,7% para 16,2%.
DIESEL
O peso da gasolina na formação do IPCA é de 3,84 pontos percentuais. Já o diesel tem peso de 0,15 ponto no índice, o que torna o impacto direto do reajuste de 4% pouco significativo.
O economista André Braz, da FGV/IBRE, diz, porém, que o aumento do diesel vai contaminar toda a cadeia de bens transportados por rodovias, modal predominante no país.
"O efeito do diesel [na inflação] acaba sendo até maior que o da gasolina, mas é difícil de mensurar", afirma.
Segundo cálculos da Associação Nacional do Transporte de Cargas & Logística, a alta de 4% do diesel nas refinarias deve elevar o custo final do transporte rodoviário de carga em 1,27%, em média. No caso de trajetos mais longos, em que o combustível tem maior peso na planilha de custos, o impacto é maior. 
O reajuste de 6% no preço da gasolina nas refinarias a partir desta quarta-feira (30) deve ser totalmente repassado para o consumidor nas bombas, segundo José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro (sindicato dos postos de combustível de São Paulo).
O impacto na inflação deve ser de até 0,16 ponto percentual, concentrados em outubro, segundo analistas consultados pela Folha.
"Acreditamos que, para o consumidor, a alta deverá ficar entre R$ 0,16 e R$ 0,18 [por litro]. Além dos 6%, que deverão ser repassados, há a incidência do PIS/Confins e do ICMS sobre uma base de compra maior", afirmou.
A Folha apurou que alguns postos já cogitam elevar o preço em R$ 0,20.
O preço nas bombas é livre e costuma ser reajustado à medida que o combustível com preço novo chega aos postos, mas o presidente do Sincopetro admite que pode haver aumento imediato para fazer caixa para a próxima compra.
"Não vai haver o lucro do tipo 'eu paguei mais barato, vou vender mais caro'. Ninguém sabia dessa alta, ninguém se preparou. O estoque é pequeno. Então o dono do posto vai repassar a alta imediatamente, já que ou ele aumenta agora ou não vai ter caixa para a próxima compra", disse. Os estoques, completa, duram entre dois e três dias
Para o Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), o repasse ficará entre 3% e 4% na média nacional.
INFLAÇÃO
Flávio Serrano, economista do banco chinês Haitong, estima um aumento de 4% a 4,5% do preço da gasolina nas bombas. Isso significa um impacto de 0,16 ponto percentual no IPCA, o índice oficial de inflação.
"Qualquer inflação a mais num ano tão ruim é negativo. E fomos pegos de surpresa, não esperávamos o aumento por agora", disse Serrano, que elevou sua previsão de inflação para este ano de 9,4% para 9,5%.
O peso da gasolina na formação do IPCA é de 3,84 pontos percentuais, enquanto que o do diesel é de 0,15 ponto. Com isso, Serrano disse ainda que o reajuste de 4% no preço do diesel nas refinarias não terá impacto relevante sobre a inflação. O combustível é muito usado na frota de caminhões e seu impacto é menor e mais demorado sobre os preços aos consumidores.
A partir de outubro o preço do etanol anidro, um dos componentes da gasolina tipo C, vendida nos postos, pode subir por causa da entressafra da cana-de-açúcar, colocando um pouco mais de pressão nos preços dos combustíveis daqui para frente.
Pelos cálculos do banco chinês Haitong, o impacto do reajuste dos combustíveis na refinaria somado ao aumento do etanol deverá elevar o preço da gasolina de 5% a 6% em outubro. Isso significará mais 0,21 na inflação.
"O impacto do etanol era previsto, é sazonal. O impacto do reajuste é que não estava no nosso radar", disse Serrano.
Nas contas do banco, o preço da gasolina vendida pela Petrobras nas refinarias estava defasada em 1% na comparação ao praticado no Golfo do México. Após o reajuste, o resultado estaria agora positivo em 4% para a estatal.

 
Márcio Milan, economista da consultoria Tendências, estimou em 0,13 ponto percentual o impacto do reajuste sobre a inflação deste ano. Ele disse que está revendo sua projeção de IPCA no ano, atualmente em 9,6%.
"O reajuste pegou todo mundo de surpresa e claro a tendência é de alta na projeção. Mas vai ser um pico em outubro e depois o ritmo dos preços volta a um comportamento padrão", disse o economista.
SURPRESA
Os aumentos foram aprovados em reunião de diretoria realizada na terça (29), mas os comunicados oficiais só foram divulgados ao mercado na manhã desta quarta-feira (30).
"Ficamos sabendo pelos jornais", disse um executivo de uma distribuidora de combustíveis.
"Estou há 42 anos no mercado e nunca vi algo assim", reclamou o presidente do Sincopetro, José Alberto Paiva Gouveia. Segundo ele, os postos geralmente estão com estoques vazios no meio da semana e terão que comprar produtos para o fim de semana a preços mais altos.
Isso significa que o repasse às bombas deve ser imediato, para compensar o impacto negativo no fluxo de caixa dos postos. Geralmente, os reajustes são anunciados no fim de semana, quando os estoques estão mais cheios. O último aumento, em novembro do ano passado, por exemplo, entrou em vigor em um sábado.

Em relatório distribuído esta manhã, analistas do JP Morgan dizem que o mercado ficou "positivamente surpreso", mas que o reajuste é insuficiente para acalmar os investidores, diante da crise financeira da estatal.
Para o analista Flavio Conde, da Whatscall, os aumentos terão um impacto de R$ 9 bilhões na geração de caixa da companhia este ano - um aumento de 11% com relação à projeção anterior.
Nos cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a Petrobras tem agora uma margem de 2,9% sobre a gasolina importada - antes do reajuste, havia uma defasagem de 3%. No caso do diesel, a margem subiu de 11,7% para 16,2%.
DIESEL
O peso da gasolina na formação do IPCA é de 3,84 pontos percentuais. Já o diesel tem peso de 0,15 ponto no índice, o que torna o impacto direto do reajuste de 4% pouco significativo.
O economista André Braz, da FGV/IBRE, diz, porém, que o aumento do diesel vai contaminar toda a cadeia de bens transportados por rodovias, modal predominante no país.

"O efeito do diesel [na inflação] acaba sendo até maior que o da gasolina, mas é difícil de mensurar", afirma.
Segundo cálculos da Associação Nacional do Transporte de Cargas & Logística, a alta de 4% do diesel nas refinarias deve elevar o custo final do transporte rodoviário de carga em 1,27%, em média. No caso de trajetos mais longos, em que o combustível tem maior peso na planilha de custos, o impacto é maior.