Como todo ano agrícola apresenta particularidades, a safra em curso não poderia ser diferente. Trazemos aqui para os amigos leitores, uma análise do panorama da produção de soja grãos e sementes na safra 2022/23 das regiões sul e sudeste do país.
Produção de Grãos
Iniciando por São Paulo, onde o plantio da soja teve atraso de quase 40 dias devido ao alto volume de chuvas no período da semeadura, o que certamente diminuirá a disponibilidade de áreas em safrinha. Por consequência deste fenômeno tivemos aumento na procura por sementes de trigo em áreas do sul de São Paulo, onde estão as maiores áreas irrigadas. Interessante ressaltar também sobre o crescente interesse do produtor pela cultura do sorgo, apesar da preocupação com a dificuldade de escoamento da produção. Subindo para regiões do centro e norte do estado, as expectativas são de altas produtividades com base nas colheitas que já começaram e que vão se apresentando acima da média em comparação aos últimos anos. Estando a média do volume pluviométrico elevada para o período, o fenômeno de alongamento de ciclo da cultura da soja em 10 a 15 dias é inevitável, e isso contribui ainda mais para a diminuição das áreas do milho safrinha. Entretanto, a expectativa é de que tenhamos recorde de produtividade de soja no estado de São Paulo. No estado do Paraná seguimos em situação de normalidade com diferencial apenas sobre o volume pluviométrico estar também acima da média para o período. Na região dos Campos Gerais, onde os plantios foram mais tardios, esperamos uma safra de expressiva produtividade, superando talvez, os últimos anos. No oeste do estado as colheitas já se iniciaram e as médias de produtividade, assim como nos demais anos, vêm muito bem. Somente a região do Beira Lago foi mais afetada com estiagem, mas ainda assim, o andamento das colheitas na região mostra que as produtividades estão se mantendo na média em relação aos anos anteriores. Em Santa Catarina, como o plantio é mais tardio e as condições de chuvas foram favoráveis, as lavouras estão entre boas e excelentes. Estamos com expectativas de superar as produtividades dos últimos anos devido às ótimas condições climáticas para o cultivo da soja no estado. O cenário mais crítico para a produção sojícola sem dúvidas está no Rio Grande do Sul. O último Rally da Safra nos apresenta previsão média de 38 sacos/ha para o estado. Porém, o que estamos presenciando por aqui, infelizmente, é a expectativa de uma produção ainda menor, tendo muitas áreas com replantio, desuniformes ou ainda em pousio aguardando o plantio. Na passagem pelo estado presenciamos a situação delicada com regiões até piores do que estavam no ano passado. Ainda tem muito por acontecer, já que os plantios na região são mais tardios, mas ainda assim as expectativas são muito ruins. Estamos torcendo para que o cenário comece a mudar e a chuva ajude os produtores do Rio Grande do Sul a terem boa produtividade.
Produção de sementes
O cenário de produção de sementes para as regiões produtoras de São Paulo, Campos Gerais e norte do Paraná, está bem favorável. Os campos de sementes estão em fase de enchimento de grãos neste período de chuvas, concentrando as colheitas basicamente no mês de março. Temperaturas mais amenas neste período, contribuem para a baixa incidência de percevejos, principal praga agrícola para a qualidade de sementes, facilitando seu controle. A região sementeira de Santa Catarina também se encontra em condições similares de produção de sementes aos estados de SP e PR. A somatória destes bons aspectos nos dá confiança de uma safra com excelente qualidade de sementes nesses estados. Pensando nas regiões sementeiras de Minas Gerais, as boas condições de chuvas no período adequado vêm se mantendo de forma similar às de SP e PR. Na região sul do estado, temperaturas amenas, característica da região, favorecem a produção de materiais de ciclo precoce. Já no Triângulo Mineiro conseguimos produzir tanto materiais de ciclo curto como também de ciclos mais alongados. Ambas as regiões com boas expectativas de produção e qualidade de sementes nesta safra. No Rio Grande do Sul o melhor cenário está no planalto médio, especificamente na região de Passo Fundo. Algumas áreas pegaram um pouco mais de chuva, porém o cenário está bem mesclado, com áreas muito boas e outras muito ruins. A produção de semente ainda se mantém com quebra, mas com cenário um pouco melhor que o ano passado para essa região alta do RS. A região mais afetada pela seca é a região mais baixa contemplando as Missões, fronteira oeste e Campanha, com cenário pior que a safra anterior. Com pancadas de chuvas isoladas, a maioria das áreas estão em péssimas condições chegando a morrer, situação bem crítica, com quebra severa na produção e qualidade de sementes. É devido a todos esses fatores de riscos climáticos que a Lagoa Bonita distribui seus campos de produção de sementes em 4 estados brasileiros, para minimizar o risco da falta de materiais, e conseguir atender nossos clientes tanto em volume, quanto em materiais de ciclos variados, dentro do alto padrão de qualidade que é inegociável e característico à Lagoa Bonita. Em relação ao desempenho de materiais, como temos regiões no Rio Grande do Sul, com dois anos de seca, Mato Grosso do Sul e Paraná com un ano de seca, em regiões específicas, estamos em processo de posicionamento e lançamento de novas tecnologias como Conkesta e Intacta2 Xtend com os obtentores do melhoramento genético, tecnologias com bom desempenho no campo e boa tolerância a veranicos.
Resumindo...
De maneira geral a produção de sementes nos estados de Minas Gerias, São Paulo e Paraná, apresentam-se com excelentes cenários. Esperamos uma trégua nas chuvas para o início das colheitas, porém até o momento tudo dentro da normalidade com boas expectativas de produtividade. Ainda temos mais 40 a 50 dias para o início das colheitas dos campos de sementes em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e torcer para que as chuvas aconteçam neste estado.
