Anfavea: Agenda para 2030 privilegia etanol como combustível limpo

27/04/2017 Etanol POR: Diário do Transporte, 26/4/17
Por Adamo Bazani
Representantes da indústria automotiva e o presidente Michel Temer estiveram reunidos nesta terça-feira, 25 de abril de 2017, em Brasília para discutir uma “Agenda Automotiva Brasil”
De acordo com a Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a agenda traça pilares para construção da indústria do futuro até 2030. As ações devem entrar em vigor a partir de 2018. Os entendimentos ocorrem para a substituição do Inovar-Auto.
Em nota, enviada ao Diário do Transporte, o presidente da Anfavea, Antonio Megale, diz que trabalhar com um horizonte até 2030 é fundamental para o planejamento das empresas:
“Estabelecer um programa com prazo superior a dez anos representa um grande avanço para a indústria e para o Brasil, pois dará previsibilidade ao planejamento e investimento das empresas. Com a formação dos grupos de trabalho, compostos por representantes de vários ministérios e com participação da iniciativa privada, temos a expectativa de que todos os pontos avancem rapidamente e as regulamentações estejam concluídas até o fim deste ano”.
Ainda na nota, a entidade deixar claro que no caso de tecnologia de combustível mais limpo, a prioridade da indústria deve ser o etanol.
Os pilares da “Agenda Automotiva Brasil” apresentados ao Presidente Michel Temer envolvem a recuperação da base de fornecedores, localização de tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, eficiência energética – que considerará as características do etanol como combustível limpo –, segurança veicular, inspeção técnica veicular, resolução de entraves logísticos, relações trabalhistas e tributação.
Todos estes pontos já fazem parte das discussões do novo ciclo de política automotiva, que se iniciaram oficialmente na última terça-feira, 18, após apresentação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, MDIC. Para o desenvolvimento das ações, o Ministro Marcos Pereira anunciou a criação do Grupo de Alto Nível (GAN) 2030, que terá seis Grupos de Trabalho para abordar cada um dos temas.
Novamente, até o momento, os ônibus menos poluentes não ganham destaque numa agenda nacional.
Apesar de também representar os fabricantes de ônibus, o foco principal da Anfavea tem sido o transporte individual, mesmo porque é justamente as vendas de carros e motos que representam a maior parte do faturamento das indústrias.
Fabricantes de ônibus, em especial de tecnologia limpa, como elétricos, acabam contando com associações próprias, como a ABVE – Associação Brasileira do Veículo Elétrico, para tentar maior representatividade no setor e junto ao poder público.
Em relação ao etanol no transporte público, apesar de o combustível ser abundante no Brasil, os ônibus com esse tipo de tração, que já foram considerados alternativas entre os anos 1980 e final dos anos 1990, representam uma parcela muito pequena da frota de veículos e transporte coletivo.
O etanol é um combustível renovável capaz de reduzir a emissão de gás carbônico em até 90% e tem larga produção nacional.
A Scania, por exemplo, possui experiência de 30 anos comercializando ônibus com o combustível na Europa, com 800 unidades operando em todo o mundo principalmente em Estocolmo, muitos abastecidos com etanol brasileiro.
Os veículos mais novos a etanol são da Scania, mas a empresa apesar de poder produzir esses modelos se houver encomenda, aposta mesmo no gás natural e, futuramente, no biometano (combustível obtido no processamento da decomposição de resíduos).
Na ocasião das comemorações dos 60 anos da planta no Brasil, o Diário do Transporte conversou com o diretor de vendas de ônibus da marca, Silvio Munhoz.
Segundo o executivo, os custos operacionais dos ônibus a etanol eram três vezes maiores que os veículos a óleo diesel, mas o principal problema não foi a qualidade dos coletivos e, sim, a manutenção, de acordo com o executivo.
“Chegamos a ter 50 ônibus a etanol. Hoje temos 9, mas o problema foi a baixa qualidade de manutenção feita neles. Nos dois primeiros anos, no contrato de manutenção que atuávamos nas garagens, não havia problemas. A manutenção do etanol é mais delicada e frequente que do diesel, não pode ser feita de qualquer jeito. Por exemplo, a troca de óleo lubrificante nos ônibus diesel é a cada 30 mil quilômetros. No ônibus a etanol, é a cada 10 mil quilômetros. Ocorre que após o fim do contrato, foram as prestadoras que começaram a cuidar da manutenção e aí começamos ver problemas” – conta. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/04/12/scania-60-anos-r-29-bilhoes-em-investimentos-onibus-a-gnv-na-zona-oeste-de-sao-paulo-e-100-onibus-rodoviarios-de-15-metros-biarticulado-da-marca-em-curitiba/
E se depender das forças da indústria, o óleo diesel continuará sendo por muito tempo a principal fonte de energia para os ônibus em todo país.
Em São Paulo, onde a Lei de Mudanças Climáticas, de 2009, não vai ser cumprida (até 2018 todos os ônibus, pela lei não, poderiam mais ser dependentes exclusivamente do óleo diesel), o principal destaque deve ser o B20. Projeto de Lei em discussão sugere a ampliação da frota com mistura de 20% do biodiesel e 80% de diesel convencional nos tanques dos ônibus paulistanos (mistura B20).
O PL216, de 2003, é bem anterior à Lei de Mudanças Climáticas e propõe como solução-ponte incentivar o uso do combustível B20 . Outra proposta é retomar um programa de criação de frotas-piloto de ônibus elétricos, híbridos , a etanol, a gás etc, para permitir a avaliação do desempenho de cada tecnologia de combustível limpo.
Nesta terça-feira, ocorreu na capital paulista reunião do Comitê Municipal de Mudança do Clima e Ecoeconomia do Município de São Paulo.
O secretário Municipal de Transportes e Mobilidade, Sergio Avelleda, deveria estar no encontro, de acordo com agenda da organização, mas não compareceu.
Esteve na reuniãop o secretário do Verde e Meio Ambiente, Gilberto Natalini, autor do PL 216, quando era vereador.
Também compareceram representantes da Anfavea que deixaram claro quer hoje o diesel usado no Brasil é de boa qualidade, se comparando ao europeu ou até sendo melhor.
Para quem esteve no encontro, o contexto defendido foi que não dá para colocar novas tecnologias de tração de ônibus porque São Paulo tem uma frota muito heterogênea e seria difícil adaptar todos os veículos e que o petróleo brasileiro é um dos “melhores do mundo”. Um ônibus europeu rodaria muito bem com o combustível nacional, disseram os representantes das montadoras.
Está nas mãos do poder público municipal estabelecer um cronograma para que os ônibus em São Paulo sejam realmente menos poluentes.
No entanto, o próprio secretário de mobilidade e transportes, Sérgio Avelleda, admitiu que uma das intenções da prefeitura não é estipular quais os modelos de ônibus as viações devem comprar, mas metas de redução de poluição. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/03/27/avelleda-diz-que-prefeitura-deve-estipular-metas-de-restricao-a-poluicao-mas-nao-definir-tipo-de-onibus-nao-poluentes/
A medida, no entanto, é vista como uma brecha para que haja poucas mudanças na matriz energética, isso porque pode-se justificar reduções de emissões, sem a troca efetiva da tecnologia dos ônibus.
FABRICANTES DE ÔNIBUS ELÉTRICOS REAGEM A ANÚNCIOS DE DORIA:
Enquanto as discussões sobre a necessidade de ônibus não poluentes no país, em especial na capital paulista, vão ganhando corpo, o prefeito João Doria recentemente tomou uma série de atitudes que levantaram polêmica.
Em viagem à Coreia do Sul, no dia 13 de abril, Doria afirmou em entrevista coletiva, em Seul, que convidou a Hyundai, fabricante internacional de veículos, para dar início a negociações a fim de colocar uma planta de ônibus elétrico no Brasil. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/04/13/doria-quer-trazer-hyundai-para-fazer-o-onibus-no-brasil-e-anuncia-toda-a-frota-paulistana-com-ar-condicionado-e-wi-fi-ate-2020/
Já no dia 24 de abril, ao receber o ex-governador da Califórnia e ator Arnold Schwarzenegger, Doria discutiu sobre eventuais apoios da iniciativa privada dos Estados Unidos à cidade de São Paulo em diversas áreas, inclusive para a ampliação da frota de ônibus elétricos. Relembre:
https://diariodotransporte.com.br/2017/04/24/shwarzenegger-quer-apoiar-onibus-nao-poluentes-em-sao-paulo-diz-doria/
Ocorre que o Brasil já possui três empresas que fazem estes veículos: A Eletra, em São Bernardo do Campo, a BYD, em Campinas e a Volvo, em Curitiba.
A ABEVE – Associação Brasileira do Veículo Elétrico criticou os anúncios e afirmou que tem “procurado as autoridades municipais exatamente para apresentar as soluções tecnológicas já disponíveis no mercado” A entidade emitiu uma nota oficial:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO VEÍCULO ELÉTRICO-ABVE
Nota oficial sobre a renovação dos ônibus da frota paulistana
“A Associação Brasileira do Veículo Elétrico vem a público manifestar seu posicionamento em defesa das políticas governamentais que estabeleçam metas de renovação de frota com veículos de baixa emissão de poluentes.
A ABVE entende que a futura licitação para renovar os contratos entre a Prefeitura Municipal de São Paulo e as empresas de ônibus concessionárias do transporte – cujas regras serão divulgadas nas próximas semanas – é vital para assegurar uma nova matriz de combustível no transporte público.
Ajustar um novo cronograma para incorporar os veículos não poluentes, dentro da Lei de Mudança do Clima do Município de São Paulo (14.933/2009), e criar regras na licitação para sua real implementação são medidas que tornarão possível a necessária conversão da maior frota de ônibus do País para combustíveis limpos (não fósseis).
No início de abril, o prefeito João Doria e o secretário de Transportes Sergio Avelleda viajaram à Coreia do Sul para conhecer novas tecnologias de transporte público. Na ocasião, o prefeito disse ter convidado a Hyundai a instalar uma fábrica de ônibus elétricos em São Paulo.
A iniciativa é louvável sob todos os aspectos, mas empresas como BYD, Eletra e Volvo, todas filiadas à ABVE, já produzem e comercializam ônibus elétricos e híbridos de alto desempenho no Brasil, e poderiam atender de imediato uma demanda para a cidade de São Paulo.
No último dia 24 de abril, em reunião em São Paulo com Arnold Schwarzenegger, o prefeito João Dória disse ter pedido apoio do ex-governador da Califórnia para trazer ao Brasil veículos elétricos capazes de contribuir para a sustentabilidade ambiental do transporte público.
A ABVE tem procurado as autoridades municipais exatamente para apresentar as soluções tecnológicas já disponíveis no mercado brasileiro.
A ABVE tem plena consciência das dificuldades econômicas enfrentadas pela Prefeitura e sabe que a meta de renovação total da frota de ônibus para uma matriz de combustível não fóssil enfrentará resistências e precisará de tempo e investimentos.
Mas considera que o momento é de ousar e avançar na agenda da sustentabilidade ambiental, por meio de um cronograma prudente, gradual e contínuo de mudança da matriz energética do transporte público.
A ABVE já apresentou para a SVMA e SMT proposta realista para renovação da frota municipal e defende um diálogo franco e transparente sobre tais temas. Não cabem mais retrocessos nessa matéria.
A entidade saúda e a apoia o esforço da Prefeitura de informar-se sobre as melhores experiências mundiais de transporte público. Por isso mesmo, renova o convite à Administração Municipal para conhecer em detalhes o que as empresas brasileiras de ônibus elétricos e híbridos podem oferecer a São Paulo.
A Administração poderá constatar que muito do que há de melhor no mundo em matéria de transporte público sustentável já é produzido e comercializado aqui mesmo no Brasil e no Estado de São Paulo” .
Por Adamo Bazani
Representantes da indústria automotiva e o presidente Michel Temer estiveram reunidos na terça-feira (25), em  Brasília para discutir uma “Agenda Automotiva Brasil”
De acordo com a Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a agenda traça pilares para construção da indústria do futuro até 2030. As ações devem entrar em vigor a partir de 2018. Os entendimentos ocorrem para a substituição do Inovar-Auto.
Em nota, enviada ao Diário do Transporte, o presidente da Anfavea, Antonio Megale, diz que trabalhar com um horizonte até 2030 é fundamental para o planejamento das empresas:
“Estabelecer um programa com prazo superior a dez anos representa um grande avanço para a indústria e para o Brasil, pois dará previsibilidade ao planejamento e investimento das empresas. Com a formação dos grupos de trabalho, compostos por representantes de vários ministérios e com participação da iniciativa privada, temos a expectativa de que todos os pontos avancem rapidamente e as regulamentações estejam concluídas até o fim deste ano”.
Ainda na nota, a entidade deixar claro que no caso de tecnologia de combustível mais limpo, a prioridade da indústria deve ser o etanol.
Os pilares da “Agenda Automotiva Brasil” apresentados ao Presidente Michel Temer envolvem a recuperação da base de fornecedores, localização de tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, eficiência energética – que considerará as características do etanol como combustível limpo –, segurança veicular, inspeção técnica veicular, resolução de entraves logísticos, relações trabalhistas e tributação.
Todos estes pontos já fazem parte das discussões do novo ciclo de política automotiva, que se iniciaram oficialmente na última terça-feira, 18, após apresentação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, MDIC. Para o desenvolvimento das ações, o Ministro Marcos Pereira anunciou a criação do Grupo de Alto Nível (GAN) 2030, que terá seis Grupos de Trabalho para abordar cada um dos temas.
Novamente, até o momento, os ônibus menos poluentes não ganham destaque numa agenda nacional.
Apesar de também representar os fabricantes de ônibus, o foco principal da Anfavea tem sido o transporte individual, mesmo porque é justamente as vendas de carros e motos que representam a maior parte do faturamento das indústrias.
Fabricantes de ônibus, em especial de tecnologia limpa, como elétricos, acabam contando com associações próprias, como a ABVE – Associação Brasileira do Veículo Elétrico, para tentar maior representatividade no setor e junto ao poder público.
Em relação ao etanol no transporte público, apesar de o combustível ser abundante no Brasil, os ônibus com esse tipo de tração, que já foram considerados alternativas entre os anos 1980 e final dos anos 1990, representam uma parcela muito pequena da frota de veículos e transporte coletivo.
O etanol é um combustível renovável capaz de reduzir a emissão de gás carbônico em até 90% e tem larga produção nacional.
A Scania, por exemplo, possui experiência de 30 anos comercializando ônibus com o combustível na Europa, com 800 unidades operando em todo o mundo principalmente em Estocolmo, muitos abastecidos com etanol brasileiro.
Os veículos mais novos a etanol são da Scania, mas a empresa apesar de poder produzir esses modelos se houver encomenda, aposta mesmo no gás natural e, futuramente, no biometano (combustível obtido no processamento da decomposição de resíduos).
Na ocasião das comemorações dos 60 anos da planta no Brasil, o Diário do Transporte conversou com o diretor de vendas de ônibus da marca, Silvio Munhoz.
Segundo o executivo, os custos operacionais dos ônibus a etanol eram três vezes maiores que os veículos a óleo diesel, mas o principal problema não foi a qualidade dos coletivos e, sim, a manutenção, de acordo com o executivo.
“Chegamos a ter 50 ônibus a etanol. Hoje temos 9, mas o problema foi a baixa qualidade de manutenção feita neles. Nos dois primeiros anos, no contrato de manutenção que atuávamos nas garagens, não havia problemas. A manutenção do etanol é mais delicada e frequente que do diesel, não pode ser feita de qualquer jeito. Por exemplo, a troca de óleo lubrificante nos ônibus diesel é a cada 30 mil quilômetros. No ônibus a etanol, é a cada 10 mil quilômetros. Ocorre que após o fim do contrato, foram as prestadoras que começaram a cuidar da manutenção e aí começamos ver problemas” – conta. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/04/12/scania-60-anos-r-29-bilhoes-em-investimentos-onibus-a-gnv-na-zona-oeste-de-sao-paulo-e-100-onibus-rodoviarios-de-15-metros-biarticulado-da-marca-em-curitiba/
E se depender das forças da indústria, o óleo diesel continuará sendo por muito tempo a principal fonte de energia para os ônibus em todo país.
Em São Paulo, onde a Lei de Mudanças Climáticas, de 2009, não vai ser cumprida (até 2018 todos os ônibus, pela lei não, poderiam mais ser dependentes exclusivamente do óleo diesel), o principal destaque deve ser o B20. Projeto de Lei em discussão sugere a ampliação da frota com mistura de 20% do biodiesel e 80% de diesel convencional nos tanques dos ônibus paulistanos (mistura B20).
O PL216, de 2003, é bem anterior à Lei de Mudanças Climáticas e propõe como solução-ponte incentivar o uso do combustível B20 . Outra proposta é retomar um programa de criação de frotas-piloto de ônibus elétricos, híbridos , a etanol, a gás etc, para permitir a avaliação do desempenho de cada tecnologia de combustível limpo.
Nesta terça-feira, ocorreu na capital paulista reunião do Comitê Municipal de Mudança do Clima e Ecoeconomia do Município de São Paulo.
O secretário Municipal de Transportes e Mobilidade, Sergio Avelleda, deveria estar no encontro, de acordo com agenda da organização, mas não compareceu.
Esteve na reuniãop o secretário do Verde e Meio Ambiente, Gilberto Natalini, autor do PL 216, quando era vereador.
Também compareceram representantes da Anfavea que deixaram claro quer hoje o diesel usado no Brasil é de boa qualidade, se comparando ao europeu ou até sendo melhor.
Para quem esteve no encontro, o contexto defendido foi que não dá para colocar novas tecnologias de tração de ônibus porque São Paulo tem uma frota muito heterogênea e seria difícil adaptar todos os veículos e que o petróleo brasileiro é um dos “melhores do mundo”. Um ônibus europeu rodaria muito bem com o combustível nacional, disseram os representantes das montadoras.
Está nas mãos do poder público municipal estabelecer um cronograma para que os ônibus em São Paulo sejam realmente menos poluentes.
No entanto, o próprio secretário de mobilidade e transportes, Sérgio Avelleda, admitiu que uma das intenções da prefeitura não é estipular quais os modelos de ônibus as viações devem comprar, mas metas de redução de poluição. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/03/27/avelleda-diz-que-prefeitura-deve-estipular-metas-de-restricao-a-poluicao-mas-nao-definir-tipo-de-onibus-nao-poluentes/
A medida, no entanto, é vista como uma brecha para que haja poucas mudanças na matriz energética, isso porque pode-se justificar reduções de emissões, sem a troca efetiva da tecnologia dos ônibus.
FABRICANTES DE ÔNIBUS ELÉTRICOS REAGEM A ANÚNCIOS DE DORIA:
Enquanto as discussões sobre a necessidade de ônibus não poluentes no país, em especial na capital paulista, vão ganhando corpo, o prefeito João Doria recentemente tomou uma série de atitudes que levantaram polêmica.
Em viagem à Coreia do Sul, no dia 13 de abril, Doria afirmou em entrevista coletiva, em Seul, que convidou a Hyundai, fabricante internacional de veículos, para dar início a negociações a fim de colocar uma planta de ônibus elétrico no Brasil. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/04/13/doria-quer-trazer-hyundai-para-fazer-o-onibus-no-brasil-e-anuncia-toda-a-frota-paulistana-com-ar-condicionado-e-wi-fi-ate-2020/
Já no dia 24 de abril, ao receber o ex-governador da Califórnia e ator Arnold Schwarzenegger, Doria discutiu sobre eventuais apoios da iniciativa privada dos Estados Unidos à cidade de São Paulo em diversas áreas, inclusive para a ampliação da frota de ônibus elétricos. Relembre:
https://diariodotransporte.com.br/2017/04/24/shwarzenegger-quer-apoiar-onibus-nao-poluentes-em-sao-paulo-diz-doria/
Ocorre que o Brasil já possui três empresas que fazem estes veículos: A Eletra, em São Bernardo do Campo, a BYD, em Campinas e a Volvo, em Curitiba.
A ABEVE – Associação Brasileira do Veículo Elétrico criticou os anúncios e afirmou que tem “procurado as autoridades municipais exatamente para apresentar as soluções tecnológicas já disponíveis no mercado” A entidade emitiu uma nota oficial:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO VEÍCULO ELÉTRICO-ABVE
Nota oficial sobre a renovação dos ônibus da frota paulistana
“A Associação Brasileira do Veículo Elétrico vem a público manifestar seu posicionamento em defesa das políticas governamentais que estabeleçam metas de renovação de frota com veículos de baixa emissão de poluentes.
A ABVE entende que a futura licitação para renovar os contratos entre a Prefeitura Municipal de São Paulo e as empresas de ônibus concessionárias do transporte – cujas regras serão divulgadas nas próximas semanas – é vital para assegurar uma nova matriz de combustível no transporte público.
Ajustar um novo cronograma para incorporar os veículos não poluentes, dentro da Lei de Mudança do Clima do Município de São Paulo (14.933/2009), e criar regras na licitação para sua real implementação são medidas que tornarão possível a necessária conversão da maior frota de ônibus do País para combustíveis limpos (não fósseis).
No início de abril, o prefeito João Doria e o secretário de Transportes Sergio Avelleda viajaram à Coreia do Sul para conhecer novas tecnologias de transporte público. Na ocasião, o prefeito disse ter convidado a Hyundai a instalar uma fábrica de ônibus elétricos em São Paulo.
A iniciativa é louvável sob todos os aspectos, mas empresas como BYD, Eletra e Volvo, todas filiadas à ABVE, já produzem e comercializam ônibus elétricos e híbridos de alto desempenho no Brasil, e poderiam atender de imediato uma demanda para a cidade de São Paulo.
No último dia 24 de abril, em reunião em São Paulo com Arnold Schwarzenegger, o prefeito João Dória disse ter pedido apoio do ex-governador da Califórnia para trazer ao Brasil veículos elétricos capazes de contribuir para a sustentabilidade ambiental do transporte público.
A ABVE tem procurado as autoridades municipais exatamente para apresentar as soluções tecnológicas já disponíveis no mercado brasileiro.
A ABVE tem plena consciência das dificuldades econômicas enfrentadas pela Prefeitura e sabe que a meta de renovação total da frota de ônibus para uma matriz de combustível não fóssil enfrentará resistências e precisará de tempo e investimentos.
Mas considera que o momento é de ousar e avançar na agenda da sustentabilidade ambiental, por meio de um cronograma prudente, gradual e contínuo de mudança da matriz energética do transporte público.
A ABVE já apresentou para a SVMA e SMT proposta realista para renovação da frota municipal e defende um diálogo franco e transparente sobre tais temas. Não cabem mais retrocessos nessa matéria.
A entidade saúda e a apoia o esforço da Prefeitura de informar-se sobre as melhores experiências mundiais de transporte público. Por isso mesmo, renova o convite à Administração Municipal para conhecer em detalhes o que as empresas brasileiras de ônibus elétricos e híbridos podem oferecer a São Paulo.
A Administração poderá constatar que muito do que há de melhor no mundo em matéria de transporte público sustentável já é produzido e comercializado aqui mesmo no Brasil e no Estado de São Paulo” .