Angola busca espaço na produção de açúcar

17/09/2015 Açúcar POR: Angola Press
Angola já foi potência na produção de café e algodão, dois dos principais produtos que alavancaram a sua economia nas duas últimas décadas que antecederam a independência do país.
Habituado a fortes desafios e com os olhos num futuro risonho, o país trabalhou por largas décadas para criar alternativas consistentes ao algodão, ao diamante e ao petróleo, sua maior fonte de receita nos últimos 20 anos.
Hoje, volvidos 40 anos desde a conquista da sua liberdade, Angola vira-se para um novo produto para atacar em força o mercado internacional e fazer crescer as receitas.
É no Pólo Agro-Industrial de Capanda, município de Cacuso, província de Malanje, onde as autoridades do país fazem crescer uma plantação de cana-de-açúcar, numa área de 42.500 hectares.
O projeto está a posicionar o país entre os produtores mundiais de açucar, bioenergia e etanol.
A atividade de homens e máquinas, no perímetro equivalente a 42.500 campos de futebol, abre hoje espaço à auto suficiência na produção alimentar, ao fomento da cadeia produtiva e à aceleração do processo de diversificação da economia nacional.
O projeto, uma iniciativa público-privada, ganhou impulso com a aprovação do Decreto Presidencial número 230/13, que aprova a Adenda do Projecto de Investimento da Unidade Agro-industrial de Cacuso-Malanje.
A aprovação deste diploma permitiu nova injecção financeira ao projecto agro-industrial gerido pela Companhia de Bioenergia de Angola, Lda (Biocom).
A vontade de transformar esse "pedaço" de Cacuso ganhou corpo e, hoje, da produção de cana-de-açúcar, resultam seis mil metros cúbicos de etanol, 205 gigawatts/hora de energia elétrica, além de seis mil toneladas de açúcar.
A transformação centra-se na necessidade de alavancar a economia nacional e na redução da dependência do sector petrolífero.
Para acelerar essa transformação, a administração da Biocom tem na tecnologia um dos grandes diferenciais competitivos. Os processos de plantação e colheita são totalmente mecanizados.
Com olhos na melhoria contínua da sua produção agrícola, a empresa angolana de direito privado investe em estudos, pesquisas de laboratório e de campo, bem como em testes de equipamentos de ponta.
Um dos investimentos nessa direção é o viveiro onde são multiplicadas as variedades de canas cultivadas pela companhia.
O objetivo é ter mudas de cana-de-açúcar com alto potencial de produtividade agrícola e alta qualidade, enquanto matéria prima.
"O nosso foco atual é a adaptação da variedade com o solo, clima e manejo agrícola de pragas e doenças locais", de acordo com João Gomes, responsável pelo viveiro que tem em experimentação 30 espécies, quatro delas de Angola e as outras importadas do Brasil, África do Sul e Índia.
O método de multiplicação adotada é o sistema de “muda-pré-brotada” (MPB), que alcança altas taxas de multiplicação, se comparado com a plantação mecanizada convencional.
O diretor para as Relações Institucionais da Biocom, Luís Bagorro, que, durante três dias, mostrou à imprensa a nova vida na extensa área de produção, explica que a plantação de 42.500 hectares será aumentada para 80 mil na segunda fase, dentro de quatro anos.
O aumento de capacidade permitirá ao país ser auto-suficiente na produção de açúcar, produto que o mercado interno consome na ordem das 400 mil toneladas anuais, na maioria de importação, estando prevista uma nova duplicação da capacidade de produção, até 2025.
A produção de etanol está estimada, a partir de 2019, em 30 milhões de litros, e a energia eléctrica gerada será utilizada para reforçar a linha de alta tensão de Capanda / Cacuso.
Área industrial
A 370 quilômetros de Luanda, principal centro econômico do país, a unidade industrial tem capacidade para processar, na primeira fase, 2,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, matéria-prima base para a produção industrial.
A unidade industrial é operada por meio de uma Central de Operações Industriais (COI), com sistemas de automação, controlos e câmaras que garantem um acompanhamento em tempo real de todas as etapas do processo de fabricação.
Do processo industrial resultam três produtos principais: o açúcar, a energia elétrica e o etanol.
Produção de Açúcar
A Biocom produz e comercializa açúcar, atendendo a clientes de todo o país.
O açúcar produzido é o cristal branco, que é comercializado em embalagens de um e 50 quilogramas.
Para produzir açúcar, o sumo da cana-de-açúcar é extraído através de um sistema difusor e passa pelas etapas de peneiração, clarificação, concentração, cristalização, centrifugação e secagem, por meio do qual a sacarose se transforma em cristais de açúcar.
Para Bartolomeu Gonga, responsável pelo processo de fabricação de açúcar, é motivador participar desse processo que tem como média diária uma produção de mil sacos, de 30 quilogramas cada.
Energia elétrica
A energia elétrica é produzida a partir da biomassa (pequenos pedaços de madeira resultantes de trituração) e do bagaço da cana-de-açúcar, provenientes do processo de supressão vegetal, da produção de açúcar e de etanol.
"A geração de energia elétrica é realizada por meio do vapor gerado nas caldeiras de alta pressão, alimenta as turbinas que transformam essa energia térmica em mecânica e que os geradores convertem em energia elétrica", esclareceu Simão Conde, técnico angolano operador de geração de energia.
A energia produzida é suficiente para abastecer a unidade industrial e o excedente é vendido à Empresa Nacional de Distribuição de Eletricidade (ENDE, E.P.).
A capacidade plena de comercialização de energia eléctrica será atingida na safra de 2019/2020, com 235 Gigawatt/hora (GWh) de energia elétrica.
Produção de etanol
O etanol (álcool etílico) ou simplesmente álcool, no processo de fabricação da Biocom, é obtido da fermentação de açúcar.
O processo utilizado na produção do Etanol Anidro é o Metil Etileno Glicol, informou Emílio Lourenço Adão, da área de produção desta substância.
Na safra de 2019/2020, momento em que será atingida a maturidade da unidade industrial, está prevista a produção de 28 mil metros cúbicos de etanol anidro.
Preservação ambiental e projetos sociais
A empresa, que hoje emprega mais de 2,5 mil angolanos nas suas operações agro-industriais, reserva 5.579 hectares à preservação permanente de vegetação nativa, além de re-utilizar os resíduos gerados no processo industrial.
A educação, cultura, o desporto e lazer estão entre as prioridades da empresa, que, além de gerar mais de cinco mil empregos indiretos e beneficiar acima de 30 mil pessoas, promove, junto da comunidade local, acções de apoio à educação básica para eliminar o analfabetismo.
Com um investimento final estimado em 750 milhões de dólares norte-americanos, o maior investimento agro-industrial recente no país tem como acionistas as empresas brasileiras Cochan (40%), Odebrecht (40%) e a angolana Sonangol (20%).
Angola já foi potência na produção de café e algodão, dois dos principais produtos que alavancaram a sua economia nas duas últimas décadas que antecederam a independência do país.
 
Habituado a fortes desafios e com os olhos num futuro risonho, o país trabalhou por largas décadas para criar alternativas consistentes ao algodão, ao diamante e ao petróleo, sua maior fonte de receita nos últimos 20 anos.
Hoje, volvidos 40 anos desde a conquista da sua liberdade, Angola vira-se para um novo produto para atacar em força o mercado internacional e fazer crescer as receitas.

 
É no Pólo Agro-Industrial de Capanda, município de Cacuso, província de Malanje, onde as autoridades do país fazem crescer uma plantação de cana-de-açúcar, numa área de 42.500 hectares.
O projeto está a posicionar o país entre os produtores mundiais de açucar, bioenergia e etanol.
A atividade de homens e máquinas, no perímetro equivalente a 42.500 campos de futebol, abre hoje espaço à auto suficiência na produção alimentar, ao fomento da cadeia produtiva e à aceleração do processo de diversificação da economia nacional.
O projeto, uma iniciativa público-privada, ganhou impulso com a aprovação do Decreto Presidencial número 230/13, que aprova a Adenda do Projecto de Investimento da Unidade Agro-industrial de Cacuso-Malanje.
A aprovação deste diploma permitiu nova injecção financeira ao projecto agro-industrial gerido pela Companhia de Bioenergia de Angola, Lda (Biocom).
A vontade de transformar esse "pedaço" de Cacuso ganhou corpo e, hoje, da produção de cana-de-açúcar, resultam seis mil metros cúbicos de etanol, 205 gigawatts/hora de energia elétrica, além de seis mil toneladas de açúcar.
A transformação centra-se na necessidade de alavancar a economia nacional e na redução da dependência do sector petrolífero.
Para acelerar essa transformação, a administração da Biocom tem na tecnologia um dos grandes diferenciais competitivos. Os processos de plantação e colheita são totalmente mecanizados.
Com olhos na melhoria contínua da sua produção agrícola, a empresa angolana de direito privado investe em estudos, pesquisas de laboratório e de campo, bem como em testes de equipamentos de ponta.

Um dos investimentos nessa direção é o viveiro onde são multiplicadas as variedades de canas cultivadas pela companhia.
O objetivo é ter mudas de cana-de-açúcar com alto potencial de produtividade agrícola e alta qualidade, enquanto matéria prima.
"O nosso foco atual é a adaptação da variedade com o solo, clima e manejo agrícola de pragas e doenças locais", de acordo com João Gomes, responsável pelo viveiro que tem em experimentação 30 espécies, quatro delas de Angola e as outras importadas do Brasil, África do Sul e Índia.

O método de multiplicação adotada é o sistema de “muda-pré-brotada” (MPB), que alcança altas taxas de multiplicação, se comparado com a plantação mecanizada convencional.
O diretor para as Relações Institucionais da Biocom, Luís Bagorro, que, durante três dias, mostrou à imprensa a nova vida na extensa área de produção, explica que a plantação de 42.500 hectares será aumentada para 80 mil na segunda fase, dentro de quatro anos.
O aumento de capacidade permitirá ao país ser auto-suficiente na produção de açúcar, produto que o mercado interno consome na ordem das 400 mil toneladas anuais, na maioria de importação, estando prevista uma nova duplicação da capacidade de produção, até 2025.
A produção de etanol está estimada, a partir de 2019, em 30 milhões de litros, e a energia eléctrica gerada será utilizada para reforçar a linha de alta tensão de Capanda / Cacuso.
Área industrial
A 370 quilômetros de Luanda, principal centro econômico do país, a unidade industrial tem capacidade para processar, na primeira fase, 2,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, matéria-prima base para a produção industrial.
A unidade industrial é operada por meio de uma Central de Operações Industriais (COI), com sistemas de automação, controlos e câmaras que garantem um acompanhamento em tempo real de todas as etapas do processo de fabricação.
Do processo industrial resultam três produtos principais: o açúcar, a energia elétrica e o etanol.
Produção de Açúcar
A Biocom produz e comercializa açúcar, atendendo a clientes de todo o país.
O açúcar produzido é o cristal branco, que é comercializado em embalagens de um e 50 quilogramas.
Para produzir açúcar, o sumo da cana-de-açúcar é extraído através de um sistema difusor e passa pelas etapas de peneiração, clarificação, concentração, cristalização, centrifugação e secagem, por meio do qual a sacarose se transforma em cristais de açúcar.
Para Bartolomeu Gonga, responsável pelo processo de fabricação de açúcar, é motivador participar desse processo que tem como média diária uma produção de mil sacos, de 30 quilogramas cada.
Energia elétrica
A energia elétrica é produzida a partir da biomassa (pequenos pedaços de madeira resultantes de trituração) e do bagaço da cana-de-açúcar, provenientes do processo de supressão vegetal, da produção de açúcar e de etanol.

"A geração de energia elétrica é realizada por meio do vapor gerado nas caldeiras de alta pressão, alimenta as turbinas que transformam essa energia térmica em mecânica e que os geradores convertem em energia elétrica", esclareceu Simão Conde, técnico angolano operador de geração de energia.

 
A energia produzida é suficiente para abastecer a unidade industrial e o excedente é vendido à Empresa Nacional de Distribuição de Eletricidade (ENDE, E.P.).
A capacidade plena de comercialização de energia eléctrica será atingida na safra de 2019/2020, com 235 Gigawatt/hora (GWh) de energia elétrica.
Produção de etanol
O etanol (álcool etílico) ou simplesmente álcool, no processo de fabricação da Biocom, é obtido da fermentação de açúcar.
O processo utilizado na produção do Etanol Anidro é o Metil Etileno Glicol, informou Emílio Lourenço Adão, da área de produção desta substância.
Na safra de 2019/2020, momento em que será atingida a maturidade da unidade industrial, está prevista a produção de 28 mil metros cúbicos de etanol anidro.
Preservação ambiental e projetos sociais
A empresa, que hoje emprega mais de 2,5 mil angolanos nas suas operações agro-industriais, reserva 5.579 hectares à preservação permanente de vegetação nativa, além de re-utilizar os resíduos gerados no processo industrial.
A educação, cultura, o desporto e lazer estão entre as prioridades da empresa, que, além de gerar mais de cinco mil empregos indiretos e beneficiar acima de 30 mil pessoas, promove, junto da comunidade local, acções de apoio à educação básica para eliminar o analfabetismo.

Com um investimento final estimado em 750 milhões de dólares norte-americanos, o maior investimento agro-industrial recente no país tem como acionistas as empresas brasileiras Cochan (40%), Odebrecht (40%) e a angolana Sonangol (20%).