Apelidada de câncer da cana, podridão vermelha começa a assustar produtores canavieiros

14/09/2016 Cana-de-Açúcar POR: Assessoria de Imprensa
Para a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), presente na cerimônia de assinatura do documento, realizada na manhã da segunda-feira (12/09), no Palácio do Planalto, trata-se de um fato histórico para o País, que finalmente transformou intenções em compromissos legais. 
O diretor Executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa, lembra que a proposta brasileira de combate às mudanças climáticas foi uma das mais arrojadas, justamente pelo enorme potencial que o País apresenta em relação às fontes energéticas não poluentes. 
“Com a aprovação final do Acordo, estamos mostrando à sociedade brasileira e ao mundo que podemos ser protagonistas neste processo de transição para um desenvolvimento sustentável. De agora em diante, temos que fazer a lição de casa e elaborar um plano ambicioso para a efetiva implantação das metas previstas para 2030. Para que isto ocorra, os investimentos precisam ser iniciados o quanto antes”, avalia Eduardo Leão.
O Acordo de Paris, celebrado na capital francesa em 12 de dezembro de 2015 e posteriormente assinado em Nova York, no dia 22 de abril deste ano, tem o objetivo de limitar o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais. Para isso, determina metas individuais de cada país para a redução das emissões de gases de efeito estufa. O Acordo só entrará em vigor depois que 55 países, que juntos representem o total de 55% das emissões globais apresentarem seus instrumentos de ratificação.
No caso do Brasil, a proposta é reduzir 37% das emissões de gases de efeito estufa até 2025 e de 43% até 2030 (com base nos níveis de 2005). Tais metas incluem a maior participação de fontes renováveis na matriz energética, tais como a energia elétrica gerada a partir da biomassa, com previsão de crescimento de mais de 300% em relação a 2014, e do etanol, cujo consumo estimado no País passará dos atuais 28 bilhões de litros por ano para mais de 50 bilhões em 2030.
Aspas para o etanol
Durante evento de hoje no Palácio do Planalto, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, ressaltou “o papel fundamental dos biocombustíveis, especialmente do etanol de cana, para garantir o cumprimento das metas do plano brasileiro de combate às mudanças climáticas.”
Na mesma linha, o atual ministro das Relações Exteriores, José Serra, também alertou sobre os benefícios econômicos e socioambientais do biocombustível sucroenergético, defendendo que “o etanol deve tornar-se uma commodity global, sendo produzido no mundo todo.”
Também presente no evento, o ex-deputado e atual diretor executivo do Centro Brasil no Clima (CBC), Alfredo Sirkis, criticou o subsídio à gasolina em detrimento de medidas de apoio ao etanol no Brasil. De acordo com o especialista, o País deixou de investir em programas para estimular e tornar mais competitivo o etanol, como o Proálcool, por exemplo.
A Podridão Vermelha da cana-de-açúcar, causada pelo fungo Colletotrichum falcatum, já está presente e distribuída no Brasil há muito tempo. Porém, sempre foi considerada uma doença de importância secundária, com seus maiores prejuízos ocorrendo em associação com outros fatores estressantes, sejam bióticos ou abióticos. A associação mais comum é com a Broca-da-cana (Diatraea saccharalis), formando o complexo broca - podridão.
Entretanto, nos últimos meses, têm sido comuns relatos de produtores de diversas regiões do Centro-Sul que teriam encontrado seus canaviais tomados por essa doença. As causas, segundo a pesquisadora do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Silvana Aparecida Creste Dias Souza, seriam a consolidação da colheita e plantio mecanizado, além da permanência de grandes quantidades de restos culturais na lavoura. “Este novo cenário impulsionou a ocorrência desse patógeno em diversas regiões canavieiras do Centro-Sul.”
E o produtor deve ficar atento aos sintomas dessa doença, que incluem secamento dos colmos e falhas no canavial, já que os prejuízos decorrentes de uma infestação podem ser devastadores. “Essa doença provoca degradação da matéria-prima, com redução da produtividade, já que o fungo tem um grande impacto na sacarose, uma vez que causa sua inversão na indústria.”
Na Índia, inclusive, a Podridão Vermelha é a doença de maior importância econômica, podendo afetar até 64% das variedades. Por lá, ela tem sido chamada de “câncer da cana”. Porém, no Brasil a situação não deve ficar tão extrema, já que as condições de cultivo e de clima naquele país são diferentes às daqui. Como se sabe, tais condições exercem influência direta na manifestação de doenças de plantas. Além da Índia, a Podridão Vermelha também tem sido considerada devastadora em países como Austrália, Bangladesh e Paquistão.
Com relação ao controle, a pesquisadora do IAC afirma que os químicos podem ser uma alternativa viável. Entretanto, não há informações sobre a viabilidade técnica do controle do patógeno mediante a aplicação de fungicidas, fato esse que contribui à baixa disponibilidade ou até mesmo inexistência de fungicidas registrados para o controle dessa doença. “Por outro lado, a inexistência de informação sobre resistência varietal limita a definição de estratégias de controle.”
O alastramento da Podridão Vermelha da cana-de-açúcar e suas formas de controle será um dos assuntos abordados no 10º Grande Encontro Sobre Variedades de Cana, que acontece no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, nos dias 28 e 29 de setembro. As inscrições podem ser feitas pelo site: www.ideaonline.com.br, em que também é possível obter mais informações sobre o evento.
SERVIÇO
Evento: 10º Grande Encontro sobre Variedades de Cana-De-Açúcar
Data: 28 e 29 de setembro
Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto
Informações e inscrições: www.ideaonline.com.br