Aplicação aérea em cana-de-açúcar: desafios, tecnologia e novas ferramentas

BANCO DE VARIEDADES POR: Gustavo Prates Vigna* Bárbara Marcasso Copetti** Roberto Estevão Bragion de Toledo*** Leonardo Araújo**** Leonardo Luvezuti *****

engenheiro-agrônomo e gerente de cultura Cana-de-açúcar e do Programa Segnus da Ourofino Agrociência

** engenheira-agrônoma e especialista de Desenvolvimento de Produtos e Mercado Cana-de-açúcar da Ourofino Agrociência

*** engenheiro-agrônomo e gerente de Produtos Herbicidas da Ourofino Agrociência

**** engenheiro-agrônomo e diretor de Marketing, P&D e PDI da Ourofino Agrociência

***** engenheiro-agrônomo e Head de Negócios e Inovação da Perfect Flight

Nos últimos anos, a aplicação aérea de defensivos agrícolas voltou a ser alvo de grandes discussões no Brasil, inclusive com a criação de leis contra a atividade em alguns estados. Esse movimento acende o debate de órgãos ligados a produtores rurais, que defendem o uso dos aviões agrícolas, afirmando que sem eles a agricultura sofreria um sério impacto.

Dentre os alvos do Ministério Público, a cultura da cana-de-açúcar é foco de investigações que buscam identificar possíveis irregularidades nessa modalidade de aplicação. Tais ações geram alguns questionamentos em relação ao assunto como, por exemplo, a existência de riscos na aviação agrícola relacionados ao meio ambiente; os motivos das notícias negativas que envolvem o assunto; a qualidade desse tipo de aplicação, e, principalmente, sobre a comunicação entre o setor agrícola e a sociedade (ou a falta dela).

Com mais de duas mil aeronaves, o Brasil possui, atualmente, a segunda maior frota de aviões agrícolas do mundo, segundo o Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola). Com essa estrutura, são pulverizados 70 milhões de hectares de lavouras anualmente, o que representa um quarto das aplicações de defensivos no país.

Nesse cenário, as empresas do setor se unem para que as aplicações dos defensivos agrícolas aconteçam de forma segura (Product Stewardship), e a tecnologia é uma aliada nesse sentido. Já existe no mercado uma plataforma brasileira de gestão e rastreabilidade de pulverização aérea, a qual é baseada em um sistema de planejamento e análise de aplicação.

Com esse recurso, é possível manter a assertividade da aviação agrícola e identificar as áreas residenciais, de preservação ambiental e de organismos vivos, como colmeias e populações do bicho-da-seda, posicionados no entorno de plantações-alvo de pulverizações. É uma solução eficiente para tecnicamente contradizer a algumas iniciativas no país que visam à proibição de pulverizações aéreas.

O objetivo dessa ferramenta é gerar relatórios simultâneos de análises de pulverizações por meio dos arquivos LOG dos aparelhos DGPS das aeronaves e a missão é mudar a maneira como a aplicação de defensivos é feita, aumentando a eficácia e o respeito ao meio ambiente.

A adoção dessa tecnologia permite ao usuário:

  1. Efetuar o planejamento de voos (para identificação de áreas de restrição);
  2. Controlar os custos (de produtos, desperdícios e perdas e aplicação);
  3. Analisar a pulverização de maneira completa (índices de acerto, falha, uniformidade e desperdício);
  4. Aumentar a produtividade (uso eficiente de produtos, aplicação certa e no momento certo),
  5. Analisar a pulverização com facilidade (dados podem ser acessados de celulares ou tablets).

Esses benefícios proporcionam rotas mais eficientes de voo, aplicação no alvo adequado, rastreabilidade da aplicação, visibilidade de sobreposições, uniformidade na aplicação, além de calcular automaticamente os índices de acerto, uniformidade, falha e desperdício. Também cria um ambiente para análises por meio da comparação de safras e aplicações anteriores.

A busca por tecnologia e inovação, além da melhoria de processos, produtos e serviços como esse sistema, é fundamental para manter a força da agricultura nacional. Por meio de inovações e propostas diferenciadas, as indústrias do segmento podem se tornar também agentes transformadores da agricultura brasileira, provando que estão e seguirão sempre ao lado do produtor, contribuindo ativamente para o crescimento sustentável e contínuo do setor.