Nesta edição da Revista Canavieiros, a Copercana presta homenagem ao colaborador Anézio Meloni Filho, o “Ducha”, como é conhecido, que há mais de 40 anos se dedica e presta um exemplar trabalho à cooperativa. Conversamos com ele para saber um pouco da sua história e da sua importante trajetória. E, antes que eu me esqueça, o apelido Ducha partiu do seu tio José Meloni (in memoriam) que o apelidou na infância de Gorducha por ele ser gordinho e com o tempo abreviaram para Ducha.
Ducha com os pais, Anézio Meloni (in memoriam) e Deolinda Fernandes Meloni ao centro, e seus os irmãos, Ana, Rosimeire, Lilian, João Chesterton Meloni (in memoriam) e Juvenal
Filho do produtor rural, Anézio Meloni (in memoriam), e da dona de casa, Deolinda Fernandes Meloni, Ducha nasceu em 1955, em Sertãozinho-SP, é o primogênito dos cinco irmãos João Chesterton Meloni (in memoriam), Rosimeire Meloni; Lilian Meloni; Ana Meloni e Juvenal Meloni.
Vista aérea do sítio São João
Passou sua infância na fazenda Boa Esperança, hoje sítio São João, em Sertãozinho, onde seu pai tomava conta da lavoura junto com o seu avô Ádamo Meloni (in memoriam), e sua mãe dona Deolinda cuidava da criação de galinha e vendia ovos. Ducha ainda morava sítio quando os seus avós paternos Ádamo Meloni e Felícia Sotalani Meloni (in memoriam), construíram um engenho de cana de produção de cachaça. Para a época era um engenho de grande porte e toda a produção era fornecida para a empresa “Três Fazenda”, que comercializava uma marca de cachaça famosa. O engenho funcionou por vários anos, mas houve um período em que fornecer cana era mais lucrativo, então seu avô resolveu desativá-lo. “Foi um fato que marcou muito na minha vida, acabou aquela movimentação de gente, máquinas e veículos, ainda hoje sonho com ele funcionando”, disse.
Da esquerda para a direita, os avós paternos Ádamo Meloni (in memoriam) e Felícia Sotalani Meloni (in memoriam) e os avós maternos Juvenal Fernandes (in memoriam) e Laura Cruz Fernandes (in memoriam)
Já seus avós maternos, Juvenal Fernandes (in memoriam) e Laura Cruz Fernandes (in memoriam) fundaram o bairro Shangri-la. “Eles lotearam, idealizaram e rascunharam o bairro redondo, que hoje é um dos cartões postais de Sertãozinho, e a praça do bairro foi denominada Juvenal Fernandes”, lembra.
Ducha lembra que teve uma infância muito boa no sítio, apesar da simplicidade nada lhes faltavam. “O meu avô Ádamo morava na casa sede do sítio e nós em uma ao lado construída por ele. Tive uma infância boa, nada faltava porque tínhamos os recursos do sítio, como as criações e as plantações, mas criança gosta de doce e no sítio não tínhamos muitas condições para comer”, Antigamente muitos ambulantes iam até os sítios e fazendas para vender seus produtos e o doceiro era um deles. “Não era todo mês que se podia comprar doce e meu avô era muito enérgico, doce para ele era luxo. Eu me lembro que tomávamos refrigerante só no Natal e Ano Novo, não é como hoje que temos as coisas mais fáceis e podemos comer a qualquer hora. Os meus pais faziam economia porque tinham seis filhos e eu, para conseguir um doce, aplicava a minha estratégia”, ressaltou.
Como não tinha meio de arrumar dinheiro para comprar doces, Ducha vendia garrafas e ferro velho do sítio para os ambulantes que passavam e com o que arrecadava comprava doces e picolés. “Isso aconteceu até o dia em que o meu avô descobriu e falou bravo que não queria que tirasse mais nada do sítio para vender, e aí é claro, tive que parar”, contou. Mas suas estratégias para comer um doce não pararam. Ele passou a observar que no final dos terços realizados na capela do sítio as pessoas colocavam moedas em uma caixinha. “Um dia pensei, não vou mais passar vontade de comer doce e quando eu via que os doceiros entravam na sede eu ia na capela e pegava dinheiro para comprar”, disse Ducha, e que, segundo ele, só parou de pegar as moedinhas depois que passoua fazer alguns serviços para o avô e receber o seu dinheiro. Hoje essa história ficou tão marcada na sua memória que quando ele passa pela capela, que ainda existe na entrada do sítio, faz questão de parar e deixar um dinheiro.
Estudo
Ducha fez o primeiro ano na escola Municipal Profº. Anacleto Cruz, em Sertãozinho e depois foi para a escola da usina São Vicente, já que era difícil estudar na cidade, pois a distância dificultava. “Eu não gostava de estudar, quem me incentivava era minha mãe, ela sempre pegou no meu pé e só tenho a agradecer. Costumo dizer que ela foi a grande professora da minha vida. Se não fosse por ela, eu não teria estudo”. Devido à necessidade de proporcionar uma melhor forma de estudos para os filhos, o pai de Ducha resolveu se mudar para a cidade. “Saímos do sítio e fomos morar no bairro Alto do Ginásio, em Sertãozinho, e confesso que foi muito difícil se adaptar na cidade, pois eu sentia muita saudade da roça”. Ducha passou a estudar na escola estadual, Winston Churchill, onde fez o ginásio, depois o supletivo na Semar e nessa mesma escola cursou técnico em contabilidade e, em seguida quando a Semar passou a ser faculdade, fez Administração de Empresas.
Trabalho
“Comecei a trabalhar com 14 anos. Assim que mudamos para Sertãozinho arrumei um emprego no escritório Contábil Labor. Um primo já trabalhava nesse escritório e conseguiu uma vaga para mim lá onde trabalhei por quatro anos”. A partir daí Ducha trabalhou na recepção de peças na Zanini, depois no almoxarifado da Mepam, e também no Banco Comércio Indústria, onde fazia o controle de pagamentos e fechamento diário de caixa. “Certa ocasião, o meu pai foi até a Copercana para conversar com o senhor Toninho Tonielo e com o senhor José Carlos Rossin, e eles me deram uma oportunidade na área fiscal onde eu datilografava NPR Rural. Depois passei a ser assistente fiscal na área tributária, em seguida encarregado da área tributária. Fiz várias especializações, foi onde abriu um horizonte”, comentou Ducha, que agarrou todas as oportunidades. “Foi um período de muito trabalho porque a legislação tributária brasileira não para e é preciso se inteirar para não ficar para trás”.
Atualmente Ducha exerce a função de supervisor fiscal e já acompanhou muitas transformações na Copercana. De acordo com ele, além de insumos agropecuários, máquinas e ferramentas para atender os produtores rurais, o que tem chamado sua atenção é a expansão que a cooperativa vem passando. “A Copercana não parou, passou a contar com lojas de supermercados também e vem evoluindo pela região e tem dado muito certo”. Outra coisa que lhe chamou a atenção foi a construção da cerealista de beneficiamento e blancheamento de amendoins. “Esse processo de produção própria gerará redução nos custos, e consequentemente preços mais competitivos nos mercados interno e internacional”, analisou.
No antigo departamento fiscal e contábil, junto dos colegas de trabalho
Orgulho do seu trabalho
“Com certeza tenho muito orgulho do que faço na Copercana. Devo tudo a essa cooperativa que muito me ensinou e ainda ensina. Entrei na Copercana em 1979, são 43 anos de muito trabalho e conquista. Só tenho a agradecer o José Carlos Rossin, que foi meu grande esteio na Copercana, ele me ensinou muito. E agradecer também ao gerente de controladoria, Marcos Molezin, que valoriza o trabalho de seus funcionários também, e à equipe do Departamento Fiscal, que vem desenvolvendo um bom trabalho dentro da empresa”.
Desafios atuais
“Vejo uma decisão arrojada na mudança do sistema atual para o sistema SAP, que vai exigir muitos esforços e requer uma grande demanda de tempo para sua implementação, porém, uma mudança necessária para o futuro da empresa”, pontua.
Ducha se casou com Eliana, em 1982
Família
Quando Ducha conheceu sua esposa Eliana Aparecida dos Santos Meloni, ela também trabalhava na área tributária, porém, de um escritório de contabilidade. Não demorou muito para pedi-la em namoro. No ano de 1982 se casaram e logo veio o primeiro filho, Anézio Meloni Neto, que atualmente é agrônomo da Copercana, em Barretos. Depois tiveram o Flávio Henrique Meloni, que trabalha no departamento Jurídico da Copercana e depois a Carolina Felícia Meloni, que é fonoaudióloga. “Meus filhos não me deram e não me dão nenhum trabalho. Não tenho o que reclamar deles. Sempre foram estudiosos e cumpriram suas jornadas de estudos. Foram bons alunos”. Seus filhos Neto e Flávio se casaram e vieram dois netinhos, a Maria Lemes Meloni e o Pedro Furtado Meloni. “Meus netos são minha alegria, sou um avô babão”.
Da esquerda para a direita Neto (filho), Eliana (esposa), Carolina (filha), Ducha e Flávio (filho)
Lazer
Nos fins de semana, Ducha costuma curtir a família e ficar com os filhos e os netos na área de lazer que construiu no sítio junto com os irmãos. “Graças a Deus meu pai ainda estava vivo e pode curtir a área de lazer conosco. Ele tomou gosto por ir até lá, fazia torneio de sanfoneiros, começou a levar várias pessoas e aproximava a família também”, lembrou com lágrimas nos olhos. Além de ir para o sítio curtir a família e tomar sua cervejinha, nas horas de lazer Ducha gosta de ler e, apesar de ser uma pessoa bem calma, ele gosta de assistir a filmes de guerra.
Os netos Maria e Pedro
Esporte
Quem vê o Ducha pelos corredores da Copercana não imagina, mas ele é faixa marrom em karatê, seu esporte favorito. Ele ainda contou que de tanto apanhar nas brigas que aconteciam nos carnavais, pensou em fazer algo para aprender técnicas e se defender. Foi para Ribeirão Preto, no Colégio Marista ter aulas de karatê com o Sensei Pedro e tomou gosto pela doutrina. Passou pela academia do atleta Aurélio Miguel, onde teve aulas com o Sensei Takaschi, na Associação Beneficente, Cultural e Recreativa de Sertãozinho, com o Sensei Humberto, até ser faixa preta em karatê. Chegou a dar aula de karatê em Sertãozinho, no Clube da Mogiana, na academia do Professor Silvarte e na antiga academia Atlas. Com a correria do dia a dia, Ducha parou de dar aulas, mas até hoje pratica em casa.
No registro, seu diploma de faixa marrom
Gratidão
“Sou grato pelo cargo que ocupo e muito empenhado no que faço. Já se passaram 43 anos e ainda pretendo ficar mais um bom tempo por aqui porque me sinto parte da Copercana. Sei que uma hora vão pedir para eu parar, mas enquanto isso vou trabalhando até chegar esse momento. Sou muito grato e orgulhoso de trabalhar nessa cooperativa. Costumo dizer que minha vida profissional começou quando eu entrei na Copercana”.