Arranjo de plantio e espaçamento entre plantas no sistema MPB: oportunidade para redução do custo e ganho de produtividade

02/04/2019 Cana-de-Açúcar POR: Revista Canavieiros
 
*Rodrigo M. Bega
**Gabriel G. Guareschi
**Igor R. de Souza
**Otávio E. da Silva
***Sérgio G. Quassi de Castro
 
No período de 2010 a 2018, a produtividade da cana-de-açúcar no Brasil se estagnou próximo a 75 TCH - toneladas de colmo por hectare (Figura 1). No mesmo período, o aumento de produção obtido ocorreu devido ao aumento da área de cultivo, a qual abrange aproximadamente 10 milhões de hectares no Brasil (Conab, 2018). Nesse sentido, a adoção de medidas que otimizem o retorno da produtividade a patamares superiores a 80 TCH é necessária e deve estar de acordo com o cenário de intensiva mecanização do canavial, pois caso isso não ocorra, a sustentabilidade da produção de cana-de-açúcar no Brasil estará ameaçada frente à renovação precoce dos canaviais (menor longevidade) e aumento do custo agrícola (R$ ha-1), o qual está estimado em R$ 9.364,64, valor esse 3% superior ao obtido na safra 2017/2018 (Pecege/Novacana, 2019).
 
Uma alternativa que está sendo amplamente utilizada pelos produtores e usinas no Brasil, com o intuito de reduzir custo e maximizar a operação, é a adoção das mudas pré-brotadas (MPB) na etapa de plantio da cana-de-açúcar, afinal, de todas as operações realizadas na cultura (plantio, colheita, tratos culturais), a operação mais onerosa é o plantio (Franco et al., 2017). Não obstante, com o avanço da mecanização na canavicultura, a qual, abrange 94% das áreas cultivadas (Bordonal et al., 2018), a adoção do plantio mecanizado elevou o consumo de mudas no plantio, vide que, nas décadas de 70-80 eram gastos em média 6 gemas m-1, valor esse que dobrou (12 gemas m-1) entre os anos de 1980-1990 (Stolf & Barbosa, 1990). A partir de meados de 2000 até os dias atuais, o consumo médio de gemas alcançou valores próximos a 15 gemas m-1, sendo comum encontrar locais onde o gasto é próximo a 18 a 20 gemas m-1 (Franco et al., 2017).
O plantio utilizando o MPB pode ser feito manualmente, na qual a muda pré- brotada é transplantada no campo, após a abertura do sulco de plantio, aplicação de insumos e fertilizantes e fechamento do sulco (Figura 2A). Nos últimos anos, empresas do setor de máquinas e implementos agrícolas desenvolveram equipamentos que realizam concomitantemente todas essas operações, gerando maior rendimento operacional e redução no custo final do plantio do MPB (Figura 2B).
 
Independentemente do modo de plantio do MPB, o espaçamento entrelinha adotado é o praticado na propriedade/usina. Atualmente os espaçamentos mais utilizados são: convencional (espaçamento entrelinha de 1,5 m), ou espaçamento duplo alternado (espaçamento de 0,9 x 1,6 m). Seja no espaçamento convencional ou duplo alternado, o espaçamento entre plantas (ou mudas) em cada linha de plantio se mantém constante (0.50 m).
O manejo de plantio do MPB pode gerar questionamentos sob o ponto de vista da fisiologia da cana-de-açúcar associado a velocidade de crescimento e produção de biomassa. Considerando três linhas de cana, com espaçamento entre planta fixo, em campo ocorrerá a disposição das plantas em forma de um quadrado (Figura 3). Com o transcorrer do desenvolvimento é possível haver sombreamento de uma linha na outra, sendo que, havendo menor radiação, se pode reduzir o crescimento e acúmulo de biomassa pela cultura. Nesse sentido, alternar o espaçamento entre plantas de forma a não originar o quadrado e sim um losango (Figura 3), o qual inibe o sombreamento não seria uma alternativa para potencializar o desenvolvimento do MPB? Outro questionamento existente é sobre a manutenção do espaçamento de 0,5 m entre plantas, vide que, em recente trabalho conduzido por duas safras, na região nordeste do Estado de São Paulo, ganhos médios de 6% (9 TCH a.a.) na produtividade da cana-de-açúcar foram obtidos quando comparado o espaçamento entre plantas de 0,75 m com o 0,50 m (Rossi Neto et al., 2018).
 
Nesse contexto o professor Dr. Rodrigo Bega, docente do curso de Agronomia do Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP) e sócio diretor da Agroprós, coordenou uma pesquisa durante a safra 2017/2018 cuja a hipótese foi: o arranjo de disposição das mudas de MPB e a variação do espaçamento entre plantas influencia a produção de biomassa da cana-de-açúcar. Nesse contexto, a presente pesquisa teve por objetivo avaliar o desenvolvimento e produção de biomassa da cana-de-açúcar, utilizando diferentes arranjos e espaçamento entre plantas no transplantio do MPB.
O experimento foi conduzido na região de Novo Horizonte - SP em um Argissolo Eutrófico. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados em esquema fatorial 2x4 com 4 repetições. O fator principal foram os arranjos de plantio - quadrado e losango, e o secundário os espaçamentos entre plantas: 0,4, 0,6, 0,8 e 1,0 m. A variedade adotada foi a RB966928, transplantada em dezembro de 2017.
Previamente a instalação do experimento foi feita amostragem de solo e aplicação de corretivo e condicionador de solo para elevação da saturação de bases a 60%. Durante a abertura do sulco para posterior transplantio do MPB foi feita a aplicação de fertilizante NPK (dose de 100 kg ha-1 de cada macronutriente) bem como a aplicação de inseticida e nematicida. Aos 150 dias após o transplantio (DAP) foi realizada biometria para avaliação da população e desenvolvimento das plantas bem como estimativa da produção de biomassa. A avaliação biométrica final ocorreu em setembro de 2018, aos 270 DAP, avaliando-se a produtividade da cana-de-açúcar.
 
PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR ORIUNDA DO PLANTIO DO MPB - AVALIAÇÃO AOS 150 DAP
A adoção do arranjo de plantio quadrado apresentou produtividade superior (19% - 10 TCH) comparado ao arranjo em losango. Os espaçamentos entre plantas também promoveram diferenças na produtividade da cana-de-açúcar originária do plantio de MPB na avaliação feita aos 150 DAP, período esse posterior a época de máximo desenvolvimento e crescimento da cana-de-açúcar. Em geral, os espaçamentos entre plantas mais equidistantes (0,8 e 1,0 m) permitiram maior desenvolvimento da cana-de-açúcar e consequentemente maior produtividade (média de 60 TCH) em comparação  aos espaçamentos menos equidistantes (0,4 e 0,6 m) - média de 54 TCH (Tabela 1).
 
PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR ORIUNDA DO PLANTIO DO MPB ASSOCIADO AO ARRANJO E ESPAÇAMENTO ENTRE PLANTAS 
A produtividade final da cana-de-açúcar foi influenciada pelo arranjo de plantio do MPB e também pelo espaçamento entre plantas adotado (Tabela 2). Em geral, o arranjo de plantio quadrado apresentou incremento de 12% (9 TCH) na produtividade da cana-de-açúcar em relação ao arranjo de plantio losango. Os espaçamentos entre plantas 0,80 e 1,00 m apresentaram maiores produtividades quando comparados aos espaçamentos mais reduzidos (0,4 e 0,6m). Em síntese, a adoção do plantio com espaçamento de 0,8 m ou 1,0 m apresentou produtividade média de 94 TCH, valor esse 31% superior à média de produtividade obtida nos menores espaçamentos - 72 TCH. Especificamente para o arranjo de plantio quadrado e losango, os espaçamentos entre plantas que apresentaram maior TCH foram respectivamente: 1,0 m e 0,8 m (Tabela 2).
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa demonstrou que a escolha do arranjo de plantio do MPB promove ganhos significativos na produtividade final da cana-de-açúcar. De acordo com o presente estudo, o arranjo quadrado (mais adotado atualmente) possibilita maior produtividade comparado ao arranjo em losango. Nesse contexto, as questões referentes ao sombreamento e radiação incidente sobre as plantas não influenciaram o desenvolvimento da cana-de-açúcar utilizando o MPB.
A escolha do espaçamento entre plantas é uma alternativa para maximizar a produtividade da cana-de-açúcar, afinal espaçamentos menores tendem a apresentar menor produtividade comparados a espaçamentos maiores. Importante destacar que existe a necessidade de novos estudos em outras condições edafoclimáticas a fim de avaliar os reflexos da adoção dos diferentes arranjos de plantio e espaçamento entre plantas no sistema MPB.
 
PARA REFLETIR
Considerando os seguintes cenários:
CENÁRIO 1 - preço da muda do MPB (R$ 1,20); espaçamento entre linha do MPB: 1,5 m, espaçamento entre plantas adotado: 0,5 m.
 CENÁRIO 2 - preço da muda do MPB (R$ 1,20); espaçamento entre linha do MPB: 1,5 m, espaçamento entre plantas adotado: 0,8 m.
A tomada de decisão sobre aumentar o espaçamento entre plantas a 0,8 m apresenta significativo impacto econômico, seja na redução no custo de aquisição do MPB (economia de R$ 6.000 ha-1), assim como há potencial para aumento da produtividade (~ 10 TCH) de acordo com o presente estudo (Figura 4). Considerando o preço médio da tonelada de cana R$ 60,00, o acréscimo de 10 TCH infere um ganho de receita de R$600,00 por hectare além da economia nas mudas.
 
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Centro Universitário de Rio Preto (Unirp) pelo apoio acadêmico e a fazenda Rio Morto (Novo Horizonte - SP) pela disponibilidade de área, equipe e insumos para a execução da presente pesquisa.
 
*Rodrigo M. Bega é docente do curso de Agronomia do Centro Universitário de Rio Preto (Unirp) e sócio diretor da Agroprós
**Gabriel G. Guareschi,  Igor R. de Souza e Otávio E. da Silva são graduandos de Agronomia do Centro Universitário de Rio Preto (Unirp)
***Sérgio G. Quassi de Castro é engenheiro agrônomo, pesquisador e sócio da AgroQuatro-S Experimentação e Consultoria Agronômica Aplicada
 
REFERÊNCIAS
Bordonal, R., Menandro, LM, Barbosa, LC, Lal, R, Milori, DMBP, Kolln, OT, Franco, HCJ, Carvalho, JLN (2018) Sugarcane yield and soil carbon response tostraw removal in south central Brazil. Geoderma 328:79-90. Doi: 10.1016/j.geoderma.2018.05.003
 
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento – 4º Levantamento da Safra de cana-de-açúcar do Brasil, 2018. Disponível em: www.conab.gov.br
 
Franco, HCJ, Castro, SGQ, Sanches, GM, Kolln, OT, Bordonal, RO, Borges, BMMN, Borges, CD. (2017) Chapter 15 - Alternatives to Increase the Sustainability of Sugarcane Production in Brazil Under High Intensive Mechanization.In: Singh, P.; Tiwari, A.K. Sustainable sugarcane production. Apple Academic Press 426p.
 
PECEGE/Novacana – Setor sucroenergético enfrenta custos mais altos de produção na temporada 2018/2019. Disponível em: www.novacana.com.br Publicado em 31 jan. 2019.
 
Rossi Neto, J., Souza, ZM., Kölln, OT., Carvalho, JLN., Ferreira, DA., Castioni, GAF., Barbosa, LC., Castro, SGQ., Braunbeck, OA., Garside, AL., Franco, HCJ. (2018) The arrangement and spacing of sugarcane planting influence root distribution and crop yield. Bioenergy Research, 11(2):291-304. Doi:10.1007/s12155-018-9896-1.
 
Stolf, R., Barbosa, V. Quantidade de mudas nos sulcos de Plantio da cana-de-açúcar em espaçamentos convencionais e estreitos: (I) Qual o valor? Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (STAB). Proceedings, (1990), 28-30.
 
OBS.: PARA VISUALIZAR AS FIGURAS DESCRITAS NO ARTIGO ACESSE NOSSA REVISTA DIGITAL.
*Rodrigo M. Bega
**Gabriel G. Guareschi
**Igor R. de Souza
**Otávio E. da Silva
***Sérgio G. Quassi de Castro
 
No período de 2010 a 2018, a produtividade da cana-de-açúcar no Brasil se estagnou próximo a 75 TCH - toneladas de colmo por hectare (Figura 1). No mesmo período, o aumento de produção obtido ocorreu devido ao aumento da área de cultivo, a qual abrange aproximadamente 10 milhões de hectares no Brasil (Conab, 2018). Nesse sentido, a adoção de medidas que otimizem o retorno da produtividade a patamares superiores a 80 TCH é necessária e deve estar de acordo com o cenário de intensiva mecanização do canavial, pois caso isso não ocorra, a sustentabilidade da produção de cana-de-açúcar no Brasil estará ameaçada frente à renovação precoce dos canaviais (menor longevidade) e aumento do custo agrícola (R$ ha-1), o qual está estimado em R$ 9.364,64, valor esse 3% superior ao obtido na safra 2017/2018 (Pecege/Novacana, 2019).
 
Uma alternativa que está sendo amplamente utilizada pelos produtores e usinas no Brasil, com o intuito de reduzir custo e maximizar a operação, é a adoção das mudas pré-brotadas (MPB) na etapa de plantio da cana-de-açúcar, afinal, de todas as operações realizadas na cultura (plantio, colheita, tratos culturais), a operação mais onerosa é o plantio (Franco et al., 2017). Não obstante, com o avanço da mecanização na canavicultura, a qual, abrange 94% das áreas cultivadas (Bordonal et al., 2018), a adoção do plantio mecanizado elevou o consumo de mudas no plantio, vide que, nas décadas de 70-80 eram gastos em média 6 gemas m-1, valor esse que dobrou (12 gemas m-1) entre os anos de 1980-1990 (Stolf & Barbosa, 1990). A partir de meados de 2000 até os dias atuais, o consumo médio de gemas alcançou valores próximos a 15 gemas m-1, sendo comum encontrar locais onde o gasto é próximo a 18 a 20 gemas m-1 (Franco et al., 2017).
O plantio utilizando o MPB pode ser feito manualmente, na qual a muda pré- brotada é transplantada no campo, após a abertura do sulco de plantio, aplicação de insumos e fertilizantes e fechamento do sulco (Figura 2A). Nos últimos anos, empresas do setor de máquinas e implementos agrícolas desenvolveram equipamentos que realizam concomitantemente todas essas operações, gerando maior rendimento operacional e redução no custo final do plantio do MPB (Figura 2B).
 
Independentemente do modo de plantio do MPB, o espaçamento entrelinha adotado é o praticado na propriedade/usina. Atualmente os espaçamentos mais utilizados são: convencional (espaçamento entrelinha de 1,5 m), ou espaçamento duplo alternado (espaçamento de 0,9 x 1,6 m). Seja no espaçamento convencional ou duplo alternado, o espaçamento entre plantas (ou mudas) em cada linha de plantio se mantém constante (0.50 m).
O manejo de plantio do MPB pode gerar questionamentos sob o ponto de vista da fisiologia da cana-de-açúcar associado a velocidade de crescimento e produção de biomassa. Considerando três linhas de cana, com espaçamento entre planta fixo, em campo ocorrerá a disposição das plantas em forma de um quadrado (Figura 3). Com o transcorrer do desenvolvimento é possível haver sombreamento de uma linha na outra, sendo que, havendo menor radiação, se pode reduzir o crescimento e acúmulo de biomassa pela cultura. Nesse sentido, alternar o espaçamento entre plantas de forma a não originar o quadrado e sim um losango (Figura 3), o qual inibe o sombreamento não seria uma alternativa para potencializar o desenvolvimento do MPB? Outro questionamento existente é sobre a manutenção do espaçamento de 0,5 m entre plantas, vide que, em recente trabalho conduzido por duas safras, na região nordeste do Estado de São Paulo, ganhos médios de 6% (9 TCH a.a.) na produtividade da cana-de-açúcar foram obtidos quando comparado o espaçamento entre plantas de 0,75 m com o 0,50 m (Rossi Neto et al., 2018).
 
Nesse contexto o professor Dr. Rodrigo Bega, docente do curso de Agronomia do Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP) e sócio diretor da Agroprós, coordenou uma pesquisa durante a safra 2017/2018 cuja a hipótese foi: o arranjo de disposição das mudas de MPB e a variação do espaçamento entre plantas influencia a produção de biomassa da cana-de-açúcar. Nesse contexto, a presente pesquisa teve por objetivo avaliar o desenvolvimento e produção de biomassa da cana-de-açúcar, utilizando diferentes arranjos e espaçamento entre plantas no transplantio do MPB.
O experimento foi conduzido na região de Novo Horizonte - SP em um Argissolo Eutrófico. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados em esquema fatorial 2x4 com 4 repetições. O fator principal foram os arranjos de plantio - quadrado e losango, e o secundário os espaçamentos entre plantas: 0,4, 0,6, 0,8 e 1,0 m. A variedade adotada foi a RB966928, transplantada em dezembro de 2017.
Previamente a instalação do experimento foi feita amostragem de solo e aplicação de corretivo e condicionador de solo para elevação da saturação de bases a 60%. Durante a abertura do sulco para posterior transplantio do MPB foi feita a aplicação de fertilizante NPK (dose de 100 kg ha-1 de cada macronutriente) bem como a aplicação de inseticida e nematicida. Aos 150 dias após o transplantio (DAP) foi realizada biometria para avaliação da população e desenvolvimento das plantas bem como estimativa da produção de biomassa. A avaliação biométrica final ocorreu em setembro de 2018, aos 270 DAP, avaliando-se a produtividade da cana-de-açúcar.
 
PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR ORIUNDA DO PLANTIO DO MPB - AVALIAÇÃO AOS 150 DAP
A adoção do arranjo de plantio quadrado apresentou produtividade superior (19% - 10 TCH) comparado ao arranjo em losango. Os espaçamentos entre plantas também promoveram diferenças na produtividade da cana-de-açúcar originária do plantio de MPB na avaliação feita aos 150 DAP, período esse posterior a época de máximo desenvolvimento e crescimento da cana-de-açúcar. Em geral, os espaçamentos entre plantas mais equidistantes (0,8 e 1,0 m) permitiram maior desenvolvimento da cana-de-açúcar e consequentemente maior produtividade (média de 60 TCH) em comparação  aos espaçamentos menos equidistantes (0,4 e 0,6 m) - média de 54 TCH (Tabela 1).
 
PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR ORIUNDA DO PLANTIO DO MPB ASSOCIADO AO ARRANJO E ESPAÇAMENTO ENTRE PLANTAS 
A produtividade final da cana-de-açúcar foi influenciada pelo arranjo de plantio do MPB e também pelo espaçamento entre plantas adotado (Tabela 2). Em geral, o arranjo de plantio quadrado apresentou incremento de 12% (9 TCH) na produtividade da cana-de-açúcar em relação ao arranjo de plantio losango. Os espaçamentos entre plantas 0,80 e 1,00 m apresentaram maiores produtividades quando comparados aos espaçamentos mais reduzidos (0,4 e 0,6m). Em síntese, a adoção do plantio com espaçamento de 0,8 m ou 1,0 m apresentou produtividade média de 94 TCH, valor esse 31% superior à média de produtividade obtida nos menores espaçamentos - 72 TCH. Especificamente para o arranjo de plantio quadrado e losango, os espaçamentos entre plantas que apresentaram maior TCH foram respectivamente: 1,0 m e 0,8 m (Tabela 2).
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa demonstrou que a escolha do arranjo de plantio do MPB promove ganhos significativos na produtividade final da cana-de-açúcar. De acordo com o presente estudo, o arranjo quadrado (mais adotado atualmente) possibilita maior produtividade comparado ao arranjo em losango. Nesse contexto, as questões referentes ao sombreamento e radiação incidente sobre as plantas não influenciaram o desenvolvimento da cana-de-açúcar utilizando o MPB.
A escolha do espaçamento entre plantas é uma alternativa para maximizar a produtividade da cana-de-açúcar, afinal espaçamentos menores tendem a apresentar menor produtividade comparados a espaçamentos maiores. Importante destacar que existe a necessidade de novos estudos em outras condições edafoclimáticas a fim de avaliar os reflexos da adoção dos diferentes arranjos de plantio e espaçamento entre plantas no sistema MPB.
 
PARA REFLETIR
Considerando os seguintes cenários:
CENÁRIO 1 - preço da muda do MPB (R$ 1,20); espaçamento entre linha do MPB: 1,5 m, espaçamento entre plantas adotado: 0,5 m.
 CENÁRIO 2 - preço da muda do MPB (R$ 1,20); espaçamento entre linha do MPB: 1,5 m, espaçamento entre plantas adotado: 0,8 m.
A tomada de decisão sobre aumentar o espaçamento entre plantas a 0,8 m apresenta significativo impacto econômico, seja na redução no custo de aquisição do MPB (economia de R$ 6.000 ha-1), assim como há potencial para aumento da produtividade (~ 10 TCH) de acordo com o presente estudo (Figura 4). Considerando o preço médio da tonelada de cana R$ 60,00, o acréscimo de 10 TCH infere um ganho de receita de R$600,00 por hectare além da economia nas mudas.
 
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Centro Universitário de Rio Preto (Unirp) pelo apoio acadêmico e a fazenda Rio Morto (Novo Horizonte - SP) pela disponibilidade de área, equipe e insumos para a execução da presente pesquisa.
 
*Rodrigo M. Bega é docente do curso de Agronomia do Centro Universitário de Rio Preto (Unirp) e sócio diretor da Agroprós
**Gabriel G. Guareschi,  Igor R. de Souza e Otávio E. da Silva são graduandos de Agronomia do Centro Universitário de Rio Preto (Unirp)
***Sérgio G. Quassi de Castro é engenheiro agrônomo, pesquisador e sócio da AgroQuatro-S Experimentação e Consultoria Agronômica Aplicada
 
REFERÊNCIAS
Bordonal, R., Menandro, LM, Barbosa, LC, Lal, R, Milori, DMBP, Kolln, OT, Franco, HCJ, Carvalho, JLN (2018) Sugarcane yield and soil carbon response tostraw removal in south central Brazil. Geoderma 328:79-90. Doi: 10.1016/j.geoderma.2018.05.003
 
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento – 4º Levantamento da Safra de cana-de-açúcar do Brasil, 2018. Disponível em: www.conab.gov.br
 
Franco, HCJ, Castro, SGQ, Sanches, GM, Kolln, OT, Bordonal, RO, Borges, BMMN, Borges, CD. (2017) Chapter 15 - Alternatives to Increase the Sustainability of Sugarcane Production in Brazil Under High Intensive Mechanization.In: Singh, P.; Tiwari, A.K. Sustainable sugarcane production. Apple Academic Press 426p.
 
PECEGE/Novacana – Setor sucroenergético enfrenta custos mais altos de produção na temporada 2018/2019. Disponível em: www.novacana.com.br Publicado em 31 jan. 2019.
 
Rossi Neto, J., Souza, ZM., Kölln, OT., Carvalho, JLN., Ferreira, DA., Castioni, GAF., Barbosa, LC., Castro, SGQ., Braunbeck, OA., Garside, AL., Franco, HCJ. (2018) The arrangement and spacing of sugarcane planting influence root distribution and crop yield. Bioenergy Research, 11(2):291-304. Doi:10.1007/s12155-018-9896-1.
 
Stolf, R., Barbosa, V. Quantidade de mudas nos sulcos de Plantio da cana-de-açúcar em espaçamentos convencionais e estreitos: (I) Qual o valor? Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (STAB). Proceedings, (1990), 28-30.
 

OBS.: PARA VISUALIZAR AS FIGURAS DESCRITAS NO ARTIGO ACESSE NOSSA REVISTA DIGITAL.