Com a aposta num mercado ainda incipiente na agricultura ¬ o de soluções biológicas ¬, a companhia japonesa de defensivos Arysta LifeSciense está crescendo no Brasil em tempos de retração do setor. Após passar por uma grande reestruturação que foi consolidada em 2016, a "nova Arysta" está colhendo os frutos da mudança de foco. Até setembro, a empresa viu o Ebitda (lucro antes de juros impostos depreciação e amortização) no Brasil aumentar 26%. No mesmo período, a receita de vendas por aqui cresceu 10,5%, enquanto o mercado de defensivos caiu 4%, afirmou Fabio Torretta, presidente para América Latina da companhia, citando dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). O avanço, disse o executivo ao Valor, é reflexo da mudança de foco da companhia. Na nova estratégia, a Arysta combinou soluções biológicas ¬ que partem de princípios sem química para controle de pragas e estimulação do crescimento vegetal ¬ a químicas e passou a trabalhar com programas de aproximação ao produtor, incentivando o uso de tecnologia para redução de custo unitário e aumento da produtividade. "A Arysta já estava enxergando combinar os produtos de proteção com as biossoluções. Estamos indo na linha de saúde vegetal. A gente junta as soluções, não importa se é química ou biológica, olhando todos os quesitos da produção", explicou Torretta. O mercado de biodefensivos ainda tem um forte potencial de crescimento no mundo. Atualmente, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABC Bio), o mercado de biodefensivos agrícolas cresce entre 10% e 12% ao ano no mundo ¬ para o Brasil, a entidade vê um potencial de avanço na casa dos 15%. Segundo a entidade, no Brasil, o mercado total de defensivos agrícolas alcança o montante de US$ 9,6 bilhões, e a parte dos produtos biológicos legalizados corresponde a algo entre 1% e 2% desse total. Embora a Arysta já atuasse na área de soluções biológicas há cerca de dez anos, após a reestruturação o segmento ganhou fôlego e cresceu em torno de 30% na América Latina e 45% no Brasil, conforme Torretta. O reforço no segmento veio após a venda da Arysta para a americana Platform Specialty Products (PSP) em fevereiro de 2015. No mesmo ano, a PSP juntou aos ativos da japonesa os da belga Agriphar e os da americana Chemtura AgroSolutions. Desde então, a Arysta passou a puxar o crescimento da área de agrícola da americana. Todas as empresas ficaram sob o guarda¬chuva da Arysta e são hoje o braço de agricultura da PSP. Em 2015, o segmento, na PSP, faturou globalmente de US$ 1,7 bilhão, cerca de 70% da receita total da empresa, que também atua na área de consultoria. Desse total, a América Latina representa 40% ¬ e o Brasil responde por metade da receita na região. O cruzamento dos portfólios das companhias permitiu à Arysta um ganho de sinergia de US$ 110 milhões, que deve ser captado integralmente ao fim deste ano, segundo Torretta. Inicialmente, a previsão era que as sinergias ficassem em US$ 65 milhões. "A gente viu que poderia fazer muito mais com o portfólio completo que com cada um isolado", disse o executivo. Mesmo que o cenário para 2017 ainda não seja muito animador, o presidente da América Latina da Arysta acredita que deverá haver crescimento no Brasil, sobretudo, em receita. "O Brasil vai começar a tentar se recuperar economicamente. Não temos uma expectativa muito grande, mas esperamos crescer. Principalmente, porque temos oportunidades em áreas geográficas, em portfólio e em cultivo", previu. O risco no país, disse, está atrelado à instabilidade da moeda e a uma possível inadimplência. Mas a falta de pagamento não foi um grande problema para a empresa recentemente. Segundo Torretta, a proximidade com o produtor e o aumento das operações de barter ¬ troca de insumos pela produção do agricultor ¬, levaram a um índice de pagamentos pontuais de 98% nos últimos dois anos. "Com a crise, elevamos de 20% para 30% as operações de barter no país", afirmou.
Por Kauanna Navarro
Com a aposta num mercado ainda incipiente na agricultura ¬ o de soluções biológicas ¬, a companhia japonesa de defensivos Arysta LifeSciense está crescendo no Brasil em tempos de retração do setor. Após passar por uma grande reestruturação que foi consolidada em 2016, a "nova Arysta" está colhendo os frutos da mudança de foco. Até setembro, a empresa viu o Ebitda (lucro antes de juros impostos depreciação e amortização) no Brasil aumentar 26%. No mesmo período, a receita de vendas por aqui cresceu 10,5%, enquanto o mercado de defensivos caiu 4%, afirmou Fabio Torretta, presidente para América Latina da companhia, citando dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). O avanço, disse o executivo ao Valor, é reflexo da mudança de foco da companhia. Na nova estratégia, a Arysta combinou soluções biológicas ¬ que partem de princípios sem química para controle de pragas e estimulação do crescimento vegetal ¬ a químicas e passou a trabalhar com programas de aproximação ao produtor, incentivando o uso de tecnologia para redução de custo unitário e aumento da produtividade. "A Arysta já estava enxergando combinar os produtos de proteção com as biossoluções. Estamos indo na linha de saúde vegetal. A gente junta as soluções, não importa se é química ou biológica, olhando todos os quesitos da produção", explicou Torretta. O mercado de biodefensivos ainda tem um forte potencial de crescimento no mundo. Atualmente, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABC Bio), o mercado de biodefensivos agrícolas cresce entre 10% e 12% ao ano no mundo ¬ para o Brasil, a entidade vê um potencial de avanço na casa dos 15%. Segundo a entidade, no Brasil, o mercado total de defensivos agrícolas alcança o montante de US$ 9,6 bilhões, e a parte dos produtos biológicos legalizados corresponde a algo entre 1% e 2% desse total. Embora a Arysta já atuasse na área de soluções biológicas há cerca de dez anos, após a reestruturação o segmento ganhou fôlego e cresceu em torno de 30% na América Latina e 45% no Brasil, conforme Torretta. O reforço no segmento veio após a venda da Arysta para a americana Platform Specialty Products (PSP) em fevereiro de 2015. No mesmo ano, a PSP juntou aos ativos da japonesa os da belga Agriphar e os da americana Chemtura AgroSolutions. Desde então, a Arysta passou a puxar o crescimento da área de agrícola da americana. Todas as empresas ficaram sob o guarda¬chuva da Arysta e são hoje o braço de agricultura da PSP. Em 2015, o segmento, na PSP, faturou globalmente de US$ 1,7 bilhão, cerca de 70% da receita total da empresa, que também atua na área de consultoria. Desse total, a América Latina representa 40% ¬ e o Brasil responde por metade da receita na região. O cruzamento dos portfólios das companhias permitiu à Arysta um ganho de sinergia de US$ 110 milhões, que deve ser captado integralmente ao fim deste ano, segundo Torretta. Inicialmente, a previsão era que as sinergias ficassem em US$ 65 milhões. "A gente viu que poderia fazer muito mais com o portfólio completo que com cada um isolado", disse o executivo. Mesmo que o cenário para 2017 ainda não seja muito animador, o presidente da América Latina da Arysta acredita que deverá haver crescimento no Brasil, sobretudo, em receita. "O Brasil vai começar a tentar se recuperar economicamente. Não temos uma expectativa muito grande, mas esperamos crescer. Principalmente, porque temos oportunidades em áreas geográficas, em portfólio e em cultivo", previu. O risco no país, disse, está atrelado à instabilidade da moeda e a uma possível inadimplência. Mas a falta de pagamento não foi um grande problema para a empresa recentemente. Segundo Torretta, a proximidade com o produtor e o aumento das operações de barter ¬ troca de insumos pela produção do agricultor ¬, levaram a um índice de pagamentos pontuais de 98% nos últimos dois anos. "Com a crise, elevamos de 20% para 30% as operações de barter no país", afirmou.
Por Kauanna Navarro