As oportunidades da vida

13/03/2024 Noticias POR: Marino Guerra

“Ele (dr. Aurélio Nardini) foi o grande motivador da minha carreira. Desde que entrei nós conversávamos muito e ele sempre dizia que para crescer era necessário abrir mais meus horizontes e ampliar minha visão. Ele sempre me dava novas responsabilidades e eu fazia de tudo para corresponder às suas expectativas”

(Vanderlei Adauto Caetano)

Uma característica marcante da personalidade de uma pessoa derrotista é o fato dela estar sempre reclamando. Nada parece ser favorável e há sempre um culpado quando ela não alcança o que deseja. Algumas vezes, essas pessoas não se dão conta de que elas lutam contra si mesmas, espantando as boas oportunidades que vez por outra aparecem.

Compartilhamos hoje uma história que nos ensina e estimula a agir de forma totalmente diferente. A trajetória de Vanderlei Adauto Caetano, que com trabalho, disciplina e respeito construiu uma carreira de sucesso na Nardini Agroindustrial.

Nossa personagem começa como estagiário e hoje ocupa o cargo de diretor presidente da empresa, o primeiro no cargo que não faz parte da família Nardini, demonstrando a confiança nele depositada pelos membros da família epelo conselho de administração.

O início de tudo

O início da história se dá em dezembro de 1991, quando Vanderlei finalizava o quarto ano da graduação de Análise de Sistemas da Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto) e, por conta da obrigatoriedade do estágio, precisou sair do seu emprego, onde atuava há três anos na área contábil de uma cerealista em sua cidade natal, Monte Alto-SP, local onde reside até hoje.

Segundo Vanderlei, no início da década de 90, muitas empresas não haviam entrado ainda para o mundo da informática, obrigando-o a buscar estágio fora de sua cidade. Foi quando teve conhecimento de vaga na área de tecnologia da Nardini, empresa que até então não conhecia, e logo encaminhou seu currículo. Chamado para uma entrevista, disseram a ele que havia uma vaga para estágio, a princípio, que poderia tornar-se efetiva dentro de poucos meses.

Proposta aceita, registro em carteira e bolsa de estudos para finalizar a faculdade, Vanderlei logo passou de estagiário a operador de computador, dando suporte em todos os setores da destilaria e reportando demandas ao escritório administrativo, localizado na cidade de Catanduva-SP.

O mais incrível, desta história que parece ser tão comum, está nos seus detalhes, uma vez que demandou muito esforço. Para conseguir cumprir a jornada de trabalho e frequentar a universidade no período noturno, Vanderlei se mudou para Vista Alegre do Alto, para uma república mantida pela empresa, onde foi morar com colegas de trabalho. Saía muito cedo, voltava correndo para a república no fim da tarde e em seguida pegava o ônibus para Ribeirão Preto, retornando para casa depois da meia noite. Rotina que se intensificava ainda mais quando precisava prestar serviço no escritório em Catanduva. Nestes dias seu percurso passava dos 300 km, o que era necessário para cumprir todas as tarefas de seu trabalho e dos estudos.

Apesar de todas as decisões serem tomadas no escritório central, em Catanduva, era na pequena destilaria que ocorriam os processos, e aí entra um segundo detalhe, Vanderlei estava lá desde o início e adquiriu conhecimento dos processos como um todo, inclusive das áreas agrícola e industrial. Essa oportunidade, atrelada ao fato da convivência diária com o fundador da empresa, dr. Aurélio Nardini, foi o primeiro impulso ao crescimento profissional de Vanderlei.

Acompanhar o crescimento

Em 1995 foi concluída a instalação da fábrica de levedura de cana, matéria-prima para o setor de nutrição animal.

Vanderlei, então, passa a ocupar o cargo para o qual havia dedicado seus estudos: analista de sistemas.

Nesse período, a frequência de reuniões em Catanduva se intensificou, como também a confiança do dr. Aurélio Nardini. Vanderlei comparecia ao escritório administrativo cerca de três vezes por semana e sempre pegava carona com dr. Aurélio. Nessas ocasiões conversavam sobre a empresa e, devido ao fato de desenhar sistemas para todas as áreas e ter uma visão sistêmica dos processos, seu nome foi lembrado para assumir o cargo de supervisor administrativo da unidade, função de confiança, uma vez que dava apoio em todos os assuntos relacionados a contratos agrícolas, área financeira, recursos humanos, dentre outras áreas. O desafio foi aceito, desde que dividisse seu tempo com a função de analista de sistemas, sua formação.

Dois anos depois, a Nardini começa a produzir açúcar. Foi um período de muita turbulência no setor, em razão da mudança nos processos comerciais ocasionados pelo fim do IAA (Instituto do Açúcar de do Álcool) e do Proálcool, foi quando surgiu mais uma oportunidade na carreira de Vanderlei, pois não existiam profissionais com experiência no mercado de açúcar. A Nardini criou uma área comercial e Vanderlei, então no cargo de supervisão, recebeu do dr. Aurélio a missão de abrir o mercado regional de açúcar, função a qual passou a se dedicar e tomar gosto. Desta forma, atuava como analista, supervisor e, ainda, abraçou o desafio de atuar na área comercial.

Com o tempo foi ampliando seus conhecimentos, entendendo a dinâmica da exportação de açúcar e em 2000 surge a oportunidade de atuar como gerente da área. No ano seguinte a Nardini começa a comercializar energia elétrica, gerada a partir da queima do bagaço da cana, obrigando-o mais uma vez a mergulhar no assunto para entender como estava se configurando o mercado que acabava de nascer.

Quando a vida nos torna vulneráveis

Vanderlei assumiu um cargo de liderança de muita complexidade e essencial para os negócios, e colocou toda sua energia nisso, acrescentando em sua rotina constantes viagens a São Paulo e em atendimento a clientes.

Em 2002, toda área administrativa é transferida para Vista Alegre do Alto e, em 2003, a empresa sofre com o falecimento do seu fundador, dr. Aurélio Nardini, que é lembrado da seguinte maneira por Vanderlei.

“Ele foi o grande motivador da minha carreira. Desde que entrei nós conversávamos muito e ele sempre dizia que para crescer era necessário abrir mais meus horizontes e ampliar minha visão. Ele sempre me dava novas responsabilidades e eu fazia de tudo para corresponder às suas expectativas”.

E completa: “Ainda outro dia eu estava recordando com a dona Guiomar (esposa do dr. Aurélio) de quando fui visitá-lo no hospital em São Paulo. Quando cheguei ao quarto nós dois choramos e quase não conversamos. Depois que fui embora a dona Guiomar, que na época não me conhecia, perguntou quem era aquele mocinho, e ele respondeu: trata-se de um grande homem, que dará muitos frutos para a Nardini”.

Com o falecimento do dr. Aurélio, houve uma reestruturação na diretoria, que passou a ter dois membros, além da criação de assessorias para o setor industrial e agrícola que fariam a ponte entre os executivos e os gestores.

Compenetrado na área comercial, Vanderlei lembrou-se do principal ensinamento deixado pelo dr. Aurélio: ter a visão global da empresa. Tendo o seu foco somente na área comercial, estava deixando de expandir seus horizontes. Foi então que abriu o seu departamento e começou a trabalhar de forma integrada com as demais áreas. Tal ação surtiu muito efeito e, três anos depois, foi convidado a assessorar a diretoria industrial, além de permanecer no cargo de gestor comercial.

De um simples engenho de pinga até numa das mais respeitáveis empresas do setor sucroenergético, todo o crescimento está intrinsicamente ligado ao legado deixado pelo dr. Aurélio Nardini

O mundo executivo

Em 2007, a diretoria, composta por Riccardo Nardini e NatalinNatalicio, dá mais um passo rumo ao crescimento e adquire uma grande área no sudoeste de Goiás, na cidade de Aporé, onde dá início à criação de gado e, posteriormente, inicia as obras de construção da sua segunda unidade industrial.

Com o crescente ritmo dos negócios, em 2013, a Nardini expande a potência do parque de cogeração e constrói uma nova subestação, elevando a capacidade de moagem em quase um milhão de toneladas. Este cenário leva a diretoria a criar nova posição, que vem a ser ocupada por Vanderlei.

“Foi uma honra muito grande ter sido indicado para compor o quadro de diretores. Acredito que a escolha do meu nome tenha sido por sempre estar envolvido com cada detalhe da operação, pois, oficialmente, fazia a gestão da área comercial e era assessor da direção para o setor industrial, mas sempre estava envolvido em tudo, desde os assuntos do financeiro, RH, TI, fiscal, agrícola e automotivo.

Outro ponto fundamental foi o apoio do corpo de líderes. Acredito que os diretores sentiram que colocar um profissional formado na casa aproximaria ainda mais as lideranças e mostraria que a empresa se importava com os talentos internos.

Eu sempre atuei ao lado da minha equipe, acredito muito no trabalho colaborativo, pois sempre busquei o apoio de todas as áreas. Quando havia um problema de difícil resolução, eu envolvia pessoas de diversos setores e, juntos, encontrávamos a solução”.

No ano de 2019 foi contratada uma consultoria para desenvolver um trabalho visando à evolução da empresa, no sentido de adotar as melhores práticas de governança. Na sua conclusão, ficou definido que seriam criadas três diretorias específicas: superintendência, ocupada por Vanderlei, administrativa financeira e agroindustrial, todas elas responderiam ao então presidente, Riccardo Nardini.

O conselho consultivo, criado em 2016, foi ampliado e composto por nomes de peso do setor como: Ericson Marino, Alexandre Figliolino, Claudio Piquet, Francisco Verza, Rodrigo Rodrigues e Pedro Mizutani.

Com a casa em ordem, conselheiros e diretoria iniciaram investimentos visando ao crescimento da Nardini, sendo o objetivo principal a finalização do projeto de Aporé que, até então, só contava com a parte agrícola, em operação desde 2007.

No mês de maio de 2023, os primeiros caminhões canavieiros começaram a descarregar a matéria-prima para a primeira safra de Aporé, que terminou sua temporada inaugural moendo 930 mil toneladas de cana e produzindo 87 milhões de litros de etanol. O desafio da próxima safra, além do aumento da produção de etanol, será o início da construção da fábrica de açúcar, que deverá iniciar sua operação na safra 25/26.

A presidência

Ao longo do trabalho de construção da indústria de Aporé o então presidente, Riccardo Nardini, anunciou que, com a finalização do projeto, deixaria o cargo para fazer parte do conselho de administração. Para escolher o seu sucessor foi contratada uma consultoria, com o objetivo de analisar o potencial dos membros da diretoria ou então buscar um profissional no mercado.

Os consultores apenas confirmaram o que a história já apontava e, então, em fevereiro de 2023, o estagiário de informática de Monte Alto, Vanderlei Adauto Caetano, que recebeu o convite para, a partir de julho, assumir a cadeira da presidência da Nardini Agroindustrial, o que demonstra que a empresa optou por manter o seu jeito de trabalhar.

“A partir do momento que recebi o convite, iniciamos um trabalho intenso de sucessão. Para conseguir ter bom desempenho neste cargo, o conhecimento é exigido ao extremo. Até hoje me reúno com o Riccardo, que é meu mentor, e não paro de fazer cursos e imersões com consultores e coaching, pois minha responsabilidade não é apenas a de liderar a empresa, mas de direcioná-la ao que a sociedade espera de uma organização responsável, no sentido de cuidar dos colaboradores, do meio ambiente, das comunidades do entorno e demais locais onde atuamos”, comenta Vanderlei.

Desde 1992 na empresa, uma das características que levou Vanderlei à presidência foi sempre estar envolvido com todos os setores

Objetivos

Com conhecimento muito detalhado da empresa e a consciência de todo o contexto que ela faz parte, o atual presidente acredita que manter o ritmo de crescimento é uma obrigação diária, por isso encara com naturalidade o fato da unidade de Vista Alegre do Alto ter quebrado o seu recorde de moagem (4,7 milhões de toneladas) e produção de açúcar (oito milhões de sacas) na atual safra.

 Ele também vê com tranquilidade a meta de moer algo em torno de cinco milhões de toneladas em uma década em Aporé: “O desenvolvimento contínuo em Goiás tem tendências positivas muito fortes, acredito que o maior desafio é conseguir montar um corpo de colaboradores capacitados e motivados.

E acrescenta: “Para quem vier me suceder, pretendo deixar como legado o jeito simples de tratar as pessoas e o esforço para alcançar os objetivos. Meu desejo é ver colaboradores cada vez mais motivados, trabalhando com segurança, e para isso tenho como meta trabalhar muito forte a questão da segurança no trabalho, ou seja, chegar ao acidente zero”.

Para se ter ideia da relevância do tema, em 2024 foi criada mais uma vaga na diretoria que ficará focada em gente, gestão de pessoas e segurança no trabalho: “Este é um foco estratégico nosso, já atuamos de modo gerencial que trabalha muito na redução do passivo trabalhista, por meio da adoção de práticas preventivas, contudo, com uma diretoria exclusiva, essa área ganhará maior atenção. Outro ponto importante será o desenvolvimento de talentos, por meio de um programa estruturado de sucessão”.

Ainda ressaltando a importância da segurança do trabalho, Vanderlei comenta que: “Uma vez por mês fazemos o dia da segurança, momento em que eu, o diretor da indústria ou da área agrícola e o engenheiro de segurança caminhamos na usina ou no campo e conversamos com a operação sobre os pontos de melhoria relacionados ao tema”.

Unidade de Aporé-GO, inaugurada em 2023 tem como objetivo alcançar a moagem de cinco milhões de toneladas em 10 anos

Cooperativismo

A mesma visão de desenvolvimento interno da Nardini, a qual o novo presidente tem a missão de ampliar, vale para seus parceiros e fornecedores, vide como exemplo o relacionamento próximo que ela tem com o cooperativismo.

“Acredito que em primeiro lugar, ao fomentar essa parceria, estamos contribuindo para o desenvolvimento regional e auxiliando o desenvolvimento dos nossos fornecedores de cana. Isso resultará em maior quantidade e melhor qualidade de matéria-prima.

Outro ponto é a proximidade que temos em conversar e expor nossas necessidades, seja com os profissionais da área técnica ou com os diretores das cooperativas. Eles nos trazem informações relevantes dos mercados de adubos e defensivos, além da realização de eventos e treinamentos que são importantes dentro do processo de capacitação de nossos colaboradores.

Temos a segurança que o produto será entregue quando for necessário, permitindo que seja comprado numa época mais favorável e sabendo que a cooperativa tem capacidade de armazená-lo para nós. É uma prestação de serviço extremamente valiosa para a nossa operação.

Somos parceiros do Projeto Amendoim da Copercana há muitos anos e hoje ela é uma das principais fornecedoras de insumos, pois trabalha e tem excelência nos três aspectos que mencionei”, concluiu Vanderlei.

Pareceria forte, Nardini e Copercana possui um relacionamento de anos no Projeto Amendoim, a cooperativa também é uma das principais fornecedoras de tecnologia em insumos agrícolas da empresa