Autoridade ambiental alemã reconhece erro em críticas ao etanol brasileiro de cana

29/08/2012 Cana-de-Açúcar POR: Única
É “um erro” insistir com generalizações sobre a produção de cana-de-açúcar para etanol no Brasil, como as que afirmam que a expansão da cana no País seria uma ameaça para a Floresta Amazônica. Assim se manifestou o presidente da Agência Federal Ambiental da Alemanha, Jochen Flasbarth, em entrevista publicada nesta sexta-feira (17/08) pelo principal diário alemão, o Die Welt.

Segundo Flasbarth, boa parte da cana brasileira cresce em áreas antes ocupadas por cafezais. “O retorno energético em relação à área plantada é tão elevado que mesmo considerando-se o transporte do etanol brasileiro até a Europa, a importação vale a pena do ponto de vista ambiental,” afirmou. Ele reconheceu que práticas inadequadas também podem existir, mas deixou claro que o estímulo ao desmatamento na Amazonia vem de outras atividades e não da cana-de-açúcar.

“É um reconhecimento fundamental, que precisa ser cada vez mais disseminado na Europa, onde por muito tempo prevaleceu a idéia de que o etanol brasileiro não seria sustentável pois a cultura da cana seria motivadora da destruição da Amazonia. Não podemos subestimar a importância deste posicionamento, vindo da maior autoridade ambiental da principal economia européia e potencial importadora do etanol brasileiro,” afirma a assessora especial da presidência da UNICA para assuntos internacionais, Geraldine Kutas.

Flasbarth fez o comentário sobre o etanol brasileiro ao detalhar os caminhos que vê para o futuro das energias renováveis na Europa. Na entrevista ao Die Welt, ele afirmou que a bioenergia produzida dentro de critérios ambientais rigorosos e a partir de resíduos que normalmente seriam descartados faz sentido e deve ser uma das prioridades energéticas para a Alemanha. Mas as importações “devem ser analisadas com cuidado,” disse em relação ao etanol de cana produzido no Brasil.

Durante anos, a associação equivocada do desmatamento na Amazonia com a produção de cana-de-açúcar no Brasil foi um dos principais mitos envolvendo o etanol brasileiro. Dezenas de delegações estrangeiras em visita à sede da UNICA, especialmente as européias, invariavelmente iniciavam o diálogo com alguma pergunta ligada a essa questão.

“Produzimos até um imenso mapa mostrando onde estão os canaviais brasileiros, para ajudar esses visitantes a entender que o Brasil, ao contrário dos países europeus, tem dimensões continentais e a cana está a mais de dois mil quilômetros dos primeiros sinais da floresta amazônica. O fato é que todos os dados disponíveis demonstram claramente que esse impacto negativo da cana sobre a Amazonia, imaginado na Europa, nunca existiu. Finalmente, notamos que essa realidade começa a ser compreendida por tomadores de decisões no continente europeu,” conclui Kutas.