Avanço do E15 nos EUA pode ampliar perspectivas para o etanol brasileiro no futuro

30/07/2012 Etanol POR: Unica
A inauguração nos Estados Unidos da primeira bomba a oferecer o E15, combustível com 15% de etanol misturado à gasolina, além de expandir a oferta de etanol no mercado americano, pode representar uma oportunidade comercial para o biocombustível produzido no Brasil, principalmente com a retomada da expansão da produção brasileira prevista para os próximos três anos. O posto pioneiro inaugurou a primeira bomba de E15 no dia 10 de julho, na cidade de Lawrence, estado do Kansas (EUA).

Segundo a representante da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) para a América do Norte, Letícia Phillips, o fim das tarifas de importação impostas ao etanol pelos EUA e as metas de utilização de etanol no país nos próximos dez anos projetam boas perspectivas para os produtores brasileiros no médio prazo. Até 2022, os EUA deverão consumir 136 bilhões de litros anuais de combustíveis renováveis, dos quais 79 bilhões de litros deverão ser de biocombustíveis avançados.

“Na categoria dos avançados, são aceitos apenas combustíveis capazes de reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) em pelo menos 50% em comparação à gasolina. Nesse quesito, o etanol de cana-de-açúcar é a única opção comercialmente viável, pois corta em até 90% estas emissões. É uma grande vantagem sobre o produto americano fabricado a partir do milho, por exemplo, que reduz a emissão de GEEs em somente 38%,” explica.

Na safra 2011/ 2012, 107 usinas brasileiras exportaram mais de 663 mil litros de etanol para os EUA, tendo a Califórnia como seu principal cliente. Conhecida por sua postura arrojada em questões ambientais, a California já adota uma normatização diferenciada, o Padrão de Combustível de Baixo Carbono (Low Carbon Fuel Standard), que estabelece normas ambientais mais exigentes do que em outros estados americanos.

E15

O uso da mistura de 15% de etanol na gasolina em veículos leves foi autorizado nos EUA pela Agência de Proteção Ambiental (EPA, em inglês) somente em motores flex e em veículos montados a partir de 2001, o que equivale a aproximadamente 60% da frota de 280 milhões automóveis em circulação no país. O presidente da  Associação de Combustíveis Renováveis (RFA em ingles), Bob Dinneen, que acompanhou pessoalmente a inauguração da primeira bomba E15 do país, acredita que as vendas da nova mistura vão crescer. “O E15 é uma escolha segura e viável. É apenas uma questão de tempo para que mais postos diversifiquem e ofereçam esta ou outras misturas de etanol ao mercado,” avalia.

O processo de implementação do E15 nos EUA vem gerando polêmica desde 2009. Por desconhecimento técnico, argumentos contrários à medida surgiram em diversos setores da sociedade americana, alegando que os motores dos veículos não teriam um bom desempenho com a mistura, o que os estudos da EPA vem desmentindo. O consultor de Emissões e Tecnologia da UNICA, Alfred Szwarc, ressalta que “a experiência brasileira demonstra que percentuais de mistura igual ou superior a 15% só trazem benefícios ambientais.”

Nos EUA, experiências envolvendo a mistura de etanol na gasolina tiveram início em 1920, com a adição de 6% a 12% de combustível renovável ao de origem fóssil. Entretanto, foi em 1978 que a política ganhou força com a introdução do E10 em todo o território americano. Na década de 1990 veio o E85, mistura de 85% de etanol e 15% de gasolina, exclusivamente voltado para veículos com tecnologia flex, hoje representados por quase oito milhões de modelos em circulação. Dos mais de 200 mil postos de abastecimento existentes nos EUA, cerca de 2,9 mil oferecem o E85, a maioria deles concentrada nos estados da região do meio-oeste americano, onde fica a maior parte da produção de milho no país.