Além de gerar eletricidade e combustíveis renováveis, potenciais contemplados no plano brasileiro de luta contra o aquecimento global até 2030, a biomassa sucroenergética poderá, no médio prazo, conquistar outros nichos de mercado. Tais oportunidades, segundo o consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Alfred Szwarc, poderão surgir a partir de dois projetos distintos que estão em andamento nos laboratórios do Centro Nacional de Pesquisas em Energias e Materiais (CNPEM) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Segundo o consultor, inserida nos compromissos apresentados pelo governo brasileiro no Acordo do Clima, a cana também poderá ‘surfar’ novas oportunidades comerciais para além dos segmentos transporte (etanol) e elétrico (bioeletricidade). “Pesquisas feitas pelo CNPEM e UFSCar comprovaram a eficácia do bagaço como alternativa de baixo custo para a produção sustentável de dois produtos com forte demanda no Brasil: um tipo de areia que aumenta a durabilidade de concretos e argamassas na construção civil, e carvão ativo, muito usado para filtrar substâncias tóxicas em geladeiras, filtros de ar, água, cigarros e aquários”, afirma o executivo.
Fibra canavieira
Para diminuir o impacto do setor da construção civil no meio ambiente, visto que a extração da areia natural pode levar ao assoreamento dos rios, a UFSCar pesquisa o uso da fibra canavieira como fonte primária desde 2008. Estudos semelhantes ocorrem em outras partes do mundo, porém, sem o pioneirismo do trabalho brasileiro, que explora uma matéria-prima sustentável e largamente disponível no País.
O pesquisador da UFSCar, Fernando do Couto Rosa Almeida, explica as vantagens do novo produto, tecnicamente chamado de Areia de Cinza do Bagaço de Cana (ACBC). “A substituição da areia natural pela ACBC em até 30% leva à manutenção das propriedades mecânicas, preenchimento dos microporos e aumento da durabilidade de concretos e argamassas”, diz Almeida.
Ele estima que, atualmente, são retiradas entre 100 e 200 milhões de toneladas de areia dos rios para a construção civil. “ACBC poderia substituir cerca de 4 a 5 milhões de toneladas, ou seja, em torno de 3 a 5% do volume total. Parece pouco, mas em termos ambientais teríamos, em 25 anos, economizado um ano de extração de areia natural”, finaliza. Nos próximos dois anos, mais testes serão realizados no intuito de se verificar a possibilidade de aplicações em estruturas de concreto armado, que utilizam aço em sua composição.
Carvão ativo
A iniciativa de se produzir o primeiro carvão ativo de origem nacional e sustentável nasceu em 2013 nas dependências do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), ligado ao CNPEM. O projeto, inicialmente apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), seguiu, a partir de 2015, com financiamento do Centro Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia (CBC-Nano), uma parceria que se estenderá até 2019.
Estudos mostraram que o produto à base de bagaço de cana possui a mesma eficiência de aplicação e um custo de fabricação 20% menor em relação aos concorrentes importados. No momento, o Centro Chinês de Pesquisas em Nanotecnologia (NERCN), em Shanghai, realiza novos ensaios para a aplicação desta tecnologia no tratamento de água, esgoto e também do ar em túneis da rede viária chinesa. Experimentos no LNNano, em Campinas (SP), demonstraram que 1 quilo de bagaço pode ser convertido em até 250 gramas de carvão ativado.
Metas para 2030
Abundante no País, a biomassa canavieira é estratégica para a segurança energética nacional. Responsável, em 2015, por 16,9% de toda a energia consumida pelos brasileiros, a cana, líder entre as fontes renováveis utilizadas em nossa matriz energética, expandirá ainda mais a sua presença até 2030, quando vence o prazo para que o Brasil reduza em 43% as suas emissões de gases de efeito estufa, conforme compromisso firmado no Acordo do Clima. Nos próximos 14 anos, portanto, o etanol provavelmente verá sua produção saltar dos atuais 28 bilhões de litros por ano para aproximadamente 50 bilhões de litros. A previsão para a geração de eletricidade por meio da biomassa, na qual o bagaço e a palha têm 76% de participação, é de um crescimento de mais de 300% em relação a 2014.
Além de gerar eletricidade e combustíveis renováveis, potenciais contemplados no plano brasileiro de luta contra o aquecimento global até 2030, a biomassa sucroenergética poderá, no médio prazo, conquistar outros nichos de mercado.
Tais oportunidades, segundo o consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Alfred Szwarc, poderão surgir a partir de dois projetos distintos que estão em andamento nos laboratórios do Centro Nacional de Pesquisas em Energias e Materiais (CNPEM) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Segundo o consultor, inserida nos compromissos apresentados pelo governo brasileiro no Acordo do Clima, a cana também poderá ‘surfar’ novas oportunidades comerciais para além dos segmentos transporte (etanol) e elétrico (bioeletricidade). “Pesquisas feitas pelo CNPEM e UFSCar comprovaram a eficácia do bagaço como alternativa de baixo custo para a produção sustentável de dois produtos com forte demanda no Brasil: um tipo de areia que aumenta a durabilidade de concretos e argamassas na construção civil, e carvão ativo, muito usado para filtrar substâncias tóxicas em geladeiras, filtros de ar, água, cigarros e aquários”, afirma o executivo.
Fibra canavieira
Para diminuir o impacto do setor da construção civil no meio ambiente, visto que a extração da areia natural pode levar ao assoreamento dos rios, a UFSCar pesquisa o uso da fibra canavieira como fonte primária desde 2008. Estudos semelhantes ocorrem em outras partes do mundo, porém, sem o pioneirismo do trabalho brasileiro, que explora uma matéria-prima sustentável e largamente disponível no País.
O pesquisador da UFSCar, Fernando do Couto Rosa Almeida, explica as vantagens do novo produto, tecnicamente chamado de Areia de Cinza do Bagaço de Cana (ACBC). “A substituição da areia natural pela ACBC em até 30% leva à manutenção das propriedades mecânicas, preenchimento dos microporos e aumento da durabilidade de concretos e argamassas”, diz Almeida.
Ele estima que, atualmente, são retiradas entre 100 e 200 milhões de toneladas de areia dos rios para a construção civil. “ACBC poderia substituir cerca de 4 a 5 milhões de toneladas, ou seja, em torno de 3 a 5% do volume total. Parece pouco, mas em termos ambientais teríamos, em 25 anos, economizado um ano de extração de areia natural”, finaliza. Nos próximos dois anos, mais testes serão realizados no intuito de se verificar a possibilidade de aplicações em estruturas de concreto armado, que utilizam aço em sua composição.
Carvão ativo
A iniciativa de se produzir o primeiro carvão ativo de origem nacional e sustentável nasceu em 2013 nas dependências do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), ligado ao CNPEM. O projeto, inicialmente apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), seguiu, a partir de 2015, com financiamento do Centro Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia (CBC-Nano), uma parceria que se estenderá até 2019.
Estudos mostraram que o produto à base de bagaço de cana possui a mesma eficiência de aplicação e um custo de fabricação 20% menor em relação aos concorrentes importados. No momento, o Centro Chinês de Pesquisas em Nanotecnologia (NERCN), em Shanghai, realiza novos ensaios para a aplicação desta tecnologia no tratamento de água, esgoto e também do ar em túneis da rede viária chinesa. Experimentos no LNNano, em Campinas (SP), demonstraram que 1 quilo de bagaço pode ser convertido em até 250 gramas de carvão ativado.
Metas para 2030
Abundante no País, a biomassa canavieira é estratégica para a segurança energética nacional. Responsável, em 2015, por 16,9% de toda a energia consumida pelos brasileiros, a cana, líder entre as fontes renováveis utilizadas em nossa matriz energética, expandirá ainda mais a sua presença até 2030, quando vence o prazo para que o Brasil reduza em 43% as suas emissões de gases de efeito estufa, conforme compromisso firmado no Acordo do Clima. Nos próximos 14 anos, portanto, o etanol provavelmente verá sua produção saltar dos atuais 28 bilhões de litros por ano para aproximadamente 50 bilhões de litros. A previsão para a geração de eletricidade por meio da biomassa, na qual o bagaço e a palha têm 76% de participação, é de um crescimento de mais de 300% em relação a 2014.