Por Alex Ribeiro, Fábio Pupo e José de Castro
Tanto o Banco Central (BC) como o mercado projetam inflação subiram e seguem acima do centro da meta (4,5%). O cenário de referência leva em conta a cotação do dólar de R$ 3,95 e a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano “em todo o horizonte relevante”. Já o cenário de mercado considera a evolução das estimativas para as taxas de câmbio e juros coletadas pelo BC com analistas de mercado “no período imediatamente anterior à reunião do Copom”.
A inflação está mostrando “resistência” no início do ano devido à alta do dólar, ao aumento de tarifas e ao aumento de tributos nos níveis estadual e federal. Para os diretores do BC, a política monetária “pode, deve e está contendo” os efeitos decorrentes desses itens. “O Copom considera que o ainda elevado patamar da inflação é reflexo dos processos de ajustes de preços relativos ocorridos em 2015, bem como do processo de recomposição de receitas tributárias observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano, e que fazem com que a inflação mostre resistência. Ao tempo que reconhece que esses processos têm impactos diretos sobre a inflação, o Comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes”, afirma o texto.
O BC destacou ainda a importância de o país fazer reformas estruturais para a consolidação fiscal no longo prazo. Além disso, diz que permanecem as incertezas fiscais e chega a citar a presença de um efeito “mais desinflacionário que o previsto” na economia. “Ressalte¬se a importância de se perseverar na promoção de reformas estruturais de forma a assegurar a consolidação fiscal em prazos mais longos”, afirma o trecho do documento divulgado hoje.
A ata segue repetindo o texto do documento anterior, da reunião de janeiro, em que reitera que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias anunciadas para as variáveis fiscais. “Relativamente ao resultado fiscal estrutural e a depender do ciclo econômico, o Comitê pondera que, no horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público tende a se deslocar para a zona de neutralidade e não descarta a hipótese de migração para a zona de contenção, mesmo que de forma lenta e em menor intensidade em relação ao anteriormente projetado”, reafirma o texto.
“Porém, o Comitê nota que indefinições e alterações significativas na trajetória de geração de resultados primários, bem como na sua composição, impactam as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação e contribuem para criar uma percepção negativa sobre o ambiente macroeconômico, bem como têm impactado negativamente as expectativas de inflação”, repete o texto. Para os diretores do BC, ainda prosseguem as incertezas com as contas públicas. “O Comitê ressalta que há incertezas associadas ao balanço de riscos, principalmente, quanto ao processo de recuperação dos resultados fiscais e sua composição, e que o processo de realinhamento de preços relativos mostrou¬se mais demorado e mais intenso que o previsto.
Adicionalmente, que remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial. Nesse contexto, o Comitê reitera que adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo CMN, em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017.” Na avaliação do Copom, a demanda agregada continuará a se apresentar moderada “no horizonte relevante para a política monetária”.
“De um lado, o consumo das famílias tende a ser influenciado por fatores como emprego, renda e crédito; de outro, a concessão de serviços públicos e a ampliação da renda agrícola, entre outros, tendem a favorecer os investimentos. Por sua vez, as exportações líquidas apresentam melhor resultado”, reafirma o colegiado. A partir daí, a ata traz uma novidade ao mencionar “um hiato do produto mais desinflacionário que o inicialmente previsto”.
“Para o Comitê, os efeitos conjugados desses elementos, o desenvolvimento nos âmbitos fiscal, parafiscal e no mercado de ativos e, neste ano, a dinâmica dos preços administrados e um hiato do produto mais desinflacionário que o inicialmente previsto são fatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% estabelecida pelo CMN, em 2017.” Na ata de janeiro, o Copom ainda descrevia com mais detalhes os processos de preços relativos – dizendo que eles representam a mudança de preços externos em relação aos internos e dos administrados em relação aos livres. No documento do começo do ano, o Copom passou a tratar os preços relativos como eventos que já haviam ocorrido no passado. Na ata de março, o Copom dá um passo adiante na comunicação e descreve de forma mais sucinta o processo de ajuste de preços relativos.
O documento do primeiro mês do ano contemplava que o ajuste dos preços relativos tornava “o balanço de riscos desfavorável”. Na ata atual, essa referência foi eliminada. A autoridade monetária apontou ainda que o ambiente externo permanece “especialmente” complexo, mas eliminou agora a observação realizada no começo do ano de que as incertezas em relação a esse quadro “se ampliaram”. “O Copom considera que o ambiente externo permanece especialmente complexo. Entretanto, em que pese a ocorrência de episódios de maior volatilidade afetando importantes economias emergentes, o Comitê identifica, ainda, baixa probabilidade de ocorrência de eventos extremos nos mercados financeiros internacionais”, afirma o texto.
Para o colegiado, a atividade global mostra tendência de maior moderação “ao longo do horizonte relevante para a política monetária” e há uma “continuada” preocupação com o desempenho da China. “As perspectivas recentes indicam modesta recuperação da atividade nas economias maduras, enquanto importantes economias emergentes experimentam período de transição. Nesse contexto, de redução no ritmo de atividade, destaca¬se a continuada preocupação com a economia chinesa e seus desdobramentos para outras economias”, afirma o texto.
A ata volta a citar o ambiente externo quando menciona a presença de “incertezas associadas ao balanço de riscos, principalmente, quanto ao processo de recuperação dos resultados fiscais e sua composição”. “O processo de realinhamento de preços relativos mostrou¬se mais demorado e mais intenso que o previsto. Adicionalmente, [ressalta] que remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial. Nesse contexto, o Comitê reitera que adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo CMN, em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017”, informa a ata.
Apesar de as expectativas de inflação terem subido, a alta projetada pelo BC para os preços administrados suavizou, saindo de 6,3% no Copom de janeiro para 5,9% na reunião de março. Segundo o BC, essa estimativa leva em conta a queda de 3,5% nos preços da energia elétrica, consideradas as alterações das bandeiras tarifárias. Para 2017, o BC manteve a projeção de alta de 5% dos preços administrados.
Por Alex Ribeiro, Fábio Pupo e José de Castro
Tanto o Banco Central (BC) como o mercado projetam inflação subiram e seguem acima do centro da meta (4,5%). O cenário de referência leva em conta a cotação do dólar de R$ 3,95 e a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano “em todo o horizonte relevante”. Já o cenário de mercado considera a evolução das estimativas para as taxas de câmbio e juros coletadas pelo BC com analistas de mercado “no período imediatamente anterior à reunião do Copom”.
A inflação está mostrando “resistência” no início do ano devido à alta do dólar, ao aumento de tarifas e ao aumento de tributos nos níveis estadual e federal. Para os diretores do BC, a política monetária “pode, deve e está contendo” os efeitos decorrentes desses itens. “O Copom considera que o ainda elevado patamar da inflação é reflexo dos processos de ajustes de preços relativos ocorridos em 2015, bem como do processo de recomposição de receitas tributárias observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano, e que fazem com que a inflação mostre resistência. Ao tempo que reconhece que esses processos têm impactos diretos sobre a inflação, o Comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes”, afirma o texto.
O BC destacou ainda a importância de o país fazer reformas estruturais para a consolidação fiscal no longo prazo. Além disso, diz que permanecem as incertezas fiscais e chega a citar a presença de um efeito “mais desinflacionário que o previsto” na economia. “Ressalte¬se a importância de se perseverar na promoção de reformas estruturais de forma a assegurar a consolidação fiscal em prazos mais longos”, afirma o trecho do documento divulgado hoje.
A ata segue repetindo o texto do documento anterior, da reunião de janeiro, em que reitera que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias anunciadas para as variáveis fiscais. “Relativamente ao resultado fiscal estrutural e a depender do ciclo econômico, o Comitê pondera que, no horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público tende a se deslocar para a zona de neutralidade e não descarta a hipótese de migração para a zona de contenção, mesmo que de forma lenta e em menor intensidade em relação ao anteriormente projetado”, reafirma o texto.
“Porém, o Comitê nota que indefinições e alterações significativas na trajetória de geração de resultados primários, bem como na sua composição, impactam as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação e contribuem para criar uma percepção negativa sobre o ambiente macroeconômico, bem como têm impactado negativamente as expectativas de inflação”, repete o texto. Para os diretores do BC, ainda prosseguem as incertezas com as contas públicas. “O Comitê ressalta que há incertezas associadas ao balanço de riscos, principalmente, quanto ao processo de recuperação dos resultados fiscais e sua composição, e que o processo de realinhamento de preços relativos mostrou¬se mais demorado e mais intenso que o previsto.
Adicionalmente, que remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial. Nesse contexto, o Comitê reitera que adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo CMN, em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017.” Na avaliação do Copom, a demanda agregada continuará a se apresentar moderada “no horizonte relevante para a política monetária”.
“De um lado, o consumo das famílias tende a ser influenciado por fatores como emprego, renda e crédito; de outro, a concessão de serviços públicos e a ampliação da renda agrícola, entre outros, tendem a favorecer os investimentos. Por sua vez, as exportações líquidas apresentam melhor resultado”, reafirma o colegiado. A partir daí, a ata traz uma novidade ao mencionar “um hiato do produto mais desinflacionário que o inicialmente previsto”.
“Para o Comitê, os efeitos conjugados desses elementos, o desenvolvimento nos âmbitos fiscal, parafiscal e no mercado de ativos e, neste ano, a dinâmica dos preços administrados e um hiato do produto mais desinflacionário que o inicialmente previsto são fatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% estabelecida pelo CMN, em 2017.” Na ata de janeiro, o Copom ainda descrevia com mais detalhes os processos de preços relativos – dizendo que eles representam a mudança de preços externos em relação aos internos e dos administrados em relação aos livres. No documento do começo do ano, o Copom passou a tratar os preços relativos como eventos que já haviam ocorrido no passado. Na ata de março, o Copom dá um passo adiante na comunicação e descreve de forma mais sucinta o processo de ajuste de preços relativos.
O documento do primeiro mês do ano contemplava que o ajuste dos preços relativos tornava “o balanço de riscos desfavorável”. Na ata atual, essa referência foi eliminada. A autoridade monetária apontou ainda que o ambiente externo permanece “especialmente” complexo, mas eliminou agora a observação realizada no começo do ano de que as incertezas em relação a esse quadro “se ampliaram”. “O Copom considera que o ambiente externo permanece especialmente complexo. Entretanto, em que pese a ocorrência de episódios de maior volatilidade afetando importantes economias emergentes, o Comitê identifica, ainda, baixa probabilidade de ocorrência de eventos extremos nos mercados financeiros internacionais”, afirma o texto.
Para o colegiado, a atividade global mostra tendência de maior moderação “ao longo do horizonte relevante para a política monetária” e há uma “continuada” preocupação com o desempenho da China. “As perspectivas recentes indicam modesta recuperação da atividade nas economias maduras, enquanto importantes economias emergentes experimentam período de transição. Nesse contexto, de redução no ritmo de atividade, destaca¬se a continuada preocupação com a economia chinesa e seus desdobramentos para outras economias”, afirma o texto.
A ata volta a citar o ambiente externo quando menciona a presença de “incertezas associadas ao balanço de riscos, principalmente, quanto ao processo de recuperação dos resultados fiscais e sua composição”. “O processo de realinhamento de preços relativos mostrou¬se mais demorado e mais intenso que o previsto. Adicionalmente, [ressalta] que remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial. Nesse contexto, o Comitê reitera que adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo CMN, em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017”, informa a ata.
Apesar de as expectativas de inflação terem subido, a alta projetada pelo BC para os preços administrados suavizou, saindo de 6,3% no Copom de janeiro para 5,9% na reunião de março. Segundo o BC, essa estimativa leva em conta a queda de 3,5% nos preços da energia elétrica, consideradas as alterações das bandeiras tarifárias. Para 2017, o BC manteve a projeção de alta de 5% dos preços administrados.