O Comitê de Política Monetária (Copom) reagiu aos "novos riscos" impostos ao cenário inflacionário de 2016 e dos anos subsequentes e promoveu uma nova alta de 0,50 ponto percentual na Selic, que saiu de 13,75% para 14,25% ao ano. A decisão foi unânime e sem viés, mas não contou com o voto do diretor de assuntos internacionais, Tony Volpon, que se absteve de votar, "a fim de evitar possíveis prejuízos à imagem do BC" foi a primeira vez que um integrante do Copom se absteve de votar.
O comunicado apresentado após a reunião trouxe alterações importantes, falando que a decisão pela elevação foi tomada considerando o "atual balanço de riscos", além do cenário macroeconômico e as perspectivas de inflação.
O BC também sugere que o ciclo teria sido encerrado, ao dizer que "o comitê entende que a manutenção desse patamar de taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no fim de 2016".
A manutenção dessa postura vigilante diante de "novos riscos" foi acenada pelo diretor da política econômica, Luiz Awazu Pereira, no fim da semana passada, quando reconheceu que os progressos obtidos em levar a inflação à meta de 4,5% em 2016 precisavam ser equilibrados em face de riscos mais recentes que ameaçavam o cenário central do BC no horizonte relevante de política monetária. "É primordial ser vigilante para ter certeza que a política monetária reflita o balanço de riscos atual e permaneça adequadamente calibrada para atender nosso objetivo", disse o diretor.
O diretor não explicitou, mas um risco visível à estratégia do BC de levar a inflação para a meta foi a mudança da política fiscal, também na semana passada, para o período entre 2015 e 2018. A meta deste ano caiu de 1,1% para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB) e os 2% prometidos para 2016 só serão atingidos em 2018. Conforme disse o presidente Alexandre Tombini em diversas ocasiões, "quanto mais fiscal, melhor".
Junto com a redução da meta fiscal veio uma rodada de alta do dólar, que testou preços não vistos em 12 anos, na linha de R$ 3,40. Ontem, a moeda americana fechou a R$ 3,3288. No Copom de junho, estava em R$ 3,05. E quando o BC fez sua última projeção aberta de inflação no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, o dólar considerado foi de R$ 3,10.
Como a decisão veio alinhada com o previsto pelo mercado, o que causou surpresa foi a decisão de Volpon de não tomar parte na reunião. Volpon enviou comunicado (email) para o presidente Alexandre Tombini, antes do início da reunião desta quartafeira, que começou às 17h15, manifestando sua posição, que foi tomada em "caráter pessoal e irretratável".
Junto com a decisão do Copom e o comunicado no qual Volpon aponta que deixou de participar da reunião, o Banco Central também apresentou a ata de uma reunião extraordinária do Copom, realizada no dia 28 de julho, convocada pelo presidente Tombini, para "discutir o teor de manifestação pública", do diretor Volpon, que em evento no dia 20 de julho falou que, "pessoalmente, vou votar para o aumento de juros até que nossa projeção esteja de uma maneira satisfatória apontando para o centro da meta".
Ao falar que "pessoalmente, vou votar pela alta de juro", Volpon foi interpretado como se estivesse antecipando ou abrindo seu voto dentro do Copom. A fala, pouco usual para padrões brasileiros, acabou gerando repercussões políticas. O senador José Serra (PSDBSP) disse que vai levar o tema à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) e ao Plenário do Senado, por entender que o diretor cometeu um grave equívoco ao antecipar seu voto. Nesta quarta, foi o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, que disse que o diretor precisaria "ser investigado e demitido".
Ao colegiado do Copom, Volpon disse que sua "manifestação" não representou vantagem a qualquer agente, pois foi feita em evento público com cobertura pela imprensa. Ele reafirmou que sua fala não implicou em "antecipação de voto", mas sim uma defesa do princípio operacional conhecido como "inflation forecast targeting", ou mirar a projeção de inflação na meta.
O diretor aponta que o voto está condicionado às projeções de inflação futura que são apresentadas durante as sessões técnicas das duas reuniões do Copom. Por isso, argumenta, "não é possível antecipar ou mesmo inferir o teor do voto", até que as apresentações sejam feitas.
Na ata, o colegiado do BC acolheu os esclarecimentos e "sem embargo e em linha com a governança aplicável às reuniões do Copom, recomendou a seus membros que redobrem a natural e reconhecida cautela em suas manifestações".
Com o novo aperto, a Selic iguala taxa vista em agosto de 2006 e está quase o dobro do patamar de 7,25% em que estava quando o Copom começou a subir os juros em abril de 2013. Esse pode ser visto como um dos ciclos mais intensos de aperto monetário da história do Copom. No mesmo período, o juro real, que é o que realmente importa, pois desconta a inflação projetada, saiu da linha de 2,4% para cerca de 8,4%, maior patamar desde novembro de 2008.
O Comitê de Política Monetária (Copom) reagiu aos "novos riscos" impostos ao cenário inflacionário de 2016 e dos anos subsequentes e promoveu uma nova alta de 0,50 ponto percentual na Selic, que saiu de 13,75% para 14,25% ao ano. A decisão foi unânime e sem viés, mas não contou com o voto do diretor de assuntos internacionais, Tony Volpon, que se absteve de votar, "a fim de evitar possíveis prejuízos à imagem do BC" foi a primeira vez que um integrante do Copom se absteve de votar.
O comunicado apresentado após a reunião trouxe alterações importantes, falando que a decisão pela elevação foi tomada considerando o "atual balanço de riscos", além do cenário macroeconômico e as perspectivas de inflação.
O BC também sugere que o ciclo teria sido encerrado, ao dizer que "o comitê entende que a manutenção desse patamar de taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no fim de 2016".
A manutenção dessa postura vigilante diante de "novos riscos" foi acenada pelo diretor da política econômica, Luiz Awazu Pereira, no fim da semana passada, quando reconheceu que os progressos obtidos em levar a inflação à meta de 4,5% em 2016 precisavam ser equilibrados em face de riscos mais recentes que ameaçavam o cenário central do BC no horizonte relevante de política monetária. "É primordial ser vigilante para ter certeza que a política monetária reflita o balanço de riscos atual e permaneça adequadamente calibrada para atender nosso objetivo", disse o diretor.
O diretor não explicitou, mas um risco visível à estratégia do BC de levar a inflação para a meta foi a mudança da política fiscal, também na semana passada, para o período entre 2015 e 2018. A meta deste ano caiu de 1,1% para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB) e os 2% prometidos para 2016 só serão atingidos em 2018. Conforme disse o presidente Alexandre Tombini em diversas ocasiões, "quanto mais fiscal, melhor".
Junto com a redução da meta fiscal veio uma rodada de alta do dólar, que testou preços não vistos em 12 anos, na linha de R$ 3,40. Ontem, a moeda americana fechou a R$ 3,3288. No Copom de junho, estava em R$ 3,05. E quando o BC fez sua última projeção aberta de inflação no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, o dólar considerado foi de R$ 3,10.
Como a decisão veio alinhada com o previsto pelo mercado, o que causou surpresa foi a decisão de Volpon de não tomar parte na reunião. Volpon enviou comunicado (email) para o presidente Alexandre Tombini, antes do início da reunião desta quartafeira, que começou às 17h15, manifestando sua posição, que foi tomada em "caráter pessoal e irretratável".
Junto com a decisão do Copom e o comunicado no qual Volpon aponta que deixou de participar da reunião, o Banco Central também apresentou a ata de uma reunião extraordinária do Copom, realizada no dia 28 de julho, convocada pelo presidente Tombini, para "discutir o teor de manifestação pública", do diretor Volpon, que em evento no dia 20 de julho falou que, "pessoalmente, vou votar para o aumento de juros até que nossa projeção esteja de uma maneira satisfatória apontando para o centro da meta".
Ao falar que "pessoalmente, vou votar pela alta de juro", Volpon foi interpretado como se estivesse antecipando ou abrindo seu voto dentro do Copom. A fala, pouco usual para padrões brasileiros, acabou gerando repercussões políticas. O senador José Serra (PSDBSP) disse que vai levar o tema à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) e ao Plenário do Senado, por entender que o diretor cometeu um grave equívoco ao antecipar seu voto. Nesta quarta, foi o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, que disse que o diretor precisaria "ser investigado e demitido".
Ao colegiado do Copom, Volpon disse que sua "manifestação" não representou vantagem a qualquer agente, pois foi feita em evento público com cobertura pela imprensa. Ele reafirmou que sua fala não implicou em "antecipação de voto", mas sim uma defesa do princípio operacional conhecido como "inflation forecast targeting", ou mirar a projeção de inflação na meta.
O diretor aponta que o voto está condicionado às projeções de inflação futura que são apresentadas durante as sessões técnicas das duas reuniões do Copom. Por isso, argumenta, "não é possível antecipar ou mesmo inferir o teor do voto", até que as apresentações sejam feitas.
Na ata, o colegiado do BC acolheu os esclarecimentos e "sem embargo e em linha com a governança aplicável às reuniões do Copom, recomendou a seus membros que redobrem a natural e reconhecida cautela em suas manifestações".
Com o novo aperto, a Selic iguala taxa vista em agosto de 2006 e está quase o dobro do patamar de 7,25% em que estava quando o Copom começou a subir os juros em abril de 2013. Esse pode ser visto como um dos ciclos mais intensos de aperto monetário da história do Copom. No mesmo período, o juro real, que é o que realmente importa, pois desconta a inflação projetada, saiu da linha de 2,4% para cerca de 8,4%, maior patamar desde novembro de 2008.