Boas práticas de manejo
20/06/2019
Agronegócio
POR: Revista Canavieiros
Por: Diana Nascimento
Um treinamento para as usinas e fornecedores de cana-de-açúcar em relação ao uso adequado de defensivos. Mais do que isso, uma orientação para a contratação de empresas prestadoras de serviços.
Essa é a tônica do protocolo de Intenções de Boas Práticas, assinado entre a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) e a Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), que prevê a cooperação técnica e institucional entre as partes.
Com a assinatura do protocolo, a Syngenta, a Unica e a Orplana, em parceria com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, iniciam o programa imediatamente, que terá ações regionais que cobrirão as principais áreas de cultivo de cana-de-açúcar.
Entre as ações, está a realização de seminários regionais para orientar sobre o uso adequado de defensivos agrícolas e a identificação de áreas que apresentam restrições de aplicação aérea, nos termos da Instrução Normativa Mapa nº 2, de 3 de janeiro de 2008.
Além de todo o treinamento com relação ao manejo agrícola, será necessário, como boa prática, comprar o produto registrado (defensivo) e seguir as indicações da bula. Feito isso, o passo seguinte será, quando a atividade for realizada por uma empresa terceirizada, atentar-se para alguns itens a serem verificados não só em relação à regularidade da empresa contratada, mas a forma de monitoramento do serviço prestada por ela.
A ideia é fechar um ciclo. O fornecedor ou a usina, dentro do círculo de economia, precisa pensar na utilização eficiente do produto, principalmente porque o setor investiu muito em recuperação de APP.
As APPs do setor estão trazendo a fauna de volta para o entorno do canavial. Os fornecedores e usinas investiram muito dinheiro nisso e, portanto, não podem ser prejudicados pela sua atividade. Para evitar que isso aconteça, é preciso contratar uma empresa regular, eficiente e que tenha a melhor tecnologia disponível.
Assinatura do protocolo
A solenidade de assinatura do protocolo contou com a presença do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles; do secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira; do diretor da Syngenta, Cleverson André Pozza; do diretor-presidente da Unica, Evandro Gussi, e do presidente da Orplana, Gustavo Rattes de Castro.
"O intuito é fazer uma agricultura de larga escala e alta produtividade. Esse tema foi trazido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, pela Unica e em conjunto com a Syngenta e a Orplana, de forma que possamos trazer as associações de defensivos agrícolas, bem como os produtores e usinas. Essa é uma questão que vai além das fronteiras paulistas, pois é um tema nacional sobre a ótica da agricultura e do meio ambiente", destacou Junqueira.
O ministro Ricardo Salles elencou que o meio ambiente é um valor inegociável e dentro de sua manutenção e preservação está a necessidade de conciliar o desenvolvimento e a produção com a biodiversidade existente no Brasil, considerada a mais rica do mundo e um exemplo de sustentabilidade para os outros países.
Para Gussi, trata-se do encontro entre a sustentabilidade e a produtividade, o que tem aberto um caminho novo e de muito significado para o setor.
Ele lembrou que a região de Ribeirão Preto, graças à recomposição de áreas de preservação permanente e reservas legais, teve um surto de onça parda, animal que estava em risco de extinção. "Nisso, o setor sucroenergético foi de fundamental importância. Estamos falando de mais de 250 mil hectares de áreas de preservação permanente, mais de 8 mil nascentes recuperadas. O produtor rural é o primeiro dos ambientalistas", observou.
O executivo da Unica afirmou que o protocolo é fruto de uma experiência concreta e que, enquanto outras culturas usam uma média de 70 l/ha, a cana-de-açúcar usa 4,79 l/ha de defensivos agrícolas em sua produção, graças ao controle biológico e uma série de mecanismos que têm dado resultados.
"Queremos ir além e vencer nos detalhes, buscando elementos de preservação da biodiversidade, de polinizadores e outros elementos que possam ser atingidos por isso, com práticas de prevenção que evitem danos. Esse é um protocolo efetivo de preservação e mitigação de problemas. É mais um passo histórico do setor sucroenergético ao lado dos produtores de cana-de-açúcar, usinas e a Syngenta", salientou Gussi.
A execução de um amplo trabalho de comunicação também foi lembrado por ele."Um dos problemas do agro é que, às vezes, somos parecidos com uma pata: botamos um ovo lindo, maravilhoso e nutritivo, mas a gente não canta. Precisamos ser como a galinha ou o Coelhinho da Páscoa, que não põe ovos, mas é o mais famoso proprietário de ovos, e doces ainda", brincou.
Já o representante da Syngenta reforçou que a empresa tem um grande compromisso com a biodiversidade, com a produtividade e com a gestão das pessoas no campo. Recentemente, a companhia lançou globalmente um programa de agricultura sustentável com metas claras e auditadas com o compromisso de estabelecer, nos próximos 20 anos, a melhoria da vida no campo e o aumento da biodiversidade e da produtividade.