Bonsucro já é certificação mais usada para comprovar sustentabilidade da indústria da cana no Brasil
17/10/2012
Cana-de-Açúcar
POR: Unica
O Better Sugarcane Initiative (Bonsucro), certificação global lançada em julho de 2011 que avalia a sustentabilidade dos produtos fabricados a partir da cana, é atualmente o modelo de certificação mais utilizado no Brasil, com 20 empresas sucroenergéticas e mais de 437 mil hectares (ha) de cana avalizados, o que equivale a mais de 1,7% da cana cultivada no mundo. Esta é uma das principais conclusões do estudo “Benchmark of cane-derived renewable jet fuel against major sustainability standards,” publicação em inglês lançada em 20 de julho pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE).
O documento de 73 páginas, coordenado pelo diretor-geral da entidade, André Meloni Nassar, e escrito pelos pesquisadores Paula Moura, Gabriel Granço e Leila Harfuch, foi preparado a pedido das empresas Embraer, Boeing e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), grandes entusiastas do uso de biocombustíveis com foco na aviação. Segundo o estudo, o Bonsucro é a certificação que melhor estabelece critérios de avaliação em conformidade com a realidade brasileira.
“No momento, o Bonsucro é o modelo mais viável no caso do setor sucroenergético brasileiro. No longo prazo, outras certificações como o Roundtable on Sustainable Biofuels (RSB) e o International Sustainability & Carbon Certification (ISCC) também poderão ser viabilizadas, mas existe a necessidade de melhoramento contínuo dos critérios utilizados por elas, pois alguns deles podem nem fazer sentido para o Brasil,” observa a pesquisadora Paula Moura.
De acordo com a especialista do ICONE, os principais entraves encontrados durante as análises feitas pelo RSB e o ISCC estão relacionados aos temas “segurança alimentar” e “expansão do cultivo da cana.” Por outro lado, diversas exigências ambientais e trabalhistas extremamente restritivas citadas nessas certificações já são contempladas pela legislação brasileira e amplamente praticadas pelas empresas produtoras de etanol, açúcar e bioeletricidade.
Dois exemplos claros deste tipo de medida são o Protocolo Agroambinetal do Setor Sucroenergético, que antecipou de 2031 para 2017 o prazo para o fim do uso do fogo controlado para facilitar a colheita manual nos canaviais, e o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, um acordo selado entre o Governo Federal, empresários e trabalhadores do setor no intuito de valorizar as melhores práticas voltadas à saúde e segurança dos trabalhadores que atuam diretamente nos canaviais.
Segundo informações do Bonsucro, que reúne organizações não-governamentais como a WWF e companhias como Cargill, Shell e Coca-Cola, 2,04% da cana cultivada em todo o mundo já recebeu o selo de certificação da entidade, que tem sede em Londres. Isso equivale à produção de 30,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, que ao ser processada pode ser convertida em 2,2 milhões de toneladas de açúcar e 1,6 milhões de litros de etanol por ano.