Calcário: não é só usar, incorporar é fundamental
24/05/2019
Agronegócio
POR: Revista Canavieiros
Por: Marino Guerra
O professor da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e consultor especialista em adubação, Gaspar Korndorfer, levantou um ponto de atenção na questão do manejo do solo de reforma ou expansão de cana-de-açúcar que vai contra duas tendências que vêm ganhando muitos adeptos ultimamente, o plantio direto sobre a palha e o uso do subsolador.
Segundo Korndorfer, é preciso incorporar o calcário no solo, pois esse elemento é fundamental na eliminação de barreiras químicas que impedem o desenvolvimento do sistema radicular e, com isso, proporciona maior capacidade da raiz captar água a uma distância maior.
Como argumento de sua teoria, ele mostrou o exemplo de uma tese de doutorado realizada na Usina Jalles Machado (Goianésia-GO), onde foram observadas seis técnicas de preparo de solo distintas: 1) dessecação mais calcário (plantio direto); 2) calcário mais subsolador e grade niveladora; 3) dessecação mais calcário e arado aiveca mais grade niveladora; 4) dessecação mais calcário com subsolador, 5) destruição de soqueira mais calcário com subsolador e 6) destruição de soqueira mais calcário com duas grades e uso do aiveca entre elas.
O resultado apontou para as duas técnicas em que o arado aiveca foi utilizado como as mais produtivas tanto nas áreas de reforma como em expansão.
Na mesma usina foi realizado mais um estudo que utilizou o subsolador em 662 hectares, enquanto que o arado trabalhou em outra área de 460 hectares. Ao observar a produtividade, o plantio subsolado foi de 79,2 TCH, enquanto que o outro rendeu 100,1 TCH.
Ao contabilizar todos os rendimentos e custos das duas operações, é possível enxergar a diferença de quase R$ 500 mil a favor da área onde o calcário foi incorporado com o arado aiveca.
No entanto, para se atingir os resultados citados, Korndorfer foi incisivo ao falar da qualidade do produto, principalmente pelo fato de ser refinado e capaz de reagir quimicamente em, no máximo, 15 dias após a aplicação.
Na parte final do assunto, o professor colocou mais uma pulga na orelha do público ao afirmar que o silício pode substituir o calcário e ainda ser mais eficiente. “O que difere o valor do silicato para o calcário é o frete. Se eu consigo igualar esse valor, jamais compraria o calcário”, pontuou.