Câmbio e Brent testam política da Petrobras

02/12/2016 Combustível POR: Valor Econômico
A Petrobras vai passar por um teste de fogo na próxima reunião em que vai ponderar se mexe ou não no preço dos combustíveis que vende no mercado interno. Com o acordo da Organização dos Países Exportadores e Petróleo (Opep) para cortar sua produção e ajudar a estancar a queda dos preços da commodity, tanto gasolina quanto diesel nacionais já estão em considerável defasagem sobre o valor praticado lá fora.
Para analistas, os movimentos do câmbio e do petróleo dão à estatal fôlego para um reajuste de 3,5% a 17%. No caso da gasolina, o aumento poderia ir de 4% a 17%, dependendo do método de cálculo utilizado. Para o diesel a alta seria de 3,5% a 16%. O consenso é de que, se quer mostrar aos investidores que de fato sua política de preços mudou, a companhia terá de praticar o reajuste em breve.
A pedido do Valor, Walter Vitto, analista da Tendências Consultoria, calculou que
a gasolina negociada internacionalmente está 7,2% mais cara do que a nacional, enquanto o diesel encontra­se em patamar de 5,8%. "A manutenção dessas defasagens implicaria em um aumento dos preços dos combustíveis na refinaria", afirmou.
O levantamento de Vitto mostra o tamanho da pressão sobre a estatal para que o preço nacional seja modificado. Desde outubro de 2015 que ambos os combustíveis não estavam tão defasados. Essa época representou um dos últimos momentos em que a Petrobras vendeu combustível com prejuízo, uma prática que durou anos.
Na opinião do UBS, a gasolina ficou, após o acordo da Opep, 4,4% mais barata do que lá fora. O diesel tem defasagem de 3,9%. Contudo, se já levados em conta custos de internalização do produto ­ importação e transporte ­, o patamar pode tocar os 15%. "Esse é um teste que os investidores esperam que aumente a convicção em torno da política de preços", escreveu o analista Luiz Carvalho, em relatório.
André Natal e Régis Cardoso, do Credit Suisse, têm a mesma opinião. "Uma mensagem importante que os próximos dias trarão ao mercado é se os reajustes para baixo serão mais rápidos, fáceis e significativos do que os para cima", dizem. "Um momento como este, em que vários fatores contribuem para aumentar a defasagem para dois dígitos, seria uma oportunidade interessante para verificar isso."
Até agora, a nova diretoria da Petrobras alterou o valor do combustível no Brasil apenas duas vezes ­ ambas para baixo. Em 8 de novembro, quando reduziu o preço em refinaria do diesel em 10,4% e da gasolina em 3,1%, o petróleo do tipo Brent valia US$ 47 e o dólar, R$ 3,20. Em 14 de outubro, quando cortou o diesel em 2,7% e a gasolina em 3,2%, o Brent encontrava­se em US$ 53 e o dólar em R$ 3,18.
Ontem, depois de a Opep divulgar o acordo para reduzir a produção em 1,2 milhão de barris por dia a partir de janeiro, o Brent fechou cotado em US$ 54,62 por barril. O contrato em questão é o para entrega em março do ano que vem. Já o dólar Ptax, do Banco Central, terminou em R$ 3,44. Ou seja, em reais a commodity já está em seu maior valor do ano, de R$ 187,90. 
Com a nova política de preços, as premissas utilizadas pela Petrobras para calcular os preços dos combustíveis mudaram. A posição da estatal, apurou o Valor, continua sendo de que não praticará, sob nenhuma hipótese, preços com defasagem ante a paridade internacional. O Grupo Executivo de Mercado e Preços se reúne semanalmente para discutir isso.
"Vamos ter agora uma situação muito interessante. A Petrobras vai ter que aumentar preços da gasolina e diesel em dezembro. A gente costuma dizer que a volatilidade para baixo [dos preços] vai de elevador e a volatilidade para cima vai de escada. Vamos ver se isso mudou", disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) durante evento no Rio. 
Uma questão que pode ser levada em conta pela estatal, no entanto, é sua participação de mercado na distribuição de combustíveis. Durante o período em que gasolina e diesel estavam mais caros aqui do que no mercado internacional, o "market share" da estatal foi reduzido no país. Outras empresas de distribuição de combustíveis passaram a importar elas mesmas, parte do produto que distribuem, porque o preço, na ponta do lápis, saía mais em conta do que adquirir diretamente da Petrobras.
O compromisso da estatal, segundo a política de preços, é manter a paridade com os preços internacionais, mais uma margem de segurança. O Credit Suisse ressalta que não há como saber se os ajustes anteriores já haviam deixado os preços nessa paridade ou não. A companhia não informa seu método de cálculo e cada especialista tem modelo próprio.
Em evento no início da semana, o presidente da companhia, Pedro Parente, foi enfático ao dizer que o fato de a companhia já ter feito duas reduções nos preços não significa que esse será "um comportamento permanente". Nas contas do Credit, se fizer isso, o ganho potencial de Ebitda pode chegar a US$ 3,4 bilhões, considerando taxa anualizada.
Para João José de Nora Souto, secretário­adjunto de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, a tendência é que o  reajuste e fato venha, caso os fatores de agora permaneçam os mesmos. Entretanto, ele destacou, durante evento da Fundação Getulio Vargas no Rio, que a decisão vai depender não só da variação da cotação do barril, mas de outros aspectos como câmbio.
A mensagem de Souto foi de que a estatal é livre para reajustar seus preços. "Se sobe o preço do petróleo ela provavelmente vai reajustar de acordo com petróleo e câmbio. Se o petróleo baixa, a Petrobras baixa [o preço], se subir [o barril], ela sobe [os derivados]. Ela vai ter que fazer os cálculos dela, como estava a defasagem, se cabe fazer aumento ou não", disse. Procurada, a Petrobras não comentou. 
A Petrobras vai passar por um teste de fogo na próxima reunião em que vai ponderar se mexe ou não no preço dos combustíveis que vende no mercado interno. Com o acordo da Organização dos Países Exportadores e Petróleo (Opep) para cortar sua produção e ajudar a estancar a queda dos preços da commodity, tanto gasolina quanto diesel nacionais já estão em considerável defasagem sobre o valor praticado lá fora.
Para analistas, os movimentos do câmbio e do petróleo dão à estatal fôlego para um reajuste de 3,5% a 17%. No caso da gasolina, o aumento poderia ir de 4% a 17%, dependendo do método de cálculo utilizado. Para o diesel a alta seria de 3,5% a 16%. O consenso é de que, se quer mostrar aos investidores que de fato sua política de preços mudou, a companhia terá de praticar o reajuste em breve.
A pedido do Valor, Walter Vitto, analista da Tendências Consultoria, calculou que
a gasolina negociada internacionalmente está 7,2% mais cara do que a nacional, enquanto o diesel encontra­se em patamar de 5,8%. "A manutenção dessas defasagens implicaria em um aumento dos preços dos combustíveis na refinaria", afirmou.
O levantamento de Vitto mostra o tamanho da pressão sobre a estatal para que o preço nacional seja modificado. Desde outubro de 2015 que ambos os combustíveis não estavam tão defasados. Essa época representou um dos últimos momentos em que a Petrobras vendeu combustível com prejuízo, uma prática que durou anos.
Na opinião do UBS, a gasolina ficou, após o acordo da Opep, 4,4% mais barata do que lá fora. O diesel tem defasagem de 3,9%. Contudo, se já levados em conta custos de internalização do produto ­ importação e transporte ­, o patamar pode tocar os 15%. "Esse é um teste que os investidores esperam que aumente a convicção em torno da política de preços", escreveu o analista Luiz Carvalho, em relatório.
André Natal e Régis Cardoso, do Credit Suisse, têm a mesma opinião. "Uma mensagem importante que os próximos dias trarão ao mercado é se os reajustes para baixo serão mais rápidos, fáceis e significativos do que os para cima", dizem. "Um momento como este, em que vários fatores contribuem para aumentar a defasagem para dois dígitos, seria uma oportunidade interessante para verificar isso."
Até agora, a nova diretoria da Petrobras alterou o valor do combustível no Brasil apenas duas vezes ­ ambas para baixo. Em 8 de novembro, quando reduziu o preço em refinaria do diesel em 10,4% e da gasolina em 3,1%, o petróleo do tipo Brent valia US$ 47 e o dólar, R$ 3,20. Em 14 de outubro, quando cortou o diesel em 2,7% e a gasolina em 3,2%, o Brent encontrava­se em US$ 53 e o dólar em R$ 3,18.
Ontem, depois de a Opep divulgar o acordo para reduzir a produção em 1,2 milhão de barris por dia a partir de janeiro, o Brent fechou cotado em US$ 54,62 por barril. O contrato em questão é o para entrega em março do ano que vem. Já o dólar Ptax, do Banco Central, terminou em R$ 3,44. Ou seja, em reais a commodity já está em seu maior valor do ano, de R$ 187,90. 
Com a nova política de preços, as premissas utilizadas pela Petrobras para calcular os preços dos combustíveis mudaram. A posição da estatal, apurou o Valor, continua sendo de que não praticará, sob nenhuma hipótese, preços com defasagem ante a paridade internacional. O Grupo Executivo de Mercado e Preços se reúne semanalmente para discutir isso.
"Vamos ter agora uma situação muito interessante. A Petrobras vai ter que aumentar preços da gasolina e diesel em dezembro. A gente costuma dizer que a volatilidade para baixo [dos preços] vai de elevador e a volatilidade para cima vai de escada. Vamos ver se isso mudou", disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) durante evento no Rio. 
Uma questão que pode ser levada em conta pela estatal, no entanto, é sua participação de mercado na distribuição de combustíveis. Durante o período em que gasolina e diesel estavam mais caros aqui do que no mercado internacional, o "market share" da estatal foi reduzido no país. Outras empresas de distribuição de combustíveis passaram a importar elas mesmas, parte do produto que distribuem, porque o preço, na ponta do lápis, saía mais em conta do que adquirir diretamente da Petrobras.
O compromisso da estatal, segundo a política de preços, é manter a paridade com os preços internacionais, mais uma margem de segurança. O Credit Suisse ressalta que não há como saber se os ajustes anteriores já haviam deixado os preços nessa paridade ou não. A companhia não informa seu método de cálculo e cada especialista tem modelo próprio.
Em evento no início da semana, o presidente da companhia, Pedro Parente, foi enfático ao dizer que o fato de a companhia já ter feito duas reduções nos preços não significa que esse será "um comportamento permanente". Nas contas do Credit, se fizer isso, o ganho potencial de Ebitda pode chegar a US$ 3,4 bilhões, considerando taxa anualizada.
Para João José de Nora Souto, secretário­adjunto de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, a tendência é que o  reajuste e fato venha, caso os fatores de agora permaneçam os mesmos. Entretanto, ele destacou, durante evento da Fundação Getulio Vargas no Rio, que a decisão vai depender não só da variação da cotação do barril, mas de outros aspectos como câmbio.
 
A mensagem de Souto foi de que a estatal é livre para reajustar seus preços. "Se sobe o preço do petróleo ela provavelmente vai reajustar de acordo com petróleo e câmbio. Se o petróleo baixa, a Petrobras baixa [o preço], se subir [o barril], ela sobe [os derivados]. Ela vai ter que fazer os cálculos dela, como estava a defasagem, se cabe fazer aumento ou não", disse. Procurada, a Petrobras não comentou.