Operação de plantio mecanizado, o produtor Otávio de Freitas Tavares adota o manejo desde 2006
Um fato comentado em toda região de abrangência da Copercana nessa temporada de plantio foi a falta de profissionais (nem precisavam ser qualificados) para o manejo manual. Fator que já era complexo em decorrência do alto rigor das leis trabalhistas, ganhou novas curvas ocasionadas pela Covid-19 e o aumento das áreas de reforma forçadas pelas geadas do ano passado.
Como nas últimas temporadas, o plantio manual ganhou cada vez mais adeptos, essa crise impossibilitou o cumprimento dos cronogramas planejados, o que, em razão de diversos fatores como a envelhecimento das mudas ou o encerramento do período de chuvas, o novo ciclo do canavial corre o risco de ter uma parcela de sua produtividade potencial subtraída logo na largada.
Nessa conjuntura, muitos produtores consideram a possibilidade, ou até mesmo já tomaram a decisão de voltar ou iniciar no plantio mecanizado, outrora muito criticado por consumir um número alto de mudas.
Porém, o tempo muda o local dos calos e o assunto perde relevância a partir do momento que surgem outros motivos, como os já ditos nesse texto, mas também um outro de igual importância, a redução da janela de plantio da cana-de-açúcar.
Com a enorme pressão financeira e agronômica de se adotar soja ou amendoim como cultura de rotação, aliada aos anos cada vez mais imprevisíveis sobre o ponto de vista climático, é mais comum ocorrerem atrasos na colheita e assim sobrar menos tempo para se plantar cana.
Outro fato é o aumento na adoção de cultivo da muda em viveiro na própria fazenda, principalmente em cantosi, o que, com exceção em tragédias climáticas, acarreta na falta de cana (muito pelo trato, sanidade e expressão genética) e a quantidade pode ser o peso final para o tomador de decisão voltar ou não para a máquina.
Desde 2006, com praticamente toda sua operação de plantio mecanizada, o produtor Otávio de Freitas Tavares, que cultiva cana em Serrana e Reginópolis (ambos municípios paulistas) conta que o consumo de muda até hoje incomoda na operação, mas o tempo ensinou muita coisa no sentido de como trabalhar e hoje tem a percepção de que, ao se colocar na balança todos os prós e contras, valeu a pena ter insistido no mecanizado.
“Além do investimento financeiro na estrutura, também tivemos que nos dedicar muito para entender a melhor maneira de utilizar a ferramenta, quando vimos muita gente voltar para o manual não conseguia enxergar vantagem em desperdiçar todo o esforço realizado”, conta Otávio, que hoje planta de forma mecânica até nas áreas no sistema de meiosi.