Plantio de 2022 é marcado pela adoção de estratégias e a visão ampliada dos produtores
A safra passada terminou com um grande ponto de interrogação para os produtores, a pergunta de um milhão de dólares era o que fazer com os canaviais que apresentavam desgaste na rebrota vitimados ao longo da temporada de gelo e fogo que há pouco acabara. Deixar e manter a fé que a possível perspectiva da manutenção do alto patamar de preços remunere o suficiente para, pelo menos, pagar as contas, ou mergulhar numa reforma que na época deixava a água bastante gelada e turva devido aos preços da soja com tendência de queda e o dos insumos na direção contrária. Eram os dois caminhos, igualmente incertos e esburacados.
É válido lembrar que nos idos do início da primavera de 2021, a La Niña indicava seu dedo para mais uma temporada de poucas águas e a preocupação da humanidade ainda estava com a pandemia, não passava pela cabeça de ninguém a ideia dantesca de se iniciar uma guerra logo após o Covid.
Mediante o desconforto da situação, o conforto é o inimigo mortal da atitude, o produtor foi obrigado a sentar e colocar a cabeça para trabalhar, analisar cada caso, talhão por talhão, colocar na balança os prós e contras antes da tomada de cada decisão. Se optasse por manter a cana, seria viável adubar? Fazer os defensivos? Perante a remuneração, quanto seria o mínimo de cana para a conta não fechar no vermelho? Em caso de prejuízo, quanto isso vai atrapalhar a reforma postergada?
Com dúvidas diferentes, mas com o mesmo potencial para gerar noites de insônia, estava quem considerava a ideia em reformar. Compensa arrendar a área para uma cultura de rotação ou terei braço para eu tocar uma lavoura de soja e depois plantar numa área que não estava prevista? Se a soja quebrar, eu vou suportar o fumo? E se todo mundo fizer reforma, vai ter muda para todos? E se vier um mundo de soja, o preço vai despencar?
E desse arcabouço de pontos de interrogação e frases iniciadas em “Se” criou-se um comportamento extremamente positivo, uma época de plantio pensada, estratégica, de tal forma que ela poderá ficar registrada na história da cultura como a que finalmente deu luzes a prática de um planejamento mais profundo. Será que se iniciou a época da cana pensada? Essa resposta só será dada pelo tempo.
