Cana sofrerá com efeitos da geada por dois anos

24/01/2014 Cana-de-Açúcar POR: Jornal Dia Dia (MS)
A produção de cana-de-açúcar de MS sofrerá as consequências de qualidade do produto e de produtividade por mais dois anos, conforme apontou Dinailson Correa de Campos, da Fermentec - empresa especializada em transferência de tecnologia do setor sucroenergetico, em sua apresentação na quinta-feira, no Showtec 2014. As geadas afetam diretamente o ATR (Açúcar Total Recuperável) do produto.
 
Nas três usinas que eles assessoram em MS, o ATR caiu de 137 Kg/t para 126,74 Kg/t. Informação não muito diferente dos dados coletados da Biosul - Associação de Produtores de Bioenergia de MS, que no resultado da safra, mostrou uma retração de 7,39% do ATR/tc nas usinas do Estado. A queda registrada na região Centro-Sul do Estado foi de 1,64%. O ATR corresponde à quantidade de açúcar disponível na matéria-prima subtraída das perdas no processo industrial, e nos preços do açúcar e etanol vendidos pelas usinas nos mercados interno e externo.
 
Além da geada, a falta de chuva também prejudicou a qualidade da cana. "Em 2013, tivemos um saldo negativo de 150 mm quando comparado com 2012", apontou. O ano passado também foi mais frio que o ano anterior. "Não podemos colocar a culpa apenas na geada", alegou.
 
Para garantir menos perdas com a geada, o técnico apontou a necessidade de moer o mais rapidamente possível a cana. "É claro que depende da capacidade de moagem de cada usina e a quantidade de área atingida pela geada". Conforme o técnico, o estado ainda vai sofre dois ou três anos as consequências dessa intempérie climática.
 
Na última safra, foram moídas 41.496.041 toneladas de cana-de-açúcar na safra 2013/2014. O volume é 11,28% maior quando comparado à safra anterior, quando o Estado produziu 37,30 milhões de toneladas.
 
Conforme o presidente da Biosul, Roberto Hollanda Filho, os eventos naturais como excesso de chuvas, geadas e seca refletiram na produção de duas formas - no volume de cana, com queda de cerca 4 milhões de toneladas, e na sua qualidade, medida através da quantidade de açúcar extraído, que ficou em 127kg, cerca de 10kg abaixo do projetado. "A seca nos primeiros meses do ano e o excesso de chuvas em abril e junho prejudicaram a colheita, no entanto, o fator determinante para essa perda foram as geadas de julho e agosto", apontou.
 
Nas áreas afetadas, a cana se degrada rapidamente, tendo que ser colhida mesmo que não esteja no seu ponto ideal de corte, além disso, a planta se esforça para sobreviver através de brotação lateral. Esse processo gasta energia, gasta açúcar, o que causa uma significativa perda na sacarose da cana.