Cana volta a remunerar agricultor pernambucano após anos no negativo

10/03/2017 Cana-de-Açúcar POR: AFCP 09/03/17
Os preços do açúcar continuam em queda nas bolsas internacionais. Em Nova York, a commodity caiu 131 pontos no acumulado da semana, desvalorização de 6,78%, segundo o jornal Valor Econômico de hoje (10). Isso reflete uma semana inteira de baixa nas cotações, já que essa é a quinta queda consecutiva na bolsa americana.
Nas cotações de ontem (9), no vencimento maio/17 a baixa foi de 40 pontos, com contratos firmados em 18,00 centavos de dólar por libra-peso. Já a tela julho/17 caiu 36 pontos, cotada a 18,02 centavos de dólar por libra-peso. As demais telas oscilaram entre 29 e 33 pontos negativos. 
"A redução nas estimativas de consumo da Índia pela associação de usinas local arrefeceu as especulações sobre uma possível abertura do mercado local para uma importação avaliada em 500 mil toneladas pela Organização Internacional do Açúcar (OIA)", informou o Valor em nota nesta sexta-feira.
Em Londres, a sessão também terminou no negativo em todos os lotes. O vencimento maio/17 caiu 10,80 dólares, sendo o açúcar comercializado a US$ 509,90 a tonelada. O lote agosto/17 fechou em US$ 502,20 a tonelada, retração de 10,30 dólares. Os outros vencimentos terminaram com queda entre 5 e 9,20 dólares.
Mercado interno
Já no Brasil, o açúcar bateu ontem (9) sua terceira queda seguida, de acordo com os índices do Cepea/Esalq, da USP. A saca de 50 quilos do tipo cristal foi comercializada a R$ 78,76, uma queda de 0,40%.
Etanol
Na sessão de ontem, o preço do etanol hidratado não sofreu variação. O biocombustível foi comercializado pelo mesmo valor da cotação anterior: R$ 1.557,00 o metro cúbico.
Camila Lemos
Depois de anos seguidos, apesar da seca, o preço da cana-de-açúcar associado à sua produtividade média por hectare voltou a remunerar o agricultor de Pernambuco. Na média, levando em consideração o modal padrão verificado nos canaviais do Estado, que ficou em 45 ton/hectare, o produtor recebeu livre R$ 4,20 por toneladas. Apesar do baixo valor, o resultado foi muito bem recebido pelas entidades canavieiras (AFCP e Sindicape), porque inverte os valores negativos observados nas safras anteriores. Os dados, que compõem os novos estudos da Cepea/Esalq, a pedido da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em relação aos custos da produção canavieira por Estado, foram apresentados na Federação da Agricultura do Estado (Faepe) nesta quarta-feira (8).
Este valor, no entanto, podia melhorar em caso da produtividade maior. O potencial produtivo é o principal indicador para definir a remuneração, que depende de várias variáveis como investimentos no campo, outros custos de produção, relevo, água e etc. A estiagem e a falta de políticas públicas de irrigação, por sua vez, reduziram a produtividade. Com o padrão de 45 ton/hectare, o que é considerado baixo, remunerou-se R$ 4,20. E o valor só ficou assim por conta das políticas de bonificação das usinas, que, puxadas pela elevação do bônus pago pelas usinas geridas por cooperativas de canavieiros, a exemplo da Coaf/Crunagi, o prêmio médio por cada tonelada fornecida variou entre R$ 10 e R$ 12. O bônus é uma premiação paga pelas usinas ao seu fornecedor de cana. A Coaf liderou esta bonificação. O valor médio foi de R$ 17. Já na Paraíba, sem tais bonificações, o valor médio pago pela cana ficou negativo (R$ - 8).
Já em algumas propriedade pernambucanas onde a produtividade da cana por hectare foi de 60 toneladas, o lucro foi de 25,51 por tonelada. Isso, no entanto, observou-se só em canaviais de médios produtores, que correspondem a menos de 5% do setor canavieiro em PE, já que 95% dele é formado por pequenos e agricultores familiares. "Todos os canaviais precisam e podem atingir a produtividade maior, mas é preciso que o poder público ajude em política de irrigação frente à seca e que as usinas, além daquelas cooperativadas, melhorarem o bônus da cana", diz Alexandre Andrade Lima, presidente da AFCP. O agricultor inclusive já conta com as políticas de redução dos custos de produção com o mix vendido pela Cooperativa de Agronegócio dos Fornecedores de Cana.
A coleta e geração dos dados do levantamento de custos de produção da cana em PE referente à safra 2016/2017 foi de responsabilidade da CNA, em parceria com o Cepea e Pecepe (da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de SP). O presidente da Faepe, Pio Guerra, acompanhou a apresentação dos dados, os quais servem de base para orientar o produtor na gestão da propriedade e na tomada de decisões para o setor, inclusive para pleitos aos governos.