Canaplan apresenta perspectivas para a safra 2017/2018

13/12/2016 Cana-de-Açúcar POR: Andréia Vital – Revista Canavieiros – Edição 126
A consultoria Canaplan realizou a sua segunda reunião anual no dia 21 de outubro com os profissionais ligados ao setor sucroenergético, em Ribeirão Preto-SP, para reavaliar a safra atual (2016/2017) e apresentar uma primeira visão sobre o ciclo 2017/2018. Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio), presidente da consultoria, deu um panorama sobre a situação política e econômica nacional, na abertura do encontro, dizendo que depois de um período complicado, índices confirmam a retomada da confiança do consumidor e da indústria, fator essencial para começar a virar a página do setor sucroenergético. Mas para que isso de fato se concretize, um longo caminho há de ser percorrido, ponderou ele, ao falar sobre a realidade econômica do segmento. 
“Há uma dispersão de dados enorme e a disparidade parece crescer mais a cada safra”, disse o executivo, completando “O desempenho operacional dos grupos do setor, na média, segue ruim e o endividamento setorial vem crescendo, sendo que 65% da margem de cana na região Centro-Sul do país aumentou”, esclareceu.
Fato comprovado pelo gerente sênior de Relacionamento do Rabobank, no Brasil, Manoel Pereira de Queiroz, durante sua explanação em painel que debateu a situação econômico-financeira das usinas e as perspectivas para a retomada do investimento, moderado por Luiz Silvestre, da Sucden. O executivo afirmou que existe uma grande disparidade no alto endividamento do setor, sendo muito elevado para algumas unidades e pouco elevado para outras, ao apresentar o cenário no qual se encontram as unidades que fazem parte da carteira do banco e representam 50% da moagem nacional.
“A dívida estimada do setor é de R$ 94 bilhões e, como o segmento é heterogêneo, a capacidade de retomar investimentos depende da situação financeira de cada um”, explicou, lembrando que a baixa oferta de crédito continua pressionando a liquidez e o custo financeiro das usinas. O executivo disse ainda que as prioridades de utilização da melhor geração de caixa resultante do bom momento atual de preços, devem seguir uma ordem começando com baixar dívida, recuperar canavial e investir em expansão. “O Brasil voltou a ser extremamente competitivo e o momento é favorável para fusões e aquisições”, disse.
No mesmo debate, Andy Duff, gerente do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank, afirmou que o deficit de açúcar será de 8 milhões de toneladas abaixo do consumo, na safra mundial (2016/17), iniciada em outubro.
“O volume, somado ao do ciclo anterior, acumulará 15 milhões de toneladas de deficit, em dois anos”, explicou ele, avaliando que, com a expectativa de preços altos, a projeção é que o açúcar continue mais lucrativo do que o etanol no resto de 2016/17 e em 2017/18. Duff disse ainda que a expansão da produção do etanol de segunda geração até 2030, para atender a meta estipulada na COP21, é minúscula. "Tem potencial, mas ainda tem um caminho a ser trilhado para o desenvolvimento do 2G", ponderou.
Produtividade
O presidente da Canaplan apresentou, na ocasião, dados do trabalho realizado pelo PECEGE - ESALQ /USP intitulado “Produtividade Total dos Fatores (PTF). Feito com informações de 130 usinas, o estudo mostrou que a ineficiência do setor não é totalmente técnica, como também, que erros na alocação dos recursos e na utilização dos níveis de produtos diminuem o lucro. Para medir a eficiência econômica dos produtores integrados foram utilizados o lucro (receitas totais menos custos operacionais efetivos), os preços dos insumos variáveis e os fatores fixos obtidos nas pesquisas.
Os resultados apontaram que os fatores climáticos são responsáveis por 43% da variabilidade da eficiência de produção de cana, na seguinte ordem de importância: radiação solar/deficiência hídrica e temperatura/precipitação. O solo explica 15% da variabilidade da eficiência da produção de cana. Já os fatores socioeconômicos bióticos e de manejo da cultura de cana, em conjunto, explicam
42% da eficiência de produção de cana.
“Os dados mostram que é possível aumentar a eficiência técnica do setor sucroenergético em 25%”, disse Carvalho, sobre os resultados da pesquisa que serviu de base para a apresentação do segundo painel do encontro, momento no qual se discutiu a produtividade com representantes de empresas que atuam no segmento canavieiro, como Cristiano Ortigosa Peraceli, gerente de Marketing de Cana da BASF; gerente de Marketing Operacional na Bayer; Leonardo Pereira, de marketing cana-de-açúcar da Syngenta; Carlos Graminha, gerente de Contas Estratégicas da John Deere e Fábio Henrique Carvalho, coordenador de marketing da DuPont. “O debate mostrou que existe ainda muita coisa para se fazer e muitas delas dependem de nós, pois se não buscarmos a sustentabilidade pela gestão do nosso negócio, não será o preço sozinho que irá resolver o gap (lacuna) que existe no setor”, explicou Paulo Rodrigues, do Condomínio Agrícola Santa Izabel, moderador do painel.
Reavaliação da safra
Ao apresentar a reavaliação da safra 2016/17, no último painel da reunião, Carvalho contou com a participação dos consultores Nilceu Piffer Cardozo e Ericson Marino, que falaram sobre os efeitos climáticos no canavial e mostraram que o clima afetou não somente a planta, mas também a colheita da safra atual, fato que vem contribuindo para a queda da produtividade dos canaviais no Centro-Sul. Devido a isso, as projeções, de um modo geral, tão otimistas no início da temporada, ficaram mais moderadas conforme estimou a consultoria, em sua primeira reunião anual, em abril deste ano. Portanto, devem ser processados neste ciclo, entre 581 a 592 milhões de toneladas de cana no Centro-Sul; a oferta de ATR total deverá ficar entre 77,3 a 78,8 mmt; o mix será de 46% para açúcar e 54% para etanol; e produzidos entre 33,9 a 34,5 milhões de toneladas de açúcar e 24,4 a 24,9 bilhões de litros de etanol.
Para a próxima temporada, deverão continuar os resultados negativos da safra 2016/17, com algumas exceções, prevê o presidente da Canaplan. “Enquanto os juros estiverem tão elevados, as unidades produtivas muito alavancadas terão dificuldades de gerar caixa”, explicou, citando outros desafios a serem enfrentados, com relação à parte agrícola, já que a área de colheita e a produtividade serão menores. “De 2014 a 2016 houve forte queda no plantio.
Em 2015 plantou-se 2/3 do plantado em 2013, até 01/102016 plantou-se 2/3 do plantado ano passado”, disse o consultor, afirmando que a redução de cana bis para a safra 2017 /18 deve também contribuir para uma menor oferta da matéria-prima, resultando em uma safra menor.
Representantes de unidades e empresas contribuíram com o painel, como Cássio Paggiaro, diretor Agrícola no Grupo Clealco; Edson Girondi, diretor agrícola do Grupo Alto Alegre; Jaime Stupiello, diretor agrícola da Guarani; Mário Ortiz Gandini, diretor agroindustrial da São Martinho; Paulo Rodrigues, diretor agrícola do Condomínio Santa Izabel; Paulo Roberto Artioli, diretor agrícola da Tecnocana e Agnaldo de Tarso Rigolin, gerente corporativo de Tecnologia Agrícola da BP Biocombustíveis. 
Neste momento, foram realizadas pesquisas com os presentes apontando tendências para o próximo ciclo, entre elas, uma apontou que para 50% dos participantes, a safra deverá começar entre 1 a 15 de abril; 32,7% indicaram o começo entre 15 a 30 de abril; 13,5% disseram que começa antes de 31 de março e 3,8% que deve iniciar após 1º de maio. A pesquisa mostrou ainda que para 79,2% dos participantes a muda será um problema para a safra 2017/18.
Ainda durante a reunião, Paulo Donadoni, gerente da cultura de cana-de-açúcar da Bayer, apresentou as características e os benefícios do Alion 500 SC, o novo herbicida da multinacional para amplo espectro de plantas daninhas, residual prolongado e totalmente seletivo para a cultura da cana.
 
A consultoria Canaplan realizou a sua segunda reunião anual no dia 21 de outubro com os profissionais ligados ao setor sucroenergético, em Ribeirão Preto-SP, para reavaliar a safra atual (2016/2017) e apresentar uma primeira visão sobre o ciclo 2017/2018. Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio), presidente da consultoria, deu um panorama sobre a situação política e econômica nacional, na abertura do encontro, dizendo que depois de um período complicado, índices confirmam a retomada da confiança do consumidor e da indústria, fator essencial para começar a virar a página do setor sucroenergético. Mas para que isso de fato se concretize, um longo caminho há de ser percorrido, ponderou ele, ao falar sobre a realidade econômica do segmento. 
“Há uma dispersão de dados enorme e a disparidade parece crescer mais a cada safra”, disse o executivo, completando “O desempenho operacional dos grupos do setor, na média, segue ruim e o endividamento setorial vem crescendo, sendo que 65% da margem de cana na região Centro-Sul do país aumentou”, esclareceu.
Fato comprovado pelo gerente sênior de Relacionamento do Rabobank, no Brasil, Manoel Pereira de Queiroz, durante sua explanação em painel que debateu a situação econômico-financeira das usinas e as perspectivas para a retomada do investimento, moderado por Luiz Silvestre, da Sucden. O executivo afirmou que existe uma grande disparidade no alto endividamento do setor, sendo muito elevado para algumas unidades e pouco elevado para outras, ao apresentar o cenário no qual se encontram as unidades que fazem parte da carteira do banco e representam 50% da moagem nacional.
“A dívida estimada do setor é de R$ 94 bilhões e, como o segmento é heterogêneo, a capacidade de retomar investimentos depende da situação financeira de cada um”, explicou, lembrando que a baixa oferta de crédito continua pressionando a liquidez e o custo financeiro das usinas. O executivo disse ainda que as prioridades de utilização da melhor geração de caixa resultante do bom momento atual de preços, devem seguir uma ordem começando com baixar dívida, recuperar canavial e investir em expansão. “O Brasil voltou a ser extremamente competitivo e o momento é favorável para fusões e aquisições”, disse.
No mesmo debate, Andy Duff, gerente do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank, afirmou que o deficit de açúcar será de 8 milhões de toneladas abaixo do consumo, na safra mundial (2016/17), iniciada em outubro.
“O volume, somado ao do ciclo anterior, acumulará 15 milhões de toneladas de deficit, em dois anos”, explicou ele, avaliando que, com a expectativa de preços altos, a projeção é que o açúcar continue mais lucrativo do que o etanol no resto de 2016/17 e em 2017/18. Duff disse ainda que a expansão da produção do etanol de segunda geração até 2030, para atender a meta estipulada na COP21, é minúscula. "Tem potencial, mas ainda tem um caminho a ser trilhado para o desenvolvimento do 2G", ponderou.
Produtividade
O presidente da Canaplan apresentou, na ocasião, dados do trabalho realizado pelo PECEGE - ESALQ /USP intitulado “Produtividade Total dos Fatores (PTF). Feito com informações de 130 usinas, o estudo mostrou que a ineficiência do setor não é totalmente técnica, como também, que erros na alocação dos recursos e na utilização dos níveis de produtos diminuem o lucro. Para medir a eficiência econômica dos produtores integrados foram utilizados o lucro (receitas totais menos custos operacionais efetivos), os preços dos insumos variáveis e os fatores fixos obtidos nas pesquisas.
Os resultados apontaram que os fatores climáticos são responsáveis por 43% da variabilidade da eficiência de produção de cana, na seguinte ordem de importância: radiação solar/deficiência hídrica e temperatura/precipitação. O solo explica 15% da variabilidade da eficiência da produção de cana. Já os fatores socioeconômicos bióticos e de manejo da cultura de cana, em conjunto, explicam
42% da eficiência de produção de cana.
“Os dados mostram que é possível aumentar a eficiência técnica do setor sucroenergético em 25%”, disse Carvalho, sobre os resultados da pesquisa que serviu de base para a apresentação do segundo painel do encontro, momento no qual se discutiu a produtividade com representantes de empresas que atuam no segmento canavieiro, como Cristiano Ortigosa Peraceli, gerente de Marketing de Cana da BASF; gerente de Marketing Operacional na Bayer; Leonardo Pereira, de marketing cana-de-açúcar da Syngenta; Carlos Graminha, gerente de Contas Estratégicas da John Deere e Fábio Henrique Carvalho, coordenador de marketing da DuPont. “O debate mostrou que existe ainda muita coisa para se fazer e muitas delas dependem de nós, pois se não buscarmos a sustentabilidade pela gestão do nosso negócio, não será o preço sozinho que irá resolver o gap (lacuna) que existe no setor”, explicou Paulo Rodrigues, do Condomínio Agrícola Santa Izabel, moderador do painel.
Reavaliação da safra
Ao apresentar a reavaliação da safra 2016/17, no último painel da reunião, Carvalho contou com a participação dos consultores Nilceu Piffer Cardozo e Ericson Marino, que falaram sobre os efeitos climáticos no canavial e mostraram que o clima afetou não somente a planta, mas também a colheita da safra atual, fato que vem contribuindo para a queda da produtividade dos canaviais no Centro-Sul. Devido a isso, as projeções, de um modo geral, tão otimistas no início da temporada, ficaram mais moderadas conforme estimou a consultoria, em sua primeira reunião anual, em abril deste ano. Portanto, devem ser processados neste ciclo, entre 581 a 592 milhões de toneladas de cana no Centro-Sul; a oferta de ATR total deverá ficar entre 77,3 a 78,8 mmt; o mix será de 46% para açúcar e 54% para etanol; e produzidos entre 33,9 a 34,5 milhões de toneladas de açúcar e 24,4 a 24,9 bilhões de litros de etanol.
Para a próxima temporada, deverão continuar os resultados negativos da safra 2016/17, com algumas exceções, prevê o presidente da Canaplan. “Enquanto os juros estiverem tão elevados, as unidades produtivas muito alavancadas terão dificuldades de gerar caixa”, explicou, citando outros desafios a serem enfrentados, com relação à parte agrícola, já que a área de colheita e a produtividade serão menores. “De 2014 a 2016 houve forte queda no plantio.
Em 2015 plantou-se 2/3 do plantado em 2013, até 01/102016 plantou-se 2/3 do plantado ano passado”, disse o consultor, afirmando que a redução de cana bis para a safra 2017 /18 deve também contribuir para uma menor oferta da matéria-prima, resultando em uma safra menor.
Representantes de unidades e empresas contribuíram com o painel, como Cássio Paggiaro, diretor Agrícola no Grupo Clealco; Edson Girondi, diretor agrícola do Grupo Alto Alegre; Jaime Stupiello, diretor agrícola da Guarani; Mário Ortiz Gandini, diretor agroindustrial da São Martinho; Paulo Rodrigues, diretor agrícola do Condomínio Santa Izabel; Paulo Roberto Artioli, diretor agrícola da Tecnocana e Agnaldo de Tarso Rigolin, gerente corporativo de Tecnologia Agrícola da BP Biocombustíveis. 
Neste momento, foram realizadas pesquisas com os presentes apontando tendências para o próximo ciclo, entre elas, uma apontou que para 50% dos participantes, a safra deverá começar entre 1 a 15 de abril; 32,7% indicaram o começo entre 15 a 30 de abril; 13,5% disseram que começa antes de 31 de março e 3,8% que deve iniciar após 1º de maio. A pesquisa mostrou ainda que para 79,2% dos participantes a muda será um problema para a safra 2017/18.
Ainda durante a reunião, Paulo Donadoni, gerente da cultura de cana-de-açúcar da Bayer, apresentou as características e os benefícios do Alion 500 SC, o novo herbicida da multinacional para amplo espectro de plantas daninhas, residual prolongado e totalmente seletivo para a cultura da cana.