O Equador demonstrou interesse pelos carros desde que, em troca, o Brasil comprasse suas bananas. A ideia provocou uma reação tão negativa dos produtores da fruta brasileiros que sequer chegou a ser discutida pelas autoridades do comércio exterior. Na busca por novos mercados, a indústria automobilística tem se deparado com situações inusitadas como essa. Mas, de modo geral, o saldo tem sido positivo. O setor começa a compensar no exterior parte da queda de demanda no mercado doméstico.
Só em janeiro, os volumes exportados aumentaram 56% na comparação com o mesmo mês do ano passado, o que resultou numa receita 48% maior. Foi o melhor resultado de janeiro desde 2014. Além disso, apesar de a produção projetada para 2017 2,4 milhões de veículos ainda estar 35% abaixo do total do ano recorde 3,7 milhões em 2013 nos embarques para o exterior, os números tendem a ficar muito próximos. Em 2013, 565 mil veículos brasileiros foram vendidos a outros países. A previsão dos fabricantes para este ano é chegar a 558 mil.
Ainda falta muito para o Brasil tornarse um grande exportador de veículos. Mas a fatia das vendas externas tem crescido. Saiu de 10,6% em 2014 para 24,11% no ano passado. É possível que este ano cresça ainda mais. Por enquanto, nas previsões mais otimistas dos fabricantes, a produção aumentaria para atender também a uma expansão do mercado interno. Não foi só a estabilidade cambial que estimulou a as exportações de carros.
"Tratase do resultado do grande esforço de cada empresa", diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale. O aumento da demanda e suspensão de antigos entraves protecionistas na Argentina ajudou. No entanto, embora continue a ser o principal destino, o mercado argentino deixou de ser a única alternativa para o Brasil.
Os carros brasileiros começam a cair no gosto do consumidor de mercados vizinhos onde há até pouco tempo a indústria brasileira não conseguia competir, como Chile. Segundo o presidente da Anfavea, o interesse surgiu com a melhora na qualidade dos automóveis fabricados no Brasil. Por conta de novas normas de segurança locais o país pode oferecer também ao exterior carros com airbags e outros equipamentos que chilenos e outros da região estavam habituados a ver em modleos importados de regiões mais distantes, como Coreia.
Além disso, a perspectiva de acordos bilaterais também embala negociações. A Anfavea espera para breve isenção da alíquota do imposto de importação para carros brasileiros no Peru, que hoje está em 7%. A Colômbia também desponta como novo destino.
A empolgação em torno das vendas externas ajuda a apagar as frustrações com o mercado interno. Executivos contam que em algumas empresas os departamentos de comércio exterior, mais enxutos no tempo o mercado interno era prioridade, começam agora a receber mais recursos e reforço de pessoal.
Entre 1983 e 1988 a Volkswagen vendeu 170 mil unidades do Passat ao Iraque em troca de petróleo. As bananas do Equador não são o único caso de sugestão de escambo. Tempos atrás, o Chile chegou a negociar pêssegos e vinho em troca dos veículos brasileiros. Nesse caso, a invasão dos produtos chilenos excedeu necessidades e o acordo não foi adiante.
Mas num passado mais distante, um entendimento com o Iraque, que trocou o Passat brasileiro por petróleo, transformouse num dos mais bemsucedidos casos de intercâmbio comercial do setor. Graças a essa negociação, entre 1983 e 1988 Volkswagen exportou somente para o mercado iraquiano 170 mil veículos, volume maior do que o total de embarques da montadora no ano passado. Maior exportadora do setor, em 2016 a Volks vendeu 107,3 mil carros a 17 países. A Argentina ficou com mais da metade.
"Em 2017, pretendemos atuar ainda mais intensamente nos mercados da América do Sul, América Central e Caribe, que têm um grande potencial para o desenvolvimento dos nossos negócios", disse, por meio de nota, o presidente da Volkswagen do Brasil e América do Sul, David Powels. Desde que começou a exportar Kombis, em 1970, a empresa já enviou do Brasil 3,5 milhões de veículos para um total de 147 países.
A General Motors, segunda maior exportadora do setor no país, pretende elevar as vendas externas em 50% este ano, segundo o presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga. O executivo destaca que a empresa também elevou as vendas ao exterior a partir das fábricas da Argentina. "O aumento das exportações de Argentina e Brasil tem sido impulsionado pela renovação da linha e novas tecnologias de conectividade, bem como pelo impacto positivo das taxas de câmbio, renovação do acordo comercial entre os dois países e pela abertura de novos mercados, como Chile, Colômbia, Peru, Equador, além de uma oportunidade única com o México", destacou.
Apesar do quadro positivo, na peregrinação dos executivos das mundo afora ainda há muito a ser conquistado. Em alguns casos, o Brasil perde competitividade até para os Estados Unidos nas vendas para a vizinha América Central. É a fábrica da Toyota do Mississipi que fornece o sedã Corolla para os países dessa região, apesar da proximidade de Indaiatuba (SP), onde o mesmo carro é produzido. E com o mesmo nível de qualidade, segundo o presidente da Toyota na América Latina, Steve St Angelo. "Isso ainda corta meu coração", diz.
O Equador demonstrou interesse pelos carros desde que, em troca, o Brasil comprasse suas bananas. A ideia provocou uma reação tão negativa dos produtores da fruta brasileiros que sequer chegou a ser discutida pelas autoridades do comércio exterior. Na busca por novos mercados, a indústria automobilística tem se deparado com situações inusitadas como essa. Mas, de modo geral, o saldo tem sido positivo. O setor começa a compensar no exterior parte da queda de demanda no mercado doméstico.
Só em janeiro, os volumes exportados aumentaram 56% na comparação com o mesmo mês do ano passado, o que resultou numa receita 48% maior. Foi o melhor resultado de janeiro desde 2014. Além disso, apesar de a produção projetada para 2017 2,4 milhões de veículos ainda estar 35% abaixo do total do ano recorde 3,7 milhões em 2013 nos embarques para o exterior, os números tendem a ficar muito próximos. Em 2013, 565 mil veículos brasileiros foram vendidos a outros países. A previsão dos fabricantes para este ano é chegar a 558 mil.
Ainda falta muito para o Brasil tornarse um grande exportador de veículos. Mas a fatia das vendas externas tem crescido. Saiu de 10,6% em 2014 para 24,11% no ano passado. É possível que este ano cresça ainda mais. Por enquanto, nas previsões mais otimistas dos fabricantes, a produção aumentaria para atender também a uma expansão do mercado interno. Não foi só a estabilidade cambial que estimulou a as exportações de carros.
"Tratase do resultado do grande esforço de cada empresa", diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale. O aumento da demanda e suspensão de antigos entraves protecionistas na Argentina ajudou. No entanto, embora continue a ser o principal destino, o mercado argentino deixou de ser a única alternativa para o Brasil.
Os carros brasileiros começam a cair no gosto do consumidor de mercados vizinhos onde há até pouco tempo a indústria brasileira não conseguia competir, como Chile. Segundo o presidente da Anfavea, o interesse surgiu com a melhora na qualidade dos automóveis fabricados no Brasil. Por conta de novas normas de segurança locais o país pode oferecer também ao exterior carros com airbags e outros equipamentos que chilenos e outros da região estavam habituados a ver em modleos importados de regiões mais distantes, como Coreia.
Além disso, a perspectiva de acordos bilaterais também embala negociações. A Anfavea espera para breve isenção da alíquota do imposto de importação para carros brasileiros no Peru, que hoje está em 7%. A Colômbia também desponta como novo destino.
A empolgação em torno das vendas externas ajuda a apagar as frustrações com o mercado interno. Executivos contam que em algumas empresas os departamentos de comércio exterior, mais enxutos no tempo o mercado interno era prioridade, começam agora a receber mais recursos e reforço de pessoal.
Entre 1983 e 1988 a Volkswagen vendeu 170 mil unidades do Passat ao Iraque em troca de petróleo. As bananas do Equador não são o único caso de sugestão de escambo. Tempos atrás, o Chile chegou a negociar pêssegos e vinho em troca dos veículos brasileiros. Nesse caso, a invasão dos produtos chilenos excedeu necessidades e o acordo não foi adiante.
Mas num passado mais distante, um entendimento com o Iraque, que trocou o Passat brasileiro por petróleo, transformouse num dos mais bemsucedidos casos de intercâmbio comercial do setor. Graças a essa negociação, entre 1983 e 1988 Volkswagen exportou somente para o mercado iraquiano 170 mil veículos, volume maior do que o total de embarques da montadora no ano passado. Maior exportadora do setor, em 2016 a Volks vendeu 107,3 mil carros a 17 países. A Argentina ficou com mais da metade.
"Em 2017, pretendemos atuar ainda mais intensamente nos mercados da América do Sul, América Central e Caribe, que têm um grande potencial para o desenvolvimento dos nossos negócios", disse, por meio de nota, o presidente da Volkswagen do Brasil e América do Sul, David Powels. Desde que começou a exportar Kombis, em 1970, a empresa já enviou do Brasil 3,5 milhões de veículos para um total de 147 países.
A General Motors, segunda maior exportadora do setor no país, pretende elevar as vendas externas em 50% este ano, segundo o presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga. O executivo destaca que a empresa também elevou as vendas ao exterior a partir das fábricas da Argentina. "O aumento das exportações de Argentina e Brasil tem sido impulsionado pela renovação da linha e novas tecnologias de conectividade, bem como pelo impacto positivo das taxas de câmbio, renovação do acordo comercial entre os dois países e pela abertura de novos mercados, como Chile, Colômbia, Peru, Equador, além de uma oportunidade única com o México", destacou.
Apesar do quadro positivo, na peregrinação dos executivos das mundo afora ainda há muito a ser conquistado. Em alguns casos, o Brasil perde competitividade até para os Estados Unidos nas vendas para a vizinha América Central. É a fábrica da Toyota do Mississipi que fornece o sedã Corolla para os países dessa região, apesar da proximidade de Indaiatuba (SP), onde o mesmo carro é produzido. E com o mesmo nível de qualidade, segundo o presidente da Toyota na América Latina, Steve St Angelo. "Isso ainda corta meu coração", diz.