Chineses colocam um pé nos canaviais da Copersucar

16/12/2013 Cana-de-Açúcar POR: Relatório Reservado | Brasilagro
O alto-comando da Copersucar acompanha com especial interesse os passos da família Bellodi, sobrenome tradicional da indústria
sucroalcooleira de São Paulo. O clã estaria se movimentando para vender parte do capital da Santa Adélia, uma das principais usinas
integrantes da cooperativa paulista.
O que preocupa a Copersucar, em particular, é a possibilidade de a empresa fechar negócio com a chinesa Cofco ou com a conterrânea Xangai. Segundo uma fonte ligada à Santa Adélia, os dois grupos asiáticos já demonstraram interesse em se associar à usina sediada em Jaboticabal (SP).
A Copersucar torce o nariz para esta hipótese. Procurada, a empresa nega qualquer interferência na eventual negociação. Mas, de acordo com a mesma fonte, os dirigentes da cooperativa estariam agindo em todas as frentes no sentido de demover os
Bellodi de um possível acordo com os chineses.
Entre as grandes associadas da Copesucar, não há qualquer companhia controlada por investidores chineses. A entrada da Cofco ou da Xangai no capital da Santa Adélia abriria um flanco
perigoso na cooperativa e – por que não? – na própria indústria sucroalcooleira nacional.
Os chineses têm conquistado um poder cada vez maior na formação dos preços internacionais do açúcar e do etanol, seja na posição de grandes consumidores, seja no papel de produtores.
Cofco e Xangai são um exemplo desta expansão.
Ambas têm usinas na Austrália e já há algum tempo espreitam uma porta de entrada no Brasil. A família Bellodi certamente não está alheia às preocupações de seus pares na Copersucar. Dogmaticamente, talvez sejam as mesmas que as suas.
No entanto, no momento a situação da Santa Adélia fala mais alto do que fatores de ordem geoeconômica. O clã está cansado de semear investimentos e colher prejuízos.
A Santa Adélia vem de duas safras extremamente amargas, nas quais acumulou perdas de quase R$ 100 milhões. Para a colheita 2013/ 2014, a companhia estaria trabalhando com um déficit
projetado da ordem de R$ 20 milhões, próximo do resultado
negativo registrado no ano passado.
Há dois anos, os Bellodi apostaram suas fichas na associação com a Pioneiros Bioenergia, também de São Paulo. No entanto, o crescimento da Santa Adélia não se traduziu em lucros. A situação chegou a tal ponto que, de acordo com a mesma fonte, bastante
ligada à família, é pouco provável que os Bellodi executem os planos de expansão da usina – orçados em R$ 250 milhões – sem a chegada de um sócio.
O maior dos projetos é o aumento da capacidade de moagem das
três usinas do grupo de seis milhões para dez milhões de
toneladas por safra.