Chuvas afetam moagem de cana e etanol fica mais caro

07/06/2016 Cana-de-Açúcar POR: Valor Econômico
Após semanas de queda generalizada dos preços de etanol, os postos de combustíveis começaram a repassar aos motoristas de importantes centros consumidores a alta registrada nas usinas no último mês em decorrência das chuvas recentes, o que pode limitar a expansão do consumo pelas próximas semanas. 
Embora os preços cobrados nos postos tenham caído na maior parte do país (em 15 unidades federativas) na semana passada, houve uma modesta recuperação das cotações em São Paulo e Minas Gerais, que lideram o consumo nacional de combustíveis. Nesses Estados, o preço médio do etanol subiu 0,87% e 0,69%, para R$ 2,206 o litro e R$ 2,483 o litro, respectivamente, conforme dados da Associação Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 
As usinas paulistas já vêm recebendo mais pela venda de etanol desde a segunda semana de maio. Na semana encerrada dia 3 de junho, o indicador Cepea/Esalq subiu 3,8%, para R$ 1,5334 o litro.
Como o ritmo da demanda pelo biocombustível anda mais fraco neste ano do que em 2015, refletindo uma competitividade menor em relação à gasolina, a sustentação do etanol explica¬se principalmente pelo lado da oferta. As chuvas mais volumosas e persistentes que o normal para esta época do ano causaram interrrupções na colheita e na moagem da matéria-prima nas últimas semanas. 
Mas o clima por si só não explica o movimento no mercado de etanol. A disparada das cotações do açúcar no mercado internacional está incentivado as usinas a direcionarem uma parcela maior do caldo da cana para a produção do adoçante em detrimento do etanol. "A usina que pode maximizar a produção de açúcar está fazendo isso, o que reduz a oferta de etanol hidratado", afirmou um trader. 
O preço recebido pelas usinas pela venda de etanol equivale atualmente a 14 centavos de dólar a libra¬peso, nos cálculos de Willian Hernandes, sócio da consultoria FG Agro. Ainda que esse valor supere os custos de produção, que estão abaixo de 13 centavos de dólar a libra-peso, ainda remunera bem menos que o açúcar demerara, cujo contrato para entrega em julho na bolsa nova¬iorquina fechou ontem a 18,78 centavos de dólar a libra¬peso. 
Para Hernandes, a parcela do caldo de cana direcionado para a produção de açúcar nesta safra pode ser maior que a estimada inicialmente pela consultoria, de 44,5%. "Não assustaria termos 45% de mix [para o açúcar] no fim da safra, o que implicaria uma produção de 36 milhões a 36,5 milhões de toneladas de açúcar", sinalizou. 
Com a limitação da oferta de etanol, a tendência é de que os preços avancem um pouco nas próximas semanas, aproximando¬-se de R$ 1,30 o litro em São Paulo, segundo o trader que prefere não se identificar.
Para ele, o consumo de etanol em maio deve ter girado em torno de 1,3 bilhão a 1,35 bilhão de litros, volume que pode se repetir em junho. Se essa estimativa for confirmada, o consumo de ambos os meses ficará abaixo dos patamares dos mesmos períodos do ano passado, quando a demanda atingiu 1,434 bilhão e 1,490 bilhão de litros de etanol hidratado, respectivamente, conforme a ANP. 
Mesmo diante desse desaquecimento do consumo, a produção limitada deve provocar "um pouco de desabastecimento", que pode ser corrigido com um ajuste de preços na entressafra, segundo Willian Hernandes.
Por Camila Souza Ramos
Após semanas de queda generalizada dos preços de etanol, os postos de combustíveis começaram a repassar aos motoristas de importantes centros consumidores a alta registrada nas usinas no último mês em decorrência das chuvas recentes, o que pode limitar a expansão do consumo pelas próximas semanas. 
Embora os preços cobrados nos postos tenham caído na maior parte do país (em 15 unidades federativas) na semana passada, houve uma modesta recuperação das cotações em São Paulo e Minas Gerais, que lideram o consumo nacional de combustíveis. Nesses Estados, o preço médio do etanol subiu 0,87% e 0,69%, para R$ 2,206 o litro e R$ 2,483 o litro, respectivamente, conforme dados da Associação Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 
As usinas paulistas já vêm recebendo mais pela venda de etanol desde a segunda semana de maio. Na semana encerrada dia 3 de junho, o indicador Cepea/Esalq subiu 3,8%, para R$ 1,5334 o litro.
Como o ritmo da demanda pelo biocombustível anda mais fraco neste ano do que em 2015, refletindo uma competitividade menor em relação à gasolina, a sustentação do etanol explica¬se principalmente pelo lado da oferta. As chuvas mais volumosas e persistentes que o normal para esta época do ano causaram interrrupções na colheita e na moagem da matéria-prima nas últimas semanas. 
Mas o clima por si só não explica o movimento no mercado de etanol. A disparada das cotações do açúcar no mercado internacional está incentivado as usinas a direcionarem uma parcela maior do caldo da cana para a produção do adoçante em detrimento do etanol. "A usina que pode maximizar a produção de açúcar está fazendo isso, o que reduz a oferta de etanol hidratado", afirmou um trader. 
O preço recebido pelas usinas pela venda de etanol equivale atualmente a 14 centavos de dólar a libra¬peso, nos cálculos de Willian Hernandes, sócio da consultoria FG Agro. Ainda que esse valor supere os custos de produção, que estão abaixo de 13 centavos de dólar a libra-peso, ainda remunera bem menos que o açúcar demerara, cujo contrato para entrega em julho na bolsa nova¬iorquina fechou ontem a 18,78 centavos de dólar a libra¬peso. 
Para Hernandes, a parcela do caldo de cana direcionado para a produção de açúcar nesta safra pode ser maior que a estimada inicialmente pela consultoria, de 44,5%. "Não assustaria termos 45% de mix [para o açúcar] no fim da safra, o que implicaria uma produção de 36 milhões a 36,5 milhões de toneladas de açúcar", sinalizou. 
Com a limitação da oferta de etanol, a tendência é de que os preços avancem um pouco nas próximas semanas, aproximando¬-se de R$ 1,30 o litro em São Paulo, segundo o trader que prefere não se identificar.
Para ele, o consumo de etanol em maio deve ter girado em torno de 1,3 bilhão a 1,35 bilhão de litros, volume que pode se repetir em junho. Se essa estimativa for confirmada, o consumo de ambos os meses ficará abaixo dos patamares dos mesmos períodos do ano passado, quando a demanda atingiu 1,434 bilhão e 1,490 bilhão de litros de etanol hidratado, respectivamente, conforme a ANP. 
Mesmo diante desse desaquecimento do consumo, a produção limitada deve provocar "um pouco de desabastecimento", que pode ser corrigido com um ajuste de preços na entressafra, segundo Willian Hernandes.
Por Camila Souza Ramos