A usina Albertina, em Sertãozinho (a 333 km de São Paulo), está deserta. As casas que abrigavam funcionários foram abandonadas.
Os bancos da capela da usina, onde antes ocorriam missas semanais, hoje estão desalinhados, assim como os negócios do setor.
Uma das unidades de processamento de cana-de-açúcar da região, a usina está fechada desde 2012 --uma das que sucumbiram aos problemas de preços e de liquidez que se seguiram à crise global.
Outras 43 usinas suspenderam suas operações no país desde 2010, dispensando milhares de trabalhadores. A alteração no cenário afetou a indústria e o comércio de cidades que vivem em razão da monocultura da cana.
Em Sertãozinho, com 118 mil habitantes, o saldo de vagas fechadas foi de 655 em junho, metade delas na indústria. Fábricas que produzem caldeiras e reformam máquinas das usinas empregam 10 mil trabalhadores.
O sindicato dos metalúrgicos do município estima que cem desligamentos ocorram por semana.
O comércio também perde com a crise. As lojas do centro da cidade estão vazias. Para estancar o prejuízo, promoções são feitas desde o início do ano, sem resultado.
O impacto e a abrangência dos desligamentos preocupam. Segundo dados de junho, 1.181 mais postos de trabalho foram abertos que fechados em Sertãozinho nos 12 meses anteriores.
"As contratações [para a nova safra] deveriam ter começado em abril", diz Carlos Liboni, secretário de Indústria e Comércio da cidade.
O desemprego não atinge só funções simples, como cortadores de cana, mas também cargos na indústria. Daniel Moraes Filho, 64, era gerente comercial de uma fábrica e perdeu o emprego em maio.
Ele trabalhava no setor havia 30 anos. Na sala de sua casa, diz estar "meio sem rumo": "Não sei o que fazer. É uma situação traumática".
Sem vagas em outros áreas, afetadas pela crise da cana, os trabalhadores podem começar a deixar a cidade. O operador de máquinas Manuel Souza, demitido em março, já cogita retornar à Bahia, de onde saiu há 30 anos.
Ingrid Fagundez
A usina Albertina, em Sertãozinho (a 333 km de São Paulo), está deserta. As casas que abrigavam funcionários foram abandonadas.
Os bancos da capela da usina, onde antes ocorriam missas semanais, hoje estão desalinhados, assim como os negócios do setor.
Uma das unidades de processamento de cana-de-açúcar da região, a usina está fechada desde 2012 --uma das que sucumbiram aos problemas de preços e de liquidez que se seguiram à crise global.
Outras 43 usinas suspenderam suas operações no país desde 2010, dispensando milhares de trabalhadores. A alteração no cenário afetou a indústria e o comércio de cidades que vivem em razão da monocultura da cana.
Em Sertãozinho, com 118 mil habitantes, o saldo de vagas fechadas foi de 655 em junho, metade delas na indústria. Fábricas que produzem caldeiras e reformam máquinas das usinas empregam 10 mil trabalhadores.
O sindicato dos metalúrgicos do município estima que cem desligamentos ocorram por semana.
O comércio também perde com a crise. As lojas do centro da cidade estão vazias. Para estancar o prejuízo, promoções são feitas desde o início do ano, sem resultado.
O impacto e a abrangência dos desligamentos preocupam. Segundo dados de junho, 1.181 mais postos de trabalho foram abertos que fechados em Sertãozinho nos 12 meses anteriores.
"As contratações [para a nova safra] deveriam ter começado em abril", diz Carlos Liboni, secretário de Indústria e Comércio da cidade.
O desemprego não atinge só funções simples, como cortadores de cana, mas também cargos na indústria. Daniel Moraes Filho, 64, era gerente comercial de uma fábrica e perdeu o emprego em maio.
Ele trabalhava no setor havia 30 anos. Na sala de sua casa, diz estar "meio sem rumo": "Não sei o que fazer. É uma situação traumática".
Sem vagas em outros áreas, afetadas pela crise da cana, os trabalhadores podem começar a deixar a cidade. O operador de máquinas Manuel Souza, demitido em março, já cogita retornar à Bahia, de onde saiu há 30 anos.
Ingrid Fagundez