Cigarrinha e Sphenophorus numa paulada só

Por: Marino Guerra
 
A cigarrinha é uma praga disseminada em praticamente todas as regiões canavieiras do Centro-Sul do Brasil. Caminho que o Sphenophorus levis vem traçando de maneira acelerada em decorrência de muitos agentes do setor manterem o hábito de plantar mudas sem procedência, visando minimizar os custos com a reforma do canavial ou por falta de material em decorrência da não realização de um planejamento de plantio.
 
Com o objetivo de aproveitar uma demanda no mercado de inseticidas por um produto que possa oferecer tanto efeito imediato como ação mais progressiva, a Syngenta lançou no ano passado o Engeo Pleno S, solução elaborada a partir da mistura de Tiametoxame e Lambda-cialotrina, que carregam em sua formulação um moderno sistema com cápsulas grandes e pequenas.
 
Considerando que o Tiametoxam é um inseticida sistêmico, ou seja, rapidamente absorvido pela planta, enquanto que a Lambda-cialotrina tem efeito de contato, conclui-se que na formulação as cápsulas grandes, que teoricamente explodirão ao entrar em contato com o alvo, são carregadas do princípio ativo que protege a planta imediatamente. Já as menores, que permanecerão firmes no momento da aplicação, se degradando conforme o tempo, terão como conteúdo a molécula planejada para matar através do contato no ambiente.
 
Em decorrência dessa dupla personalidade, o produto consegue exercer na cana-de-açúcar influência tanto no combate à cigarrinha como ao Sphenophorus a partir do momento da execução do manejo, conforme indicação da fabricante.
 
No plantio, a recomendação é que ele seja aplicado por cima dos colmos, antes de fechar a cova. Pensando em áreas com histórico de Sphenophorus, recomenda-se barra total após a destruição da soqueira, posterior à operação de preparo de solo convencional, mexendo a terra para a entrada da cultura de rotação.
 
Contudo, esse trato faz parte das boas práticas de um plantio bem feito e a praga pega mesmo é na cana soca.
 
Para esta fase, se há alta infestação de cigarrinha, a Syngenta indica uma aplicação no corte da soqueira passando junto ao desenleirador (a empresa desenvolveu um implemento, em parceria com a DMB, específico para esse tratamento). Agora, caso o problema tenha ocorrido na época úmida, a recomendação, a partir deste ano, é a realização de barra total com jato dirigido.
 
Quanto ao controle do bicudo, a aplicação do produto no corte da soqueira (na época seca) fará com que ele atinja parte da população de larvas que habita o interior dos rizomas.
 
No entanto, nos canaviais de fim de safra a estratégia deve ser outra, como explica a pesquisadora do IAC, dra. Leila Luci Dinardo Miranda: “Para aplicações em canaviais colhidos no fim da safra, já em pleno período chuvoso, a aplicação em drench (jato direto) pode ser mais interessante, pois as plantas, em pleno desenvolvimento, absorvem melhor os produtos. Além disso, como grande parte da população do inseto estará na fase adulta, provavelmente será mais facilmente atingida com esse manejo”.
 
A solução ainda tem uma terceira qualidade, o aumento no vigor e produtividade causado pelo efeito bioativador do Tiametoxam.
 
Para um controle ainda mais eficiente, a empresa lembrou os produtores a considerarem a integração do produto com soluções biológicas.