Cogeração de energia é aposta de usinas

20/08/2012 Etanol POR: JCNet
Setor espera, desta forma, retomar investimentos na construção de novas plantas e ampliação de destilarias de etanol.
A cogeração de energia elétrica é apontada como saída para aumentar a competitividade do setor sucroalcooleiro e viabilizar a retomada dos investimentos na construção de novas plantas e a ampliação de destilarias de etanol, que estão suspensos desde a crise financeira de 2008.
Este foi um dos principais temas abordados nesta sexta-feira na reunião da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura, que discutiu a agenda estratégica do setor.
Na opinião do diretor do Banco Itau BBA, Alexandre Enrico Figliolino, que durante a reunião apresentou um estudo sobre o panorama do setor sucroalcooleiro, a cogeração da energia elétrica é fundamental para viabilizar as destilarias nas regiões de fronteira, onde a produção exclusiva de açúcar não é viável por causa do alto custo para escoamento do excedente da safra.
Figliolino diz que o modelo ideal são destilarias autônomas, “que sejam muito eficientes e exportem muito energia elétrica, com caldeiras da mais alta eficiência, o que pode viabilizar os investimentos e o crescimento na produção de etanol”. Segundo ele, “o etanol é irmão siamês da energia de biomassa, pois uma atividade ajuda a viabilizar a outra”.
No encontro o setor apresentou ao governo federal sugestões de mudanças no sistema de leilões das chamadas “energias novas”, que junta diversas fontes como eólica, gás e biomassa.
Figliolino observa que deve ser levado em conta que 1 megawatt gerado perto do centro consumidor vale muito mais do que de uma usina distante, localizada, por exemplo, numa praia paradisíaca do Ceará. Ele faz a comparação levando em conta o custo de transmissão e diz que a que energia fornecida perto do grande centro do consumo pode valer R$ 40,00 a mais do que a produzida no litoral do Nordeste.
Ao defender a mudança no sistema, Fligliolino diz que a energia eólica se beneficiou dos incentivos fiscais e pelo fato de as usinas terem sido construídas num momento que existia grande capacidade ociosa nos fabricantes de equipamentos, o que jogou o valor dos investimentos para baixo.
“Faz tempo que a gente está pedindo à EPE (Empresa de Pesquisa Energética) que faça leilões separados por fontes de energia e por regiões geográficas, para não ficar comparando laranjas com bananas”.
Na opinião do diretor do Itau BBA, quando a energia de biomassa estiver dando o mínimo de retorno adequado viabilizará a produção de etanol nas regiões chamadas de fronteira, como o sudoeste de Minas, sul de Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Ele considera baixo o valor atual em torno de R$ 107,00 por MWh (megawatt hora) e considera que um preço entre R$ 140,00 a R$ 150,00 por MWh “não são seria absurdo para uma sociedade que paga uma tarifa média mensal de R$ 350,00 na ponta do consumidor”.
Figliolini afirmou que o governo busca baratear o preço na energia elétrica na geração, mas não favorece o consumidor, que é penalizado por uma série de impostos e subsídios cruzados, além do custo de transmissão elevado. “Temos uma energia muito competitiva na ponta da geração mas para o consumidor é uma das mais caras do mundo”, diz ele.
O presidente interino da União da Agroindústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padúa Rodrigues, deixou o Ministério da Agricultura, onde foi realizada a reunião, sem falar com a imprensa.
Luis Custódio Cotta Martins, presidente da comissão, disse que o setor está conversando com o governo para encontrar uma saída para a competitividade do etanol em relação à gasolina. Segundo ele, “o setor conseguiu sobreviver até agora por causa dos bons preços do açúcar, pois quem só fabrica etanol levou prejuízo”.
Cotta Martins disse que uma das saídas seria a desoneração, para incentivar o aumento da produção de etanol. “Hoje o Brasil importa 100 mil barris diários de gasolina e, se continuar no ritmo atual, em 2020 serão 450 mil barris. O álcool poderá dar uma grande ajuda, porque a Petrobras tem um prejuízo de R$ 0,40 por litro de gasolina importada”, diz ele.