Collor queria que empresa comprasse R$ 1 bilhão em etanol, diz Cerveró

14/01/2016 Etanol POR: O Globo
Em acordo de delação premiada, o ex-diretor da Petrobras e da BR Distribuidora Nestor Cerveró relata uma reunião com o senador Fernando Collor (PTB-AL). Segundo ele, a realização do encontro, da qual também participaram o presidente e todos os diretores da BR, além do usineiro e político alagoano João Lyra, foi uma sugestão do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Collor queria que a empresa fizesse uma compra antecipada de safra, no valor de R$ 1 bilhão, adquirindo etanol de usinas de Alagoas. O pedido não foi atendido, mas depois, segundo Cerveró, Lyra conseguiu um empréstimo de R$ 50 milhões com o Banco do Brasil. Após conversa com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Cerveró entendeu que o dinheiro seria para a campanha de Collor ao governo de Alagoas em 2010.
A instituição financeira negou ter feito tal empréstimo. “O Banco do Brasil esclarece que não aprovou qualquer operação de crédito para a usina citada em 2010 ou nos anos seguintes. O BB reafirma que analisa todas as operações de crédito de acordo com critérios técnicos. A aprovação cabe sempre a instâncias colegiadas, que consideram as características das operações e os riscos de cada cliente e de seus acionistas”, diz a nota.
A Petrobras, presidida por Bendine, negou, em nota, irregularidades em sua atuação no BB. “Todas as propostas apresentadas por clientes ao Banco do Brasil sempre têm tratamento absolutamente técnico, seguindo as diretrizes corporativas da instituição financeira. Uma destas normas prevê que todas as operações financeiras precisam ser apresentadas através da agência de origem para serem avaliadas e aprovadas de maneira colegiada pelas áreas competentes do banco. Aldemir Bendine desconhece a operação de crédito mencionada”.
Cerveró disse “que na prática se tratava de uma concessão de crédito às usinas; que, de acordo com Fernando Collor de Mello, naquele ano uma grande enchente havia acometido o Estado de Alagoas e causado muitos danos; que Fernando Collor de Mello disse que tinha inclusive levado Lula para ver pessoalmente a situação do estado de Alagoas, tendo Lula ficado chocado”. Mas o pedido não foi atendido, porque, segundo Cerveró, havia uma norma da BR Distribuidora proibindo a compra antecipada de safra. Além disso, não havia disponibilidade financeira para o negócio.
De acordo com Cerveró, Collor justificou a presença de Lyra, como “exemplo de usineiro alagoano altruísta que estava ajudando na recuperação dos prejuízos causados pelas enchentes em Alagoas”. Isso porque ele “teria cedido imóveis para fins de reconstrução das cidades, minimizando os danos”.
Após a negativa da BR, Cerveró relatou que soube que o Banco do Brasil (BB), na época presidido por Aldemir Bendine, hoje presidente da Petrobras, concedeu um crédito de R$ 50 milhões à usina de João Lyra. Além disso, afirmou que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) cobrou explicações por não ter recebido dinheiro também, demonstrando estar chateado com a situação. Cerveró contou então a Renan que foi o BB quem liberou o empréstimo, e não a BR, tendo ouvido como reposta: “Ah, agora eu entendi, então é por isso que a campanha do Collor está deslanchando”.
Segundo Cerveró, o operador de Collor na BR Distribuidora era Pedro Paulo Leoni Ramos. Pedro Paulo foi inclusive ministro no período em que Collor foi presidente da República (1990-1992).
Cerveró disse também que José Eduardo Dutra, já falecido, deixou a presidência da BR Distribuidora em 2009 para articular o esvaziamento de uma CPI da Petrobras no Congresso. Foi indicado para substituí-lo José de Lima Andrade Neto. Segundo Cerveró, com apoio do PT (Dutra), PMDB (o então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão) e PTB (Collor). De acordo com ele, Lula concedeu a Collor influência política sobre a BR Distribuidora, mas não soube dizer o motivo. Entre os indicados de Collor para a BR estavam José Zonis, para a Diretoria de Operações e Logística, e Luís Cláudio Caseira Sanches, para a Diretoria de Rede de Postos de Serviço.
Collor teria recebido propina de empresa de João Lyra
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tratou como propina ao senador Fernando Collor (PTB-AL) um repasse de R$ 300 mil feito pela empresa Laginha Agro Industrial, do ex-deputado João Lyra (PSD-AL), à Gazeta de Alagoas Ltda, de propriedade do ex-presidente. A afirmação foi feita por Janot em trecho da denúncia contra o deputado Vander Loubet (PT-MS). A transferência aparece em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que trata de movimentações atípicas realizadas pela empresa do senador.
“No caso, existem inclusive fortes indícios do pagamento de propina; de forma disfarçada, em favor do Senador Fernando Affonso Collor de Mello. Com efeito, o Relatório de Inteligência Financeira - RIF n. 15.615 do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Does. 6, anexo à cota de encaminhamento da denúncia), em seu item 2.3.1, aponta como operação suspeita de lavagem de dinheiro exatamente uma transferência de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), em 2014, da Laginha Agro Industrial S.A. em favor da Gazeta de Alagoas Ltda., uma das empresas do parlamentar usadas para recebimento oculto de valores ilícitos”, escreveu Janot.
O diretor-executivo da Gazeta de Alagoas, Luís Amorim, afirmou que “todos os créditos recebidos pela empresa Gazeta de Alagoas referem-se a atividades comerciais”. 
Em acordo de delação premiada, o ex-diretor da Petrobras e da BR Distribuidora Nestor Cerveró relata uma reunião com o senador Fernando Collor (PTB-AL). Segundo ele, a realização do encontro, da qual também participaram o presidente e todos os diretores da BR, além do usineiro e político alagoano João Lyra, foi uma sugestão do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Collor queria que a empresa fizesse uma compra antecipada de safra, no valor de R$ 1 bilhão, adquirindo etanol de usinas de Alagoas. O pedido não foi atendido, mas depois, segundo Cerveró, Lyra conseguiu um empréstimo de R$ 50 milhões com o Banco do Brasil. Após conversa com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Cerveró entendeu que o dinheiro seria para a campanha de Collor ao governo de Alagoas em 2010.


 
A instituição financeira negou ter feito tal empréstimo. “O Banco do Brasil esclarece que não aprovou qualquer operação de crédito para a usina citada em 2010 ou nos anos seguintes. O BB reafirma que analisa todas as operações de crédito de acordo com critérios técnicos. A aprovação cabe sempre a instâncias colegiadas, que consideram as características das operações e os riscos de cada cliente e de seus acionistas”, diz a nota.

 
A Petrobras, presidida por Bendine, negou, em nota, irregularidades em sua atuação no BB. “Todas as propostas apresentadas por clientes ao Banco do Brasil sempre têm tratamento absolutamente técnico, seguindo as diretrizes corporativas da instituição financeira. Uma destas normas prevê que todas as operações financeiras precisam ser apresentadas através da agência de origem para serem avaliadas e aprovadas de maneira colegiada pelas áreas competentes do banco. Aldemir Bendine desconhece a operação de crédito mencionada”.


Cerveró disse “que na prática se tratava de uma concessão de crédito às usinas; que, de acordo com Fernando Collor de Mello, naquele ano uma grande enchente havia acometido o Estado de Alagoas e causado muitos danos; que Fernando Collor de Mello disse que tinha inclusive levado Lula para ver pessoalmente a situação do estado de Alagoas, tendo Lula ficado chocado”. Mas o pedido não foi atendido, porque, segundo Cerveró, havia uma norma da BR Distribuidora proibindo a compra antecipada de safra. Além disso, não havia disponibilidade financeira para o negócio.

 
De acordo com Cerveró, Collor justificou a presença de Lyra, como “exemplo de usineiro alagoano altruísta que estava ajudando na recuperação dos prejuízos causados pelas enchentes em Alagoas”. Isso porque ele “teria cedido imóveis para fins de reconstrução das cidades, minimizando os danos”.


Após a negativa da BR, Cerveró relatou que soube que o Banco do Brasil (BB), na época presidido por Aldemir Bendine, hoje presidente da Petrobras, concedeu um crédito de R$ 50 milhões à usina de João Lyra. Além disso, afirmou que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) cobrou explicações por não ter recebido dinheiro também, demonstrando estar chateado com a situação. Cerveró contou então a Renan que foi o BB quem liberou o empréstimo, e não a BR, tendo ouvido como reposta: “Ah, agora eu entendi, então é por isso que a campanha do Collor está deslanchando”.

 
Segundo Cerveró, o operador de Collor na BR Distribuidora era Pedro Paulo Leoni Ramos. Pedro Paulo foi inclusive ministro no período em que Collor foi presidente da República (1990-1992).

 
Cerveró disse também que José Eduardo Dutra, já falecido, deixou a presidência da BR Distribuidora em 2009 para articular o esvaziamento de uma CPI da Petrobras no Congresso. Foi indicado para substituí-lo José de Lima Andrade Neto. Segundo Cerveró, com apoio do PT (Dutra), PMDB (o então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão) e PTB (Collor). De acordo com ele, Lula concedeu a Collor influência política sobre a BR Distribuidora, mas não soube dizer o motivo. Entre os indicados de Collor para a BR estavam José Zonis, para a Diretoria de Operações e Logística, e Luís Cláudio Caseira Sanches, para a Diretoria de Rede de Postos de Serviço.

 
Collor teria recebido propina de empresa de João Lyra

 
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tratou como propina ao senador Fernando Collor (PTB-AL) um repasse de R$ 300 mil feito pela empresa Laginha Agro Industrial, do ex-deputado João Lyra (PSD-AL), à Gazeta de Alagoas Ltda, de propriedade do ex-presidente. A afirmação foi feita por Janot em trecho da denúncia contra o deputado Vander Loubet (PT-MS). A transferência aparece em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que trata de movimentações atípicas realizadas pela empresa do senador.

 
“No caso, existem inclusive fortes indícios do pagamento de propina; de forma disfarçada, em favor do Senador Fernando Affonso Collor de Mello. Com efeito, o Relatório de Inteligência Financeira - RIF n. 15.615 do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Does. 6, anexo à cota de encaminhamento da denúncia), em seu item 2.3.1, aponta como operação suspeita de lavagem de dinheiro exatamente uma transferência de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), em 2014, da Laginha Agro Industrial S.A. em favor da Gazeta de Alagoas Ltda., uma das empresas do parlamentar usadas para recebimento oculto de valores ilícitos”, escreveu Janot.

 
O diretor-executivo da Gazeta de Alagoas, Luís Amorim, afirmou que “todos os créditos recebidos pela empresa Gazeta de Alagoas referem-se a atividades comerciais”.