Com a rede da Ale, Ipiranga supera BR na venda de etanol

14/06/2016 Etanol POR: Valor Econômico
A aquisição da rede de postos da Alesat pela Ipiranga promete consolidar a posição da distribuidora do grupo Ultrapar na vice¬liderança do mercado de combustíveis e aumentar ainda mais a concentração do setor. Embora não afete diretamente os planos da Petrobras de vender uma fatia minoritária da BR Distribuidora, analistas consultados pelo Valor avaliam, contudo, que o negócio pode tornar mais difícil a missão da estatal de arranjar um sócio estratégico para sua distribuidora. 
Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), a expectativa é que a companhia assuma a liderança nas vendas de etanol no país e se aproxime de sua principal concorrente, a BR, que permanece à frente do mercado de gasolina. No mercado total, a BR ainda é a maior distribuidora do país, apesar de ter uma rede com 8.173 postos, menos que os 9.241 postos da nova empresa. Mas tem volume de venda maior, pois comercializa outros derivados, caso do óleo combustível. 
Juntas, Ipiranga e Ale concentram 20,7% das vendas de etanol no Brasil até abril, o que coloca a distribuidora do grupo Ultra como líder desse mercado. Em 2015, a companhia era apenas a terceira do ranking, atrás da BR (20,3%) e Raízen (19,4%), segundo a ANP. 
Já no mercado de gasolina, a Ipiranga deve ganhar cerca de cinco pontos percentuais e se aproximar ainda mais dos números da BR. Com a incorporação da rede da Alesat, a distribuidora deve atingir uma fatia de 25,3% das vendas do derivado, contra uma participação de 25,8% da Petrobras, de acordo com dados da ANP e Sindicom.
O J.P.Morgan estima que a Ipiranga vai passar a deter 18% dos postos de combustíveis do Brasil. O principal ganho da empresa do grupo Ultra será no Nordeste, onde a fatia da companhia deve subir de 6% para pouco mais de 10%. O terceiro lugar é da Raízen, com 5.730 pontos de venda.
BR, Ipiranga, Raízen e Alesat concentram pouco mais da metade do volume de vendas de combustíveis do Brasil 
O J.P. Morgan avalia que a intenção do Ultra é tentar replicar o modelo de negócios da Ipiranga na Ale. Segundo o banco, o aumento da eficiência poderá elevar o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) da Alesat entre R$ 350 milhões e R$ 420 milhões por ano, contra os R$ 275 milhões reportados em 2015. 
Já o banco Itaú destacou que a compra da rede de postos da Alesat pelo grupo Ultra poderá "levantar algumas preocupações específicas" relacionadas à concentração de mercado nas regiões Sul e Sudeste. A Ipiranga, marca usada pelo Ultra, tem mais de 2.300 postos no Sul e outros 3.000 postos no Sudeste e a aquisição da Ale deve adicionar mais 1.000 e 210 postos em cada região, respectivamente.
BR, Ipiranga, Raízen e Alesat concentram pouco mais da metade do volume de vendas de combustíveis do Brasil. Com a aquisição, apenas três, e não mais quatro empresas, passarão a representar essa fatia. Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, o negócio não chega a afetar diretamente os planos da Petrobras de vender uma parcela da BR, mas o aumento da concentração do mercado torna menos provável uma oferta dos grandes grupos do setor pela estatal. 
"[A compra da Ale] não cria dificuldade para a Petrobras. Mas o grande problema é que, com o negócio, começa a haver um mercado mais concentrado, o que pode criar dificuldades para novas aquisições pela Ipiranga, em função do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica]", disse Pires, que aponta como saída o fatiamento da BR. 
Outra fonte não aposta em venda fatiada, porque ela levaria à perda da marca BR, que é muito forte e um dos ativos valiosos. Nesse caso, pode ser mais atraente, diz a fonte, atrair um sócio estratégico de fora, que possa ajudar a aumentar a governança e ajudar a valorizar a empresa para vender mais à frente.
Por André Ramalho, Cláudia Schüffner e Rodrigo Polito
A aquisição da rede de postos da Alesat pela Ipiranga promete consolidar a posição da distribuidora do grupo Ultrapar na vice¬liderança do mercado de combustíveis e aumentar ainda mais a concentração do setor. Embora não afete diretamente os planos da Petrobras de vender uma fatia minoritária da BR Distribuidora, analistas consultados pelo Valor avaliam, contudo, que o negócio pode tornar mais difícil a missão da estatal de arranjar um sócio estratégico para sua distribuidora. 
Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), a expectativa é que a companhia assuma a liderança nas vendas de etanol no país e se aproxime de sua principal concorrente, a BR, que permanece à frente do mercado de gasolina. No mercado total, a BR ainda é a maior distribuidora do país, apesar de ter uma rede com 8.173 postos, menos que os 9.241 postos da nova empresa. Mas tem volume de venda maior, pois comercializa outros derivados, caso do óleo combustível. 
Juntas, Ipiranga e Ale concentram 20,7% das vendas de etanol no Brasil até abril, o que coloca a distribuidora do grupo Ultra como líder desse mercado. Em 2015, a companhia era apenas a terceira do ranking, atrás da BR (20,3%) e Raízen (19,4%), segundo a ANP. 
Já no mercado de gasolina, a Ipiranga deve ganhar cerca de cinco pontos percentuais e se aproximar ainda mais dos números da BR. Com a incorporação da rede da Alesat, a distribuidora deve atingir uma fatia de 25,3% das vendas do derivado, contra uma participação de 25,8% da Petrobras, de acordo com dados da ANP e Sindicom.
O J.P.Morgan estima que a Ipiranga vai passar a deter 18% dos postos de combustíveis do Brasil. O principal ganho da empresa do grupo Ultra será no Nordeste, onde a fatia da companhia deve subir de 6% para pouco mais de 10%. O terceiro lugar é da Raízen, com 5.730 pontos de venda.
BR, Ipiranga, Raízen e Alesat concentram pouco mais da metade do volume de vendas de combustíveis do Brasil 
O J.P. Morgan avalia que a intenção do Ultra é tentar replicar o modelo de negócios da Ipiranga na Ale. Segundo o banco, o aumento da eficiência poderá elevar o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) da Alesat entre R$ 350 milhões e R$ 420 milhões por ano, contra os R$ 275 milhões reportados em 2015. 
Já o banco Itaú destacou que a compra da rede de postos da Alesat pelo grupo Ultra poderá "levantar algumas preocupações específicas" relacionadas à concentração de mercado nas regiões Sul e Sudeste. A Ipiranga, marca usada pelo Ultra, tem mais de 2.300 postos no Sul e outros 3.000 postos no Sudeste e a aquisição da Ale deve adicionar mais 1.000 e 210 postos em cada região, respectivamente.
BR, Ipiranga, Raízen e Alesat concentram pouco mais da metade do volume de vendas de combustíveis do Brasil. Com a aquisição, apenas três, e não mais quatro empresas, passarão a representar essa fatia. Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, o negócio não chega a afetar diretamente os planos da Petrobras de vender uma parcela da BR, mas o aumento da concentração do mercado torna menos provável uma oferta dos grandes grupos do setor pela estatal. 
"[A compra da Ale] não cria dificuldade para a Petrobras. Mas o grande problema é que, com o negócio, começa a haver um mercado mais concentrado, o que pode criar dificuldades para novas aquisições pela Ipiranga, em função do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica]", disse Pires, que aponta como saída o fatiamento da BR. 
Outra fonte não aposta em venda fatiada, porque ela levaria à perda da marca BR, que é muito forte e um dos ativos valiosos. Nesse caso, pode ser mais atraente, diz a fonte, atrair um sócio estratégico de fora, que possa ajudar a aumentar a governança e ajudar a valorizar a empresa para vender mais à frente.
Por André Ramalho, Cláudia Schüffner e Rodrigo Polito